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revestimentos de argamassa - Comunidade da Construção

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REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA:CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADESCoor<strong>de</strong>nador: Elton BauerATENÇÃOA presente cópia é uma cópia <strong>de</strong> submissão <strong>de</strong>stetexto para publicação. Face ao respeito aos direitosautorais, não é permiti<strong>da</strong> nenhuma reprodução,integral ou parcial, sob qualquer meio, semautorização explícita e por escrito do coor<strong>de</strong>nador<strong>de</strong>ste texto.


REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA:CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADESCoor<strong>de</strong>nador: Elton BauerAutores:Engª. Carla Cristina Nascimento SantosMestre em Estruturas e Construção Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnBDoutoran<strong>da</strong> do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBEngª Daiane Vitória Machado RamosMestran<strong>da</strong> do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBProf. Elton Bauer (coor<strong>de</strong>nador)Mestre em Engenharia Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – UFRGSDoutor em Engenharia Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo - USPEngª. Isaura Lobato PaesMestre em Engenharia Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - UFGDoutoran<strong>da</strong> do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBEngº.José Getúlio Gomes <strong>de</strong> SousaMestre em Estruturas e Construção Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnBDoutorando do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBEngº. Nielsen José Dias AlvesMestre em Estruturas e Construção Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnBDoutorando do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBEngª. Patrícia Lopes <strong>de</strong> Oliveira LaraMestre em Estruturas e Construção Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnBDoutoran<strong>da</strong> do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBEngº.Sávio Wan<strong>de</strong>rley do ÓMestre em Estruturas e Construção Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnBDoutorando do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção – PECC <strong>da</strong> UnBEngº. Sérgio Ricardo GonçalvesMestre em Estruturas e Construção Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnBRevisão lingüística e ortográfica: Prof. Darcy Bauer


PREFÁCIOO presente livro é uma antiga aspiração do meio científico-tecnológico, extremamente carente<strong>de</strong> literatura técnica na temática <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s, particularmente, nos sistemas <strong>de</strong><strong>revestimentos</strong>.O objetivo <strong>de</strong>ste texto é apresentar os capítulos <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mas concatena<strong>da</strong>,buscando trazer aspectos <strong>de</strong> conceituação e aplicação <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento. Tratase,portanto, <strong>de</strong> um enfoque tecnológico <strong>de</strong>stinado a engenheiros civis, arquitetos e <strong>de</strong>maisprofissionais que procuram um entendimento e discussão dos principais assuntos peculiares eespecificação <strong>de</strong> uso e aplicação <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> em sistemas <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong>.Os autores colaboradores são todos Engenheiros Civis egressos do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Todos têm emcomum o fato <strong>de</strong> terem se <strong>de</strong>dicado integral ou parcialmente à temática <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s emsuas dissertações e teses, além <strong>de</strong> inúmeros trabalhos <strong>de</strong> campo. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma<strong>da</strong>s maiores e melhores equipes <strong>de</strong> pesquisadores do país, enfocando na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> a temáticaem questão.Por fim, é muito gratificante, como coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>ste trabalho, apresentar este resultadofinal, fruto <strong>de</strong> ardorosos anos <strong>de</strong> pesquisa e questionamentos sobre as principaiscaracterísticas e peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos sistemas <strong>de</strong> revestimento <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>.ELTON BAUER


5 - PECULIARIDADES DA PRODUÇÃO DE REVESTIMENTOS DEARGAMASSASEngº Elton BauerEngº Nielsen José Dias Alves5.1 ADIÇÃO DE ÁGUA NA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO ................... 385.2 MISTURA MANUAL ........................................................................................ 395.3 TEMPO DE MISTURA ELEVADO NA PRODUÇÃO DE ARGAMASSASADITIVADAS INDUSTRIALIZADAS .................................................................. 405.4 APLICAÇÃO DE ARGAMASSA SOBRE PAREDES CONTÍGUASEXECUTADAS COM MATERIAIS DE DIFERENTE SUCÇÃO ......................... 405.5 A IMPORTÂNCIA DO APERTO DA ARGAMASSA ..................................... 416 - DOS MOMENTOS INICIAIS PÓS-APLICAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DAADERÊNCIAEngª. Isaura Nazaré Lobato PaesEng. Sérgio Ricardo <strong>de</strong> Castro Gonçalves6.1 SUCÇÃO DE ÁGUA PELO SUBSTRATO (BASE) ........................................ 426.2 PERDA DE ÁGUA DA ARGAMASSA ............................................................ 456.3 MECANISMOS BÁSICOS DE ADERÊNCIA E SEUS MOMENTOS ............ 456.4 AVALIAÇÃO DA ADERÊNCIA NOS REVESTIMENTOS DEARGAMASSA .......................................................................................................... 486.5 VARIABILIDADE DOS VALORES DE ADERÊNCIA .................................. 497- ASPECTOS DAS ARGAMASSAS PROJETADASEngª Carla Cristina Nascimento SantosEngª Daiane Vitória Machado Ramos7.1 OS SISTEMAS DE APLICAÇÃO DAS ARGAMASSAS ................................ 517.2 ARGAMASSAS PRÓPRIAS PARA PROJEÇÃO ............................................ 537.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUTIVIDADE DO SISTEMA PORPROJEÇÃO MECANIZADA ................................................................................... 55REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 56


1 - SISTEMAS DE REVESTIMENTO DE ARGAMASSA –GENERALIDADESEngº Elton BauerA complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos sistemas <strong>de</strong> revestimento <strong>de</strong> facha<strong>da</strong> quanto à composição, funções,<strong>de</strong>sempenho, materiais e metodologias construtivas, contraposta a significativa <strong>de</strong>ficiêncianormativa e técnico-científica, torna a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> especificação, projeto e controle <strong>de</strong>quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>revestimentos</strong>, uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>, a qual foge muitasvezes ao escopo <strong>da</strong> formação básica e atuação do engenheiro civil e do arquiteto. Osparâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição, avaliação e controle, no estágio atual, são ain<strong>da</strong> muito incipientes e,muitas vezes, insuficientes para as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do dia-a-dia na execução dos <strong>revestimentos</strong>.Exemplificando tal fato, po<strong>de</strong>-se ilustrar a questão <strong>da</strong>s <strong>de</strong>finições <strong>da</strong>s juntas nos sistemas <strong>de</strong>revestimento. Qual o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cálculo para <strong>de</strong>finir os espaçamentos entre juntas? Asreferências <strong>de</strong> norma são extremamente genéricas e pouco específicas, resultando emsituações não particulariza<strong>da</strong>s aos materiais a empregar. Outro ponto questionável seria <strong>de</strong>como dimensionar a estruturação obrigatória (tela sol<strong>da</strong><strong>da</strong> galvaniza<strong>da</strong>) para <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> espessura? Nestes simples exemplos, evi<strong>de</strong>nciam-se dúvi<strong>da</strong>s difíceis <strong>de</strong> seremtecnicamente sana<strong>da</strong>s, sendo que, na maioria <strong>da</strong>s vezes, opta-se por uma solução empíricacom resultados imprevistos, com gran<strong>de</strong>s probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>manifestações patológicas futuras.Os sistemas <strong>de</strong> revestimento à base <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> têm sofrido modificações significativas nosúltimos anos. Essas modificações advêm <strong>de</strong> novos materiais básicos (novos cimentos,agregados artificiais, por exemplo), novos materiais finais, como o caso <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>sindustrializa<strong>da</strong>s, e novos processos executivos, como por exemplo, as <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>revestimento projeta<strong>da</strong>s mecanicamente. Esses novos materiais e técnicas implicam emmu<strong>da</strong>nça dos parâmetros <strong>de</strong> referência consagrados às <strong>argamassa</strong>s, sendo que gran<strong>de</strong> partedos problemas atualmente observados têm origem na inobservância <strong>de</strong> especificações <strong>de</strong> uso<strong>de</strong>stes materiais (teor <strong>de</strong> água e tempo <strong>de</strong> mistura nas <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s, porexemplo), e pior ain<strong>da</strong>, no <strong>de</strong>sconhecimento do próprio fabricante <strong>de</strong> como <strong>de</strong>ve se proce<strong>de</strong>rpara utilizar o seu material. Vê-se, portanto, que o julgamento normalmente efetuado pelosmestres <strong>de</strong> obra, em muitos casos a única avaliação feita sobre <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, carece<strong>de</strong> mais informações técnicas que <strong>de</strong>vem fazer parte do panorama <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição, execução econtrole quanto aos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s.Outro ponto importante diz respeito à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Uma vez que temosmateriais e processos mais específicos, o cui<strong>da</strong>do e respeito às recomen<strong>da</strong>ções <strong>de</strong>ve ser regrageral. Freqüentemente, observam-se situações em que são empregados materiais <strong>de</strong> bom<strong>de</strong>sempenho, a custos mais significativos, e o resultado final <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar. Tanto asoperações <strong>de</strong> execução como <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>vem ser atuantes no sentido <strong>de</strong> se ter uma mão-<strong>de</strong>obramais capacita<strong>da</strong>, capaz <strong>de</strong> executar as tarefas a contento.1.1 SISTEMAS DE REVESTIMENTOO sistema <strong>de</strong> revestimento po<strong>de</strong> ser entendido como um conjunto <strong>de</strong> subsistemas. As funções<strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> revestimento vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a proteção à alvenaria, regularização <strong>da</strong>ssuperfícies, estanquei<strong>da</strong><strong>de</strong>, até funções <strong>de</strong> natureza estéticas, uma vez que se constitui doelemento <strong>de</strong> acabamento final <strong>da</strong>s ve<strong>da</strong>ções. Normalmente, os sistemas <strong>de</strong> revestimento atuam7


em suas funções e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s em conjunto com o substrato. Assim é, que não se po<strong>de</strong> falar,por exemplo, <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, mas sim <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>argamassa</strong>-substrato. Asfunções atribuí<strong>da</strong>s à utilização dos sistemas <strong>de</strong> revestimento variam enormemente <strong>de</strong> edifíciopara edifício, ou seja, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m em gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> concepção do edifício, suas facha<strong>da</strong>s epare<strong>de</strong>s e, obviamente, do sistema <strong>de</strong> revestimento selecionado.As diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s quanto às opções a empregar, são muito gran<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong>m-se utilizar sistemasque empreguem peças cerâmicas assentes sobre emboço <strong>argamassa</strong>do, empregar subsistemas<strong>de</strong> pintura consorciados à <strong>argamassa</strong> (em uma, duas ou várias cama<strong>da</strong>s), utilizar sistemas como emprego <strong>de</strong> placas <strong>de</strong> rocha (por exemplo, placas <strong>de</strong> granito, mármore), <strong>de</strong>ntre vários.A <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> natureza do sistema <strong>de</strong> revestimento normalmente é um <strong>da</strong>do <strong>de</strong> naturezaprojetual, contemplado por escolhas <strong>de</strong> estética e funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> umsistema já se preocupa com processos projetuais e construtivos, assumindo preocupaçõesquanto à natureza e tipos <strong>de</strong> materiais e técnicas a empregar. A especificação do sistema jáleva em conta a <strong>de</strong>finição objetiva e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> dos materiais, traços, juntas, técnicasexecutivas. A especificação correntemente é chama<strong>da</strong>, no meio técnico, <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong>facha<strong>da</strong>s. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o projeto vai mais além e <strong>de</strong>ve contemplar a funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>inserindo elementos fun<strong>da</strong>mentais ao bom <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> mesma, como por exemplo, aspinga<strong>de</strong>iras.Quanto à constituição <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> revestimento em <strong>argamassa</strong>, observa-se a tendência<strong>de</strong> empregar procedimentos em cama<strong>da</strong> única, diminuindo os custos <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obrapertinentes. To<strong>da</strong>via, as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> diferentes situações freqüentemente exigemsoluções mais específicas para ca<strong>da</strong> caso.1.1.1. Substratos para Aplicação <strong>da</strong> ArgamassaEm to<strong>da</strong>s as situações, os sistemas serão aplicados sobre uma base ou substrato formando umconjunto bem a<strong>de</strong>rido e contínuo, necessário ao atendimento do <strong>de</strong>sempenho global. Ossubstratos <strong>de</strong>vem ser a<strong>de</strong>quados ou preparados a receber o revestimento. Assim, caso osmesmos não tenham a a<strong>de</strong>quabili<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária (ao atendimento dos quesitos que permitamuma execução satisfatória e o atendimento <strong>de</strong> um bom <strong>de</strong>sempenho), <strong>de</strong>ve se optar pelo uso<strong>de</strong> elementos que venham a compor uma solução satisfatória em âmbito geral. Um exemplo<strong>de</strong>sta situação é a utilização do chapisco como preparação <strong>de</strong> base para aplicação <strong>da</strong><strong>argamassa</strong>.Os substratos po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong> diferentes formas, sendo as mais comuns:• Pela natureza dos materiaisconstituintes: alvenaria <strong>de</strong> blocos cerâmicos, blocos <strong>de</strong>concreto, blocos <strong>de</strong> concreto celular; elementos estruturais em concreto (pilares, vigas elajes);• Pela função: elementos <strong>de</strong> ve<strong>da</strong>ção, estruturais;• Por suas características físicas: textura, porosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção <strong>de</strong> água(absorção capilar), proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas.As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas do substrato, particularmente dos elementos que compõem aalvenaria e a estrutura, são fun<strong>da</strong>mentais, uma vez que influem nas características <strong>de</strong> suporte eancoragem para os sistemas <strong>de</strong> revestimento. É comum se encontrarem na literatura8


especializa<strong>da</strong>, menções à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a resistência do substrato ser superior à resistênciado sistema <strong>de</strong> revestimento. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, esta colocação é muito ampla e genérica, sendo que,em alguns casos, po<strong>de</strong>-se ter <strong>argamassa</strong> com algumas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>superior ao substrato. O raciocínio correto, quanto aos esforços existentes, é o <strong>de</strong> se promoveruma a<strong>de</strong>rência a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao conjunto <strong>argamassa</strong>-substrato, e dotar o corpo do revestimento(cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> emboço) <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s resistentes coerentes aos esforços que ocorrem. Não sepo<strong>de</strong>, to<strong>da</strong>via, raciocinar somente do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> resistências mecânicas, <strong>de</strong>vendo-seotimizar também características <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> revestimento.Quanto aos aspectos superficiais do substrato, a porosi<strong>da</strong><strong>de</strong> é fun<strong>da</strong>mental, por influenciar notransporte <strong>de</strong> água (sucção <strong>da</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>), principalmente nos momentos iniciais pósaplicação.Este transporte influencia, sobremaneira, nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> processo, afetandoprincipalmente o tempo <strong>de</strong> sarrafeamento <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong>. Dados <strong>de</strong> pesquisa mostramque para blocos <strong>de</strong> concreto têm-se que em até 30 minutos, absorve-se 50% do total possível<strong>de</strong> água (PAES, BAUER e CARASEK, 2003). Esta movimentação <strong>de</strong> água atua tambémsobre a a<strong>de</strong>rência revestimento-substrato. Neste sentido, a sucção <strong>de</strong> água não po<strong>de</strong> nem sermuito baixa, como também não <strong>de</strong>ve ser excessivamente alta.A textura do substrato (rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>) é importante no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. Asrugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são pontos <strong>de</strong> ancoragem <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong>, auxiliando na a<strong>de</strong>rência. Por suavez, substratos rugosos possuem maior área <strong>de</strong> contato com a <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong>,melhorando potencialmente as condições <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. Substratos lisos, geralmente levam avalores <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência menores, <strong>de</strong>vendo-se sempre preparar as superfícies com o intuito <strong>de</strong>torná-las a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente rugosas.A preparação <strong>de</strong> base para recebimento do revestimento engloba um conjunto <strong>de</strong> operaçõesimportantes, tanto do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> execução do revestimento (permitindo que a<strong>argamassa</strong> ao ser lança<strong>da</strong> tenha a<strong>de</strong>são ao substrato), como também do enfoque sobre aa<strong>de</strong>rência <strong>argamassa</strong>-substrato. Assim, têm-se: a remoção <strong>de</strong> resíduos, correção <strong>de</strong>irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, remoção <strong>de</strong> incrustações metálicas e o preenchimento <strong>de</strong> furos, rasgos e<strong>de</strong>pressões localiza<strong>da</strong>s, lavagem e pré-ume<strong>de</strong>cimento. Além disso, com o intuito <strong>de</strong> melhorare a<strong>da</strong>ptar o substrato, emprega-se rotineiramente o chapisco, o qual visa em sua essênciafornecer ao substrato uma textura a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente rugosa e com porosi<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. A textura rugosa atua também nos momentos iniciais pósaplicaçãofavorecendo o mecanismo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são inicial.Além <strong>da</strong> textura, o chapisco tem função <strong>de</strong> regular a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção por parte dosubstrato. Assim, substratos <strong>de</strong> altíssima sucção (como por exemplo as alvenarias <strong>de</strong> concretocelular) têm no chapisco um elemento que diminui a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> do transporte <strong>de</strong> água <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s para o substrato. Em contraposição, substratos com sucção muito baixa (como é ocaso dos elementos estruturais em concreto), necessitam do chapisco como elementoincrementador <strong>da</strong> sucção <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, com o intuito do <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>de</strong>quado<strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>argamassa</strong>-substrato. Este fato é exemplificado na rotina <strong>de</strong> obras pelaobrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> do chapisco sobre elementos estruturais.O chapisco, como um dos elementos <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> base, tem as suas peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Primeiramente ele <strong>de</strong>ve ter a<strong>de</strong>rência ao substrato. Isso se consegue pela formulação <strong>de</strong>dosagem do chapisco, on<strong>de</strong>-se emprega uma <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> significativo consumo <strong>de</strong> cimento(traço 1:3 em volume, usualmente). Essa dosagem rotineiramente costuma nos <strong>da</strong>r valoresaceitáveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, embora o resultado não <strong>de</strong>pen<strong>da</strong> somente <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> chapisco,9


mas <strong>de</strong> outros fatores como a natureza do substrato. É comum também se especificar oemprego <strong>de</strong> polímeros a<strong>de</strong>sivos (látex acrílico ou estireno-butadieno, <strong>de</strong>ntre outros), com ointuito <strong>de</strong> melhorar a a<strong>de</strong>rência do chapisco ao substrato. Um alerta <strong>de</strong>ve ser <strong>da</strong>do nestesentido, pois em teores muito altos <strong>de</strong> polímero, a a<strong>de</strong>rência do chapisco ao substrato éfortemente incrementa<strong>da</strong>, mas o polímero no interior <strong>da</strong> matriz porosa do chapisco formafilmes que obstruem (ao menos parcialmente) a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> poros. Como conseqüência, a sucçãonecessária que o chapisco <strong>de</strong>ve apresentar quando do lançamento <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong>revestimento, é preocupa<strong>da</strong>mente reduzi<strong>da</strong>. Assim, a a<strong>de</strong>rência <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> revestimentoao chapisco é prejudica<strong>da</strong> com resultados <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho muito críticos. Têm-se presenciadovárias situações em que o chapisco modificado (com polímeros a<strong>de</strong>sivos) está perfeitamentea<strong>de</strong>rido ao substrato, mas não se consegue a<strong>de</strong>rência significativa <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> sobre ochapisco. A recomen<strong>da</strong>ção é a <strong>de</strong> que se consulte um especialista, e se faça um estudolaboratorial para corroborar os teores para a situação específica <strong>da</strong> obra. Os valores <strong>de</strong>catálogo dos fabricantes, normalmente são genéricos para as diversas aplicações,necessitando-se <strong>de</strong> especificação mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> situação.É necessário mencionar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cura do chapisco, obrigatoriamente em climasquentes e secos. A cura por aspersão <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ve se iniciar imediatamente assim que nãohouver lavagem do chapisco pela água <strong>de</strong> cura. Resultados muito bons são relatados peloemprego <strong>de</strong> névoa sobre o chapisco. A duração <strong>da</strong> cura (ou seja, manter o chapisco molhado)<strong>de</strong>ve ser no mínimo <strong>de</strong> 24 horas, recomen<strong>da</strong>ndo-se estendê-la para 48 horas em condições <strong>de</strong>clima quente e seco. Falhas <strong>de</strong> cura, geralmente são: pulverulência, fissuração intensa e<strong>de</strong>sagregação.O chapisco é um procedimento <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> base e não se constitui <strong>de</strong> uma cama<strong>da</strong> dorevestimento. A espessura média <strong>de</strong>ste tratamento situa-se próxima a 5mm, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong>scaracterísticas granulométricas <strong>da</strong> areia emprega<strong>da</strong>. Não se recomen<strong>da</strong> usar espessuras muitomaiores do que a menciona<strong>da</strong>, nem promover uma textura excessivamente rugosa.Existem duas tipologias clássicas quanto à aplicação do chapisco ao substrato <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s<strong>de</strong>: chapisco aberto e chapisco fechado. A tipologia <strong>de</strong> chapisco aberto consiste, em quando<strong>da</strong> aplicação, obter-se uma “cama<strong>da</strong> rala”, on<strong>de</strong> se alternam aleatoriamente regiões on<strong>de</strong> ochapisco é aplicado e regiões on<strong>de</strong> se visualiza o substrato nu. Obtêm-se neste caso umacondição em que se incrementa, <strong>de</strong> uma forma geral, a textura do substrato (mais rugoso).Para a tipologia do chapisco fechado, já se tem a situação em que a aplicação envolve to<strong>da</strong> asuperfície do substrato, obtendo-se um aspecto uniforme e rugoso (não se visualiza osubstrato). A aplicação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipologia é particular ao que se preten<strong>de</strong> com a aplicação dochapisco. Caso se preten<strong>da</strong> somente aumentar a rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> do substrato, sem se atuar sobre ocontrole do transporte <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> para o substrato, a opção é empregar ochapisco aberto. Quando se necessita do controle <strong>da</strong> absorção, o emprego lógico é o dochapisco fechado (chapisco sobre elementos estruturais em concreto, por exemplo).Existem algumas diferenciações quanto à natureza dos chapiscos correntemente empregados,po<strong>de</strong>ndo-se enumerar os seguintes:• Chapisco convencional – composto <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> uma <strong>argamassa</strong> fluí<strong>da</strong> <strong>de</strong> cimento eareia média-grossa (suficiente para <strong>da</strong>r a textura necessária) com traço em volume <strong>da</strong>or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1:3 (cimento:areia). O procedimento <strong>de</strong> aplicação consiste em se lançarenergicamente o chapisco sobre a superfície com a colher <strong>de</strong> pedreiro.10


