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Carlos Drummond de Andrade * 31/10/1902 – + 17/08 ... - Outorga

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<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seupoema Sentimental é <strong>de</strong>clamado na conferência "Poesia Mo<strong>de</strong>rníssima do Brasil", feitano curso <strong>de</strong> férias da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras <strong>de</strong> Coimbra, pelo professor da Ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>Estudos Brasileiros, Dr. Manoel <strong>de</strong> Souza Pinto, no contexto da política <strong>de</strong> difusão daliteratura brasileira nas Universida<strong>de</strong>s Portuguesas.Durante a maior parte da vida, <strong>Drummond</strong> foi funcionário público, embora tenhacomeçado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se <strong>de</strong>u em 1987 no Rio<strong>de</strong> Janeiro, doze dias após a morte <strong>de</strong> sua filha. Além <strong>de</strong> poesia, produziu livros infantis,contos e crônicas.<strong>Drummond</strong> e o mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro<strong>Drummond</strong>, como os mo<strong>de</strong>rnistas,segue a libertação proposta por Mário e Oswald <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong>; com a instituição do verso livre, mostrando que este não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um metrofixo. Se dividirmos o mo<strong>de</strong>rnismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra maisobjetiva e concreta, <strong>Drummond</strong> faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong>.A poesia <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong>Estátuas Dois poetas, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto AlegreEm pé, <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Sentado, Mário Quintana.<strong>Drummond</strong> tinha um livro <strong>de</strong> bronze nas mãos, que foi roubado. As pessoas agoracolocam sempre um livro nas mãos do poeta. Na foto, o livro que está com ele é "Diário <strong>de</strong>um Ladrão", do Jean Genet.Quando se diz que <strong>Drummond</strong> foi o primeiro gran<strong>de</strong> poeta a se afirmar <strong>de</strong>pois dasestreias mo<strong>de</strong>rnistas, não se está querendo dizer que <strong>Drummond</strong> seja um mo<strong>de</strong>rnista.De fato herda a liberda<strong>de</strong> linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas.Mas vai além. "A obra <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge <strong>de</strong> Lima,Herberto Hel<strong>de</strong>r ou Murilo Men<strong>de</strong>s — um coeficiente <strong>de</strong> solidão, que o <strong>de</strong>spren<strong>de</strong> dopróprio solo da História, levando o leitor a uma atitu<strong>de</strong> livre <strong>de</strong> referências, ou <strong>de</strong> marcasi<strong>de</strong>ológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 3


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>De notícias & não-notícias faz-se a crônica (1974)Os dias lindos (1977)70 historinhas (1978)Contos plausíveis (1981)Boca <strong>de</strong> luar (1984)O observador no escritório (1985)Tempo vida poesia (1986)Moça <strong>de</strong>itada na grama (1987)O avesso das coisas (1988)Auto-retrato e outras crônicas (1989)As histórias das muralhas (1989)Representações na cultura<strong>Drummond</strong> já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por<strong>Carlos</strong> Gregório e Pedro Lito no filme Poeta <strong>de</strong> Sete Faces (2002) e Ivan Fernan<strong>de</strong>s naminissérie JK (2006).Também teve sua efígie impressa nas notas <strong>de</strong> NCz$ 50,00 (cinquenta cruzados novos) emcirculação no Brasil entre 1988 e 1990.Atualmente, também, há representações em Esculturas do Escritor, como é o caso dasestátuas 'Dois poetas', na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, e também 'O Pensador, na praia <strong>de</strong>Copacabana no Rio <strong>de</strong> Janeiro, além <strong>de</strong> um memorial em sua homenagem da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Itabira.Dois poetas', na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto AlegreO Pensador, na praia <strong>de</strong> Copacabana - RJNascimentoMorteNacionalida<strong>de</strong>Ocupação<strong>31</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1902</strong> - Itabira, Minas Gerais<strong>17</strong> <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1987 - (84 anos) Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJbrasileirapoeta, contistaEscola/tradição Mo<strong>de</strong>rnismoFonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/<strong>Carlos</strong>_<strong>Drummond</strong>_<strong>de</strong>_Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 6


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>LP – Poemas <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>interpretados por Lima Duarte - Músicas <strong>de</strong> Roberto CorrêaPoemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 8


