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Estabilidade das Dimensões e do Formato de Revestimentos ...

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<strong>Estabilida<strong>de</strong></strong> <strong>das</strong> Dimensões e <strong>do</strong> <strong>Formato</strong> <strong>de</strong><strong>Revestimentos</strong> Cerâmicos. Parte II: <strong>Formato</strong>.Fábio G. Melchia<strong>de</strong>s, Carolina Del Roveri, Jairo Sotério,Luciano L. Silva e Anselmo O. BoschiUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos (UFSCar)Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Materiais (DEMa)Laboratório <strong>de</strong> <strong>Revestimentos</strong> Cerâmicos (LaRC)Ro<strong>do</strong>via Washington Luiz, Km 235 - 13565-905 São Carlos - SPe-mail: daob@power.ufscar.brResumo: O controle <strong>das</strong> dimensões e formato <strong>do</strong>s revestimentos cerâmicos é fundamentalpara se garantir a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto. Produtos que apresentam significativas variaçõesdimensionais e/ou <strong>de</strong>svios da forma po<strong>de</strong>m prejudicar os efeitos estéticos obti<strong>do</strong>s com aspeças assenta<strong>das</strong>. Os parâmetros dimensionais também influenciam a seleção, estocagem edistribuição <strong>do</strong>s produtos, aumentan<strong>do</strong> os custos operacionais quan<strong>do</strong> se tem <strong>de</strong> trabalharcom várias bitolas. A obtenção <strong>de</strong> produtos capazes <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r os requisitos geométricos estádiretamente ligada às características <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> fabricação e com a estabilida<strong>de</strong> da massautilizada. O presente trabalho procura i<strong>de</strong>ntificar algumas <strong>das</strong> principais variáveis que influenciamas características geométricas <strong>das</strong> peças assim como os controles que contribuem parareduzir os <strong>de</strong>svios in<strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s. Na primeira parte, foram discuti<strong>do</strong>s os aspectos relaciona<strong>do</strong>scom a estabilida<strong>de</strong> dimensional <strong>do</strong>s produtos, enfocan<strong>do</strong>-se a composição da massa, sua sensibilida<strong>de</strong>à temperatura e os efeitos da compactação. Na segunda parte, a mesma análise érealizada para algumas <strong>das</strong> variáveis que afetam o formato <strong>das</strong> peças.Palavras-chaves: <strong>de</strong>feitos, normas, <strong>de</strong>formação piroplástica, curvaturaIntroduçãoConforme menciona<strong>do</strong> na primeira parte <strong>de</strong>ste trabalho,as normas ISO 13006 / NBR 13818 estabelecem umasérie <strong>de</strong> exigências para a certificação <strong>de</strong> revestimentoscerâmicos. Dentro <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> características necessárias,estão as proprieda<strong>de</strong>s geométricas. As consi<strong>de</strong>raçõesreferentes às dimensões <strong>do</strong> produto foram aborda<strong>das</strong> naprimeira parte <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>.A forma <strong>do</strong>s revestimentos cerâmicos é <strong>de</strong>terminadaatravés da ortogonalida<strong>de</strong>, da retitu<strong>de</strong> lateral e daplanarida<strong>de</strong>. A ortogonalida<strong>de</strong> diz respeito aos ângulos noscantos <strong>das</strong> peças, enquanto que a retitu<strong>de</strong> lateral se refereao alinhamento <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>das</strong> peças. Industrialmente osproblemas <strong>de</strong> retitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s são conheci<strong>do</strong>s como “barril”ou “luneta”.A planarida<strong>de</strong> é avaliada através da curvatura central,da curvatura lateral e <strong>do</strong> empeno. É importante distinguiras diferentes características que <strong>de</strong>finem a forma <strong>do</strong>s revestimentoscerâmicos, visto que existe uma certa confusãoentre as mesmas e as medi<strong>das</strong> necessárias para a correção<strong>do</strong>s problemas advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong>svios <strong>de</strong>stas característicassão consi<strong>de</strong>ravelmente diferentes. A Figura 1representa <strong>de</strong> maneira esquemática as diferentes característicasque <strong>de</strong>terminam a forma <strong>do</strong>s revestimentoscerâmicos.Os