• Chapisco modificado com polímeros – muito parecido ao chapisco convencional,diferenciando-se pelo emprego <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivos poliméricos látex adicionados à água <strong>de</strong>mistura.• Chapisco rolado – constitui-se <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> uma <strong>argamassa</strong> cimento:areia <strong>de</strong> traço 1:3(volume) em que se utiliza areia média-fina. Também são empregados na maioria <strong>da</strong>svezes a<strong>de</strong>sivos poliméricos látex. A aplicação é feita com rolo <strong>de</strong> pintura (rolo paratextura), não se <strong>de</strong>vendo fazer movimentos <strong>de</strong> vai-vem (ocorre selagem dos poros se issofor feito). O substrato <strong>de</strong>ve ter condições muito boas <strong>de</strong> planeza para uma corretaaplicação. Algumas críticas <strong>de</strong>vem ser lembra<strong>da</strong>s quando se opta por este tipo <strong>de</strong>aplicação. Primeiramente, a <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> chapisco para esta aplicação é muito fluí<strong>da</strong>, oque po<strong>de</strong> permitir que a areia <strong>de</strong>cante no recipiente. Neste caso, a aplicação seria somente<strong>da</strong> nata <strong>de</strong> cimento e do a<strong>de</strong>sivo, não <strong>da</strong>ndo condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho satisfatório.Portanto, <strong>de</strong>ve se ter gran<strong>de</strong> cui<strong>da</strong>do em exigir sempre que o material esteja bemmisturado a ca<strong>da</strong> aplicação do rolo. Outro ponto importante diz respeito à aplicação, a qual<strong>de</strong>ve incisivamente ser feita em um sentido e sem sobreposições (não fazer vai-vem comose faz na pintura). Caso seja necessária uma nova <strong>de</strong>mão, a mesma <strong>de</strong>ve ser aplica<strong>da</strong> após24 horas <strong>da</strong> primeira. Deve-se também avaliar a condição do rolo uma vez que o mesmopo<strong>de</strong> facilmente ficar obstruído ou até “impermeabilizado” pelos a<strong>de</strong>sivos látex utilizados.• Chapisco industrializado – recentemente a indústria <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s lançou o chapiscoindustrializado, que consiste em uma <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong> a qual se mistura comágua, e aplica-se a mesma sobre o substrato com o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ntea<strong>da</strong>(processo similar à <strong>argamassa</strong> colante para assentamento <strong>de</strong> cerâmica). O aspecto finalobtido é o <strong>de</strong> filetes orientados, sendo que a textura <strong>da</strong> formação dos filetes é a rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>obti<strong>da</strong>. Algumas críticas a este processo advêm do uso <strong>de</strong> filetes com maior altura (acima<strong>de</strong> 5mm), em que o preenchimento <strong>de</strong>sta rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> pela <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> revestimento nãoocorre satisfatoriamente em to<strong>da</strong> a extensão. Certamente ajustes, tanto no processoexecutivo do revestimento (<strong>argamassa</strong> mais plástica, por exemplo), como tambéma<strong>de</strong>quações do correto uso <strong>de</strong>ste chapisco permitem soluções que po<strong>de</strong>m ser aceitáveis.1.1.2. Componentes dos Revestimentos <strong>de</strong> ArgamassaOs <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> po<strong>de</strong>m ser constituídos por uma ou mais cama<strong>da</strong>s, ou seja:emboço e reboco, e cama<strong>da</strong> única. A norma NBR 13749-1995 indica as espessurasadmissíveis, bem como níveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência mínimos, <strong>de</strong>ntre outros aspectos (Tabela 1.1 eTabela 1.2).Tabela 1.1 - Espessuras admissíveis <strong>de</strong> revestimento interno e externo para pare<strong>de</strong>(NBR 13749,1995).Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong>Espessura (mm)revestimento Interna ExternaEmboço 5 a 20 15 a 25Emboço e Reboco 10 a 30 20 a 30Cama<strong>da</strong> única 5 a 30 15 a 30O papel do emboço (muitas vezes confundido com o reboco) consiste em cobrir e regularizara superfície do substrato ou chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outracama<strong>da</strong>, <strong>de</strong> reboco, <strong>de</strong> revestimento cerâmico, ou outro procedimento ou tratamento<strong>de</strong>corativo (que se constitua no acabamento final). Portanto, o emboço constitui-se <strong>de</strong> umacama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> (geralmente a mais espessa do sistema <strong>de</strong> revestimento) que11


consiste no corpo do revestimento, possuindo a<strong>de</strong>rência ao substrato, e apresentando texturaa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à aplicação <strong>de</strong> outra cama<strong>da</strong> subseqüente (CÂNDIA, 1997). Assim é que o emboçonormalmente emprega granulometria um pouco mais grossa do que as <strong>de</strong>mais <strong>argamassa</strong>s(cama<strong>da</strong> única, reboco, por exemplo), e o acabamento é somente o sarrafeado (<strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>ixartextura áspera para melhorar a a<strong>de</strong>rência quando <strong>da</strong> aplicação dos outros materiais, como é ocaso <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> colante no assentamento <strong>de</strong> peças cerâmicas, por exemplo).O reboco é a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> revestimento utiliza<strong>da</strong> para cobrir o emboço, propiciando umasuperfície que permite receber o revestimento <strong>de</strong>corativo ou se constitua no acabamento final.Sua espessura é apenas o necessário para constituir uma superfície lisa, contínua e íntegra.O revestimento <strong>de</strong> cama<strong>da</strong> única é executado diretamente sobre os substratos, sem anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> aplicação anterior do emboço. Neste caso, a cama<strong>da</strong> única tem função dupla,ou seja, <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r as exigências do emboço e <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> acabamento (reboco). Assim,são necessárias operações específicas <strong>de</strong> execução, como corte, sarrafeamento e acabamento,realiza<strong>da</strong>s momentos após a aplicação. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a <strong>argamassa</strong> para ser sarrafea<strong>da</strong> <strong>de</strong>veper<strong>de</strong>r a plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> inicial (necessária à operação <strong>de</strong> aplicação), o que ocorre pela sucção <strong>de</strong>água pelo substrato e por evaporação. Ao se executar o sarrafeamento, a <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong>ve“esfarelar” pelo corte <strong>da</strong> régua. O momento para execução do sarrafeamento é feito poravaliação tátil do oficial pedreiro. Sarrafeamento precoce induz ao surgimento <strong>de</strong> fissuração, esarrafeamento retar<strong>da</strong>do exige gran<strong>de</strong> esforço para o corte <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>. Portanto, <strong>de</strong>ve-secui<strong>da</strong>r quando <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> extensão dos panos a revestir, dimensionando equipes comprodutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à execução do revestimento. As operações <strong>de</strong> acabamento(<strong>de</strong>sempeno, camurça, outras) ocorrem em momentos subseqüentes, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>da</strong>scaracterísticas que se <strong>de</strong>sejam para o revestimento final.Um problema sério, tanto para o emboço como para a cama<strong>da</strong> única, diz respeito a espessurasexcessivas. Espessuras superiores a 5 cm trazem problemas não só <strong>de</strong> sobrecargas, comotambém <strong>de</strong> retração e provável fissuração. Sobre este aspecto, as normas são ambíguas, umavez que é muito difícil generalizar condutas, face as gran<strong>de</strong>s diferenciações quanto amateriais, processos e condições climáticas. Situações com espessuras excessivas exigem aopinião <strong>de</strong> especialista em sistemas <strong>de</strong> revestimento. É bastante salutar se pensar nestes casos,no emprego <strong>de</strong> tela metálica (galvaniza<strong>da</strong>, eletro-sol<strong>da</strong><strong>da</strong>), ancora<strong>da</strong> em regiões estáveis dosubstrato (elementos estruturais em concreto, como lajes e pilares, ou ain<strong>da</strong> elementos bemancorados<strong>da</strong> alvenaria). Esta tela <strong>de</strong>ve ficar imersa na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong>, e nãosobre a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> chapisco.1.1.3 Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s Argamassas para Execução dos RevestimentosO processo <strong>de</strong> execução dos <strong>revestimentos</strong> exige condições peculiares <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s. As<strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>vem ter plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> para se <strong>de</strong>formar sobre a superfície do substrato quando dolançamento e aplicação, flui<strong>de</strong>z para envolver a rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> do substrato, e retenção <strong>de</strong> águapara manter a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> durante a aplicação. A Figura 1.1 ilustra a complexa situação<strong>da</strong> execução do revestimento. A <strong>argamassa</strong> na masseira <strong>de</strong>ve permitir facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manuseio(estar plástica e fluí<strong>da</strong> o suficiente, não gru<strong>da</strong>r na ferramenta, não segregar). Ao ser lança<strong>da</strong>,ela <strong>de</strong>ve se fixar à superfície do substrato, recebendo ain<strong>da</strong> manipulações que visam espalhare acomo<strong>da</strong>r a cama<strong>da</strong> para o posterior sarrafeamento (plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> e retenção <strong>de</strong> água),12


Plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>(<strong>de</strong>formar-se emanter a forma)Flui<strong>de</strong>z (envolver a base)Retenção água (manter atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>)Figura 1.1 – Trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>Os momentos após o lançamento e aplicação <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> sobre o substrato são divididossegundo os mecanismos que ocorrem. Ao ser lança<strong>da</strong> a <strong>argamassa</strong> sobre o substrato ela <strong>de</strong>vesefixar imediatamente à superfície do mesmo. A proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> que coor<strong>de</strong>na esta situação éconheci<strong>da</strong> como a<strong>de</strong>são inicial e o fenômeno correspon<strong>de</strong> aos instantes iniciais pós-aplicação.Com o passar do tempo, a <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> per<strong>de</strong> água em gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> para osubstrato (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ele tenha a sucção necessária e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>), per<strong>de</strong>ndo suas características<strong>de</strong> plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste momento, a <strong>argamassa</strong> continua fixa ao substrato e está apta a sofrer asmanipulações pertinentes ao sarrafeamento. Nesta situação, a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> relaciona<strong>da</strong> àfixação <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> é conheci<strong>da</strong> como a<strong>de</strong>são. Na evolução do processo, face à hidrataçãodo cimento e contribuição dos aglomerantes em geral, <strong>de</strong>senvolve-se a a<strong>de</strong>rência.1.1.4 Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s Relaciona<strong>da</strong>s ao Desempenho do Sistema <strong>de</strong> RevestimentoA proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> básica e fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> revestimento em <strong>argamassa</strong> é aa<strong>de</strong>rência. A mesma se <strong>de</strong>senvolve através <strong>da</strong> ancoragem mecânica <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> com osubstrato através <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e textura <strong>da</strong> interface, e também pela condição <strong>de</strong> atritopropicia<strong>da</strong> pelos compostos hidratados dos aglomerantes que penetram na porosi<strong>da</strong><strong>de</strong> dosubstrato. Assim, é fun<strong>da</strong>mental que o substrato tenha <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção <strong>de</strong>água, para promover um caminho facilitado para o transporte dos compostos em hidratação docimento, principalmente. Substratos com sucção muito baixa promovem a<strong>de</strong>rência baixa. Arugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> interface incrementa os valores <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência conseguidos pela hidratação nointerior do substrato.A Tabela 1.2 apresenta os valores referência para a<strong>de</strong>rência dos sistemas à base <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>.Tabela 1.2- Limites <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração (Ra) para emboço e cama<strong>da</strong> única(NBR 13749, 1995).Local Acabamento Ra (MPa)Pare<strong>de</strong>InternaPintura ou base para reboco 0,20Cerâmica ou laminado 0,30Pintura ou base para reboco 0,30ExternaCerâmica 0,30Teto Pintura ou base para reboco 0,20Embora importante, a a<strong>de</strong>rência não é a única proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> a se consi<strong>de</strong>rar. Principalmente emregiões <strong>de</strong> clima quente, é fun<strong>da</strong>mental a preocupação com a fissuração <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s. As13


características <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> revestimento são muito importantes no<strong>de</strong>sempenho final do conjunto. É consenso que, ao se aumentar o consumo <strong>de</strong> cimento, seincrementa o módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (ou módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>) <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s. Issosignifica que as mesmas ficam mais rígi<strong>da</strong>s, ou seja, têm menor capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>formarsem ruptura (fissura). Por sua vez, a a<strong>de</strong>rência aumenta com o consumo <strong>de</strong> cimento <strong>da</strong><strong>argamassa</strong> (<strong>de</strong>ntre outros fatores), o que gera uma situação <strong>de</strong> conflito, pois ao se buscaraumentar a a<strong>de</strong>rência, aumenta-se também o risco <strong>de</strong> aumentar a fissuração potencial. Algunscaminhos surgem <strong>de</strong>ssa in<strong>da</strong>gação, <strong>de</strong>ntre os quais enumera-se:• Trabalhar com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> – pesquisas têm <strong>de</strong>monstrado que em<strong>argamassa</strong>s mistas, consegue-se melhorar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, particularmentepela incorporação <strong>de</strong> ar, atribuí<strong>da</strong> ao uso <strong>da</strong> cal hidrata<strong>da</strong>. Infortuna<strong>da</strong>mente ain<strong>da</strong> não seconseguiu chegar a esta conclusão nas <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s, que incorporam umaquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito maior <strong>de</strong> ar. Outros caminhos surgem no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novosmateriais. OLIVEIRA (1998), em pesquisa realiza<strong>da</strong> na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília,evi<strong>de</strong>nciou que o emprego <strong>de</strong> alguns a<strong>de</strong>sivos látex, como modificadores <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s,incrementa em muito a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s. Na mesma instituição,CORTEZ (1999), trabalhando com adição <strong>de</strong> fibras sintéticas às <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>revestimento, evi<strong>de</strong>nciou gran<strong>de</strong> aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>formabili<strong>da</strong><strong>de</strong> com teores relativamentebaixos <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> fibras sintéticas. É interessante mencionar que, nestas duaspesquisas, se trabalha com níveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência bastante altos, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>formação muito interessante. Estas propostas, contudo, merecem pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> custo, oque não as inviabiliza para regiões localiza<strong>da</strong>s <strong>de</strong> facha<strong>da</strong> sabi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>movimentação, ou no emprego em reparos localizados <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> revestimento.• Trabalhar com disposição <strong>de</strong> juntas – as juntas são elementos estratégicos para alívio dosesforços no sistema <strong>de</strong> revestimento. Principalmente em regiões <strong>de</strong> clima quente, faz-seobrigatório o projeto <strong>de</strong> juntas em sistemas <strong>de</strong> revestimento cerâmico, conformeprescrevem as Normas Brasileiras NBR 13754 e NBR 13755. Entretanto, não é freqüentea especificação <strong>da</strong>s juntas nos <strong>revestimentos</strong> em <strong>argamassa</strong>. Genericamente falando, po<strong>de</strong>sedizer que o papel <strong>da</strong> junta é conduzir a fissuração potencial para uma região localiza<strong>da</strong>na junta (a junta por constituir-se <strong>de</strong> uma redução <strong>da</strong> espessura do revestimento concentraas possíveis fissuras). A junta normalmente é caracteriza<strong>da</strong> por ser executa<strong>da</strong> na forma <strong>de</strong>frisos ou sulcos, ain<strong>da</strong> no estado fresco <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>. A<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente, muitas vezesassocia-se ao projeto <strong>da</strong> junta a execução <strong>de</strong> pinga<strong>de</strong>iras que servem para controle <strong>da</strong>chuva inci<strong>de</strong>nte sobre a facha<strong>da</strong>.• Trabalhar com emprego <strong>de</strong> tela fina – recentemente tem-se generalizado o emprego <strong>de</strong>telas nos <strong>revestimentos</strong>. Essa aplicação, na maioria <strong>da</strong>s vezes, é extremamente empírica ecom critérios técnicos dúbios. A tela fina, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, tem função <strong>de</strong> dissipar a fissuração,ou seja, transformar as gran<strong>de</strong>s fissuras em pequenas ou microfissuras, que sejamesteticamente i<strong>de</strong>ntificáveis e não causem significativos prejuízos ao <strong>de</strong>sempenho dorevestimento (falhas <strong>de</strong> estanquei<strong>da</strong><strong>de</strong> à água <strong>de</strong> chuva, por exemplo). Neste sentido, a telafina <strong>de</strong>ve ser posiciona<strong>da</strong> internamente à cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>, ou seja, não <strong>de</strong>ve estar emcontato com o substrato (bloco <strong>de</strong> alvenaria ou chapisco). Os locais <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>tela seriam regiões potencialmente fissuráveis como: encontro pilar-alvenaria, região <strong>de</strong>encunhamento <strong>da</strong> alvenaria, região <strong>de</strong> verga e contraverga <strong>de</strong> janelas.14


2 - MATERIAIS CONSTITUINTES E SUAS FUNÇÕESEngº Elton BauerEngº José Getulio Gomes <strong>de</strong> SousaO estudo dos materiais constituintes <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento, bem como suas funções,justifica-se por inúmeros fatores, <strong>de</strong>ntre os quais <strong>de</strong>staca-se a falta <strong>de</strong> regras claras paraespecificação dos materiais, que, na maioria <strong>da</strong>s vezes, são <strong>de</strong>finidos a partir <strong>de</strong> critériosempíricos baseados em experiências isola<strong>da</strong>s <strong>de</strong> profissionais <strong>da</strong> construção civil. O resultadodireto <strong>de</strong>ssa falta <strong>de</strong> critério é a incidência ca<strong>da</strong> vez mais presente <strong>de</strong> inúmeros casos <strong>de</strong>manifestações patológicas que comprometem tais sistemas.Outro fato que merece certa parcela <strong>de</strong> atenção é o surgimento no mercado <strong>de</strong> uma gamaconsi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> materiais (como novas alternativas) para a produção <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s. Comoexemplos cabe <strong>de</strong>stacar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cales (hidrata<strong>da</strong>s, aditiva<strong>da</strong>s e pré-mistura<strong>da</strong>s com cimento),aditivos para produção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s ou para a produção em canteiro <strong>de</strong>obra (incorporadores <strong>de</strong> ar, retentores <strong>de</strong> água, aditivos poliméricos), fibras sintéticas, e aténovas concepções <strong>de</strong> agregados com dimensões e granulometrias específicas para ca<strong>da</strong>aplicação. Neste contexto, é ca<strong>da</strong> vez mais notório que a simples experiência não é suficiente,sendo necessária uma avaliação mais precisa sobre a parcela <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> materialna composição <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s.2.1 AGLOMERANTESOs principais aglomerantes utilizados na produção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento são ocimento e a cal, ambos com <strong>de</strong>cisivas contribuições nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s no estado fresco e noestado endurecido. Na maioria <strong>da</strong>s vezes a classificação <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento ébasea<strong>da</strong> em parâmetros como a natureza, tipo e o número <strong>de</strong> aglomerante empregado namistura, conforme apresentado na Tabela 2.1.Tabela 2.1 – Classificação <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento em função do aglomerante(NBR13530, 1995)2.1.1 CimentoNatureza do aglomeranteTipo <strong>de</strong> aglomeranteNúmero <strong>de</strong> aglomeranteAglomerante aéreoAglomerante hidráulicoArgamassa <strong>de</strong> calArgamassa <strong>de</strong> cimentoArgamassa <strong>de</strong> cimento e calArgamassa simplesArgamassa mistaDentre os aglomerantes hidráulicos os cimentos Portland são os mais empregados naprodução <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> no Brasil. Tais cimentos precisam <strong>da</strong> água paraque se processem as reações <strong>de</strong> hidratação (resultando no endurecimento), como também,após este processo, formam produtos resistentes à água.Atualmente, existem poucas pesquisas sobre a influência dos diferentes tipos <strong>de</strong> cimentos nas<strong>argamassa</strong>s. Entretanto, é certo que as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s intrínsecas <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> cimentopo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminantes no <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s ain<strong>da</strong> no estado fresco, como15


também no estado endurecido. A Tabela 2.2 apresenta uma síntese dos principais cimentosnormalizados no Brasil e as Tabelas 2.3 e 2.4 uma síntese <strong>da</strong>s principais exigências físicas equímicas.Tabela 2.2 – Cimentos normalizados no BrasilCimentoClasses <strong>de</strong> Clinquer +MateriaisEscoria Pozolanaresistência SulfatosCarbonaticos(MPa) (%) (%) (%) (%)CPI (NBR 5732/91) 25-32-40 100 0CPI-S (NBR 5732/91) 25-32-40 99-95 1-5CPII-E (NBR 11578/91) 23-32-40 94-56 6-34 0-10CPII-Z (NBR 11578/91) 25-32-40 94-76 6-14 0-10CPII-F (NBR 11578/91) 25-32-40 94-90 6-10CPIII (NBR 5735/91) 25-32-40 65-25 35-70 0-5CPIV (NBR 5238/91) 25-32 85-45 15-50 0-5CPV-ARI (NBR 5733/91) --- 100-95 0-5CimentoTabela 2.3 – Exigências físicas dos cimentos normalizados no BrasilClasseResíduona peneira75 µm (%)FinuraÁreaespecífica(m 2 /kg)Tempo<strong>de</strong> início<strong>de</strong> pega(h)Expansibili<strong>da</strong><strong>de</strong> a quente(mm)Resistência (MPa)CPI (NBR 5732/91) 25 ≥ 240 ≥ 8 ≥ 15 ≥ 25CPI-S (NBR 5732/91)≤ 12,0CPII-E (NBR 11578/91) 32≥ 260 ≥ 1 ≤ 5 ≥ 10 ≥ 20 ≥ 32CPII-Z (NBR 11578/91)CPII-F (NBR 11578/91) 40 ≤ 10,0 ≥ 280≥ 15 ≥ 25 ≥ 4025 ≥ 8 ≥ 15 ≥ 25CPIII (NBR 5735/91) 32 ≤ 8,0 --- ≥ 1 ≤ 5 ≥ 10 ≥ 20 ≥ 3240≥ 12 ≥ 23 ≥ 40CPIV (NBR 5238/91)25 ≥ 8 ≥ 15 ≥ 25≤ 8,0 --- ≥ 1 ≤ 532≥ 10 ≥ 20 ≥ 32CPV-ARI(NBR 5733/91)--- ≤ 6,0 ≥ 300 ≥ 1 ≤ 53diasTabela 2.4 – Exigências químicas dos cimentos normalizados no BrasilCimentoResíduoinsolúvelLimites (% <strong>da</strong> massa)Óxido <strong>de</strong>TrióxidoPer<strong>da</strong> ao fogo magnésioenxofre (SO(MgO)3 )7dias28dias1 3 7dia dias dias14 ≥ 24 ≥ 34Anidridocarbônico(CO 2 )CPI (NBR 5732/91) ≤ 1,0 ≤ 2,0 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 1,0CPI-S (NBR 5732/91) ≤ 5,0 ≤ 4,5 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 3,0CPII-E (NBR 11578/91) ≤ 2,5CPII-Z (NBR 11578/91) ≤ 16,0 ≤ 6,5 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 5,0CPII-F (NBR 11578/91) ≤ 2,5CPIII (NBR 5735/91) ≤ 4,5 ≤ 1,5 --- ≤ 4,0 ≤ 3,0CPIV (NBR 5238/91) ≤ 4,5 ≤ 6,5 --- ≤ 4,0 ≤ 3,0CPV-ARI (NBR 5733/91) ≤ 1,0 ≤ 4,5 ≤ 6,5≤ 3, 5(1)≤ 4,5 (2) ≤ 3,0(1)Quando o C3A do clinquer ≤ 8%, (2) Quando o C3A do clinquer > 8%As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas dos cimentos Portland são normalmente <strong>de</strong> simples <strong>de</strong>terminaçãoatravés <strong>de</strong> ensaios normalizados pela Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas. Estaenti<strong>da</strong><strong>de</strong> também é responsável pela especificação dos limites exigidos a ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong>16


