www.nead.unama.br— Agora... Depois do caldo, está melhorzinha, sim senhor.— Era debilidade... Pensou o velho e, aproximando-se da filha, perguntou,tomando-lhe as mãos:— A minha flor como se sente agora?... Já está mais disposta a conversarcom o seu papai?...Ela olhou para ele, estendeu-lhe o rosto e recebeu sorrindo um beijo na testa.— Vamos dar uma volta pela chácara... Propôs o pobre homem, tomando-apela cintura e amparando-lhe o corpo sobre seu peito.Magda deixou-se levar, sem dizer palavra e, enquanto andou lá por baixo,esteve sempre muito entretida, ligando grande interesse a tudo que encontrava, nemcomo se houvesse recuperado a vista naquele momento, depois de uma cegueira denascença. Correu tudo, revistou todo o jardim e todo o porão da casa; e cada objeto,que seus olhos topavam, a não serem os produtos puramente da natureza,despertava-lhe espantos de criança: um regador de folha, pintado de encarnado,causou-lhe enorme curiosidade: deteve-se alguns minutos a contemplá-lo, muitoadmirada, sem conseguir compreender o que era aquilo; um chapéu velho, de copaalta, atirado ao chão, fez-lhe medo; parecia-lhe um bicho. O Conselheiro viu-semartirizado por um não acabar de perguntas verdadeiramente infantis, a que elerespondia com paciência de santo.Quando, já ao dobrar da tarde, Justina a recolheu à alcova, ela assentou-sena cama e deu para fitar o seu crucifixo, indiferentando-se a tudo mais.Era a letargia que enfim chegou.Desta Vez a imagem não cresceu, conservou-se do mesmo tamanho,apenas se despregou da cruz e ficou, posto que suspensa, na posição de quem seespreguiça. O papel da parede foi a pouco e pouco se convertendo em um fundo deverdura esbranquiçada, cujos planos iam lentamente se formando e acentuandocom as precisas gradações dos tons 3 entretanto, o Cristo continuava sempre domesmo tamanho, num desses planos, como por um efeito de perspectiva.. Afinal,destacaram-se árvores, plantas, uma paisagem inteira e o Cristozinho, deixou deespreguiçar-se e pegou de andar por entre a mata, com a tranqüilidade de quempasseia nos seus quintais.Só então foi que Magda percebeu que estava observando tudo isto de umajanela e apressou-se a olhar em torno de si.Ah! Exclamou, reconhecendo a sua adorada habitação da ilha. — Enfim Ora,graças a Deus!Lá estavam os seus objetos de arte, a sua mesa, o seu piano.— Ah! Agora sim.. Era outra coisa!... Prosseguia, considerando o própriocorpo, afagando-o por vê-lo novamente belo e forte; mas, tocada por uma idéia quea fez estremecer, correu ligeira ao fundo do quarto, onde havia um berço.— Ah! Ah! Cá está ele! Cá está o meu ladrãozinho!Fernando dormia; Magda tomou-o nos braços, ergueu-se no ar o seu lindocorpinho nu e, vendo que ele agitava as pernas, rabujando zangado, chamou-o paraos lábios e devorou-o de beijos.O manhoso, assim que se pilhou no colo, pôs-se a rir.100
www.nead.unama.br— Coitadinho... Balbuciou ela, rindo também, com as lágrimas nos olhos.E levou-o para a janela. O pequenino, logo que deu com o Cristo quecontinuava a passear por entre as árvores, gritou sacudindo os seus bracinhos feitosde roscas gordas.— Papá! Papá!E, ao que parece, o Cristo lhe ouviu a voz, porque veio então seaproximando, aproximando, fazendo-se homem, até chegar à janela.Não era mais o Cristo; era o moço da pedreira.CAPÍTULO XXPassou a noite toda inteira na ilha, muito sossegada, muito feliz ao lado domarido. Lá não havia sobressaltos nervosos, nem infundados temores, nem súbitosesquecimentos do que se fizera pouco antes; lá a vida era boa, corredia, larga etranqüila. Como de costume, fizera o seu bocado de música, leram, jogaram econversaram: ela contou-lhe, rindo e chasqueando, os seus últimos sonhos — ocasamento dele com Rosinha — o desafio à guitarra. Cantou:"Tu a amar-me e ou a amar-te,Não sei qual será mais firme!Eu como sol a buscar-te;Tu como sombra a fugir-me."