limites <strong>de</strong> tolerância admiti<strong>do</strong>s para cada uma <strong>das</strong>características geométricas variam em função <strong>do</strong> tamanho<strong>das</strong> peças, da classe <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água e <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>conformação. Na Tabela I são representa<strong>do</strong>s os limites estabeleci<strong>do</strong>spor norma 1 para a variação <strong>de</strong> cada uma <strong>das</strong>características que <strong>de</strong>terminam a forma <strong>de</strong> revestimentosconforma<strong>do</strong>s por prensagem (grupo B). Verifica-se que oslimites são ligeiramente mais tolerantes para os produtos<strong>de</strong> pequenos formatos (Área inferior a 90 cm 2 ) e mais estreitospara os produtos da classe BIII, on<strong>de</strong> se almeja umaprecisão dimensional maior que nos <strong>de</strong>mais produtos. Convémlembrar, no entanto, que aten<strong>de</strong>r as especificações <strong>das</strong>Cerâmica Industrial, 6 (6) Novembro/Dezembro, 2001 11


Tabela I. Especificações para as características geométricas, relativas ao formato, <strong>de</strong> revestimentos conforma<strong>do</strong>s por prensagem,segun<strong>do</strong> as normas ISO 13006 / NBR 13818.Características Classes BIa, BIb, BIIa e BIIb Classe BIIIGeométricas S < 90 cm 2 S > 90 cm 2 Sem espaça<strong>do</strong>r Com espaça<strong>do</strong>rRetitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s ± 0,75% ± 0,5% ± 0,3% ± 0,3%Ortogonalida<strong>de</strong> ± 1,0% ± 0,6% ± 0,5% ± 0,3%Curvatura central ± 1,0% ± 0,5% + 0,5% / -0,3% + 0,8% / - 0,2%Curvatura lateral ± 1,0% ± 0,5% + 0,5% / -0,3% + 0,8% / - 0,2%Empeno ± 1,0% ± 0,5% ± 0,5% S< 250 : 0,50%S> 250 : 0,75%Figura 1. Representação <strong>das</strong> características geométricas que <strong>de</strong>terminam a forma <strong>do</strong> produto.normas constitui apenas um ponto <strong>de</strong> partida para a fabricação<strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.O Controle <strong>do</strong> <strong>Formato</strong>Levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração que os estampos <strong>das</strong> prensasestejam perfeitamente ajusta<strong>do</strong>s e que não tenham sofri<strong>do</strong><strong>de</strong>sgastes, as peças recém conforma<strong>das</strong> possuem oformato mais regular possível. A partir <strong>de</strong> então, as sucessivasetapas <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> fabricação não <strong>de</strong>vem alterar<strong>de</strong> maneira significativa o formato <strong>das</strong> peças para que oproduto acaba<strong>do</strong> continue apresentan<strong>do</strong> o formato <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>.De maneira análoga, se alguma <strong>das</strong> etapas <strong>do</strong> processo<strong>de</strong> fabricação altera o formato <strong>das</strong> peças <strong>de</strong> maneiramarcante, é conveniente que em alguma <strong>das</strong> etapas sucessivasocorra a reversão da alteração <strong>de</strong> formato produzida,<strong>de</strong> tal maneira que o produto acaba<strong>do</strong> continue apresen-12 Cerâmica Industrial, 6 (6) Novembro/Dezembro, 2001


Figura 3. Efeitos da temperatura <strong>de</strong> queima sobre a <strong>de</strong>formaçãopiroplástica.Figura 4. Relação entre a absorção <strong>de</strong> água <strong>do</strong> produto e a <strong>de</strong>formaçãopiroplástica.Figura 5. Efeitos da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente antes da queima sobre a<strong>de</strong>formação piroplástica.Deformações Causa<strong>das</strong> porRetrações DiferenciaisDurante a etapa <strong>de</strong> queima, as peças estão constantementesubmeti<strong>das</strong> a variações <strong>de</strong> tamanho, que ocorrem emconseqüência <strong>das</strong> reações que se processam em seu interior.Se uma mesma peça apresenta retrações <strong>de</strong> diferentes magnitu<strong>de</strong>sao longo <strong>de</strong> sua extensão, o produto acaba<strong>do</strong> po<strong>de</strong>apresentar <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> seu formato original, geran<strong>do</strong> probleliza<strong>do</strong>.Além da temperatura na zona <strong>de</strong> queima, a velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> aquecimento e o tempo <strong>de</strong> permanência <strong>das</strong> peçasna temperatura máxima são variáveis que também po<strong>de</strong>mexercer influência sobre a <strong>de</strong>formação piroplástica, poisesta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho térmico a que a peça é submetida5 .Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> vitrificação que ocorredurante a queima, observa-se que a <strong>de</strong>formação piroplásticasó começa a se manifestar <strong>de</strong> maneira pronunciada quan<strong>do</strong>se atinge eleva<strong>do</strong>s graus <strong>de</strong> vitrificação. A Figura 4exemplifica este efeito, através da avaliação da <strong>de</strong>formaçãopiroplástica em função da absorção <strong>de</strong> água <strong>de</strong> umamassa <strong>de</strong> semi-grês. Enquanto a absorção <strong>de</strong> água <strong>do</strong> produtoé superior a 2,0%, ocorre um aumento lento e gradualda <strong>de</strong>formação piroplástica à medida que se reduz a absorção<strong>de</strong> água <strong>do</strong> produto. No entanto, quan<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong>vitrificação torna-se eleva<strong>do</strong> (absorção <strong>de</strong> água inferior a2,0%) ocorre um aumento drástico da <strong>de</strong>formaçãopiroplástica. Produtos que apresentam este grau <strong>de</strong>vitrificação requerem um cuida<strong>do</strong> especial na fabricaçãopara se evitar a distorção <strong>do</strong> formato <strong>das</strong> peças. Em produtos<strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água mais elevada, a preocupação émenor, visto que a <strong>de</strong>formação piroplástica se manifesta<strong>de</strong> maneira mais branda, entretanto também po<strong>de</strong> ocorrer.Na fabricação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> baixa porosida<strong>de</strong> (grêsporcelanato, semi-grês), o aumento da compactação da massaé uma alternativa interessante para a minimização da <strong>de</strong>formaçãopiroplástica. Conforme se verifica através da Figura5, as peças que apresentam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mais elevada antesda queima favorecem a obtenção <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> mesmaabsorção <strong>de</strong> água, porém com uma <strong>de</strong>formação piroplásticainferior. As peças <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente possuem ummenor volume <strong>de</strong> poros antes da queima e, portanto, necessitam<strong>de</strong> uma quantida<strong>de</strong> menor <strong>de</strong> fases líqui<strong>das</strong> para atingira absorção <strong>de</strong> água <strong>de</strong>sejada. Neste senti<strong>do</strong>, em produtosgresifica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ve-se objetivar a obtenção da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>aparente mais elevada possível durante a conformação e estabelecerum controle rigoroso <strong>do</strong> processo para se evitarvariações da compactação da massa, visto que o formato <strong>do</strong>produto po<strong>de</strong> ser altamente comprometi<strong>do</strong>.De maneira análoga, a distribuição <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> partículas5,6 da massa também influencia o <strong>de</strong>senvolvimentoda <strong>de</strong>formação piroplástica. Seus efeitos afetam a velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> vitrificação <strong>do</strong> produto e po<strong>de</strong>m influenciar tambéma viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> fases líqui<strong>das</strong> forma<strong>das</strong>. Assim, asconseqüências da variação da granulometria da massa sobrea <strong>de</strong>formação piroplástica estão diretamente liga<strong>das</strong> àsparticularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada composição. De qualquer forma,o controle <strong>do</strong> teor <strong>de</strong> resíduo da massa assume particularrelevância na fabricação <strong>de</strong> produtos gresifica<strong>do</strong>s paraimpedir a <strong>de</strong>scaracterização <strong>de</strong> seu formato.14 Cerâmica Industrial, 6 (6) Novembro/Dezembro, 2001