cimento. Algumas <strong>de</strong>ssas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, bem como, a influência <strong>de</strong>stas nas <strong>argamassa</strong>s e no<strong>de</strong>sempenho dos sistemas <strong>de</strong> revestimento vem a ser:A – FinuraÉ uma característica intimamente liga<strong>da</strong> à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> aglomerante do cimento, pois influi<strong>de</strong>cisivamente na reativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s reações químicas que se processam durantea pega e o endurecimento. O aumento <strong>da</strong> finura dos cimentos acarreta um aumento <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> superficial <strong>da</strong>s partículas na hidratação.Para avaliar a finura são especificados dois tipos <strong>de</strong> ensaios: resíduo na peneira n o 200 (malha0,0075 mm) (NBR 11579, 1991), ou então através <strong>da</strong> área específica no aparelho <strong>de</strong> Blaine(NBR 7224, 1996). Quanto maior a área específica, mais fino é o cimento. Outra forma <strong>de</strong> seavaliar a finura é através do ensaio <strong>de</strong> granulometria a laser on<strong>de</strong> se permite uma visão maiscompleta <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong>s dimensões <strong>da</strong>s partículas.É certo que cimentos mais finos <strong>de</strong>senvolvem maiores resistências mecânicas nas primeirasi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (3 a 4 dias), ponto que po<strong>de</strong> ser importante em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s situações (no caso <strong>da</strong>resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência). Porém, em contraparti<strong>da</strong>, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprendimento do calor<strong>de</strong> hidratação, o teor <strong>de</strong> água para uma mesma trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a retração e/ou risco <strong>de</strong>fissuração estão também diretamente relacionados à finura, fato que merece certa atenção.B – PegaA pega é uma proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> que está relaciona<strong>da</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s reações <strong>de</strong> hidrataçãodo cimento após a mistura com a água. Esta se caracteriza pelo enrijecimento progressivo <strong>da</strong>pasta <strong>de</strong> cimento (aumento <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>), finalizando com o endurecimento <strong>da</strong> mesma. Porconvenção, optou-se por avaliar a pega do cimento a partir dos tempos <strong>de</strong> início e fim <strong>de</strong>pega, em função <strong>da</strong> penetração <strong>de</strong> uma agulha com dimensões e massa padroniza<strong>da</strong>s. Oprocedimento <strong>de</strong> ensaio para <strong>de</strong>terminação dos tempos <strong>de</strong> início e fim <strong>de</strong> pega é <strong>de</strong>scrito nanorma NBR 11581, 1991.O ensaio <strong>de</strong> pega é feito em uma pasta <strong>de</strong> cimento com o objetivo único <strong>de</strong> avaliá-lo quanto àsexigências <strong>de</strong> norma, fato que torna o resultado pouco representativo para o estudo <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se lembrar que uma avaliação do início <strong>de</strong> pegatem gran<strong>de</strong> importância para o meio técnico porque possibilita estimar um intervalo <strong>de</strong> tempoaproximado, ao longo do qual é possível executar as operações <strong>de</strong> mistura com a água,transporte e aplicação <strong>da</strong>s composições <strong>de</strong> cimento (pastas, <strong>argamassa</strong>s e concretos) semprejudiciais alterações no mecanismo <strong>de</strong> hidratação do aglomerante.O período <strong>de</strong> utilização relacionado ao tempo <strong>de</strong> pega <strong>de</strong>ve ser encarado com gran<strong>de</strong>serie<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que é rotina em algumas obras, principalmente durante a fase <strong>de</strong> execuçãodos <strong>revestimentos</strong>, operações como o reaproveitamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>.Estas muitas vezes não aten<strong>de</strong>m às condições <strong>de</strong> aplicação quanto à pega do cimento,po<strong>de</strong>ndo comprometer o <strong>de</strong>sempenho do sistema <strong>de</strong> revestimento.C – Resistência mecânicaO cimento é o principal responsável pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento. Um aumento no teor <strong>de</strong> cimento <strong>da</strong> mistura aumenta diretamente17


as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas. Apesar <strong>de</strong> este fato ser interessante do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> algunsparâmetros, como a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração, o mesmo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sfavorável caso omódulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> aumente <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente, tornando os sistemas <strong>de</strong><strong>revestimentos</strong> pouco <strong>de</strong>formáveis, o que contribui para o aumento do risco <strong>de</strong> fissuração e até<strong>de</strong>splacamento <strong>de</strong> parte do revestimento.Cabe lembrar ain<strong>da</strong> que, igualmente ao caso <strong>da</strong> pega, o ensaio <strong>de</strong> resistência à compressão docimento apenas serve para indicar se o mesmo aten<strong>de</strong> ou não as especificações <strong>de</strong> norma, nãotendo nenhuma relação direta com parâmetros <strong>de</strong> resistência mecânica utilizados na avaliação<strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento.2.1.2 CalA cal é um aglomerante que <strong>de</strong>senvolve seu endurecimento através <strong>da</strong> transformação <strong>da</strong> calem carbonato <strong>de</strong> cálcio, por fixação do gás carbônico existente no ar (processo <strong>de</strong>carbonatação).Os tipos <strong>de</strong> cales empregados na produção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s po<strong>de</strong>m ser:• cal virgem, sob a forma <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> cálcio ou óxidos cálcio e magnésio, extinto emobra;• cal hidrata<strong>da</strong>, sob a forma <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio ou hidróxido <strong>de</strong> cálcio e magnésio.Das matérias-primas encontra<strong>da</strong>s no Brasil, po<strong>de</strong>m-se produzir as cales indica<strong>da</strong>s na Tabela2.5.Tabela 2.5 - Tipos <strong>de</strong> cales virgem e hidrata<strong>da</strong>s brasileiras (GUIMARÃES,1998)Tipos <strong>de</strong> calesTeor <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> cálcio em relação aos óxidos totaisCálcica 90 a 100%Magnesiana 65 a 89%Dolomítica 58 a 64%Para a obtenção <strong>da</strong> cal hidrata<strong>da</strong> como produto final, após a seleção <strong>da</strong> jazi<strong>da</strong> e extração <strong>da</strong>matéria-prima, duas outras etapas interferem na sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>:• calcinação <strong>da</strong> matéria-prima (transformação térmica do carbonato em cal virgem); e• hidratação do produto calcinado.As equações representativas <strong>da</strong>s reações químicas, ocorri<strong>da</strong>s na produção <strong>da</strong> cal hidrata<strong>da</strong>,estão representa<strong>da</strong>s em segui<strong>da</strong>.Calcinação do carbonatoCaCO 3 CaO + CO 2Calcário pura (900 – 1000 o C) Óxido <strong>de</strong> cálcio + anidrido carbônicoCaCO 3 .MgCO 3 CaO + MgO + CO 2Calcário pura (900 – 1000 o C) Óxido <strong>de</strong> cálcio + Óxido <strong>de</strong> magnésio + anidrido carbônico18


Hidratação <strong>da</strong> cal virgemCaO + H 2 O Ca(OH) 2Óxido <strong>de</strong> cálcio + águaHidróxido <strong>de</strong> cálcioCaO.MgO + H 2 O Ca (OH) 2 + Mg(OH) 2Óxido <strong>de</strong> cálcio e <strong>de</strong> MagnésioHidróxido <strong>de</strong> cálcio + Hídóxido <strong>de</strong> magnésioQuando a cal virgem entra em contato com a água, ocorre hidratação do produto, cuja reaçãoé fortemente exotérmica. O calor liberado na hidratação gera forças <strong>de</strong> expansão na calvirgem, o que causa a <strong>de</strong>sintegração completa <strong>da</strong> mesma, que se transforma em um pó. Estareação tem como produtos formados os hidróxidos <strong>de</strong> cálcio e <strong>de</strong> magnésio.A norma brasileira referente à cal hidrata<strong>da</strong> é a NBR 7175 (1992). A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> CO 2 noproduto final ao lado do teor <strong>de</strong> óxidos não hidratados, aparecem como parâmetrosresponsáveis pela classificação dos três tipos <strong>de</strong> cales (CH I, CH II e CH III). As Tabelas 2.6 e2.7 apresentam uma síntese <strong>da</strong>s exigências físicas e químicas para as cales produzi<strong>da</strong>s no país.Tabela 2.6 – Exigências Físicas <strong>da</strong>s cales hidrata<strong>da</strong>s nacionais NBR 7175 (1992)ExigênciasTipo <strong>de</strong> cal hidrata<strong>da</strong>CH I CH II CH IIIPeneira 0,60 mmFinura≤ 0,5% ≤ 0,5% ≤ 0,5%Peneira 0,075 mm ≤ 15% ≤ 15% ≤ 15%Estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>Ausência <strong>de</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou protuberânciasRetenção <strong>de</strong> água ≥ 80% ≥ 80% ≥ 70%Plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> ≥ 110 ≥ 110 ≥ 110Incorporação <strong>de</strong> areia ≥ 2,5 ≥ 2,5 ≥ 2,2Tabela 2.7 – Exigências químicas <strong>da</strong>s cales hidrata<strong>da</strong>s segundo a NBR 7175 (1992)ExigênciasTipo <strong>de</strong> cal hidrata<strong>da</strong>CH I CH II CH IIINa fábrica% Anidrido carbono≤ 5 ≤ 5 ≤ 13(CO 2 )No <strong>de</strong>pósito ou na≤ 7 ≤ 7 ≤ 15obra% Óxidos não hidratados ≤ 10 Sem exigências ≤ 15% Óxidos totais na base <strong>de</strong> não voláteis(CaO + MgO)≥ 88 ≥ 88 ≥ 88O processo <strong>de</strong> maturação consiste em <strong>de</strong>ixar a cal hidrata<strong>da</strong> em contato com a água por umperíodo em torno <strong>de</strong> 24 horas, antes do emprego na <strong>argamassa</strong>. Acredita-se que esta tradiçãoteve seu início quando era emprega<strong>da</strong> nas construções a cal virgem que, necessariamente,<strong>de</strong>veria ficar em contato com a água antes do preparo <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, para que ocorresse ahidratação <strong>da</strong> mesma. No caso <strong>da</strong>s cales hidrata<strong>da</strong>s industrialmente, este fato é poucoprovável, uma vez que, teoricamente, se a cal já está hidrata<strong>da</strong> não há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> novahidratação. Atualmente pouco se sabe sobre qual a alteração que ocorre na estrutura <strong>da</strong> caldurante o processo <strong>de</strong> maturação. Entretanto, existem relatos observados na rotina <strong>de</strong>produção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s, que apontam o favorecimento <strong>de</strong> algumas <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s noestado fresco e endurecido. Segundo consta, a cal <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong> em repouso em contato direto coma água sob forma <strong>de</strong> pasta ou <strong>argamassa</strong> (mistura <strong>de</strong> cal e areia) apresenta uma melhoraquanto à facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mistura, trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, retenção <strong>de</strong> água, além <strong>de</strong> fornecer um meio19


mais a<strong>de</strong>quado para hidratação do cimento, se comparado à situação <strong>da</strong> cal adiciona<strong>da</strong> em póna hora <strong>da</strong> mistura.A utilização <strong>da</strong> cal na composição <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> favorável,principalmente, no que diz respeito as suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s no estado fresco, com influênciadireta na trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Essa influência é <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> ao estado <strong>de</strong> coesão interna que a calproporciona, em função <strong>da</strong> diminuição <strong>da</strong> tensão superficial <strong>da</strong> pasta aglomerante e <strong>da</strong> a<strong>de</strong>sãoàs partículas <strong>de</strong> agregado (CINCOTTO et al., 1995). Outra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> no estado fresco é aretenção <strong>de</strong> água que auxilia no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> hidratação em fases mais avança<strong>da</strong>s,evitando possíveis problemas <strong>de</strong> fissuração ocasionados por retração, fatores estes comimplicância direta no <strong>de</strong>sempenho dos sistemas <strong>de</strong> revestimento. As <strong>argamassa</strong>s que contémcal preenchem mais facilmente e, <strong>de</strong> maneira mais completa, to<strong>da</strong> a superfície do substrato,propiciando maior extensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (CARASEK et al., 2001). Entretanto, cabe lembrarque o uso <strong>de</strong>ste material <strong>de</strong>ve ser acompanhado <strong>de</strong> avaliações e ajustes prévios, uma vez queteores em excesso po<strong>de</strong>m influenciar negativamente no <strong>de</strong>sempenho do sistema <strong>de</strong>revestimento, contribuindo, principalmente, para o surgimento <strong>de</strong> fissuras ao longo dorevestimento.De um modo geral, o emprego <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> cimento e cal em <strong>revestimentos</strong> é bastanteconveniente, uma vez que se procura conciliar as vantagens <strong>de</strong> ambos os materiais. Aa<strong>de</strong>rência e o endurecimento inicial são promovidos principalmente pelo cimento. Atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, retenção <strong>de</strong> água, bem como a extensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência são incrementa<strong>da</strong>s pelouso <strong>da</strong> cal.2.2 AGREGADOSO agregado é parte integrante <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s, sendo em alguns casos <strong>de</strong>finido como o“esqueleto” dos sistemas <strong>de</strong> revestimento <strong>argamassa</strong>dos, com influência direta emproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s como retração, resistência mecânica, módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, <strong>de</strong>ntre outras.Po<strong>de</strong>-se dizer que a análise granulométrica do agregado é o principal método <strong>de</strong> ensaioutilizado para se avaliar os diferentes tipos <strong>de</strong> agregados que compõem as <strong>argamassa</strong>srevestimento. Este consiste na <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>s dimensões <strong>da</strong>s partículas e <strong>da</strong>s proporçõesrelativas em que elas se encontram na composição. Atualmente, existem vários métodos quesão utilizados nesta avaliação. Métodos mais simples baseados no peneiramento do agregadoem peneiras com diferentes dimensões <strong>de</strong> malhas conforme recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> norma NBR7217 (1987), e métodos mais sofisticados, que complementam o anterior, como, por exemplo,granulometria a laser, sedimentação, <strong>de</strong>ntre outros. No caso específico <strong>de</strong> agregados para<strong>argamassa</strong>, discute-se ain<strong>da</strong> a utilização <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> peneiras específica que contempleuma melhor caracterização do material, conforme os estudos <strong>de</strong> CARNEIRO (1999). Asséries <strong>de</strong> peneiras recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s estão especifica<strong>da</strong>s a seguir:• Série conforme NBR 7217 (1987) => 2,4 mm – 1,2 mm – 0,6 mm – 0,3 mm – 0,15mm – 0,075 mm;• Série recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> por CARNEIRO (1999) => 2,4 mm – 1,7 mm – 1,18 mm – 0,85mm – 0,6 mm – 0,425 mm – 0,3 mm – 0,212 mm – 0,15 mm – 0,106 mm – 0,075 mm.A distribuição <strong>da</strong>s dimensões <strong>da</strong>s partículas do agregado é representa<strong>da</strong>, graficamente, pelacurva granulométrica (Figura 2.1). Esta curva é traça<strong>da</strong> por pontos em um diagramasemilogarítmico, no qual, sobre o eixo <strong>da</strong>s abscissas, são marcados os logaritmos <strong>da</strong>s20


dimensões <strong>da</strong>s partículas e sobre o eixo <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s as porcentagens, em peso, <strong>de</strong> materialque tem dimensões média menor que a dimensão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> (% passante – representaçãomais adota<strong>da</strong> na mecânica dos solos) ou maiores que a dimensão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> (% reti<strong>da</strong>acumula<strong>da</strong> – mais adota<strong>da</strong> no estudo dos agregados para <strong>argamassa</strong>s e concreto). Segundo aforma <strong>da</strong> curva (Figura 2.1) po<strong>de</strong>mos distinguir os diferentes tipos <strong>de</strong> granulometrias. Assim,temos uma granulometria contínua (curva A) ou <strong>de</strong>scontínua (curva B); uniforme (curva C); ebem gradua<strong>da</strong> (curva A).Porcentagem que passa (%)100Peneiras (mm)9080706050403020100ABC0,001 0,01 0,1 1 10Diâmetro dos grãos (mm)0,075 0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8Figura 2.1 – Exemplos <strong>de</strong> curvas <strong>de</strong> distribuição granulométricaUm dos principais parâmetros utilizados na classificação <strong>de</strong> uma areia para uso em<strong>argamassa</strong>s é o módulo <strong>de</strong> finura. Por <strong>de</strong>finição, este parâmetro é o resultado <strong>da</strong> soma <strong>da</strong>sfrações reti<strong>da</strong>s acumula<strong>da</strong>s, dividi<strong>da</strong>s por 100, obti<strong>da</strong>s durante o ensaio <strong>de</strong> granulometria,utilizando a série normal <strong>de</strong> peneiras (NBR 7217 (1987)). Para a classificação dos agregadossão adotados os seguintes intervalos indicados na Tabela 2.8.Tabela 2.8 – Classificação dos agregados em função do módulo <strong>de</strong> finura (MF)MF < 2,0Areia fina2,0 < MF < 3,0 Areia médiaMF > 3,0Areia grossaO módulo <strong>de</strong> finura <strong>da</strong> areia não é um indicador representativo, pois não consi<strong>de</strong>ra adistribuição granulométrica <strong>da</strong> fração fina <strong>da</strong> areia (CARNEIRO, 1999). Este autor propõeain<strong>da</strong> a adoção <strong>de</strong> outros parâmetros <strong>de</strong> avaliação, já <strong>de</strong>scritos em trabalhos publicados sobreagregados para concreto, como a massa unitária e o índice <strong>de</strong> vazios, complementando ain<strong>da</strong>,com conceitos oriundos <strong>da</strong> mecânica dos solos como o coeficiente <strong>de</strong> uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong>.O coeficiente <strong>de</strong> uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> (C u ) (Equação 1), utilizado para caracterizar os agregados, é arazão entre os diâmetros correspon<strong>de</strong>ntes a 60% e a 10% (no caso <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar apercentagem passante), tomados na curva granulométrica.0102030405060708090100Porcentagem reti<strong>da</strong> (%)21


d60C u = (1)dConsi<strong>de</strong>ra-se <strong>de</strong> granulometria muito uniforme (tamanhos <strong>de</strong> grãos relativamente iguais) osagregados com C u < 5, <strong>de</strong> uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> média se 5 < C u < 15 e <strong>de</strong>suniforme, quando C u > 15.O coeficiente <strong>de</strong> uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> é um dos parâmetros que vem sendo utilizado nacaracterização <strong>de</strong> agregados para <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> revestimento, isto porque, permite umaavaliação <strong>da</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> distribuição granulométrica <strong>de</strong> uma areia. Esta continui<strong>da</strong><strong>de</strong>po<strong>de</strong> influenciar no índice <strong>de</strong> vazios do agregado; no consumo <strong>de</strong> aglomerante e <strong>de</strong> água <strong>de</strong>amassamento para uma mesma trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Na produção <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s areias naturais (provenientes <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong>rios e <strong>de</strong> cava) e artificiais (provenientes <strong>da</strong> britagem <strong>de</strong> rochas), sendo este último maisutilizado na produção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s. Sugere-se que a escolha <strong>de</strong> uma areia<strong>de</strong>va ser basea<strong>da</strong> em uma granulometria contínua, com uma dimensão máxima característicaa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> aos tipos <strong>de</strong> revestimento no qual será utilizado (TRISTÃO, 1995). A Tabela 2.9apresenta um indicativo <strong>de</strong>ssas dimensões para ca<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> que compõe o revestimento.Tabela 2.9 – Dimensão máxima característica do agregado recomen<strong>da</strong>do para ca<strong>da</strong> cama<strong>da</strong>que compõe o revestimentoCama<strong>da</strong> do revestimentoPeneiras ABNT (mm)Chapisco 4,80Emboço 2,40Cama<strong>da</strong> única 1,20Reboco 1,20Recomen<strong>da</strong>-se ain<strong>da</strong> que os agregados sejam isentos <strong>de</strong> matéria orgânica; concreçõesferruginosas; aglomerados argilosos e outras impurezas que possam causas manifestaçõespatológicas nos sistemas <strong>de</strong> revestimento. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se ressaltar que em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>ssituações exige-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> agregados que não aten<strong>de</strong>m a nenhuma <strong>da</strong>srecomen<strong>da</strong>ções já discuti<strong>da</strong>s anteriormente. Por exemplo, o uso bastante freqüente <strong>de</strong> areiasaibrosa, em algumas regiões, pó <strong>de</strong> pedra e até mesmo entulho <strong>de</strong> construção moído, que sãoincentivados por questões econômicas, quando a região não dispõe <strong>de</strong> jazi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> areia lava<strong>da</strong>exploráveis, ou questões ambientais, tendo em vista promover um <strong>de</strong>stino racional para osresíduos gerados. Porém, convém lembrar que o uso <strong>de</strong>stes materiais <strong>de</strong>ve ser sempreacompanhado <strong>de</strong> estudos preliminares para evitar o comprometimento do <strong>de</strong>sempenho dossistemas <strong>de</strong> revestimento. Cabe relatar que algumas experiências nacionais têm mostrado queo emprego <strong>de</strong>sses materiais, indiscrimina<strong>da</strong>mente, sem maiores critérios técnicos resulta emmanifestações patológicas nos <strong>revestimentos</strong> como, por exemplo, manchamento, fissuraçãoexcessiva e, em alguns casos, <strong>de</strong>splacamento <strong>de</strong> cama<strong>da</strong>s do revestimento.1022


