www.nead.unama.br— Agora vai buscar doces e biscoutos, encomendou-lhe a senhora.A criada depôs a bandeja sobre a mesa do centro e saiu de novo. EntãoMagda, com muita calma, sem lhe tremer nem de leve a mão, encheu um dos coposde vinho e despejou no restante da garrafa todo o xarope do frasco; em seguida ia achamar os noivos, mas deteve se; tomou novamente a garrafa, mirou-a contra a luz,provou do vinho na ponta da língua e, satisfeita com o resultado do seu exame,tornou à alcova, trouxe outro frasco do xarope ainda intacto, abriu-o e fez deste omesmo que com o primeiro.— Agora sim, disse baixinho, sacolejando a garrafa., e acrescentou em vozalta, dirigindo-se para a sala próxima, enquanto enchia tranqüilamente o segundo eo terceiro copo:— Olá! Venham daí beber à minha saúde.Os desgraçados acudiram logo de pronto. Magda apoderou-se do copo quehavia enchido antes e ofereceu-lhes com um gesto amável os outros.Luiz e Rosinha deram-se pressa em lançar mão cada um do seu.— Então, vá! Para que sejam muito felizes disse a histérica, levando o vinhoà boca. — Bebam tudo! Bebam tudo!Os dois obedeceram, enxugando de um trago o liquido, com uma pequenacareta, que não puderam reprimir.— Que tal? Perguntou Magda.— Bom, muito obrigado, respondeu o cavouqueiro; mas, franqueza,franqueza, achei-o a modo que muito doce e muito azedo ao mesmo tempo...— É que a gente não está acostumada... Explicou Rosinha com um pigarro.Nesse momento, Justina reaparecia, trazendo os biscoitos; porém, tanto orapaz, como a noiva, pasto se servissem logo, não podiam comer, que lhesprincipiavam os queixos a emperrar. E amargava-lhes a boca e ardia-lhes agarganta de um modo muito esquisito.Pediram água.Justina não se achou com ânimo de gracejar e correu em busca do que elesreclamavam.— Sentem alguma coisa? Inqueriu Magda tranqüilamente.— Uma apertura aqui... Disse Rosinha com dificuldade, levando a mão àstêmporas e depois à nuca.— Também a mim dói-me a cabeça... Confirmou o cavouqueiro em vozalterada.— Sentem-se, aconselhou a senhora. — Fiquem a gosto...E sorriu.Fez-se um silêncio gélido, em que se ouvia pendular na alcova de Magda o seupequeno regulador de bronze; mas no fim de alguns instantes os pobres noivos, quepareciam cada vez mais sobreexcitados, puseram-se a mexer com a mandíbula inferior,contraindo os músculos da face e daí a pouco tinham rápidos estremecimentosconvulsivos, que lhe agitavam o corpo inteiro, de instante a instante, violentamente.104
www.nead.unama.brLuiz quis falar e não pôde; apenas gorgolejou uns bufidos guturais.Magda ria-se, olhando as caretas convulsivas que ele e a mulher faziam.Esta, agoniada, levava simultaneamente as mãos à garganta e ao estômago, sempoder gritar, tão contraída tinha já o laringe.Repetiam-se os espasmos com mais intensidade, acompanhados de feiasagitações tetaniformes. O cavouqueiro estorcia-se na cadeira, rilhando os dentes etomado de uma ereção dolorosíssima.Quando Justina voltou, encontrou-os por terra, a estrebuchar; roxos, aspupilas dilatadas os membros hirtos, os queixos cerrados.A criada soltou um grito, atirou com a bilha de água e os copos e saiu a berrar.Com este barulho, Luiz teve um acesso mais forte e retesou-se todo,vergando-se para trás, a ponto de encostar a cabeça na coluna vertebral.E roncava, escabujando horrorosamente.— Que é isto?! Exclamou o Conselheiro, invadindo o aposento, seguido porJustina, que parecia louca.— Stchio!!! Fez Magda, pondo o dedo nos lábios e arregalando os olhos. —Não façam espalhafato!... Deixem tudo por minha conta...— Jesus! Que aconteceu? Gritou o pai, fazendo-se cor de mármore e tentandolevantar do chão o trabalhador. Não pôde. Luiz estava duro como uma estátua.O pobre velho, a tremer, desorientado, precipitou-se sobre a mesa edescobriu os frascos de xarope.— Ah! Explodiu, arrancando os cabelos. — Meu Deus! Meu Deus!Envenenou-os!— Que extravagância!... Dizia Magda com uma risada. — Queextravagância!!! Meu marido há de achar graça!...O Conselheiro corria de um para outro lado, atônito, e, percebendo que osenvenenados iam morrer, pediu socorro em altos brados.Justina havia fugido para a rua e gritava:— Acudam! Acudam!Entretanto, Rosinha e Luiz agonizavam ao lado um do outro; a boca muitoaberta e as ventas arregaçadas à falta de ar.Em breve, a casa foi assaltada por uma porção de gente. A mãe e a avó docavouqueiro entraram na carreira, terríveis, desgrenhadas, estralando com ostamancos no soalho — os braços nus, a saia enrodilhada na cintura a bramiremchorando; ao passo que o Conselheiro deixava-se estrangular pelos soluços, atiradoao fundo de uma poltrona, com o rosto escondido entre as mãos.Havia cm todos os estranhos um lívido assombro de terror. Surgiram pálidasfiguras curiosas e assustadas, espiando pelas portas; só bem distintos se ouviam osnoivos e os rugidos da tia Zela e da velha Cust6dia, que iam, rápido, farejando acasa toda, sala por saia, tontas e assanhadas como duas leoas rebuscando os filhosque lhes roubaram.Uma onda feroz e atroadora invadiu os aposentos de Magda; mas de súbitoassomou por entre ela o sobretudo alvadio do Dr. Lobão que, atropeladamente,abriu caminho com três murros, e foi colocar-se defronte da criminosa, quando estaia já ser alcançada pelas duas feras.105
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www.nead.unama.brMagda afastou-se,
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