mas <strong>de</strong> ortogonalida<strong>de</strong> e retitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s.Existem duas causas relevantes que po<strong>de</strong>m fazer comque uma peça apresente retrações diferenciais entre as regiõesque a constituem:• Gradientes <strong>de</strong> temperatura no interior <strong>do</strong> forno / seca<strong>do</strong>r;• Heterogeneida<strong>de</strong>s no corpo prensa<strong>do</strong> (variações <strong>de</strong><strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nas diferentes regiões <strong>de</strong> uma mesmapeça).No primeiro caso, o problema po<strong>de</strong> ser minimiza<strong>do</strong> ouelimina<strong>do</strong> pela regulagem <strong>do</strong> forno 3 . De uma maneira geral,po<strong>de</strong>-se dizer que é possível minimizar as variações<strong>de</strong> formato através da minimização <strong>do</strong>s gradientes <strong>de</strong> temperaturano interior <strong>do</strong> forno.O mesmo tipo <strong>de</strong> problema po<strong>de</strong> se manifestar em umforno perfeitamente regula<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> ocorrem heterogeneida<strong>de</strong>sna compactação <strong>das</strong> peças durante a prensagem.Deve-se almejar a obtenção <strong>de</strong> peças que apresentam omesmo grau <strong>de</strong> compactação em to<strong>das</strong> as suas regiões. Noentanto, em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ajustes mecânicos da prensa ouem <strong>de</strong>corrência <strong>das</strong> características <strong>do</strong>s grânulos da massa,gradientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nas peças prensa<strong>das</strong> po<strong>de</strong>m ocorrer.A i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ste problema po<strong>de</strong> ser feita atravésda instalação <strong>de</strong> um controle periódico no processo <strong>de</strong> fabricação,fazen<strong>do</strong>-se uso <strong>de</strong> um penetrômetro, ou se possível,<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>-se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente <strong>de</strong> partes <strong>das</strong>peças através <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> um sistema apropria<strong>do</strong> (imersãoem mercúrio) 7 .Com relação às características <strong>das</strong> prensas, é fundamentalque a pressão aplicada seja a mesma ao longo <strong>de</strong>toda a superfície da peça. Além disso, a sincronia entre ocarregamento, a movimentação da grelha e a aplicação dapressão <strong>de</strong> compactação, afetam a uniformida<strong>de</strong> <strong>do</strong> preenchimento<strong>do</strong>s estampos e po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar a homogeneida<strong>de</strong>da peça conformada. Com relação à massa, énecessário que em sua preparação, a granulação seja suficientementeefetiva para gerar grânulos que apresentema maior flui<strong>de</strong>z possível.A flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s grânulos po<strong>de</strong> ser medida diretamenteatravés <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> funil, ou indiretamente através <strong>do</strong>Índice <strong>de</strong> Hausner 8 . Para maximizar a flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s grânulos,<strong>de</strong>ve-se reduzir ao máximo o atrito entre os mesmos.Este resulta<strong>do</strong> se obtém através <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> grânulos <strong>de</strong> formatoregular (o mais esférico possível) e com uma altaparticipação <strong>de</strong> grânulos grossos.Na Tabela II são apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Índice<strong>de</strong> Hausner <strong>de</strong> massas granula<strong>das</strong> por meio <strong>de</strong> <strong>do</strong>is procedimentosdiferentes. A flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s grânulos aumenta à medidaem que o Índice <strong>de</strong> Hausner se aproxima <strong>de</strong> 1,0. Comparan<strong>do</strong>a flui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> uma massa atomizada com outra granuladapor via seca, nota-se uma gran<strong>de</strong> diferença entre aflui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s pós obti<strong>do</strong>s. A maior flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s grânulosatomiza<strong>do</strong>s permite um preenchimento mais uniforme <strong>do</strong>sestampos e a prensagem <strong>de</strong> peças mais uniformes. Em <strong>de</strong>corrência<strong>das</strong> limitações <strong>do</strong>s granula<strong>do</strong>res utiliza<strong>do</strong>s noprocesso via seca, a fabricação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sformatos torna-se mais difícil.A intensida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>de</strong>formações provoca<strong>das</strong> por