3 - REOLOGIA E TRABALHABILIDADE DAS ARGAMASSASEngº José Getúlio Gomes <strong>de</strong> SousaEngª Patrícia Lopes <strong>de</strong> Oliveira LaraApesar <strong>de</strong> todo o avanço no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos materiais e no estudo <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s,em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s avaliações ain<strong>da</strong> é notório o caráter empírico nas proposições <strong>de</strong><strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s soluções. Um exemplo claro é a formulação <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong>que aten<strong>da</strong>m, ao mesmo tempo, a <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s no estado fresco(trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) e no estado endurecido (capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver <strong>de</strong>formação, resistência <strong>de</strong>a<strong>de</strong>rência, <strong>de</strong>ntre outras) que, em <strong>da</strong>do momento, é fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> em critérios qualitativos <strong>de</strong>caráter empírico.No caso <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s no estado fresco a situação aparentemente é mais complexa, fatoque po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrado pela carência <strong>de</strong> estudos capazes <strong>de</strong> avaliar sistematicamente estetema. É comum, inclusive no meio científico, a utilização <strong>de</strong> procedimentos baseados naexperiência <strong>de</strong> oficiais pedreiros envolvidos no processo <strong>de</strong> produção dos sistemas <strong>de</strong>revestimento.Atualmente, é ca<strong>da</strong> vez mais discuti<strong>da</strong> no meio científico a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma avaliação <strong>da</strong>sproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s no estado fresco, que possibilite a real caracterização docomportamento. Esta caracterização <strong>de</strong>ve, <strong>de</strong> certa forma, também envolver e relacionar osparâmetros tradicionalmente conhecidos como, por exemplo: condições <strong>de</strong> trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,consistência, plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros. Neste sentido, uma <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> novasdiscussões esta basea<strong>da</strong> na aplicação <strong>de</strong> conceitos pertencentes ao estudo do comportamentoreológico do material.A reologia é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como a ciência que estu<strong>da</strong> a <strong>de</strong>formação e escoamento <strong>da</strong> matéria. Suaaplicação se justifica a partir do momento em que se po<strong>de</strong> classificar os materiais, analisarseus comportamentos frente a um campo <strong>de</strong> tensão, relacionar estes comportamentos com aestrutura <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> material, bem como prever o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes em outros estágios <strong>de</strong>tensão, <strong>de</strong>formação, tempo e temperatura (TANNER, 1998). Em adição à importância <strong>da</strong>reologia, cabe <strong>de</strong>stacar que muitos ramos <strong>da</strong> indústria estão diante <strong>de</strong> problemas que po<strong>de</strong>mser resolvidos com base nestes conceitos. Neste universo, é bastante comum o uso <strong>de</strong> projetos<strong>de</strong> sistemas para transporte ou para processar substâncias que não se ajustam a nenhum dostipos clássicos <strong>de</strong> comportamento dos materiais.Ain<strong>da</strong> sobre o estudo <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s no estado fresco, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> teoriareológica abre inúmeras opções <strong>de</strong> discussões diretamente aplica<strong>da</strong>s ao meio. A idéiaatualmente em pauta é substituir termos com elevado grau <strong>de</strong> empirismo, que permitemapenas uma avaliação qualitativa (como trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, consistência, bombeabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,projetabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) por parâmetros que realmente caracterizem o material em situação <strong>de</strong> fluxo.3.1 EMBASAMENTO TEÓRICO SOBRE REOLOGIAAs <strong>argamassa</strong>s são forma<strong>da</strong>s potencialmente pela composição, em proporções a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>materiais como agregados, aglomerantes (cimento e cal) e água. Na maioria dos casos,assume-se que estas composições são suspensões concentra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> partículas sóli<strong>da</strong>s(agregados) em um líquido viscoso (no caso a pasta). Neste contexto, é comum consi<strong>de</strong>rar que23


tais concentrações escoam como um fluido, sendo aplica<strong>da</strong> a teoria clássica que envolve oescoamento <strong>de</strong> fluidos (Figura 3.1). Quando uma força <strong>de</strong> cisalhamento é aplica<strong>da</strong> em umfluido um gradiente <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> é induzido neste fluido. Nesta configuração, o fator <strong>de</strong>proporcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> entre a força e o gradiente é chamando <strong>de</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Placa livreyvyFLíquidoxBase fíxaFigura 3.1 – Esquema ilustrativo do experimento <strong>de</strong> Newton para a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fluídosA viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> expressa a resistência do fluido ao escoamento (em situação <strong>de</strong> fluxo), po<strong>de</strong>ndoser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como o atrito interno, que resulta quando uma película do fluido é força<strong>da</strong> amover-se em relação à outra adjacente. Para a maior parte dos líquidos puros, e para muitassoluções e dispersões, a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (µ) é uma gran<strong>de</strong>za bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> a uma <strong>da</strong><strong>da</strong> temperaturae pressão.Alguns dos principais mo<strong>de</strong>los reológicos utilizados para interpretar o comportamento <strong>de</strong><strong>argamassa</strong>s no estado fresco estão apresentados na Tabela 3.1, bem como as suasrepresentações gráficas estão apresenta<strong>da</strong>s na Figura 3.2. To<strong>da</strong>s as curvas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritaspor uma <strong>da</strong>s equações <strong>da</strong> Tabela 3.1.Tabela 3.1 – Exemplos <strong>de</strong> comportamentos reológicosComportamento Newtoniano Não NewtonianoMateriais que exibem uma relaçãolinear entre a tensão e a taxa <strong>de</strong>cisalhamento (Mo<strong>de</strong>lo 1 – FiguraDefinição 3.2). Tais materiais apresentamPseudoplástico Dilatanteviscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> constante a uma <strong>da</strong><strong>da</strong>(Mo<strong>de</strong>lo 3 – (Mo<strong>de</strong>lo 4 –temperatura e pressão.Figura 3.2) Figura 3.2)Mo<strong>de</strong>losmatemáticosdvτ = µ = µγdyMateriais on<strong>de</strong> a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> não é constante e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> cisalhamento aplica<strong>da</strong>, a uma<strong>da</strong><strong>da</strong> temperatura e pressão. Por exemplo:Viscoplastici<strong>da</strong><strong>de</strong>ou Fluido <strong>de</strong>Bingham (Mo<strong>de</strong>lo2 – Figura 3.2)nτ = Kγτ = τ o + η pγLegen<strong>da</strong> => τ = Tensão <strong>de</strong> cisalhamento, µ = Viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta., γ = Taxa <strong>de</strong> cisalhamento, η p = é a Viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> plástica, n = Índice <strong>da</strong>potência, K = Índice <strong>de</strong> consistência do fluido, τ o = Tensão <strong>de</strong> escoamentoAlém <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, algumas equações incorporam um segundo fator, a tensão <strong>de</strong>escoamento (τo). A interpretação física <strong>de</strong>ste fator, também já bastante discutido na reologia,indica que este representa a tensão necessária a ser aplica<strong>da</strong> a um <strong>de</strong>terminado material parainiciar o escoamento (conforme ilustra a Figura 3.2 – Mo<strong>de</strong>lo 2). Um fluido que apresentaeste comportamento é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Fluido Bingham (Tabela 3.1). Em geral, este é omo<strong>de</strong>lo mais utilizado para caracterizar o comportamento reológico <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s.24


Tensão <strong>de</strong> cisalhamento2134Taxa <strong>de</strong> cisalhamento1 – Fluido newtoniano, 1- Newtonian 2 – Fluido e Power <strong>de</strong> Bingham, n=1, 2 - Bingham 3 – Fluido pseudoplástico e 4 – Fluido DilatanteFigura 3.2 – Comportamento <strong>da</strong> tensão <strong>de</strong> cisalhamento x taxa <strong>de</strong> cisalhamento3.2 TRABALHABILIDADE DAS ARGAMASSASA trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma <strong>da</strong>s mais importantes proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s no estado fresco,haja vista a sua obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> para que possa ser convenientemente utiliza<strong>da</strong>. Váriospesquisadores que estu<strong>da</strong>m as <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento apontam <strong>de</strong>finições acerca <strong>de</strong>stetermo, algumas <strong>de</strong>stas são apresentas na Tabela 3.2.Tabela 3.2 – Definições sobre trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> aplica<strong>da</strong>s às <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimentoAutorRILEM (1982)SELMO (1989)CINCOTTO, SILVA &CARASEK (1995)CARASEK (1996)DefiniçãoFacili<strong>da</strong><strong>de</strong> do operário trabalhar com a <strong>argamassa</strong>, que po<strong>de</strong> ser entendi<strong>da</strong>como um conjunto <strong>de</strong> fatores inter-relacionados, conferindo boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> eprodutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> na sua aplicação. Consi<strong>de</strong>rando ain<strong>da</strong> que a consistência e aplastici<strong>da</strong><strong>de</strong> são as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s reológicas básicas, que caracterizam atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Diz-se que uma <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> revestimento tem boa trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> quando se<strong>de</strong>ixa penetrar com facili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela colher <strong>de</strong> pedreiro, sem ser flui<strong>da</strong>;mantendo-se coesa – sem a<strong>de</strong>rir à colher – ao ser transporta<strong>da</strong> para a<strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira e lança<strong>da</strong> contra a base; e permanece úmi<strong>da</strong> o suficiente paraser espalha<strong>da</strong>, corta<strong>da</strong> (operação <strong>de</strong> sarrafeamento) e ain<strong>da</strong> receber otratamento superficial previsto.Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> e resulta <strong>de</strong> várias outras, tais como: consistência,plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, coesão, tixotropia e retenção <strong>de</strong> água, além <strong>da</strong> exsu<strong>da</strong>ção, tempo<strong>de</strong> pega e a<strong>de</strong>são inicial, e é diretamente relaciona<strong>da</strong> com o julgamentosubjetivo por parte do operário (no caso o pedreiro).Habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fluir ou espalhar-se sobre a superfície do componente dosubstrato, por suas saliências, protuberâncias e fissuras, <strong>de</strong>finindo a intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>do contato entre a <strong>argamassa</strong> e o substrato relacionando-se assim com aa<strong>de</strong>rência e sua extensão.Está claro que, no geral, as <strong>de</strong>finições são apenas <strong>de</strong>scritivas e algumas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s são <strong>de</strong>difícil mensuração (coesão, plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, consistência, tixotropia, retenção <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>ntreoutros). Em campo, as situações são freqüentemente diversas porque alguns <strong>de</strong>stes termos sãousados diferentemente por várias pessoas envolvi<strong>da</strong>s (engenheiros, pedreiros, <strong>de</strong>ntre outros),sendo mais uma vez, <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> acordo com o “sentimento” <strong>da</strong>s pessoas e não, baseados nocomportamento físico do material. BAUER (1998), salienta que a avaliação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sé muito incipiente, fazendo uso <strong>de</strong> procedimentos empíricos que permitem uma avaliação25


asea<strong>da</strong> em aspectos <strong>de</strong> natureza táctil-visual, embasados no conhecimento e experiência dosprofissionais envolvidos nas avaliações.A consistência e plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> são aponta<strong>da</strong>s como as principais proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que <strong>de</strong>terminamuma condição <strong>de</strong> trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento. Em <strong>de</strong>terminadosmomentos, tal condição torna-se sinônimo <strong>de</strong>stas duas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. As várias <strong>de</strong>finições<strong>de</strong>stes termos, discuti<strong>da</strong>s pelo meio técnico, <strong>de</strong>rivam <strong>da</strong>s apresenta<strong>da</strong>s pelo documentoRILEM (1982), que coloca:• Consistência – é a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s pela qual a <strong>argamassa</strong> ten<strong>de</strong> a resistir às <strong>de</strong>formações quelhe são impostas;• Plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> – é a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que permite a <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>formar-se sem ruptura, sob aação <strong>de</strong> forças superiores às que promovem a sua estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, mantendo a <strong>de</strong>formação<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> retirado o esforço.É certo que as duas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s são interliga<strong>da</strong>s e, em <strong>de</strong>terminados momentos, não po<strong>de</strong>ndoser trata<strong>da</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente quando se analisa uma condição <strong>de</strong> trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Além domais, os fatores que influenciam estas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em geral, são os mesmos, conforme estãoapresentados na Tabela 3.3:Tabela 3.3 – Fatores que influenciam a consistência e plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>Fatores internosTeor <strong>de</strong> água muitas vezes <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> em função <strong>da</strong>consistência necessáriaProporção entre aglomerantes e agregadoNatureza e teor dos plastificantes (cal, finosargilosos, etc)Distribuição granulométrica e forma e textura dosgrãos do agregadoNatureza e teor <strong>de</strong> aditivosFatores externosTipo <strong>de</strong> misturaTipo <strong>de</strong> transporteTipo <strong>de</strong> aplicação no substratoOperações <strong>de</strong> sarrafeamento e <strong>de</strong>sempenoCaracterísticas <strong>da</strong> base <strong>de</strong> aplicação – tipo <strong>de</strong>preparo, rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, absorção, etc.De um modo geral, percebe-se que a exigência <strong>de</strong> trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é, portanto, intuitiva <strong>de</strong>uma relação qualitativa difícil <strong>de</strong> avaliar, que busca subsídios em outras proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s. Acredita-se que o empirismo associado ao tema <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>scartado em favor<strong>de</strong> parâmetros físicos mensuráveis (<strong>de</strong>scritos no estudo <strong>da</strong> reologia). Por exemplo, no caso <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s é <strong>de</strong> se esperar que uma <strong>argamassa</strong> trabalhável <strong>de</strong>ve apresentar-se comviscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente para permitir manuseio e aplicação pelo operário no substrato e, aomesmo tempo, esta <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong>veria apresentar uma tensão limite <strong>de</strong> escoamento tal que,após a aplicação, ela permaneça em contato ao substrato sem <strong>de</strong>scolamento ouescorregamento, sob ação do peso próprio <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>. Este último caso é umdos pontos mais discutidos uma vez que as <strong>argamassa</strong>s, logo após a aplicação em superfíciesverticais, exibem esta tendência.3.3 ENSAIOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO DA TRABALHABILIDADE DASARGAMASSASAlguns dos testes amplamente utilizados no estudo <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s noestado fresco estão apresentados na Tabela 3.4. É certo que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stes apenas secorrelacionam com um dos parâmetros reológicos (tensão <strong>de</strong> escoamento ou viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>).26


Tabela 3.4 – Alguns exemplos <strong>de</strong> testes que se correlacionam com um fator, ou a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>ou a tensão <strong>de</strong> escoamentoParâmetroreológicoEnsaiosBreve <strong>de</strong>scriçãoquecontrola ofenômenoEnsaio <strong>de</strong>penetração<strong>de</strong> coneEnsaio K-SlumpVane testou ensaio<strong>de</strong> palhetaMesa <strong>de</strong>consistênciaCone <strong>de</strong>escoamentoO princípio <strong>de</strong>ste teste é que a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong>um <strong>de</strong>terminado corpo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong> tensão <strong>de</strong> escoamento domaterial testado. Geralmente, a massa do corpo é préestabeleci<strong>da</strong>.Então, estes testes avaliam se a tensão aplica<strong>da</strong> émaior ou menor que a tensão <strong>de</strong> escoamento do concreto.Uma son<strong>da</strong> é inseri<strong>da</strong> na mistura a ser testa<strong>da</strong> (concreto ou<strong>argamassa</strong>). Logo após, uma porção do concreto ten<strong>de</strong> a escoarpara o interior <strong>da</strong> son<strong>da</strong>. Com uma barra <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> situa<strong>da</strong> nointerior <strong>da</strong> son<strong>da</strong>, me<strong>de</strong>-se a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concreto. Um altovolume correspon<strong>de</strong> a uma alta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escoamento domaterial.Ensaio muito utilizado na mecânica dos solos para<strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> tensão <strong>de</strong> cisalhamento <strong>de</strong> solos argilosos. Oprincípio é cravar uma palheta em cruz na amostra e aplicar umcarregamento com uma taxa pré-<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>. Durante o ensaioregistra-se a carga e a <strong>de</strong>formação imposta à amostra, bemcomo a tensão última <strong>de</strong> ruptura.A consistência é estabeleci<strong>da</strong> em função do espalhamento apósa aplicação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> golpes na mesa <strong>de</strong>consistência. Para este ensaio, a medi<strong>da</strong> obti<strong>da</strong> relaciona-secom a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e não com a tensão <strong>de</strong> escoamento porqueao aplicar os golpes, a amostra é submeti<strong>da</strong> a uma tensão que émaior que a tensão <strong>de</strong> escoamento. Entretanto, esta afirmação<strong>de</strong>ve ser encara<strong>da</strong> com certa cautela, uma vez que o ensaio nãopermite uma avaliação do material em função do tempo o queseria necessário para uma possível correlação com aviscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.O Flow cone ou cone <strong>de</strong> escoamento é amplamente utilizadono estudo <strong>de</strong> lama <strong>de</strong> cimentos para perfuração <strong>de</strong> poços <strong>de</strong>petróleo e tem sido a<strong>da</strong>ptado para o uso em <strong>argamassa</strong>s. Eleconsiste <strong>de</strong> um funil com geometria e dimensões apropria<strong>da</strong>s,on<strong>de</strong> é coloca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> amostra do material. Otempo gasto para o volume <strong>de</strong> material passar através <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior é então registrado.Tensão <strong>de</strong>escoamentoTensão <strong>de</strong>escoamentoTensão <strong>de</strong>escoamentoViscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>Viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>O ensaio <strong>da</strong> Mesa <strong>de</strong> Consistência (NBR 7215, 1982) é um dos testes mais utilizados paraavaliar as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s no estado fresco. Apesar <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> utilização, este éum dos ensaios mais criticados pelo meio científico quanto à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma condição <strong>de</strong>trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um dos muitos fatores que contribuem para esta discussão, além <strong>da</strong> própriaconcepção do ensaio, diz respeito a uma não correspondência <strong>de</strong> resultados entre as<strong>argamassa</strong>s caracteriza<strong>da</strong>s sob mesmas condições <strong>de</strong> trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Entretanto, é certo quea mesa <strong>de</strong> consistência ain<strong>da</strong> está longe <strong>de</strong> ser “aposenta<strong>da</strong>”, fato que po<strong>de</strong> ser fortalecidopela carência <strong>de</strong> parâmetros para o meio técnico, principalmente nacional, que sente anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> inclusão <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> espalhamento durante a caracterização <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento no estado fresco.O Vane Test é uma ferramenta que vem sendo utiliza<strong>da</strong> no estudo <strong>da</strong> reologia <strong>de</strong> materiais emdiferentes áreas. Este método foi bastante <strong>de</strong>senvolvido na mecânica dos solos, sendo27


utilizado para <strong>de</strong>terminar um parâmetro <strong>de</strong>finido como “Tensão <strong>de</strong> cisalhamento não drena<strong>da</strong><strong>de</strong> solos”, existindo equipamentos <strong>de</strong> pequeno porte para ensaios <strong>de</strong> laboratório, bem como,equipamentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte para ensaios em campo. Nos últimos anos, com o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> instrumentação, principalmente as volta<strong>da</strong>s para a reometria,estas técnicas vêm sendo ca<strong>da</strong> vez mais difundi<strong>da</strong>s, sendo explora<strong>da</strong>s no estudo docomportamento <strong>de</strong> alimentos, suspensões concentra<strong>da</strong>s, polímeros, <strong>de</strong>ntre outros. No estudodos materiais <strong>de</strong> construção é possível encontrar trabalhos que utilizam o Vane Test paracaracterizar <strong>argamassa</strong>s como é o caso dos estudos <strong>de</strong>senvolvidos por ALVES (2001) eSANTOS (2002) que utilizaram este método para avaliar a consistência <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>revestimento no estado fresco. Na pesquisa <strong>de</strong> ALVES (2001), foi possível <strong>de</strong>finir faixas <strong>de</strong>tensões <strong>de</strong> escoamento que caracterizavam a consistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s comaditivos incorporadores <strong>de</strong> ar (consi<strong>de</strong>rando um processo <strong>de</strong> aplicação manual em blocos <strong>de</strong>concreto sem chapisco). O mesmo equipamento foi utilizado por SANTOS (2002), on<strong>de</strong> seencontrou um valor mínimo <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> escoamento para uma condição <strong>de</strong> bombeabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s para projeção.Os equipamentos que fornecem ambos parâmetros fun<strong>da</strong>mentais (viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e tensão <strong>de</strong>escoamento) para <strong>de</strong>scrição do comportamento reológico são <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> reômetros. Osvalores medidos por estes equipamentos, no caso do estudo do concreto e <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s, nãonecessariamente permitem um cálculo direto <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> tensão <strong>de</strong> escoamento. Osfatores medidos são indiretamente correlacionados aos dois parâmetros fun<strong>da</strong>mentais a partir<strong>de</strong> expressões matemáticas.3.4 ASPECTOS PRÁTICOS DA TRABALHABILIDADEConforme já discutido, a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> reflete, em termos práticos, as facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s dooperário durante as operações <strong>de</strong> manuseio e aplicação <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s. Em geral, uma falta<strong>de</strong> trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> é traduzi<strong>da</strong> em aspectos como uma <strong>argamassa</strong> áspera, muitoseca ou muito flui<strong>da</strong>, com segregação e exsu<strong>da</strong>ção excessiva, com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espalharsobre a base <strong>de</strong> aplicação, falta <strong>de</strong> “liga”, falta <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são inicial, e em certas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s parainício <strong>da</strong>s operações <strong>de</strong> acabamento (ou “puxa” muito rápido ou muito lento). Muitas <strong>de</strong>ssasavaliações são feitas a partir <strong>de</strong> procedimentos empíricos realizados pelos operáriosenvolvidos diretamente no processo <strong>de</strong> execução do revestimento. Por exemplo, quando umoperário passa a colher <strong>de</strong> pedreiro na <strong>argamassa</strong> ou quando aplica parte <strong>de</strong>la no substrato, omesmo está avaliando algumas <strong>da</strong>s características discuti<strong>da</strong>s anteriormente.Em <strong>de</strong>terminados momentos, o meio mais simples <strong>de</strong> se ajustar a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>argamassa</strong> em obra é alterando o teor <strong>de</strong> cal (tendo em vista a plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>) ou a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>água (tendo em vista a consistência), procedimentos que o operário executa na maioria <strong>da</strong>svezes intuitivamente, sem conhecer os conceitos básicos <strong>da</strong> influência <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> material nacomposição <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s.Po<strong>de</strong>-se dizer que o principal caminho para se controlar a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s é,sem dúvi<strong>da</strong>, conhecer os materiais disponibilizados para a execução dos sistemas <strong>de</strong>revestimento, <strong>de</strong>stacando-se:• características e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, limitações e até possíveis incompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre osdiversos materiais (agregados, cal, cimento e aditivos), ou tipo <strong>de</strong> base <strong>de</strong> aplicação(blocos <strong>de</strong> concreto, cerâmico, com ou sem chapisco, <strong>de</strong>ntre outros);28


• incompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> entre as opções <strong>de</strong> ferramentas disponíveis para execução dossistemas <strong>de</strong> revestimento (aplicação manual ou mecânica, tipo <strong>de</strong> misturador) e osmateriais; e• previsão, refinamento e controle na produção <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, principalmente em<strong>de</strong>cisões com influência no processo <strong>de</strong> execução (proporcionamento, teor <strong>de</strong> água,tempo <strong>de</strong> mistura, este último, principalmente, no caso <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s com aditivosincorporadores <strong>de</strong> ar).29


