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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brLuiz quis falar e não pôde; apenas gorgolejou uns bufidos guturais.Magda ria-se, olhando as caretas convulsivas que ele e a mulher faziam.Esta, agoniada, levava simultaneamente as mãos à garganta e ao estômago, sempoder gritar, tão contraída tinha já o laringe.Repetiam-se os espasmos com mais intensidade, acompanhados de feiasagitações tetaniformes. O cavouqueiro estorcia-se na cadeira, rilhando os dentes etomado de uma ereção dolorosíssima.Quando Justina voltou, encontrou-os por terra, a estrebuchar; roxos, aspupilas dilatadas os membros hirtos, os queixos cerrados.A criada soltou um grito, atirou com a bilha de água e os copos e saiu a berrar.Com este barulho, Luiz teve um acesso mais forte e retesou-se todo,vergando-se para trás, a ponto de encostar a cabeça na coluna vertebral.E roncava, escabujando horrorosamente.— Que é isto?! Exclamou o Conselheiro, invadindo o aposento, seguido porJustina, que parecia louca.— Stchio!!! Fez Magda, pondo o dedo nos lábios e arregalando os olhos. —Não façam espalhafato!... Deixem tudo por minha conta...— Jesus! Que aconteceu? Gritou o pai, fazendo-se cor de mármore e tentandolevantar do chão o trabalhador. Não pôde. Luiz estava duro como uma estátua.O pobre velho, a tremer, desorientado, precipitou-se sobre a mesa edescobriu os frascos de xarope.— Ah! Explodiu, arrancando os cabelos. — Meu Deus! Meu Deus!Envenenou-os!— Que extravagância!... Dizia Magda com uma risada. — Queextravagância!!! Meu marido há de achar graça!...O Conselheiro corria de um para outro lado, atônito, e, percebendo que osenvenenados iam morrer, pediu socorro em altos brados.Justina havia fugido para a rua e gritava:— Acudam! Acudam!Entretanto, Rosinha e Luiz agonizavam ao lado um do outro; a boca muitoaberta e as ventas arregaçadas à falta de ar.Em breve, a casa foi assaltada por uma porção de gente. A mãe e a avó docavouqueiro entraram na carreira, terríveis, desgrenhadas, estralando com ostamancos no soalho — os braços nus, a saia enrodilhada na cintura a bramiremchorando; ao passo que o Conselheiro deixava-se estrangular pelos soluços, atiradoao fundo de uma poltrona, com o rosto escondido entre as mãos.Havia cm todos os estranhos um lívido assombro de terror. Surgiram pálidasfiguras curiosas e assustadas, espiando pelas portas; só bem distintos se ouviam osnoivos e os rugidos da tia Zela e da velha Cust6dia, que iam, rápido, farejando acasa toda, sala por saia, tontas e assanhadas como duas leoas rebuscando os filhosque lhes roubaram.Uma onda feroz e atroadora invadiu os aposentos de Magda; mas de súbitoassomou por entre ela o sobretudo alvadio do Dr. Lobão que, atropeladamente,abriu caminho com três murros, e foi colocar-se defronte da criminosa, quando estaia já ser alcançada pelas duas feras.105

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