variaçõesda <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente resultantes <strong>do</strong> preenchimentonão uniforme <strong>do</strong>s estampos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> grau <strong>de</strong>gresificação <strong>das</strong> peças durante a queima. Visan<strong>do</strong> ilustraros efeitos <strong>do</strong>s gradientes <strong>de</strong> compactação sobre o formato<strong>do</strong> produto, realizou-se um experimento em que foram produzi<strong>do</strong>sintencionalmente gradientes severos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>durante a prensagem <strong>de</strong> peças no formato <strong>de</strong> (17 x 15)cm. O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> com uma massa <strong>de</strong> grês e outrautilizada para a fabricação <strong>de</strong> revestimentos semi-porosos.A queima foi realizada em forno <strong>de</strong> laboratório nascondições específicas <strong>de</strong> cada produto.Na figura 6 são apresenta<strong>das</strong> as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s em diferentesregiões <strong>das</strong> peças e fotos <strong>das</strong> mesmas após a queima.Nota-se uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scaracterização <strong>do</strong> formato <strong>das</strong>peças, especialmente na massa <strong>de</strong> grês.Os resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser melhor analisa<strong>do</strong>s através daTabela III, on<strong>de</strong> se representam as características relativasao formato <strong>das</strong> peças produzi<strong>das</strong> nas condições acima <strong>de</strong>scritas.A análise foi realizada em um dataplucômetro, porcomparação com um padrão metálico apropria<strong>do</strong>. Observa-seque as peças apresentaram <strong>de</strong>svios consi<strong>de</strong>ráveis emrelação aos limites estabeleci<strong>do</strong>s pela norma, sen<strong>do</strong> quena massa <strong>de</strong> grês a imprecisão <strong>de</strong> formato foi muito maior<strong>do</strong> que na massa <strong>de</strong> revestimento semi-poroso. Os maioresTabela II. Índice <strong>de</strong> Hausner <strong>de</strong> massas prepara<strong>das</strong> por méto<strong>do</strong>sdiferentes.MassasÍndice <strong>de</strong> HausnerAtomizada 1,14 ± 0,01Granulada (via seca) 1,47 ± 0,02Figura 6. Relação entre o gradiente <strong>de</strong> compactação e o formato<strong>do</strong> produto queima<strong>do</strong> para duas massas distintas.Cerâmica Industrial, 6 (6) Novembro/Dezembro, 2001 15


<strong>de</strong>svios aconteceram na ortogonalida<strong>de</strong> e na retitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>sla<strong>do</strong>s. As características que <strong>de</strong>terminam a planarida<strong>de</strong> <strong>do</strong>produto (curvatura central, curvatura lateral e empeno)apresentaram <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> menor magnitu<strong>de</strong>.Com base nestes resulta<strong>do</strong>s, é possível dizer que o controleda uniformida<strong>de</strong> da compactação <strong>das</strong> peças é fundamentalpara assegurar a fabricação <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> formato<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. A falta <strong>de</strong> controle sobre a homogeneida<strong>de</strong><strong>das</strong> peças prensa<strong>das</strong> po<strong>de</strong> causar <strong>de</strong>feitos no produto acaba<strong>do</strong>,sobretu<strong>do</strong> aqueles <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s “barril”, “luneta” e“esquadro”. Os produtos altamente vitrifica<strong>do</strong>s (<strong>de</strong> baixaabsorção <strong>de</strong> água) são mais sensíveis à manifestação <strong>de</strong>stes<strong>de</strong>feitos em virtu<strong>de</strong> da maior retração linear que apresentamna queima e, principalmente, <strong>do</strong> efeito mais pronuncia<strong>do</strong>que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a ver<strong>de</strong> exerce sobre estaproprieda<strong>de</strong>.Curvaturas Gera<strong>das</strong> noAcoplamento Massa-EsmalteA planarida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s revestimentos cerâmicos é especificadapelas normas ISO 13006/NBR 13818 através <strong>do</strong>empeno e <strong>das</strong> curvaturas central e lateral. O empeno, conformemenciona<strong>do</strong> anteriormente, po<strong>de</strong> se tornar mais