4 – ADITIVOS INCORPORADORES DE AR E RETENTORES DEÁGUAEngº Nielsen José Dias AlvesEngº Sávio Wan<strong>de</strong>rley do Ó4.1 ADITIVOS INCORPORADORES DE AROs aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar são materiais orgânicos, usualmente apresentados na forma<strong>de</strong> solução ou em pó, que quando adicionados ao concreto, às <strong>argamassa</strong>s ou às pastas <strong>de</strong>cimento, produzem uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> controla<strong>da</strong> <strong>de</strong> bolhas microscópicas <strong>de</strong> ar, uniformementedispersas.O aditivo incorporador <strong>de</strong> ar é adicionado as <strong>argamassa</strong>s com o intuito <strong>de</strong> melhorar atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, principalmente em <strong>argamassa</strong>s isentas <strong>de</strong> cal (cimento e areia). O arintencionalmente incorporado às <strong>argamassa</strong>s altera a suspensão cimentícia no estado fresco eposteriormente no endurecido. Po<strong>de</strong> se enumerar algumas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que são altera<strong>da</strong>sbeneficamente pela incorporação <strong>de</strong> ar nas <strong>argamassa</strong>s, a saber: Módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação - normalmente é reduzido, o que aumenta a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>formação do sistema <strong>de</strong> revestimento; Retração – normalmente é reduzi<strong>da</strong>; Exsu<strong>da</strong>ção – é diminuí<strong>da</strong>; Massa específica – é reduzi<strong>da</strong>.Os agentes incorporadores <strong>de</strong> ar pertencem à classe química dos tensoativos, que sãomateriais fortemente adsorvidos nas interfaces ar / líquido ou sólido / líquido. Esta substânciapossui uma dupla natureza (Figura 4.1), <strong>de</strong>vido a sua molécula apresentar uma porção polar(que tem afini<strong>da</strong><strong>de</strong> por água) e outra apolar (que não tem afini<strong>da</strong><strong>de</strong> por água).Freqüentemente, se <strong>de</strong>screve a região polar como a “cabeça” <strong>da</strong> molécula do tensoativo e aregião apolar, como a “cau<strong>da</strong>”. A “cau<strong>da</strong>”, geralmente, é forma<strong>da</strong> por uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>hidrocarboneto, relativamente longa, com aproxima<strong>da</strong>mente 8 ou 10 carbonos, necessáriospara que o tensoativo tenha uma influência significativa na tensão superficial.-Extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> polar (hidrófila)Extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> apolar (hidrófoba)Figura 4.1 – Representação <strong>de</strong> uma molécula <strong>de</strong> tensoativo aniônicoOs aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar são tensoativos aniônicos, os quais, quando adicionados àspastas <strong>de</strong> cimento, ten<strong>de</strong>m a se adsorver na superfície <strong>da</strong>s partículas sóli<strong>da</strong>s do cimento,através <strong>da</strong> sua parte polar (cabeça), sendo a parte apolar (cau<strong>da</strong>) volta<strong>da</strong> para a água. Assim,os grãos <strong>de</strong> cimento adsorvidos <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> tensoativos passam a ter um comportamento


superficial hidrofóbico, ou seja, repelente à água. A formação <strong>da</strong>s bolhas <strong>de</strong> ar é causa<strong>da</strong>pelos tensoativos que não foram adsorvidos (que sobram) e estão livres na fase aquosa.Embora a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes possa não ser necessariamente alta, sob agitação, serão forma<strong>da</strong>sbolhas estáveis <strong>de</strong> ar, com aspecto <strong>de</strong> esferas microscópicas, oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> aglutinação <strong>da</strong>spartes apolares (cau<strong>da</strong>s) dos tensoativos, conforme ilustra a Figura 4.2a.Conceitualmente, apenas os tensoativos livres na fase aquosa são os que, efetivamente,produzem as bolhas <strong>de</strong> ar. Entretanto, alguns tensoativos adsorvidos ao cimento, po<strong>de</strong>mcontribuir para essa produção. Caso isto aconteça, existirá uma ligação entre as partículas <strong>de</strong>cimento (Figura 4.2b), chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> “efeito ponte”. Com este efeito, aumenta-se a estruturaçãodo sistema, atribuindo-se a ele a maior viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> apresenta<strong>da</strong> pelas pastas <strong>de</strong>cimento, que possuem ar incorporado, em relação às pastas com menor ou sem arincorporado. Este fato influi <strong>de</strong>cisivamente na trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s geralmentecom significativas melhorias.Fase Aquosa-++ - +++ Cimento-++ -+ ---+++Cimento ++-+-+ +----Ar-++- +Cimento ++-++ -+ ----++ - +++- Cimento++ -+ --Fase Aquosa--++ ++ Cimento +-++ -+ ----Ar- --++ ++ Cimento- +-++ + -- ---Ar-- -++- +- + Cimento +- -+ -+ +--- -+---++ +Cimento +++ +---(a)(b)Figura 4.2 – Representação esquemática do mecanismo <strong>de</strong> funcionamento dos aditivosincorporadores <strong>de</strong> ar: (a) aglutinação <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s apolares dos tensoativos formando asbolhas <strong>de</strong> ar; (b) participação <strong>de</strong> tensoativos, que estão adsorvidos no cimento, na formação<strong>da</strong>s bolhas, provocando o “efeito ponte”.4.2 CARACTERÍSTICAS DA INCORPORAÇÃO DE ARA mu<strong>da</strong>nça provoca<strong>da</strong> pelos aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar nas <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimentopo<strong>de</strong> ser observa<strong>da</strong> na Foto 4.1, on<strong>de</strong> se tem uma <strong>argamassa</strong> com 20% <strong>de</strong> cimento (Foto 1a) euma <strong>argamassa</strong> com o mesmo proporcionamento, apenas com o acréscimo <strong>de</strong> 0,05% <strong>de</strong> umaditivo incorporador <strong>de</strong> ar, em relação à massa <strong>de</strong> cimento.Nota-se, pela Foto 4.1, que os aditivos causam uma gran<strong>de</strong> alteração na trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s, já que a mesma passa <strong>de</strong> um aspecto seco e áspero, para um aspecto plástico,<strong>de</strong>vido à incorporação <strong>de</strong> ar. É essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aditivos alterarem positivamente atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s, que permite a confecção <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s sem cal, apenas como aditivo incorporador <strong>de</strong> ar como agente plastificante.


(a)(b)Foto 4.1 – Aspecto <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça ocorri<strong>da</strong> nas características reológicas <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> comaditivo incorporador <strong>de</strong> ar: (a) Argamassa sem aditivo incorporador <strong>de</strong> ar com aspecto seco(b) Argamassa com aditivo incorporador <strong>de</strong> ar com aspecto plástico.O rendimento <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s com aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar é aumentado, <strong>de</strong>vido àdiminuição <strong>da</strong> massa específica, pela presença <strong>de</strong> microbolhas <strong>de</strong> ar no interior <strong>da</strong> mistura.Com essa diminuição, se consegue um maior volume <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>, para uma mesmaquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> material anidro, ao se comparar com uma <strong>argamassa</strong> sem aditivos.A presença do ar incorporado permite uma certa diminuição na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> finos doagregado, sem alterar a tendência <strong>de</strong> segregação e exsu<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>. Este fato implicaa colocação <strong>de</strong> menos água na mistura, para uma mesma condição <strong>de</strong> aplicação.A presença do ar incorporado nas <strong>argamassa</strong>s, no estado fresco, provoca um ganho <strong>de</strong>consistência e plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, efeito contrário ao provocado no concreto, que ganha flui<strong>de</strong>z,diminuindo <strong>de</strong>sta forma a consistência. Para as <strong>argamassa</strong>s, este ganho <strong>de</strong> consistência eplastici<strong>da</strong><strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve ao “efeito ponte” existente entre as bolhas <strong>de</strong> ar e as partículas <strong>de</strong>cimento e, provavelmente, <strong>da</strong> areia. Já para o concreto, este “efeito ponte” é quase nulo pelapresença do agregado graúdo, que rompe as “pontes” existentes.A aplicação <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> é facilita<strong>da</strong> com a utilização dos aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar. Istose explica pelo fato do tensoativo diminuir a tensão superficial, provocando uma maiorfacili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> molhar o substrato, aumentando a região <strong>de</strong> contato entre ambos.Apesar do tipo <strong>de</strong> aditivo influenciar na redução <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência a tração, semdúvi<strong>da</strong>, o aumento do teor <strong>de</strong> ar, para qualquer aditivo, acima <strong>de</strong> um certo valor, reduz aa<strong>de</strong>rência <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s. Em um recente estudo, ALVES (2002) encontrou uma redução <strong>de</strong>até 55% no valor <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração, com o aumento do teor <strong>de</strong> ar em<strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento (Figura 4.3).A possível redução na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência encontra<strong>da</strong> em <strong>argamassa</strong>s com ar incorporadoé atribuí<strong>da</strong> à diminuição <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> contato entre a <strong>argamassa</strong> e o substrato, e pelaredução <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong>vido ao incremento <strong>da</strong> porosi<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>argamassa</strong>, após aincorporação <strong>de</strong> uma certa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ar.


0,50,40,380,30,300,260,20,170,1020 22 24 26 28 30 32Teor <strong>de</strong> ar incorporado( %)Figura 4.3 – Influência do teor <strong>de</strong> ar incorporado na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração(ALVES, 2002).4.2.1 Fatores que Influenciam no Teor <strong>de</strong> Ar <strong>da</strong>s ArgamassasA quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ar incorporado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto do teor como do tipo do aditivo, ou seja, com oaumento <strong>da</strong> concentração dos aditivos, ocorre um aumento do teor <strong>de</strong> ar incorporado, para ummesmo tempo <strong>de</strong> mistura.Apesar <strong>de</strong> o teor <strong>de</strong> ar ser diretamente proporcional ao teor <strong>de</strong> aditivo, existe um limite, on<strong>de</strong>mesmo com a colocação <strong>de</strong> mais aditivo, não se verifica aumento no volume <strong>de</strong> ar produzido.Com o aumento do tempo <strong>de</strong> mistura, ocorrerá o aumento do teor <strong>de</strong> ar, conforme ilustra aFigura 4.4, sendo que, com a continuação <strong>da</strong> mistura, ocorrerá um ponto em que o teor <strong>de</strong> arpo<strong>de</strong> começar a diminuir.Ar Incorporado (%)32292623201714118530282421,55 min 10 min 15 min 20 minTempo <strong>de</strong> Mistura (Minutos)Figura 4.4 – Influência do tempo <strong>de</strong> mistura na incorporação <strong>de</strong> ar em <strong>argamassa</strong>s(ALVES, 2002).O aumento do teor <strong>de</strong> cimento (mantendo-se constantes a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> do aditivo incorporador<strong>de</strong> ar, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água e o tempo <strong>de</strong> mistura), provocará uma redução do volume <strong>de</strong> arincorporado nas <strong>argamassa</strong>s.


313030Ar Incorporado (%)29282726292726252418 19 20 21 22 23 24 25 26Teor <strong>de</strong> Cimento (%)Figura 4.5 – Influência do teor <strong>de</strong> cimento na incorporação <strong>de</strong> ar.Pelos aspectos expostos, é evi<strong>de</strong>nte que os aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar po<strong>de</strong>m trazer váriascontribuições às <strong>argamassa</strong>s. O uso <strong>de</strong>stes aditivos é, to<strong>da</strong>via, muito peculiar, respal<strong>da</strong>do <strong>de</strong>cui<strong>da</strong>dos quanto à aplicação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. O maior emprego <strong>de</strong>stes materiais parece ser nas<strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s. Nesta situação, o rigor <strong>da</strong> produção industrial permite dosarteores muito precisos <strong>de</strong> aditivos com gran<strong>de</strong> efeito tensoativo.4.3 RETENÇÃO DE ÁGUAA retenção <strong>de</strong> água correspon<strong>de</strong> à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> que confere à <strong>argamassa</strong> a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> essanão alterar sua trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, mantendo-se aplicável por um período a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> tempoquando sujeita a solicitações que provoquem per<strong>da</strong> <strong>de</strong> água, seja ela por evaporação, sucçãodo substrato ou reações <strong>de</strong> hidratação.O aumento <strong>da</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> po<strong>de</strong> ser conseguido <strong>de</strong> várias maneiras. Uma<strong>de</strong>las é aumentar o teor <strong>de</strong> materiais constituintes com eleva<strong>da</strong> área específica. Em se tratando<strong>de</strong> aumentar a área específica dos materiais constituintes, apresenta-se como proposição maisusual a utilização <strong>de</strong> saibro e cal na <strong>argamassa</strong>. Esses dois tipos <strong>de</strong> materiais possuempartículas muito finas, proporcionando uma eleva<strong>da</strong> área específica, conseqüentemente, a áreaa ser molha<strong>da</strong> é maior, aparecendo tensões superficiais que ten<strong>de</strong>m a manter a água adsorvi<strong>da</strong>nas partículas. A outra forma <strong>de</strong> incrementar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> éutilizar aditivos cujas características impe<strong>de</strong>m a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> água, como é o caso dos <strong>de</strong>rivados<strong>da</strong> celulose (aditivos retentores <strong>de</strong> água).Quanto à <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, o método <strong>de</strong> ensaio, geralmente,mais utilizado é o preconizado pela NBR 13277 (1995). O princípio <strong>de</strong>sse método baseia-sena quantificação <strong>da</strong> massa <strong>de</strong> água reti<strong>da</strong> na <strong>argamassa</strong>, após essa ser submeti<strong>da</strong> a uma sucçãorealiza<strong>da</strong> por discos <strong>de</strong> papel <strong>de</strong> filtro colocado sobre a <strong>argamassa</strong> fresca, sob uma <strong>da</strong><strong>da</strong>pressão, promovi<strong>da</strong> por um peso assentado sobre os discos durante 2 minutos. Nessametodologia, a <strong>argamassa</strong> é confina<strong>da</strong> lateral e inferiormente em um recipiente, ficandoapenas com a face superior exposta, em contato com os discos <strong>de</strong> papel-filtro. A per<strong>da</strong> <strong>de</strong>água, portanto, será <strong>da</strong><strong>da</strong> através <strong>da</strong> sucção promovi<strong>da</strong> pela absorção <strong>de</strong> água dos papéis <strong>de</strong>filtros. Observa-se que a força gravitacional e a tensão gera<strong>da</strong> pelo confinamento agirão,impedindo a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> água <strong>da</strong> amostra. Motivos como esses são supostos por pesquisadores(TRISTÃO, 1995; NAKAKURA, 2003) como justificativa, <strong>de</strong> que a metodologia apresenta<strong>da</strong>não mostra sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> avaliar essa proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Outra forma <strong>de</strong> se mensurar a


etenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> consiste em medir a massa <strong>de</strong> água reti<strong>da</strong> em uma amostra <strong>de</strong><strong>argamassa</strong>, após realização <strong>de</strong> um tratamento padronizado <strong>de</strong> sucção. Esse método <strong>de</strong> ensaioé preconizado pelo CSTB 2669-4. Nesse caso, após se realizar a produção <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, essaé coloca<strong>da</strong> em um equipamento (funil <strong>de</strong> Büchner, Figura 4.6), a qual será submeti<strong>da</strong> a umasucção <strong>de</strong> 50 mm Hg, realiza<strong>da</strong> por uma bomba <strong>de</strong> vácuo, durante 15 minutos.Figura 4.6 – Aparelhagem necessária para <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> retenção <strong>de</strong> água, segundo aASTM C 91-99.A metodologia que emprega o funil <strong>de</strong> Bücnher, na <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s fornece informações úteis para verificação <strong>de</strong>ssa proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> fácilexecução e apresentar resultados pouco dispersos.4.3.1 Aditivos RetentoresOs aditivos retentores <strong>de</strong> água são polímeros, usualmente utilizados na forma <strong>de</strong> solução e pósredispersíveis que, quando solúveis em água, produzem um aumento consi<strong>de</strong>rável naviscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na retenção <strong>de</strong> água dos sistemas em que são adicionados. São materiaisbastante leves e geralmente empregados na forma <strong>de</strong> pó.Os principais tipos <strong>de</strong> aditivos encontrados com intuito <strong>de</strong> reter água mais utilizados nacomposição <strong>de</strong>ssas <strong>argamassa</strong>s são os éteres <strong>de</strong> celulose. Os éteres <strong>de</strong> celulose são polímerossemi-sintéticos solúveis em água. Fazem parte <strong>de</strong>ssa categoria os polímeros: metil celulose(MC), carboximetil celulose (CMC), hidroxietil celulose (HEC), metil hidroxietil celulose(MHEC) e metil hidroxipropil celulose (MHPC).Os éteres <strong>de</strong> celulose (retentores <strong>de</strong> água), em materiais à base <strong>de</strong> cimento, agemprincipalmente na modificação <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fase aquosa <strong>da</strong> mistura, pois <strong>de</strong>vido à suanatureza hidrofílica (presença <strong>de</strong> grupos hidroxilas OH) as moléculas <strong>de</strong> água fixam-se nasmoléculas do aditivo. Assim, tem-se o incremento na retenção <strong>de</strong> água conjuntamente com oaumento <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Três efeitos são observados no comportamento <strong>de</strong>sses aditivos(KHAYAT, 1998):


a) adsorção: as moléculas poliméricas a<strong>de</strong>rem na periferia <strong>da</strong>s moléculas <strong>de</strong> água,adsorvendo e fixando parte <strong>da</strong> água do sistema e expandindo-se. Isto aumenta a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> água.b) associação: po<strong>de</strong>m surgir forças <strong>de</strong> atração entre moléculas adjacentes nas ca<strong>de</strong>iaspoliméricas, restringindo ain<strong>da</strong> mais a locomoção <strong>da</strong> água, causando a formação <strong>de</strong> gel eaumentando a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.c) entrelaçamento: em concentrações muito altas <strong>de</strong> aditivo, as ca<strong>de</strong>ias poliméricas po<strong>de</strong>m seentrelaçar, resultando em aumento <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente. Com maiores tensões <strong>de</strong>cisalhamento, esse entrelaçamento po<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer, resultando em fluidificação(comportamento tixotrópico).Devido a principal conseqüência <strong>da</strong> ação dos aditivos retentores <strong>de</strong> água ser a formação <strong>de</strong> umgel (aumento <strong>de</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fase aquosa), esses também são chamados <strong>de</strong> agentesespessantes ou modificadores <strong>de</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sua influência na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong>água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> está diretamente relaciona<strong>da</strong> à massa molar do aditivo retentor <strong>de</strong> água, ouseja, quanto maior a massa molar do aditivo empregado, mais viscosa será à fase aquosa dosistema.4.3.2 Influência nas ArgamassasA respeito dos efeitos que os retentores <strong>de</strong> água proporcionam nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s no estado fresco, é consenso que a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é muita afeta<strong>da</strong>, pois além <strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça na viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, é observa<strong>da</strong> também maior incorporação <strong>de</strong> ar durante a mistura<strong>de</strong>vido à ação tensoativa, advin<strong>da</strong> <strong>de</strong>sses aditivos. De acordo com DO Ó (2004), mesmo empequenas concentrações (0,125% <strong>da</strong> massa <strong>de</strong> cimento) <strong>de</strong> aditivo retentor <strong>de</strong> água(HidroxiEtil Metil Celulose - MHEC), a incorporação <strong>de</strong> ar foi observa<strong>da</strong> e o seu valor ébastante consi<strong>de</strong>rável. Além disso, materiais produzidos com tais aditivos, po<strong>de</strong>m se tornartambém altamente pseudoplásticos e tixotrópicos.É consenso que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s é incrementa<strong>da</strong> ao seutilizar o aditivo retentor <strong>de</strong> água em sua composição e o seu efeito está diretamente ligado aoseu teor e sua massa molar dos aditivos (Figuras 4.7 e 4.8). A eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção<strong>de</strong> água promovi<strong>da</strong> pelo aditivo retentor <strong>de</strong> água faz com que sua utilização sejaimprescindível em <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong> revestimento cerâmico (<strong>argamassa</strong>colante). Na Figura 4.7, observa-se que a <strong>argamassa</strong> produzi<strong>da</strong> com o aditivo <strong>de</strong> massa molar215.000 g/mol possui uma menor <strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, apresentando em to<strong>da</strong> sua extensão valores <strong>de</strong>retenção <strong>de</strong> água superiores aos <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> produzi<strong>da</strong> com o aditivo <strong>de</strong> massa molar110.000 g/mol.


Massa molar 215.000 g/mol100Massa molar 110.000 g/molRetenção <strong>de</strong> água (%)90807060500 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo <strong>de</strong> sucção (min.)Figura 4.7 – Influência <strong>da</strong> massa molar do aditivo na retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>revestimento aditiva<strong>da</strong>s.Retenção <strong>de</strong> água (%)1009080706050Teor <strong>de</strong> 0,125%Teor <strong>de</strong> 0,1875%Teor <strong>de</strong> 0,25%0 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo <strong>de</strong> sucção (min.)Figura 4.8 – Influência do teor <strong>de</strong> aditivo na retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimentoaditiva<strong>da</strong>s.Com relação à influência do teor <strong>de</strong> aditivo na retenção <strong>de</strong> água <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s, observa-sena Figura 4.8 uma relação direta, isto é, à medi<strong>da</strong> que se eleva o teor <strong>de</strong> aditivo, a retenção <strong>de</strong>água é incrementa<strong>da</strong>.A pequena quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aditivo retentor <strong>de</strong> água necessária na produção <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>saditiva<strong>da</strong>s, conjuntamente com a forma em que o mesmo é empregado, fazem com que o seuuso seja mais restrito na produção industrial.Diante do exposto, vale lembrar que a utilização do aditivo retentor <strong>de</strong> água nas <strong>argamassa</strong>sprovoca gran<strong>de</strong>s alterações na viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo necessário aoempregá-lo, uma reformulação do proporcionamento dos materiais constituintes <strong>da</strong>s mesmas.Portanto, o emprego a<strong>de</strong>quado do aditivo retentor <strong>de</strong> água na composição <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>s,necessita <strong>de</strong> uma orientação técnica especializa<strong>da</strong>.