— Parece que ainda estou te ouvindo, meu amigo.— Sonhadora!— Ah, mas via-me tão magra, tão escaveirada, tão amarela, que metia pena!Ele achava graça, ria.— Magra, tu! Que tens este corpo!...E apertava-lhe a polpa do braço com os seus dedos vigorosos.— Mas não imaginas, meu querido, a má impressão que me fazia o demôniodo sonho; era tudo como se fosse verdade: eu sentia e via como te estou vendoaqui!— Estavas então muito feia...?— Horrorosa! Se aquilo não passasse de pura ilusão — matava-me! acreditaque me matava!— Que vaidade, Magda!— Ora, no fim de contas sou mulher; além disso, prezo menos por mim aminha beleza do que por tua causa...O rapaz agradeceu com uma carícia. E os dois continuaram a palestrar.Vieram à baila as saudades que Magda sentira do filho e os seus tormentos porjulgar-se longe dele.101
- Page 4 and 5:
www.nead.unama.brSegundo o que sabi
- Page 6 and 7:
www.nead.unama.brMagda afastou-se,
- Page 8 and 9:
www.nead.unama.brO primeiro a apres
- Page 10 and 11:
www.nead.unama.br— E daí?— Da
- Page 12 and 13:
www.nead.unama.brO velho sentia o s
- Page 14 and 15:
www.nead.unama.br— Dezessete anos
- Page 16 and 17:
www.nead.unama.brmarido prático, u
- Page 18 and 19:
www.nead.unama.br— É o diabo!...
- Page 20 and 21:
www.nead.unama.brMuito mais! E com
- Page 23 and 24:
www.nead.unama.brgraça que a Sra.
- Page 25 and 26:
www.nead.unama.brUma conduta irrepr
- Page 27 and 28:
www.nead.unama.brgarganta e, depois
- Page 29 and 30:
www.nead.unama.brroupa e apenas enf
- Page 31 and 32:
www.nead.unama.brexistência! Que a
- Page 33 and 34:
www.nead.unama.bruma mesinha cobert
- Page 35 and 36:
www.nead.unama.brNunca entravam em
- Page 37 and 38:
www.nead.unama.br— Vamos lá?...
- Page 39 and 40:
www.nead.unama.brcorpo, nem que se
- Page 41 and 42:
www.nead.unama.br— Piedade, meu p
- Page 43 and 44:
www.nead.unama.bràs histéricas, s
- Page 45 and 46:
www.nead.unama.brAo perceber uma pe
- Page 47 and 48:
www.nead.unama.br— Vou comprara u
- Page 49 and 50: www.nead.unama.bracompanhou-lhe log
- Page 51 and 52: www.nead.unama.brúnico dever. Desd
- Page 53 and 54: www.nead.unama.brde suspiros estala
- Page 55 and 56: www.nead.unama.brE, uma vez deitado
- Page 57 and 58: www.nead.unama.brE notava agora na
- Page 59 and 60: www.nead.unama.brde quem admira; Ma
- Page 61 and 62: www.nead.unama.brE, apesar dos esfo
- Page 63 and 64: www.nead.unama.br— Sim, sim, mas
- Page 65 and 66: www.nead.unama.br— Voltemos para
- Page 68 and 69: www.nead.unama.brimensa túnica de
- Page 70 and 71: www.nead.unama.brE respirava alto,
- Page 72 and 73: www.nead.unama.brJustina estendeu o
- Page 74 and 75: www.nead.unama.brcarne às garras d
- Page 76 and 77: www.nead.unama.brCAPÍTULO XVIEsta
- Page 78 and 79: www.nead.unama.brtraziam lenços de
- Page 80 and 81: www.nead.unama.brlatas de bolacha i
- Page 82 and 83: www.nead.unama.brcomo um lírio lev
- Page 84 and 85: www.nead.unama.brela dizia com a ma
- Page 86 and 87: www.nead.unama.brCAPÍTULO XVIIIE e
- Page 88 and 89: www.nead.unama.brJá a gaiola de um
- Page 90 and 91: www.nead.unama.brprecipitou-se do a
- Page 92 and 93: www.nead.unama.brsuavam4he com o gr
- Page 94 and 95: www.nead.unama.brbrancas. Metia gos
- Page 96 and 97: www.nead.unama.brFoi ter à janela
- Page 98 and 99: www.nead.unama.brreminiscência. Af
- Page 102 and 103: www.nead.unama.br— Estava como lo
- Page 104 and 105: www.nead.unama.br— Agora vai busc
- Page 106 and 107: www.nead.unama.brO populacho do cor
- Page 108 and 109: www.nead.unama.brOs marinheiros tin