pronuncia<strong>do</strong>quan<strong>do</strong> surgem problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formaçãopiroplástica.Para ajustar as curvaturas central e lateral, além <strong>do</strong>srecursos disponíveis no forno, o ajuste <strong>do</strong> acoplamento<strong>das</strong> cama<strong>das</strong> <strong>de</strong> esmalte e engobe com o suporte cerâmicopo<strong>de</strong> ser uma alternativa interessante. Este assunto já foiaborda<strong>do</strong> com maior riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes em outras ocasiões9 e será trata<strong>do</strong> apenas superficialmente neste trabalho.Na própria aplicação <strong>das</strong> cama<strong>das</strong> <strong>de</strong> engobe e esmaltejá são gera<strong>das</strong> tensões na interface com o suporte cerâmico,causa<strong>das</strong> pela perda <strong>de</strong> água <strong>das</strong> cama<strong>das</strong> aplica<strong>das</strong> a úmi<strong>do</strong>2 . No entanto, é durante a queima que se manifestam ascurvaturas <strong>de</strong> maior relevância para o formato <strong>do</strong> produtofinal. A maior parte <strong>do</strong>s trabalhos publica<strong>do</strong>s 10 envolveapenas o acoplamento massa-esmalte, cuja teoria é bastanteconhecida.Durante o aquecimento da peça no forno, o suporte e ovidra<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m sofrer dilatações incompatíveis, pois nessaetapa o vidra<strong>do</strong> amolece sobre o suporte e passa a comportar-secomo um líqui<strong>do</strong> que acompanha as variaçõesdimensionais que o suporte apresenta. Este esta<strong>do</strong> permaneceaté uma <strong>de</strong>terminada etapa <strong>do</strong> resfriamento <strong>do</strong> forno,on<strong>de</strong> o vidra<strong>do</strong> volta a comportar-se como um sóli<strong>do</strong> eapresenta a sua própria retração. A partir <strong>de</strong>ste instante, seo suporte e o vidra<strong>do</strong> apresentarem retrações incompatíveis,serão gera<strong>das</strong> tensões na interface <strong>das</strong> cama<strong>das</strong>. Acurvatura se <strong>de</strong>senvolve a partir <strong>de</strong> então, visan<strong>do</strong> aliviaras tensões <strong>de</strong>senvolvi<strong>das</strong>.A temperatura em que o vidra<strong>do</strong> volta a comportar-secomo um sóli<strong>do</strong> é <strong>de</strong>nominada temperatura <strong>de</strong> acoplamentoefetivo. Tal temperatura po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada como amédia entre a temperatura <strong>de</strong> transformação vítrea (Tg) ea temperatura <strong>de</strong> amolecimento <strong>do</strong> vidra<strong>do</strong> (Tr).A Figura 7 representa o acoplamento <strong>de</strong> um vidra<strong>do</strong> aum suporte, on<strong>de</strong> se acompanham as variações dimensionaissofri<strong>das</strong> pelos <strong>do</strong>is elementos abaixo da temperatura<strong>de</strong> acoplamento efetivo. Se o vidra<strong>do</strong> retrai mais que osuporte a partir <strong>de</strong>sta temperatura, surge uma tensão <strong>de</strong>compressão sobre o suporte e <strong>de</strong> tração sobre o vidra<strong>do</strong>.Conseqüentemente a peça adquire uma curvatura convexa.Para a situação oposta, quan<strong>do</strong> o suporte retrai mais <strong>do</strong>que o vidra<strong>do</strong>, o primeiro permanece sob tração e o segun<strong>do</strong>sob compressão, geran<strong>do</strong> curvatura côncava nas peças.Deste mo<strong>do</strong>, o acor<strong>do</strong> esmalte-suporte po<strong>de</strong> ser avalia<strong>do</strong>experimentalmente através da comparação <strong>das</strong> curvasdilatométricas <strong>do</strong> suporte e <strong>do</strong> vidra<strong>do</strong>. Nesse ponto consi<strong>de</strong>ra-seque a expansão sofrida por um material no aquecimentoé numericamente igual à retração sofrida pelomesmo no resfriamento para uma dada faixa <strong>de</strong> temperatura.Neste senti<strong>do</strong>, o controle da expansão térmica <strong>do</strong> suportee <strong>do</strong> vidra<strong>do</strong> assume particular importância para ocontrole da curvatura e para evitar o gretamento da camada<strong>de</strong> vidra<strong>do</strong>.No entanto, na maior parte <strong>do</strong>s revestimentos cerâmicos,utiliza-se uma camada <strong>de</strong> engobe intermediária entrea massa e o esmalte. Os estu<strong>do</strong>s 9 realiza<strong>do</strong>s até o momento<strong>de</strong>monstraram