5 - PECULIARIDADES DA PRODUÇÃO DE REVESTIMENTOS DEARGAMASSASEngº Elton BauerEngº Nielsen José Dias AlvesO processo executivo ou a produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> em <strong>argamassa</strong> exerce enorme influênciano <strong>de</strong>sempenho final do produto. Diferenciações no processo, no tempo <strong>de</strong> sarrafeamento, naforma <strong>de</strong> execução <strong>da</strong>s cheias, na tipologia <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, por exemplo, po<strong>de</strong>m levar aresultados completamente distintos, tanto na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, como nascaracterísticas finais espera<strong>da</strong>s. Po<strong>de</strong>-se, portanto, afirmar que o revestimento em <strong>argamassa</strong> épeculiar, principalmente aos materiais empregados e à técnica executiva utiliza<strong>da</strong> em suaprodução.Atualmente, tem-se observado que várias empresas estão utilizando os chamados “Projetos <strong>de</strong>Revestimento”, na tentativa <strong>de</strong> controlar a produção dos <strong>revestimentos</strong>. Estes projetosapresentam a especificação <strong>de</strong> todos os materiais e procedimentos a serem utilizados, além <strong>de</strong>indicar a localização e especificação <strong>da</strong>s telas metálicas a serem coloca<strong>da</strong>s, nas regiões comconcentração <strong>de</strong> tensão. Entretanto, cabe salientar, que somente a utilização <strong>de</strong>stes projetos,não garantirá a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do serviço, em razão do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s queexistem na produção do revestimento, e que não são apresenta<strong>da</strong>s nos referidos projetos.5.1 ADIÇÃO DE ÁGUA NA ARGAMASSA DE REVESTIMENTOA complementação <strong>de</strong> água na <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> revestimento, feita pelos pedreiros após amistura e antes <strong>da</strong> aplicação, é uma prática bastante comum nas obras. Este fato acontecepelo simples motivo <strong>de</strong>ste acréscimo tornar a <strong>argamassa</strong> mais flui<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ixando-a maistrabalhável, facilitando o seu lançamento e aperto. Entretanto, este acréscimo po<strong>de</strong> reduzir asresistências mecânicas do revestimento e contribuir para a ocorrência <strong>de</strong> fissuração <strong>de</strong>vido àretração, por exemplo.O acréscimo <strong>de</strong> água realizado pelo oficial-pedreiro ocorre, freqüentemente, quando seobserva alguma <strong>da</strong>s três situações abaixo:• Devido a produção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>, este material po<strong>de</strong> ficar esperandoa sua vez <strong>de</strong> ser aplicado por períodos <strong>de</strong> tempo superiores a 2 horas. Caso isto aconteça,parte <strong>da</strong> água <strong>de</strong> amassamento po<strong>de</strong> ser perdi<strong>da</strong> por evaporação para a atmosfera, bemcomo para as reações <strong>de</strong> hidratação do cimento, o que tornará a <strong>argamassa</strong> menostrabalhável. Desta forma, para que o oficial-pedreiro possa aplicar a <strong>argamassa</strong>, énecessário o acréscimo <strong>de</strong> água.• Uma outra situação on<strong>de</strong> se observa a complementação <strong>de</strong> água na <strong>argamassa</strong> ocorrequando, se quer utilizar sobras do sarrafeamento <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> para se executar um outropano <strong>de</strong> revestimento. Como esta <strong>argamassa</strong> já “puxou”, tendo em vista que ela foi umasobra do corte, o seu aspecto é <strong>de</strong> uma <strong>argamassa</strong> seca com falta <strong>de</strong> água, apresentandouma trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para o lançamento e aperto. Por este motivo, se introduzuma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água nessa sobra <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>, para que a mesma volte a semostrar trabalhável. Esse excesso <strong>de</strong> água po<strong>de</strong> gerar uma séria redução na resistênciamecânica dos <strong>revestimentos</strong> e provocar uma intensa fissuração. A<strong>de</strong>mais, o cimento <strong>de</strong>sta


<strong>argamassa</strong> que sobra após o sarrafeamento po<strong>de</strong> já ter entrado em pega, o que vai reduziro seu po<strong>de</strong>r aglomerante, mesmo com a colocação <strong>de</strong> mais água e uma nova mistura.• A dosagem <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma forma que o oficial-pedreiro fiquesatisfeito com a plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mesma, ou seja, a <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong>ve estar pronta para o uso,na trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Caso isto não ocorra, o oficial-pedreiro irá adicionar maiságua na mistura antes <strong>da</strong> sua aplicação, buscando a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> i<strong>de</strong>al. Nesta situação,este acréscimo <strong>de</strong> água é chamado <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong> água, já que, geralmente, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>água adiciona<strong>da</strong> é muito pequena em relação às situações anteriormente expostas. De umaforma geral, incorreções na granulometria, na dosagem ou nos materiais, é que induzem acolocação <strong>de</strong> mais água, na tentativa <strong>de</strong> ajustar a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> acondições mínimas <strong>de</strong> aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Pelo exposto anteriormente, observa-se que alguns cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong>vem ser tomados com o intuito<strong>de</strong> evitar problemas nos <strong>revestimentos</strong>; entre estes se <strong>de</strong>stacam:• Produzir uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para a frente <strong>de</strong> trabalho disponível,buscando evitar que <strong>argamassa</strong>s fiquem esperando por um longo período <strong>de</strong> tempo, paraserem aplica<strong>da</strong>s.• Deve-se aplicar uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> racionaliza<strong>da</strong> durante a produção dorevestimento, que resulte em pouca sobra <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> após o sarrafeamento. A discussãosobre o emprego <strong>da</strong>s sobras é particular a dinâmica <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> obra e aos materiais utilizados(aglomerantes, <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong>). O emprego a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>ste material (sobras)<strong>de</strong>ve ser discutido com especialistas em <strong>argamassa</strong>s.5.2 MISTURA MANUALEm obras <strong>de</strong> pequeno porte, on<strong>de</strong> não há betoneira, é uma prática corriqueira se misturar oconcreto e a <strong>argamassa</strong> manualmente utilizando uma enxa<strong>da</strong>. Tanto para o concreto comopara <strong>argamassa</strong>, este tipo <strong>de</strong> preparo po<strong>de</strong> ser prejudicial, já que o operário responsável porele, empregará uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água, para facilitar a mistura dos materiais. Esteexcesso <strong>de</strong> água po<strong>de</strong> reduzir as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas e gerar fissuras por retração,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> utiliza<strong>da</strong>. Além disso, a mistura manual po<strong>de</strong> provocar umahomogeneização <strong>de</strong>ficiente dos materiais, levando a uma falta <strong>de</strong> padronização na produção<strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s.Quando se utilizam <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s, que na sua gran<strong>de</strong> maioria apresentamaditivos incorporadores <strong>de</strong> ar na sua composição, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água coloca<strong>da</strong> para que a<strong>argamassa</strong> consiga ser mistura<strong>da</strong> manualmente, é muito maior do que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> águanecessária, para esta mesma <strong>argamassa</strong>, quando se utiliza uma mistura mecânica. Istoacontece porque nas <strong>argamassa</strong>s com aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar, a plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> éconsegui<strong>da</strong> <strong>de</strong>vido à incorporação <strong>de</strong> ar, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, entre outras coisas, <strong>da</strong> eficiência <strong>da</strong>mistura. Em uma mistura manual, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ar produzido é muito pequena, fazendocom que seja necessário o acréscimo <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água para se conseguirtrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sendo assim, não se recomen<strong>da</strong> a mistura manual para as <strong>argamassa</strong>sindustrializa<strong>da</strong>s que apresentem na sua composição aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar, a não serque a <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong> seja específica para mistura manual.Caso se utilize à mistura manual, <strong>de</strong>ve-se, inicialmente, realizar uma pré-mistura dosmateriais sem a colocação <strong>da</strong> água. O objetivo <strong>de</strong>sta pré-mistura é melhorar a


homogeneização dos materiais. Posteriormente, <strong>de</strong>ve-se acrescentar a água aos poucos emisturar os materiais até que a <strong>argamassa</strong> apresente um aspecto homogêneo.5.3 TEMPO DE MISTURA ELEVADO NA PRODUÇÃO DE ARGAMASSASADITIVADAS INDUSTRIALIZADASA falta <strong>de</strong> conhecimento técnico, especificamente, a respeito dos aditivos incorporadores <strong>de</strong>ar, se torna mais preocupante, à medi<strong>da</strong> que a sua utilização em <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento,vem crescendo, consi<strong>de</strong>ravelmente, nos últimos anos, principalmente <strong>de</strong>vido à disseminação<strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong>. Tem-se observado, nas indústrias que produzem as <strong>argamassa</strong>sindustrializa<strong>da</strong>s, a utilização dos aditivos incorporadores <strong>de</strong> ar em substituição parcial e atétotal à cal, em razão <strong>de</strong> esses aditivos melhorarem significativamente a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s. Entretanto, a utilização dos aditivos torna a <strong>argamassa</strong> um material diferente, emvários aspectos, <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s tradicionalmente utiliza<strong>da</strong>s em obra.Apesar <strong>de</strong> este fato ser notório, os operários responsáveis pela confecção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>saditiva<strong>da</strong>s, freqüentemente, não se preocupam em realizar algum tipo <strong>de</strong> controle específico,como, por exemplo, do tempo <strong>de</strong> mistura, sendo este baseado apenas na experiência doprofissional, sem a realização <strong>de</strong> ensaios. Esta <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> controle do tempo <strong>de</strong> misturapo<strong>de</strong> ser bastante perigosa, pois com o aumento do tempo <strong>de</strong> mistura ocorre uma maiorincorporação <strong>de</strong> ar, que implicará, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu valor, uma significativa alteração <strong>da</strong>trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do material, tornando a <strong>argamassa</strong> muito flui<strong>da</strong>. Além disso, observa-se que oexcessivo tempo <strong>de</strong> mistura provoca uma gran<strong>de</strong> redução na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à traçãodos <strong>revestimentos</strong>.O processo <strong>de</strong> produção <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s aditiva<strong>da</strong>s industrializa<strong>da</strong>s, particularmente a duração<strong>da</strong> mistura, passa a ser um aspecto peculiar em possíveis incorreções que po<strong>de</strong>m levar adiversas manifestações patológicas no revestimento.Para que a produção <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> aditiva<strong>da</strong> seja realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma forma controla<strong>da</strong> semcomprometer o seu <strong>de</strong>sempenho, é fun<strong>da</strong>mental que seja especificado, para ca<strong>da</strong> betoneira oumisturador em particular, o tempo <strong>de</strong> mistura i<strong>de</strong>al para que se tenha um teor <strong>de</strong> ar e umatrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Esta <strong>de</strong>terminação do tempo <strong>de</strong> mistura é realiza<strong>da</strong> em obra,através <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação do teor <strong>de</strong> ar <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, para vários tempos <strong>de</strong> mistura, e <strong>da</strong> suatrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> para ca<strong>da</strong> teor <strong>de</strong> ar.5.4 APLICAÇÃO DE ARGAMASSA SOBRE PAREDES CONTÍGUASEXECUTADAS COM MATERIAIS DE DIFERENTE SUCÇÃOUma <strong>da</strong>s regiões revesti<strong>da</strong>s com <strong>argamassa</strong> mais susceptível a ocorrência <strong>de</strong> fissuração éaquela localiza<strong>da</strong> na interface estrutura <strong>de</strong> concreto/alvenaria. Um dos motivos principais paraa ocorrência <strong>de</strong>ssa fissuração é a movimentação diferencial dos dois materiais, quandosujeitos a variações higrotérmicas e a sobrecargas. Além <strong>da</strong> movimentação diferencial, po<strong>de</strong>seter fissuração nesta região <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>suniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> absorção <strong>de</strong> água entre a alvenariae a estrutura <strong>de</strong> concreto. Isto acontece porque o concreto é menos absorvente que a alvenaria,fazendo com que a <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre ele <strong>de</strong>more mais tempo para ficar a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> parao sarrafeamento, do que a aplica<strong>da</strong> sobre a alvenaria. Assim sendo, em um mesmo pano <strong>de</strong><strong>argamassa</strong>, têm-se regiões que já estarão aptas a receber os serviços <strong>de</strong> sarrafeamento e<strong>de</strong>sempeno (<strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre a alvenaria), como também, regiões on<strong>de</strong> a <strong>argamassa</strong>ain<strong>da</strong> não estará apta (<strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre a estrutura <strong>de</strong> concreto) para a execução


<strong>de</strong>sses serviços. Nesta situação, se o sarrafeamento for realizado quando a <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong>sobre a alvenaria já estiver a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>-se ter fissuração na <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre aestrutura <strong>de</strong> concreto, que ain<strong>da</strong> não estará rígi<strong>da</strong> o suficiente, para resistir aos esforçosgerados pelo sarrafeamento e <strong>de</strong>sempeno. Já, se o sarrafeamento for executado apenas quandoa <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre a estrutura <strong>de</strong> concreto estiver a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, ter-se-ão dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>spara cortar a <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre a alvenaria, que já estará bastante rígi<strong>da</strong>.Pelos motivos apresentados, é que se verifica a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar a uniformização <strong>da</strong>absorção <strong>da</strong> interface estrutura <strong>de</strong> concreto/alvenaria, a fim <strong>de</strong> se evitar diferentes tempos <strong>de</strong>sarrafeamento para a <strong>argamassa</strong>. Essa uniformização é realiza<strong>da</strong>, aplicando-se um chapiscofechado sobre a estrutura e a alvenaria. A estrutura <strong>de</strong>ve ser completamente chapisca<strong>da</strong>,enquanto que na alvenaria <strong>de</strong>ve-se ter pelo menos uma faixa <strong>de</strong> 1 metro com chapisco,paralela a estrutura <strong>de</strong> concreto.Outra situação on<strong>de</strong> a realização do sarrafeamento e/ou <strong>de</strong>sempeno no momento incorretoprovoca fissuração nos <strong>revestimentos</strong>, ocorre nas <strong>argamassa</strong>s aplica<strong>da</strong>s pouco tempo antes <strong>da</strong>hora do almoço e do fim do expediente <strong>de</strong> trabalho. Como a operação <strong>de</strong> corte é realiza<strong>da</strong>,quando a <strong>argamassa</strong> ain<strong>da</strong> não “puxou”, não estando com uma rigi<strong>de</strong>z a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, ocorre afissuração. Esta precipitação dos pedreiros se verifica pela pressa <strong>de</strong> os mesmos terminarem oserviço para irem almoçar ou encerar o expediente.5.5 A IMPORTÂNCIA DO APERTO DA ARGAMASSAA resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração <strong>de</strong> um revestimento, geralmente, é majora<strong>da</strong> quando setem um aumento do contato entre a <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> e o substrato. Alguns dos fatores queinterferem nessa extensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência são a textura do substrato, a trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>argamassa</strong>, a energia <strong>de</strong> aplicação e a operação <strong>de</strong> aperto.A plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, alia<strong>da</strong> à energia <strong>de</strong> seu lançamento, são fun<strong>da</strong>mentais para queela possa penetrar pelas reentrâncias e saliências do substrato, aumentado o contato entreesses dois materiais, o que irá colaborar para a extensão <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. Porém, mesmo que atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> e a energia utiliza<strong>da</strong> no seu lançamento não sejam a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s, aextensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência po<strong>de</strong>rá ser majora<strong>da</strong> com a realização do aperto <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> após asua aplicação. Assim, ocorrerá uma elevação <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração dorevestimento, em média.Uma prática bastante verifica<strong>da</strong> nas obras, que <strong>de</strong>ve ser evita<strong>da</strong>, é a falta do aperto nas<strong>argamassa</strong>s utiliza<strong>da</strong>s nas “cheias”, quando se tem mais <strong>de</strong> uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>. Ajustificativa para a não realização <strong>de</strong>ste procedimento se observa no fato <strong>de</strong> os oficiaispedreirosacharem que, se a <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> cheia for aperta<strong>da</strong>, ela vai ficar pouco rugosa na suasuperfície, o que dificultará a a<strong>de</strong>rência <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> sobre amesma. Outra justificativa <strong>da</strong><strong>da</strong> pelos oficiais-pedreiros é que, pelo fato <strong>de</strong> não ser realizado osarrafeamento e/ou <strong>de</strong>sempeno na <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> cheia, ela não precisa ser aperta<strong>da</strong>. A falta<strong>de</strong>ste aperto na cheia contribui para que nestas regiões sejam verificados baixos valores <strong>de</strong>resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração. É evi<strong>de</strong>nte que este baixo valor <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência não se <strong>de</strong>veapenas à falta do aperto, já que é freqüente se utilizar para a execução <strong>da</strong>s “cheias”, a<strong>argamassa</strong> que sobrou após o sarrafeamento (corte). Nessa <strong>argamassa</strong>, provavelmente seráacrescenta<strong>da</strong> água e, possivelmente, o cimento já terá entrado em pega, gerandoconseqüências negativas nas resistências mecânicas.


6 - DOS MOMENTOS INICIAIS PÓS-APLICAÇÃO AODESENVOLVIMENTO DA ADERÊNCIAEngª Isaura Nazaré Lobato PaesEngº Sérgio Ricardo <strong>de</strong> Castro GonçalvesAs proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s e características dos sistemas <strong>de</strong> revestimento são resultado, principalmente,dos materiais que compõem as <strong>argamassa</strong>s (tipo, natureza, função) e do processo empregadona execução do revestimento.Várias modificações ocorrem na <strong>argamassa</strong> aplica<strong>da</strong> ao substrato <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os momentos iniciaispós-aplicação até se ter o <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>de</strong>quado <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. Diferentes são as variáveisque atuam a ca<strong>da</strong> momento, bem como são dinâmicas as interações que ocorrem na <strong>argamassa</strong>e no substrato.6.1 SUCÇÃO DE ÁGUA PELO SUBSTRATO (BASE)Dentre os diferentes tipos <strong>de</strong> substratos sobre os quais são aplicados os <strong>revestimentos</strong>,<strong>de</strong>stacam-se as pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alvenaria e os elementos estruturais (vigas, lajes e pare<strong>de</strong>s). Comrelação às alvenarias emprega<strong>da</strong>s que compõem as ve<strong>da</strong>ções verticais, tem-se umadiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais, sendo os mais correntemente empregados os blocoscerâmicos, os <strong>de</strong> concreto, os sílico-calcário, os <strong>de</strong> concreto celular. Ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>sses temcaracterísticas distintas e peculiares que serão fun<strong>da</strong>mentais para promover, <strong>de</strong>ntre outras,uma a<strong>de</strong>são (<strong>argamassa</strong> fresca) e a<strong>de</strong>rência (<strong>argamassa</strong> endureci<strong>da</strong>) satisfatórias entre a base eo revestimento em <strong>argamassa</strong>.O substrato, através <strong>de</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água, é a maior responsável pela per<strong>da</strong><strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> após aplicação. As suas características superficiais e <strong>de</strong> porosi<strong>da</strong><strong>de</strong>como: diâmetro, estrutura, volume e distribuição <strong>de</strong> poros, influem diretamente no transporte<strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>. Tem-se buscado i<strong>de</strong>ntificar proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou características dossubstratos, tais como, absorção <strong>de</strong> água, rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> superficial e outros, que mo<strong>de</strong>lem seucomportamento com relação às características <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho dos <strong>revestimentos</strong>, em especial,na a<strong>de</strong>são e na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência.O ensaio mais difundido para a avaliação <strong>da</strong>s características <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água livre, dosblocos <strong>de</strong> alvenaria, é <strong>de</strong>terminado pelo método <strong>de</strong> ensaio <strong>da</strong> ASTM C – 67 – Initial RateAbsorption, conhecido pelas iniciais IRA. Este avalia a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água <strong>de</strong>uma face do bloco (seco em estufa a 100ºC), imersa em uma profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> águapadroniza<strong>da</strong> (3 a 5mm), em intervalo <strong>de</strong> tempo pré-<strong>de</strong>finido (1 minuto) e seu resultado<strong>de</strong>terminado a partir <strong>da</strong> Equação 6.1.IRA =mu − msAx 200 (6.1)Sendo: IRA = Taxa inicial <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água livre (g/200cm²/min);mu = massa úmi<strong>da</strong> (g);ms = massa seca (g);A = Área do bloco em contato com a lâmina <strong>de</strong> água (cm²)


A suposta relação entre IRA e a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência é proveniente <strong>de</strong> que o valor do IRArepresente a água que o bloco absorve <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, o que é um suposto indicador <strong>de</strong>a<strong>de</strong>rência (GROOT & LARBI, 1999). Cabe ressaltar, no entanto, que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong>substrato avaliado, po<strong>de</strong>m ser obtidos valores bastante variados para a taxa inicial <strong>de</strong> absorção<strong>de</strong> água (IRA), além <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> interna <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um único lote <strong>de</strong> mesmomaterial (blocos).A relação do IRA com a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência não é consenso. Algumas <strong>da</strong>s críticas feitas aesta <strong>de</strong>terminação (IRA) é que sua execução é realiza<strong>da</strong> em tempo bastante limitado (1minuto) o que não avalia outros aspectos importantes no mecanismo <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> água,uma vez que as forças capilares continuam atuando durante um período mais prolongado.Além disto, o IRA é medido com relação à água “livre” e não à água “restringi<strong>da</strong>” conti<strong>da</strong> na<strong>argamassa</strong> fresca. Sobre isso, mostra-se útil consi<strong>de</strong>rar as diferenças entre o movimento(transporte) <strong>de</strong> água livre e restringi<strong>da</strong>. A absorção <strong>de</strong> água livre (<strong>de</strong>terminação do IRA) não éimpedi<strong>da</strong> por vários tipos <strong>de</strong> forças que atuam em uma <strong>argamassa</strong>. Estas forças são: forçascapilares, adsorção física pelos componentes <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> e, em fase posterior, a ligaçãoquímica <strong>da</strong> água <strong>de</strong>vido à evolução na hidratação do aglomerante (cimento). Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,substrato e <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados como dois sistemas <strong>de</strong> poros in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e ainteração entre estes sistemas <strong>de</strong>termina o fluxo <strong>de</strong> água.Um outro parâmetro, oriundo <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lação do transporte difusional em meio não saturado,também tem sido utilizado para <strong>de</strong>screver a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um material absorver e transmitirágua por capilari<strong>da</strong><strong>de</strong>. Este parâmetro <strong>de</strong>nominado absortivi<strong>da</strong><strong>de</strong> “S” é uma gran<strong>de</strong>za queavalia a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do fluxo <strong>de</strong> água. A absortivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pela Equação 6.2.Sendo:i = volume <strong>de</strong> água absorvi<strong>da</strong> por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> área (g/mm²);S = coeficiente <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água, “sorptivity” (mm.min -1/2 ); et = tempo.i =S . t (6.2)A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> absortivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é obti<strong>da</strong> experimentalmente a partir <strong>de</strong> várias pesagens em<strong>de</strong>terminados tempos e, construindo-se uma curva a partir <strong>da</strong> massa <strong>de</strong> água absorvi<strong>da</strong> (i) xt , que para intervalos <strong>de</strong> tempo curtos em relação ao período necessário para a saturaçãodos blocos, é uma reta. A Figura 6.1 mostra, a título <strong>de</strong> exemplo, o perfil médio <strong>da</strong> curva <strong>de</strong>absorção <strong>de</strong> água <strong>de</strong> blocos cerâmico e <strong>de</strong> concreto (ambos estruturais), ao longo do tempo.


Água absorvi<strong>da</strong> por uni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> área (g/cm² * 100)9080706050403020100Perfil <strong>de</strong> Absorção <strong>de</strong> Água Livre (ao longo do tempo)Bloco <strong>de</strong> ConcretoBloco Cerâmico0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30Tempo 1/2 (minuto)Figura 6.1- Perfil <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água livre (ao longo do tempo) <strong>de</strong> bloco cerâmico estruturale bloco <strong>de</strong> concreto estrutural (PAES, BAUER & CARASEK, 2003)Depen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> natureza dos blocos, estes po<strong>de</strong>m possuir, em sua maioria, poros comdiâmetros maiores o que facilita a saturação mais rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse componente (caso, porexemplo, do bloco <strong>de</strong> concreto). Já blocos com estrutura porosa mais refina<strong>da</strong> (poros <strong>de</strong>diâmetros menores) absorvem maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água, porém em tempos mais prolongados(caso, por exemplo, do bloco cerâmico). Estas características influenciam diretamente o<strong>de</strong>sempenho do revestimento uma vez que, melhores valores <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência são,em geral, atribuídos à penetração <strong>da</strong> pasta aglomerante no substrato, <strong>de</strong>vido ao caráteressencialmente mecânico <strong>de</strong>stes fenômenos.Po<strong>de</strong> ocorrer que, ao se utilizar um substrato com eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água <strong>da</strong><strong>argamassa</strong> e, conjuntamente com a evaporação na face livre do revestimento, nos instantesiniciais, po<strong>de</strong>m vir a surgir microfissuras na interface <strong>de</strong>vido à retração plástica, que, por suavez, po<strong>de</strong> diminuir a a<strong>de</strong>rência. Por outro lado, blocos que succionam menos água <strong>da</strong><strong>argamassa</strong>, supostamente com baixos valores <strong>de</strong> IRA, po<strong>de</strong>m gerar também condições<strong>de</strong>sfavoráveis na interface, com a criação <strong>de</strong> uma fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> água na região, o que gera,possivelmente, uma interface bastante porosa. Este tipo <strong>de</strong> ocorrência po<strong>de</strong> ser minimizadoatravés <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> tratamento superficial do substrato, cujo objetivo é regularizar aabsorção <strong>de</strong> água ou aumentar a rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> superficial. Como exemplos <strong>de</strong> tratamento po<strong>de</strong>mser citados a aplicação <strong>de</strong> chapisco e o pré-ume<strong>de</strong>cimento, mediante a aspersão <strong>de</strong> águaatravés <strong>de</strong> broxa. Este procedimento, (pré-ume<strong>de</strong>cimento) <strong>de</strong>ve ser empregado com muitacautela. Uma “molhagem” exagera<strong>da</strong> po<strong>de</strong> reduzir excessivamente a absorção do substrato e,conseqüentemente, reduzir a “avi<strong>de</strong>z” do material pela água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, o que prejudica aancoragem mecânica <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> hidratação dos aglomerantesno interior dos poros.Depen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> situação, po<strong>de</strong> ser interessante a escolha <strong>de</strong> um ou outro tipo <strong>de</strong> bloco ou,ain<strong>da</strong>, a realização <strong>de</strong> tipos diferenciados <strong>de</strong> tratamentos <strong>de</strong> base. Em revestimento interno,que não está sujeito aos efeitos <strong>da</strong>s intempéries e, em locais que não sejam necessários valoreselevados <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, po<strong>de</strong>-se usar, por exemplo, bloco cerâmico semutilização do pré-ume<strong>de</strong>cimento <strong>da</strong> base. Para <strong>revestimentos</strong> externos, o uso do chapisco éobrigatório e, caso se busquem elevados valores <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (conforme limites<strong>de</strong> norma <strong>de</strong> forma a não prejudicar a <strong>de</strong>formação do conjunto), o uso do bloco <strong>de</strong> concreto éuma escolha bastante viável. Cabe lembrar, no entanto, que esta característica (resistência <strong>de</strong>


a<strong>de</strong>rência) é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> outros fatores, tais como, características dos materiais, mão-<strong>de</strong>obrae execução e, não somente, <strong>da</strong> natureza do bloco e do tipo <strong>de</strong> tratamento realizado sobrea base.6.2 PERDA DE ÁGUA DA ARGAMASSAO transporte <strong>da</strong> água conti<strong>da</strong> na <strong>argamassa</strong> fresca para o bloco poroso é bem mais complexodo que quando comparado com o transporte <strong>da</strong> água livre, visto que, a água existente na<strong>argamassa</strong> faz parte <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> poros saturados <strong>de</strong> água e partículas em suspensão, cujoraio médio é variável com o tempo, conforme vá se processando a sucção <strong>de</strong>sta água pela basee por evaporação para o meio ambiente. Esta água encontra-se mais “restringi<strong>da</strong>”, no interiordo sistema, em comparação com a água livre, condição em que são realizados os ensaios <strong>de</strong>IRA e <strong>da</strong> absorção capilar <strong>de</strong> água dos blocos (ao longo do tempo).A água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> é absorvi<strong>da</strong> pelo substrato, basicamente, pelo mecanismo <strong>de</strong>capilari<strong>da</strong><strong>de</strong>. Á água no interior <strong>da</strong> base redistribui-se naturalmente a fim <strong>de</strong> alcançar umpotencial energético mais baixo, predominantemente, pela ação <strong>de</strong> forças ditas capilares. Omovimento <strong>de</strong> água e outros líquidos nos sólidos porosos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, como já mencionado, emgran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> poros dos materiais, ou seja, tamanho efetivo, configuração edistribuição <strong>da</strong> re<strong>de</strong> poros, além <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos líquidos, tais como, a tensão superficiale a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.A movimentação <strong>de</strong> água <strong>argamassa</strong>-substrato se processa logo que a <strong>argamassa</strong> é coloca<strong>da</strong>em contato com o substrato poroso, cujos capilares estão inicialmente vazios. Os raios médiosdos capilares <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> são superiores aos dos capilares do substrato. Portanto, omovimento <strong>de</strong> água se efetua no sentido <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> para o substrato. Esta absorção éacompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> um aperto mecânico <strong>da</strong>s partículas sóli<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> pela ação <strong>da</strong><strong>de</strong>pressão dos capilares, que se traduz por uma retração quase imediata <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><strong>argamassa</strong> e uma aceleração <strong>da</strong> precipitação dos produtos hidratados (do cimento)consecutivos ao crescimento <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> íons dissolvidos. Com essa intensa per<strong>da</strong> <strong>de</strong>água e endurecimento do aglomerante (cimento), a <strong>argamassa</strong> per<strong>de</strong> fortemente atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> inicial, po<strong>de</strong>ndo-se então <strong>da</strong>r seqüência às operações <strong>de</strong> corte esarrafeamento.No caso <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento, existe, além do movimento <strong>da</strong> água em direção aosubstrato por absorção capilar, um movimento em direção ao meio ambiente, produzido pelaevaporação. Essa evaporação <strong>de</strong> água <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> para o meio ambiente ten<strong>de</strong> a esvaziarprogressivamente os capilares <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, até que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> água intersticial sejaevapora<strong>da</strong>. À medi<strong>da</strong> que a hidratação dos aglomerantes se processa, há uma redução <strong>da</strong>veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evaporação, pois o movimento <strong>da</strong> água em direção ao ambiente é reduzido aproporção em que os capilares diminuem <strong>de</strong> diâmetro. Desta forma, esse fluxo <strong>de</strong> água entreos dois sistemas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do diâmetro dos poros do substrato, do conteúdo <strong>de</strong> água <strong>da</strong><strong>argamassa</strong>; que é variável ao longo do tempo, <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> evaporação e do grau <strong>de</strong>colmatação dos poros <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>.6.3 MECANISMOS BÁSICOS DE ADERÊNCIA E SEUS MOMENTOSTentativas <strong>de</strong> explicação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência entre materiais distintos passam pelo entendimento doque acontece na superfície <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um, bem como na interface surgi<strong>da</strong> com a união <strong>da</strong>smesmas. Nesse sentido, é interessante ter-se em mente que qualquer processo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência é


um fenômeno complexo, e po<strong>de</strong> ser formado principalmente pela interação entre os seguintesmecanismos:a) Intertravamento mecânico, on<strong>de</strong> a penetração do a<strong>de</strong>sivo nas irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s do substratoé a principal força atuante na a<strong>de</strong>rência, tendo a rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> base a<strong>de</strong>rente como umfator prepon<strong>de</strong>rante para a majoração <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência (Figura 6.2-a);b) Difusão <strong>de</strong> moléculas, que controla o transporte <strong>de</strong> massa entre sólidos e líquidos erepresenta um movimento <strong>de</strong> átomos, íons, ou moléculas como resultado <strong>da</strong> diferença <strong>de</strong>concentração existente (Figura 6.2-b). Em uma interface po<strong>de</strong>m ocorrer vários tipos <strong>de</strong>processos difusivos; a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência também será <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> natureza <strong>da</strong>sligações interatômicas resultantes <strong>de</strong>sse processo físico-químico (HULL & CLYNE,1996);c) Transferência <strong>de</strong> elétrons no contato interfacial, formando uma cama<strong>da</strong> dupla <strong>de</strong> cargaelétrica na interface (Figura 6.2-c) po<strong>de</strong>ndo contribuir significativamente para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. As ligações eletrostáticas (iônicas) são as mais fortes quese constata;d) Adsorção <strong>de</strong> partículas, on<strong>de</strong> as mesmas po<strong>de</strong>m a<strong>de</strong>rir <strong>de</strong>vido às forças interatômicas eintermoleculares que são estabeleci<strong>da</strong>s nas superfícies dos a<strong>de</strong>sivos e substratos após umcontato molecular íntimo (Figura 6.2-d).abFigura 6.2- Representação esquemática dos diversos mecanismos básicos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência:(a) travamento mecânico, (b) difusão, (c) transferência <strong>de</strong> elétrons e (d) adsorção.cdEm geral, o a<strong>de</strong>sivo é um material que, quando aplicado às superfícies dos a<strong>de</strong>rentes sob<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s condições, po<strong>de</strong> uni-las e resistir à sua separação (nessa categoria estão: cola,pasta, cimento, cal, <strong>de</strong>ntre outros.). Extrapolando o conceito, po<strong>de</strong>-se dizer que as <strong>argamassa</strong>s<strong>de</strong> assentamento são, tecnicamente, um material a<strong>de</strong>sivo; e que seu objetivo mais importante éa a<strong>de</strong>rência forte, total e durável com a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alvenaria, sendo que to<strong>da</strong>s as outrasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s (incluí<strong>da</strong> a resistência à compressão) são ocasionais (GALLEGOS, 1995).Igualmente aos estudos sobre absorção <strong>de</strong> água, as <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento po<strong>de</strong>m sercompara<strong>da</strong>s às <strong>de</strong> assentamento no que concerne à a<strong>de</strong>rência, visto que a parte mais interna <strong>da</strong><strong>argamassa</strong> em contato com o substrato (o emboço) atua diretamente como um a<strong>de</strong>sivo entre aparte mais externa (reboco) e a base.O contato interfacial a<strong>de</strong>quado é primordial para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma significativaa<strong>de</strong>rência entre as superfícies a serem uni<strong>da</strong>s; para tanto, <strong>de</strong>ve-se ter um contato molecularíntimo, o que significa um bom espalhamento do a<strong>de</strong>sivo na superfície sóli<strong>da</strong>, com poucapresença <strong>de</strong> ar e outros contaminantes. Deve-se consi<strong>de</strong>rar também: o equilíbrio higrotérmico,


a cinética <strong>da</strong> molhagem, os <strong>de</strong>talhes <strong>da</strong> operação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e, a energia superficial livre(KINLOCH, 1987).Ao se garantir o contato interfacial íntimo e a<strong>de</strong>quado, são gera<strong>da</strong>s forças intrínsecas <strong>de</strong>a<strong>de</strong>rência entre as superfícies (na interface); essas forças <strong>de</strong>vem ser fortes e estáveis osuficiente para assegurar que essa interface forma<strong>da</strong> não seja o elo fraco na a<strong>de</strong>rência dosmateriais. O mecanismo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, então, compreen<strong>de</strong> os vários tipos <strong>de</strong> forças intrínsecasque passam a atuar na interface a<strong>de</strong>sivo-substrato.Os princípios que regem a a<strong>de</strong>rência são, fun<strong>da</strong>mentalmente, os mesmos para quaisquer quesejam os materiais utilizados. Em todos os casos o material a<strong>de</strong>sivo é aplicado,primeiramente, no estado plástico em um material sólido (o substrato). Após a aplicação, omaterial a<strong>de</strong>sivo modifica seu estado quimicamente e (na maioria <strong>da</strong>s vezes) fisicamente.Alguns como <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> assentamento, gessos, e <strong>revestimentos</strong> se solidificam; outroscomo os polímeros e os elastômeros ficam plásticos ou elásticos (ADDLESON, 1992).Os mecanismos <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência citados aqui não surgem isola<strong>da</strong>mente; apenas se apresentam emdiferentes graus <strong>de</strong> participação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do momento em que se analisa a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>geral e <strong>da</strong>s características particulares <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> material, tornando-se claro que a combinaçãoentre eles varia <strong>de</strong> um sistema para o outro.Em se tratando <strong>da</strong> relação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência nos sistemas <strong>de</strong> revestimento em <strong>argamassa</strong>, épossível se diferenciar todo o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> em três fasescomplementares:a) na a<strong>de</strong>são inicial, a <strong>argamassa</strong> permanece a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong> ao substrato momentaneamente após aaplicação, não significando a completa a<strong>de</strong>são do sistema a longo prazo, tendo a difusão ea adsorção <strong>de</strong> moléculas <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> nas pare<strong>de</strong>s dos poros do substrato comomecanismos prepon<strong>de</strong>rantes;b) na a<strong>de</strong>são, o processo <strong>de</strong> enrijecimento <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> caracteriza a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e ocorredurante o período <strong>de</strong> tempo no qual a <strong>argamassa</strong> está à espera do sarrafeamento, com adiminuição <strong>da</strong> plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> e o aumento <strong>da</strong> consistência <strong>da</strong> mesma;c) na a<strong>de</strong>rência, a <strong>argamassa</strong> começa a per<strong>de</strong>r água por evaporação para o ambiente e porsucção para o substrato, durante o processo <strong>de</strong> corte e sarrafeamento, e <strong>da</strong>í em diante até oendurecimento completo. Nesse momento, o mecanismo <strong>de</strong> intertravamento mecânicopassa a ser <strong>de</strong>terminante <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Uma vez que a <strong>argamassa</strong> molha a base através <strong>da</strong> pasta, parte <strong>da</strong> água <strong>de</strong> amassamento,contendo os aglomerantes em dissolução, é succiona<strong>da</strong> pelos poros <strong>da</strong> base. No interior<strong>de</strong>stes, ocorre a precipitação e hidratação dos silicatos e hidróxidos, seu conseqüenteendurecimento progressivo e a ancoragem <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> à base (SELMO, 1989). Amicroestrutura <strong>da</strong> interface <strong>argamassa</strong>-substrato é <strong>de</strong> suma importância para um bom<strong>de</strong>sempenho do revestimento; os compostos formados ali e as ligações físico-químicasexistentes ten<strong>de</strong>m a influenciar, em maior ou menor grau, as condições finais <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência.A a<strong>de</strong>rência, propriamente dita, se <strong>de</strong>fine como a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> que possibilita ao revestimento,por meio <strong>da</strong> interface <strong>argamassa</strong>-substrato, absorver e resistir a esforços normais etangenciais. Em outras palavras, representa a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do revestimento em manter-seestável, com ausência <strong>de</strong> fissuração e fixo ao substrato. É praticamente <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pelaconjunção <strong>de</strong> três proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s intrínsecas <strong>da</strong> interface <strong>argamassa</strong>-substrato: as resistências <strong>de</strong>


a<strong>de</strong>rência à tração, ao cisalhamento e a extensão do contato entre a <strong>argamassa</strong> e o substratoporoso (CARASEK, 1996) e (SELMO, 1989).O processo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência mecânica, <strong>de</strong> suma importância, vem seguido <strong>de</strong> outro fator tambémprepon<strong>de</strong>rante para o <strong>de</strong>senvolvimento do sistema, a extensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. Essa extensão é àmedi<strong>da</strong> que correspon<strong>de</strong> à razão entre a área <strong>de</strong> contato efetivo e a área total possível <strong>de</strong> seruni<strong>da</strong> entre a <strong>argamassa</strong> e uma base porosa. Essa extensão diminui à medi<strong>da</strong> que aumenta aocorrência <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> contato na interface <strong>argamassa</strong>-substrato.Apesar <strong>de</strong> ter a predominância do efeito do travamento mecânico dos cristais <strong>de</strong> etringita,oriundos <strong>da</strong> hidratação do cimento, nos poros do substrato, a a<strong>de</strong>rência do sistema<strong>argamassa</strong>-substrato poroso também é forma<strong>da</strong> pela presença <strong>de</strong> forças <strong>de</strong> ligação entre asmoléculas mais próximas dos dois materiais, bem como pela adsorção química <strong>de</strong> moléculas<strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> na superfície do substrato.6.4 AVALIAÇÃO DA ADERÊNCIA NOS REVESTIMENTOS DE ARGAMASSAA avaliação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência dos <strong>revestimentos</strong> é feita através <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong>strutivos <strong>de</strong>resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, por tração ou por cisalhamento, <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> prova cortadostransversalmente nos <strong>revestimentos</strong> obtendo-se valores <strong>de</strong> resistência à tração ou aocisalhamento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> direção <strong>de</strong> solicitação.Intuitivamente, nota-se que a a<strong>de</strong>rência é um requisito básico para um revestimento; por isso,existem alguns métodos que se propõem a mensurá-la, alguns consistem em raspar, cortar ou<strong>de</strong>scascar o material a<strong>de</strong>rido ao substrato, sendo que as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>afetam a medição.A resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência representa a máxima tensão que um revestimento suporta quandosubmetido a um esforço normal <strong>de</strong> tração. Essa resistência po<strong>de</strong> ser medi<strong>da</strong> por diversos tipos<strong>de</strong> aparelhos; apesar <strong>da</strong>s diferenças no tipo <strong>de</strong> mensuração, o princípio <strong>de</strong> gerar a carga <strong>de</strong>ruptura é o mesmo: consiste na imposição <strong>de</strong> um esforço <strong>de</strong> tração perpendicular aorevestimento a ser ensaiado. Comumente, se utilizam dinamômetros que po<strong>de</strong>m serautomáticos ou não.No Brasil, esse ensaio é o mais utilizado para se mensurar o <strong>de</strong>sempenho mecânico dorevestimento em <strong>argamassa</strong>, quando não é o único (na maioria dos casos). Isso é umproblema, lembrando-se que somente altas resistências <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração não representam,obrigatoriamente, <strong>revestimentos</strong> duráveis e a<strong>de</strong>quados ao uso pretendido.As especificações normativas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência prescrevem níveis mínimos <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>a<strong>de</strong>rência, sem mencionar algo sobre níveis máximos. É sabido que <strong>revestimentos</strong> comvalores altos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ten<strong>de</strong>m a apresentar, geralmente, um alto módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>,sendo mais rígidos e com maior grau <strong>de</strong> fissuração potencial por não conseguirem absorver as<strong>de</strong>formações impostas pelas movimentações termo-higroscópicas e estruturais.Existem duas Normas Brasileiras que referenciam a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, a NBR 13528(1995) que prescreve o método <strong>de</strong> ensaio <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração para<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s e tetos, fazendo uso <strong>de</strong> um equipamento <strong>de</strong> tração com aplicaçãolenta e progressiva <strong>da</strong> carga; e a NBR 13749 (1996) que <strong>de</strong>termina as especificaçõesnecessárias aos <strong>revestimentos</strong>, incluindo aí os limites mínimos <strong>de</strong> resultado <strong>de</strong>sse ensaio