que há uma relação direta entre as característicasda camada <strong>de</strong> engobe e a curvatura <strong>de</strong>senvolvida,pois peças produzi<strong>das</strong> com a mesma massa e o mesmo es-Tabela III. Caracterização <strong>do</strong> formato <strong>do</strong>s revestimentos semiporosose gresifica<strong>do</strong>s testa<strong>do</strong>s.Características Especificações Semi-poroso GrêsRetitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s ± 0,5% 0,4 % 0,9%Ortogonalida<strong>de</strong> ± 0,6% 0,9% 3,5%Curvatura central ± 0,5% 0,2% 0,6%Curvatura lateral ± 0,5% 0,6% -0,4 %Empeno ± 0,5% 0,2% 0,4%Figura 7. Acoplamento esmalte-suporte.16 Cerâmica Industrial, 6 (6) Novembro/Dezembro, 2001


Tabela IV. Medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> curvaturas centrais em produtos fabrica<strong>do</strong>scom diferentes engobes.Produtos Curvatura central (%)Engobe I 0,11 / 0,05Engobe II 0,18 / 0,11Engobe III 0,28 / 0,22Figura 8. Análise dilatométrica <strong>do</strong>s engobes utiliza<strong>do</strong>s.malte po<strong>de</strong>m apresentar curvaturas radicalmente diferentesquan<strong>do</strong> se alteram as características <strong>do</strong> engobe utiliza<strong>do</strong>.Na Tabela IV apresentam-se alguns resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> testesefetua<strong>do</strong>s em um produto obti<strong>do</strong> a partir da mesmamassa e <strong>do</strong> mesmo esmalte, porém com engobes diferentes.As curvas dilatométricas <strong>do</strong>s três engobes utiliza<strong>do</strong>sencontram-se representa<strong>das</strong> na Figura 8, on<strong>de</strong> se verificaque não existiam diferenças consi<strong>de</strong>ráveis entre os mesmos.Observa-se que os produtos apresentaram curvaturascentrais consi<strong>de</strong>ravelmente diferentes, mesmo fazen<strong>do</strong>-seuso <strong>de</strong> engobes com a mesma dilatação térmica. Este resulta<strong>do</strong>comprova a importância <strong>do</strong> engobe para o controleda curvatura <strong>do</strong>s revestimentos cerâmicos e ainda evi<strong>de</strong>nciaque o controle <strong>de</strong> sua dilatação térmica não ésuficiente para garantir a planarida<strong>de</strong> <strong>das</strong> peças. Os estu<strong>do</strong>smais recentes têm indica<strong>do</strong> que a fusibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sengobes também po<strong>de</strong> afetar <strong>de</strong> maneira significativa o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> curvaturas nos revestimentoscerâmicos.Comentários FinaisComo <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> nesta série <strong>de</strong> artigos há vários fatoresque influenciam as dimensões e o formato <strong>do</strong>s revestimentoscerâmicos. Assim sen<strong>do</strong>, para se manter essascaracterísticas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s em primeirolugar é preciso conhecer to<strong>das</strong> as causas possíveis. A partir<strong>de</strong>sse conhecimento e <strong>das</strong> peculiarida<strong>de</strong>s da ocorrênciapo<strong>de</strong>-se então procurar i<strong>de</strong>ntificar quais as causas maisprováveis. I<strong>de</strong>ntifica<strong>das</strong> as prováveis causas <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sviosobserva<strong>do</strong>s é preciso que se compreenda como a distorçãoocorre para que se possa i<strong>de</strong>ntificar as possíveis soluções.Nesse senti<strong>do</strong> esta série <strong>de</strong> trabalhos procurou resumidamenteesclarecer como algumas <strong>das</strong> principais causas <strong>das</strong>variações dimensionais e <strong>de</strong> formato levam a essasdistorções. Espera-se que através <strong>de</strong> um melhor entendimento<strong>de</strong>sses fenômenos os técnicos responsáveis possammais facilmente i<strong>de</strong>ntificar as maneiras mais eficazes <strong>de</strong>controlar essas características.Para finalizar cabe ainda salientar que os limites estabeleci<strong>do</strong>spor norma são relativamente bran<strong>do</strong>s e que asempresas que realmente se preocupam com a qualida<strong>de</strong><strong>do</strong>s seus produtos a<strong>do</strong>tam internamente limites consi<strong>de</strong>ravelmentemais rígi<strong>do</strong>s.Referências Bibliográficas1. DRAFT 13006 – “Ceramic Tiles. The InternationalStandards” – Ed. Int. CERLabs, 1992.2. 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