(Tabela 6.1). O resultado <strong>de</strong>sse ensaio é <strong>da</strong>do em Megapascal (MPa) após o cálculo <strong>da</strong> média<strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>terminações.Tabela 6.1- Limites <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à tração para emboço e cama<strong>da</strong> únicaaplicados sobre pare<strong>de</strong>s, segundo a NBR 13749 (ABNT,1996)LOCALACABAMENTORESISTÊNCIA DEADERÊNCIA (MPa)Pare<strong>de</strong>InternaExternaPintura ou base para reboco ≥ 0,20Cerâmica ou laminado ≥ 0,30Pintura ou base para reboco ≥ 0,30Cerâmica ≥ 0,30O procedimento em si requer alguns cui<strong>da</strong>dos importantes como: manter o eixo <strong>de</strong> aplicação<strong>da</strong> carga perpendicular ao plano do revestimento, evitar trepi<strong>da</strong>ções do equipamento enquantoestiver conectado à pastilha e manter uma taxa constante <strong>de</strong> carregamento.Previamente ao ensaio, executa-se o <strong>de</strong>licado procedimento <strong>de</strong> corte do revestimento comuma serra-copo no sentido perpendicular ao plano <strong>da</strong> pare<strong>de</strong>. Depois, colam-se as pastilhasmetálicas aos corpos-<strong>de</strong>-prova com massa <strong>de</strong> poliéster ou outro a<strong>de</strong>sivo <strong>de</strong> rápidoendurecimento.Ao se cortar o revestimento, <strong>de</strong>ve-se cui<strong>da</strong>r para o fato <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> corte alcançar osubstrato, visto que não se <strong>de</strong>seja medir reações nas laterais <strong>da</strong>s amostras. A mu<strong>da</strong>nça na cordo pó e a sutil alteração <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fura<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>nunciam que o substrato foi alcançado.É válido salientar que os diferentes tipos <strong>de</strong> ruptura (Figura 6.3) que po<strong>de</strong>m ocorrer em umensaio como esses, evi<strong>de</strong>nciam processos diferentes: ao romper na interface <strong>argamassa</strong>substrato,mensura-se a real gran<strong>de</strong>za <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência; do contrário, ocorrem falhas por coesãodos materiais utilizados, evi<strong>de</strong>nciando que a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira é maior doque aquela medi<strong>da</strong>.(a) ruptura na interface <strong>argamassa</strong>/substrato;(b) ruptura no interior <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> revestimento;(c) ruptura no substrato;(d) ruptura na interface revestimento/cola;(e) ruptura na interface cola/pastilha metálica.Figura 6.3- Tipos <strong>de</strong> rupturas obti<strong>da</strong>s na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (NBR13528, 1995).6.5 VARIABILIDADE DOS VALORES DE ADERÊNCIAA a<strong>de</strong>rência entre <strong>argamassa</strong> e substrato se relaciona com a interação <strong>da</strong>s características eproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s intrínsecas aos dois materiais. Como os substratos convencionais, por si só, já


apresentam eleva<strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto às suas características é <strong>de</strong> se esperar que os ensaiosvisando à interface <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência apresentem altos coeficientes <strong>de</strong> variação.Por sua vez, o tratamento dos <strong>da</strong>dos resultantes dos ensaios <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência se torna uma tarefaum tanto quanto ingrata, visto que não se <strong>de</strong>ve aceitar apenas a média como parâmetro <strong>de</strong>referência (por causa <strong>da</strong> alta variabili<strong>da</strong><strong>de</strong>); porém, não existe um consenso sobre como seriauma nova maneira <strong>de</strong> se encarar esses conjuntos <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos tão dispersos.O simples fato <strong>de</strong> se realizar o ensaio <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência sobre uma junta <strong>de</strong>assentamento <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> alvenaria ou em cima dos próprios blocos já afeta o resultado doensaio. SCARTEZINI (2002) relata que observou valores mais altos nos corpos-<strong>de</strong>-provalocalizados sobre a junta e comprovou que os mesmos eram estatisticamente diferentes<strong>da</strong>queles ensaiados sobre os blocos em si.Ao se <strong>de</strong>terminar a amostragem <strong>de</strong> ensaio <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> revestimento, a confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>dos resultados é diminuí<strong>da</strong> pelo fato <strong>de</strong> a <strong>argamassa</strong> ser feita em batela<strong>da</strong>s (normalmente<strong>de</strong>zenas ou até centenas, em gran<strong>de</strong>s obras) e também por os componentes raramente serempesados e medidos com precisão (SARETOK, 1978). Po<strong>de</strong>-se trazer esse raciocínio para avariabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados dos ensaios <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, já que ca<strong>da</strong> batela<strong>da</strong> <strong>da</strong><strong>argamassa</strong> praticamente <strong>de</strong>fine novos parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, se a mesma não fora<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente controla<strong>da</strong>.Em pesquisa realiza<strong>da</strong> “in situ”, GONÇALVES (2004) encontrou uma variação média <strong>de</strong>52% que revelou ser natural à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência em revestimento <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>. Ométodo <strong>de</strong> ensaio preconizado pela NBR 13528 (1995), utilizado para mensurar a resistência<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência apresentou, por si só, uma variação intrínseca <strong>de</strong> 19%; adicionalmente, fatorescomo: processo executivo do revestimento, materiais utilizados, condições climáticas, <strong>de</strong>ntreoutros, respon<strong>de</strong>m por uma variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 33% nos resultados do ensaio.Existem alguns fatores que po<strong>de</strong>m exercer influência na variação <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência àtração nos <strong>revestimentos</strong> em <strong>argamassa</strong>, tais como: subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do oficial-pedreiro,materiais utilizados, parâmetros <strong>de</strong> produção, execução, microclima e procedimento <strong>de</strong> ensaio<strong>da</strong> resistência.A resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do grau <strong>de</strong> hidratação do cimento, <strong>da</strong> natureza <strong>da</strong>microestrutura <strong>da</strong> interface, e <strong>da</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência para transferir as cargas. A i<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> hidratação, condições <strong>de</strong> cura e a relação água/cimento (a/c) afetam o grau <strong>de</strong> hidrataçãodo cimento. A composição <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> e as características do bloco afetarão amicroestrutura <strong>da</strong> interface e a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. A resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rênciaresultante será função <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s essas variáveis (LAWRENCE & CAO, 1988).Em linhas gerais, no que concerne à resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, <strong>de</strong>ve-se buscar umacompatibilização <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do substrato com a <strong>argamassa</strong>. Esta compatibilizaçãosignifica que os materiais empregados <strong>de</strong>vem permitir obter proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s <strong>da</strong><strong>argamassa</strong> no estado fresco (trabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e retenção <strong>de</strong> água) e endurecido (a<strong>de</strong>rência e<strong>de</strong>formabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) que, juntamente com outras avaliações, po<strong>de</strong>m oferecer, <strong>de</strong>ntre outros,subsídios para análise <strong>da</strong> durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos materiais e <strong>da</strong>s técnicas construtivas emprega<strong>da</strong>s,<strong>de</strong> forma a garantir um <strong>de</strong>sempenho a<strong>de</strong>quado do revestimento.


7 – ASPECTOS DAS ARGAMASSAS PROJETADASEngª Carla Cristina Nascimento SantosEngª Daiane Vitória Machado RamosAs recentes inovações tecnológicas na construção civil, mais precisamente no setor <strong>de</strong>edificações, têm como objetivo principal racionalizar e otimizar os processos construtivos.Com o advento <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s, surgiu uma gran<strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas<strong>de</strong> produção e aplicação <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>, sendo que todos eles possuemvantagens e <strong>de</strong>svantagens intrínsecas ao método. A projeção mecaniza<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>spermite a execução <strong>de</strong> chapisco e a aplicação do emboço ou cama<strong>da</strong> única, agilizando aprodução dos <strong>revestimentos</strong> verticais <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> <strong>de</strong> cimento, permitindo a redução <strong>de</strong> mão<strong>de</strong>-obrae <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdícios, como também uma maior uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> características doproduto final, quando bem-utiliza<strong>da</strong>.Cabe salientar que a otimização efetiva do processo só é consegui<strong>da</strong>, se houver racionalizaçãodos outros subsistemas do edifício, principalmente as alvenarias e as estruturas <strong>de</strong> concreto.Como exemplo disso, observa-se que se a projeção mecaniza<strong>da</strong> for feita em uma alvenariasem prumo, a tendência é precisar-se <strong>de</strong> várias cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> para corrigir tal <strong>de</strong>feito,diminuindo assim a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo.7.1 OS SISTEMAS DE APLICAÇÃO DAS ARGAMASSASNo sistema <strong>de</strong> aplicação convencional, a <strong>argamassa</strong> é confecciona<strong>da</strong> na obra, para o caso <strong>de</strong>utilização <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong>, adiciona-se apenas a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água necessária àtrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, sendo transporta<strong>da</strong> através <strong>de</strong> carrinhos <strong>de</strong> mão e/ou giricas e éaplica<strong>da</strong> manualmente (colher <strong>de</strong> pedreiro).Po<strong>de</strong>-se observar como principais <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> produção:• Falta <strong>de</strong> homogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> características do revestimento produzido, já que atrabalhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> muito em função <strong>da</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> do operário emaplicar a mesma, ou seja, ca<strong>da</strong> operário <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> qual a consistência <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> lhe émais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>;• Carência <strong>de</strong> dosagem criteriosa <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s <strong>de</strong> cimento;• Ausência <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> escolha dos materiais que irão compor as mesmas, no caso <strong>de</strong><strong>argamassa</strong>s confecciona<strong>da</strong>s no próprio canteiro <strong>de</strong> obras;• Falta <strong>de</strong> controle tecnológico e <strong>de</strong> recebimento dos materiais constituintes <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>sexecuta<strong>da</strong>s.Além do mais, percebe-se que o sistema <strong>de</strong> aplicação convencional <strong>de</strong>man<strong>da</strong> muita mão-<strong>de</strong>obrae, em muitos casos, falta <strong>de</strong> agili<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo, evi<strong>de</strong>nciando-se assim o <strong>de</strong>sperdício eo aumento <strong>de</strong> custo para o construtor.No sistema <strong>de</strong> aplicação mecanizado, utilizam-se em geral <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s,constituí<strong>da</strong>s basicamente <strong>de</strong> cimento, agregado(s) e aditivos, adiciona-se a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> águanecessária à mistura e ao a<strong>de</strong>quado bombeamento <strong>da</strong> mesma. Os principais equipamentosusados atualmente para projeção são os projetores com recipiente acoplado e as bombas <strong>de</strong><strong>argamassa</strong> com misturador acoplado.


Os projetores com recipiente acoplado possuem pequenos recipientes on<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>ve inserir<strong>argamassa</strong> fresca que será projeta<strong>da</strong>. Alguns <strong>de</strong>sses projetores consistem em canecas fura<strong>da</strong>sconecta<strong>da</strong>s a um compressor. O operário <strong>de</strong>ve encher as canecas com <strong>argamassa</strong> e abrir o arcomprimido para a projeção. Ao injetar ar comprimido nas canecas, a <strong>argamassa</strong> é projeta<strong>da</strong>pelos furos.Nas bombas <strong>de</strong> projeção, a <strong>argamassa</strong> fresca é inseri<strong>da</strong> em câmaras existentes nosequipamentos, on<strong>de</strong> será bombea<strong>da</strong> através <strong>de</strong> um mangote e projeta<strong>da</strong> na pistola com auxílio<strong>de</strong> ar comprimido.Freqüentemente, são empregados dois tipos <strong>de</strong> bomba: tipo helicoi<strong>da</strong>l (Figura 7.1) e tipopistão (Figura 7.2). As bombas helicoi<strong>da</strong>is possuem um eixo helicoi<strong>da</strong>l (rosca sem fim) que,ao girar, expelem a <strong>argamassa</strong> para fora.Argamassa FrescaEixo Helicoi<strong>da</strong>lBico <strong>de</strong> ProjeçãoMangoteFigura 7.1 – Esquema <strong>de</strong> bomba do tipo helicoi<strong>da</strong>lFigura 7.2 – Esquema <strong>de</strong> bomba do tipo pistãoPara a produção do revestimento com projeção mecaniza<strong>da</strong> utilizando bomba <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>com eixo helicoi<strong>da</strong>l, <strong>de</strong>vem ser segui<strong>da</strong>s as etapas a seguir:1º Execução <strong>da</strong>s mestras que servirão <strong>de</strong> guias para as etapas <strong>de</strong> sarrafeamento;2º Projeção mecaniza<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> na base <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> (substituição ao processo<strong>de</strong> aplicação no sistema convencional);3º Logo após o procedimento <strong>de</strong> projeção mecaniza<strong>da</strong>, o operário executa uma espécie <strong>de</strong>sarrafeamento inicial, com uma régua mais conheci<strong>da</strong> como régua H, com o objetivoprincipal <strong>de</strong> retirar o excesso <strong>de</strong> material projetado na pare<strong>de</strong>, como também <strong>de</strong> fazer umaregularização inicial;4º Depois do procedimento <strong>de</strong>scrito acima, o operário espera até que a <strong>argamassa</strong> “puxe”,para então iniciar o processo <strong>de</strong> sarrafeamento, <strong>de</strong> forma similar ao que é feito no sistemaconvencional;5º Após o sarrafeamento, inicia-se a etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempeno, realiza<strong>da</strong> primeiramente comuma <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, e <strong>de</strong>pois com outra <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira metálica,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso.


Po<strong>de</strong>m-se observar como principais peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> produção:• Como mencionado anteriormente, para se ter realmente otimização com o processo <strong>de</strong>projeção mecaniza<strong>da</strong>, todos os outros subsistemas constituintes <strong>da</strong> edificação <strong>de</strong>vem seencontrar criteriosamente racionalizados.• Processo é altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do bom funcionamento do equipamento <strong>de</strong> projeção,bem como do suprimento contínuo <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>, quer seja industrializa<strong>da</strong> ou por silos.• Deve-se tomar cui<strong>da</strong>do quanto à espessura do revestimento projetado (que não <strong>de</strong>vesuperar 2 cm), sendo que para espessuras <strong>de</strong> revestimento maiores que 2 cm, este <strong>de</strong>ve serexecutado em duas ou mais cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> no máximo 2 cm – até a etapa <strong>de</strong> sarrafeamentocom a régua H – comprometendo-se assim a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema;• Nota-se claramente que há um retrabalho, ocasionado essencialmente do processo:primeiramente, projeta-se uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> maior que a necessária para <strong>de</strong>pois retirar oexcesso com a régua H (como <strong>de</strong>scrito acima), o que caracteriza um <strong>de</strong>sperdício e o<strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Uma pare<strong>de</strong> com muitos “recortes” <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>talhes arquitetônicos, também po<strong>de</strong>prejudicar a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> projeção mecaniza<strong>da</strong>;• É mais recomendável a utilização do processo <strong>de</strong> projeção mecanizado em obras <strong>de</strong> médioa gran<strong>de</strong> porte.7.2 ARGAMASSAS PRÓPRIAS PARA PROJEÇÃOAs <strong>argamassa</strong>s próprias para projeção <strong>de</strong>vem ter uma consistência mais flui<strong>da</strong> do que as<strong>argamassa</strong>s utiliza<strong>da</strong>s no sistema convencional, mas sem, no entanto, per<strong>de</strong>r a característica<strong>de</strong> plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, tão importante para a a<strong>de</strong>são inicial. Essa última característica <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>sno estado fresco, importante para o sistema <strong>de</strong> projeção em si, geralmente não é <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mentemensura<strong>da</strong> na prática, sendo a mesma executa<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma empírica e sem total precisão dofenômeno.Constatou-se (SANTOS, 2003) que a consistência, avalia<strong>da</strong> pelo aparelho vane test, semostrou a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> relaciona<strong>da</strong> diretamente aos mecanismos relativos às <strong>argamassa</strong>s cujafinali<strong>da</strong><strong>de</strong> é a projeção. A bombeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela consistência <strong>da</strong>mesma, <strong>de</strong> forma que, foram <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s as faixas limitantes <strong>de</strong> consistência (tabela 7.1) quepermitiram a a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> bombeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> três <strong>argamassa</strong>s emprega<strong>da</strong>s.Tabela 7.1 – Limites que <strong>de</strong>finiram a bombeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>sArgamassa LimitesTensão <strong>de</strong> Escoamento(KPa)*A Mínimo 0,49Máximo 0,86BMínimo 0,49Máximo 1,04CMínimo 0,47Máximo 1,26* A tensão <strong>de</strong> escoamento foi o índice <strong>de</strong> consistência utilizado neste trabalho, mensurado através doaparelho vane test. Assim, quanto maior a tensão <strong>de</strong> escoamento, maior a consistência <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>.Quando a consistência se apresentava abaixo dos limites mínimos expostos na tabela 7.1, as<strong>argamassa</strong>s apresentavam falha <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são inicial pelo excesso <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z, ao passo que se as


misturas ensaia<strong>da</strong>s apresentassem resultados <strong>de</strong> consistência superiores aos limites máximos,ocorreria a obstrução <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> no mangote e/ou rotor do equipamento.Os parâmetros mais importantes, quando <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s – asmais usa<strong>da</strong>s no processo <strong>de</strong> projeção mecanizado – são o teor <strong>de</strong> água, o tempo <strong>de</strong> mistura eas características dos agregados constituintes. O teor <strong>de</strong> água é importantíssimo, já que se a<strong>argamassa</strong> apresentar um excesso <strong>de</strong> água, a a<strong>de</strong>são inicial ao substrato estará completamentecomprometi<strong>da</strong> (a <strong>argamassa</strong> não “segura” na pare<strong>de</strong> por excesso <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z) e, além disso, teráa tendência <strong>de</strong> obstruir no mangote. Além do mais, foi observado que a adição em <strong>de</strong>masia <strong>de</strong>água, provoca uma menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ar incorporado, obtido através do aditivoincorporador <strong>de</strong> ar presente na maioria <strong>da</strong>s <strong>argamassa</strong>s industrializa<strong>da</strong>s.O tempo <strong>de</strong> mistura é importante justamente porque, quanto maior o tempo <strong>de</strong> mistura, maioro teor <strong>de</strong> ar incorporado pela mistura. Além <strong>de</strong> proporcionar uma maior flui<strong>de</strong>z <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong>,sem que seja preciso adicionar gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> água, o ar incorporado proporciona àmistura uma maior plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo essa característica importantíssima em se tratando <strong>de</strong>projetabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (já que influencia diretamente na a<strong>de</strong>são inicial do material ao substrato).As características granulométricas do agregado influenciam diretamente na consistência <strong>da</strong>s<strong>argamassa</strong>s. Assim, notou-se que, quanto maior a massa unitária e menor o volume <strong>de</strong> vaziosdos agregados utilizados, menor a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água requeri<strong>da</strong> para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> consistência.Argamassas com consistência muito alta (no caso do referido trabalho, com valores <strong>de</strong> tensão<strong>de</strong> escoamento maiores que 1,0 KPa) provocam a obstrução no mangote e/ou rotor, além <strong>de</strong>necessitar <strong>de</strong> altas pressões <strong>de</strong> projeção, po<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong>nificar assim a bomba do equipamento.A obstrução, quando ocasiona<strong>da</strong> por <strong>argamassa</strong>s com pouca flui<strong>de</strong>z (ou seja, falta <strong>de</strong> água), éorigina<strong>da</strong> provavelmente por uma concentração excessiva <strong>de</strong> sólidos (agregados) e peladiminuição <strong>de</strong> cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> lubrificação (ou seja, carência <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> cimento) entre a<strong>argamassa</strong> e as pare<strong>de</strong>s do mangote e entre cama<strong>da</strong>s subseqüentes <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>. As cama<strong>da</strong>s<strong>de</strong> lubrificação fazem com que o material <strong>de</strong>slize mais facilmente, promovendo obombeamento <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> (quando a <strong>argamassa</strong> encontra-se com uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> águaa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, a pasta <strong>de</strong> cimento serve como cama<strong>da</strong> lubrificante, diminuindo a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> domaterial e exigindo, assim, baixas pressões <strong>de</strong> bombeamento, tornando o materialbombeável). Já a concentração excessiva <strong>de</strong> agregados ocasiona o acréscimo <strong>da</strong> tensãofriccional que po<strong>de</strong> ser prepon<strong>de</strong>rante quando <strong>da</strong> obstrução <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> no mangote e/ourotor.As características granulométricas do agregado influenciam na maior ou menor contribuição<strong>da</strong> concentração excessiva <strong>de</strong> sólidos para a obstrução <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> no mangote e/ou rotor.Assim sendo, a <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong> que apresentou o agregado miúdo com menorvolume <strong>de</strong> vazios <strong>de</strong>mandou uma menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água para consistências similares, oque levou a uma maior concentração <strong>de</strong> sólidos.Outro tipo <strong>de</strong> obstrução é ocasionado com a situação exatamente oposta, quando existe umexcesso <strong>de</strong> água e conseqüentemente um excesso <strong>de</strong> pasta na mistura. A explicação para talfenômeno é que todo material tem uma pressão <strong>de</strong> segregação que faz com que, em condutosforçados, a fase mais flui<strong>da</strong> (neste caso, a pasta <strong>de</strong> cimento) se separe <strong>da</strong> fase sóli<strong>da</strong>(agregados). Se a pressão <strong>de</strong> bombeamento for maior do que essa pressão <strong>de</strong> segregação, vaihaver uma exsu<strong>da</strong>ção do material, <strong>de</strong> forma que quando o material for bombeado, ficarão


etidos na tubulação quase somente os agregados, ocasionando a obstrução por um fenômenosimilar ao explicado acima. Po<strong>de</strong>-se associar esse fenômeno mais precisamente a umafiltração <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> do que a um fenômeno <strong>de</strong> segregação propriamente dito, já que com apressão imposta pela bomba do equipamento, há uma filtração <strong>da</strong>s partículas mais finasjuntamente com a água em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong>s partículas mais grossas. Intuitivamente percebe-seque esta filtração ocorre muito mais facilmente em <strong>argamassa</strong>s que possuem um teor <strong>de</strong> águamuito elevado, ou que não apresentem nenhuma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto à segregação ou filtração.Sabe-se que algumas <strong>argamassa</strong>s, mesmo que industrializa<strong>da</strong>s, não são projetáveis, mesmoquando é adiciona<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong> água. Uma <strong>da</strong>s causas aponta<strong>da</strong>s para estefato é a falta <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que faz com que a pasta <strong>de</strong> cimento se separe facilmente <strong>da</strong> faseagregado, causando entupimento em máquinas usa<strong>da</strong>s em canteiro <strong>de</strong> obras, pelo acúmulo <strong>de</strong>material no mangote. Uma <strong>da</strong>s maneiras <strong>de</strong> aumentar a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mistura é a adição <strong>da</strong>cal, principalmente quando são usa<strong>da</strong>s areias brita<strong>da</strong>s (areias artificiais).Outra maneira <strong>de</strong> prevenir obstruções é a utilização <strong>de</strong> aditivos, principalmente os aditivosincorporadores <strong>de</strong> ar. Argamassas que possuem aditivos formadores <strong>de</strong> uma pequenapercentagem <strong>de</strong> ar incorporado, ou que não possuem tais aditivos, po<strong>de</strong>m, às vezes, provocarobstruções <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> bomba, uma vez que os vazios <strong>de</strong> ar incorporado <strong>de</strong>saparecem sob efeito<strong>da</strong> pressão; com isso, a <strong>argamassa</strong> per<strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z rapi<strong>da</strong>mente, ou seja, torna-se seca, <strong>de</strong>ixando<strong>de</strong> ser bombeável.7.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUTIVIDADE DO SISTEMA PORPROJEÇÃO MECANIZADANo que tange à produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> aplicação mecanizado vários questionamentostêm sido levantados. Com o intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os efeitos causados pela adoção <strong>de</strong>stesistema sobre a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, quando comparado com o sistema <strong>de</strong> aplicação convencional,foi realizado por RAMOS (2002) um estudo <strong>de</strong> caso em que se mensurou a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> emobras para os dois tipos <strong>de</strong> processos. Por meio <strong>de</strong>ste estudo, verificou-se que a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>parcial, ou seja, a relação m 2 /Hh (metro quadrado / homem x hora) em que se <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra otempo não produtivo, apresentou uma pequena diferença entre os dois sistemas analisados.Constatou-se que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do processo, as etapas <strong>de</strong> acabamento (sarrafeamento e<strong>de</strong>sempeno) consomem a maior parte do tempo produtivo. Dessa forma, a maior agili<strong>da</strong><strong>de</strong>consegui<strong>da</strong> pela projeção em relação à aplicação convencional não é tão significativa emrelação ao todo, o que justifica esta pequena diferença observa<strong>da</strong>.Entretanto, quando se consi<strong>de</strong>ra a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> diária, ou seja, a relação m 2 /Hh consi<strong>de</strong>randotodos os tipos <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s, o sistema mecanizado apresenta índices superiores ao doconvencional. Este fato está relacionado com a melhor logística que o processo mecanizadoexige para a sua implantação, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a organização <strong>da</strong>s equipes até a forma e local <strong>de</strong>estocagem <strong>da</strong> <strong>argamassa</strong> industrializa<strong>da</strong>.A avaliação <strong>de</strong> um novo processo construtivo, no caso, a projeção <strong>de</strong> <strong>argamassa</strong>, <strong>de</strong>ve enfocaraspectos relativos ao próprio material e às implicações que a sua adoção causam no canteiro.Uma mera comparação entre etapas equivalentes em sistemas diferentes, como a análise <strong>da</strong>produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s etapas <strong>de</strong> projeção em relação à aplicação convencional, po<strong>de</strong> representar<strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> o sistema como um todo, uma vez que a melhoria na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> dosistema mecanizado está mais relaciona<strong>da</strong> com a logística que a sua adoção exige do que como processo <strong>de</strong> projeção em si.


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