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Pelão (João <strong>Carlos</strong> Botteselli) nasceu em São José do Rio Preto, em 20/11/1942.Na TV Globo Rio foi produtor musical do Fantástico; participou da equipe <strong>de</strong> BrasilEspecial, que apresentou músicos como Cartola, Ari Barroso, Pixinguinha e Luiz Gonzaga,e da equipe <strong>de</strong> Sauda<strong>de</strong> Não Tem Ida<strong>de</strong>; integrou a equipe dos programas Alerta Geral,Levanta Poeira e Esses Músicos Notáveis e seus Instrumentos Maravilhosos; foi produtormusical e coor<strong>de</strong>nador geral dos Festivais MPB realizados pela Re<strong>de</strong> Globo <strong>de</strong> 79 a 83; efoi consultor e participante do Canta Nor<strong>de</strong>ste, em Recife, Natal e Fortaleza.Na TV Globo SP, foi produtor dos programas FIC – Festival Internacional da Canção,Discoteca do Chacrinha e Calouros do Chacrinha.Na TV Tupi, foi diretor <strong>de</strong> criação da TABA - House dos Diários e Emissoras Associadas,assistente <strong>de</strong> Geraldo Casé, diretor <strong>de</strong> programação da TV Tupi, e produziu os programas:Flávio Cavalcanti, São Paulo x Rio, 4 Festivais Universitários, 2 Festivais <strong>de</strong> MúsicaSertaneja, 4 Festivais <strong>de</strong> Música Carnavalesca, Especiais <strong>de</strong> Ray Charles, Nina, GigliolaCincoetti, E. Graint, Edu Bem Acompanhado (Edu Lobo) e Po<strong>de</strong>r Jovem.Trabalhou também na TV Excelcior, em várias emissoras <strong>de</strong> rádio e criou, produziu edirigiu 13 programas <strong>de</strong> Música Popular Brasileira para rádio e TV francesa.Dirigiu e Produziu mais <strong>de</strong> <strong>10</strong>0 Shows com gran<strong>de</strong>s nomes da M.P.B., contando entre eles:Beth Carvalho, Diogo Nogueira, Inezita Barroso e Roberto Corrêa. Produziu discos <strong>de</strong>nomes como Maria Bethânia, Nélson Cavaquinho e Villa-LobosPoemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página <strong>10</strong>


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>1976 - Contos Eróticos .... episódio "O Arremate"1976 - A Queda1977 - O Crime do Zé Bigorna .... Zé Bigorna1979 - Kilas, o Mau da Fita .... Major1979 - O Menino Arco-Íris1980 - Os Sete Gatinhos .... Noronha1983 - Sargento Getúlio .... Getúlio1987 - Lua Cheia .... Guimarães1988 - Corpo em Delito .... Athos Moreira Brasil1997 - Boleiros - Era uma Vez o Futebol .... Coach1997 - A Ostra e o Vento .... José1998 - O Rio <strong>de</strong> Ouro .... António2000 - Palavra e Utopia .... Padre António Vieira2000 - O Auto da Compa<strong>de</strong>cida .... bispo2000 - Eu Tu Eles .... Osias2003 - O Preço da Paz .... Gumercindo Saraiva2005 - 2 Filhos <strong>de</strong> Francisco .... Benedito2005 - Depois Daquele Baile .... Freitas2005 - Espelho Mágico .... Priest Clo<strong>de</strong>l2006 - A Ilha do Terrível Rapaterra .... Rapaterra2006 - Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos .... EdilPrêmios e indicações1953 - Prêmio Roquette Pinto .... melhor ator <strong>de</strong> televisão1960 - Troféu Imprensa .... melhor ator em O Último dos Morungabos1960 - Prêmio Roquette Pinto .... melhor ator <strong>de</strong> televisão1961 - Prêmio Saci .... melhor ator pela peça O Testamento do Cangaceiro1969 - Troféu Imprensa .... melhor diretor <strong>de</strong> telenovela em Beto Rockfeller1973 - Troféu Imprensa .... revelação masculina em O Bem-Amado1976 - Troféu Imprensa .... melhor ator em Pecado Capital1977 - Prêmio APCA .... melhor ator <strong>de</strong> televisão em Pecado Capital1977 - Festival <strong>de</strong> Brasília .... melhor ator em O Crime do Zé Bigorna1978 - Prêmio APCA .... melhor ator <strong>de</strong> televisão em Espelho Mágico1983 - Festival <strong>de</strong> Gramado .... melhor ator em Sargento Getúlio1983 - Festival <strong>de</strong> Havana .... melhor ator em Sargento Getúlio1984 - Prêmio APCA .... melhor ator <strong>de</strong> cinem em Sargento Getúlio1985 - Troféu Imprensa .... melhor ator em Roque Santeiro1986 - Prêmio APCA .... melhor ator <strong>de</strong> televisão em Roque Santeiro1989 - Troféu Imprensa .... melhor ator em O Salvador da Pátria1992 - Troféu Imprensa .... melhor ator em Pedra sobre Pedra....... - Festival <strong>de</strong> Cannes .... menção honrosa em Eu Tu Eles2000 - Festival <strong>de</strong> Veneza .... indicado como melhor ator em Palavra e Utopia2001 - Prêmio APCA .... melhor ator <strong>de</strong> cinema em Eu Tu Eles2004 - Festival <strong>de</strong> Gramado .... prêmio especial pelo conjunto da obra no cinema2005 - Prêmio Contigo .... melhor ator coadjuvante em Da Cor do PecadoPoemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 15


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Roberto CorrêaCarreiraNascido em Campina Ver<strong>de</strong> (MG), Roberto Corrêa é <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong>violeiros. Iniciou-se na música ainda criança, através do violão, instrumento queabandonou anos mais tar<strong>de</strong> para <strong>de</strong>dicar-se exclusivamente à viola. Radicado em Brasília<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1975, graduou-se em Física e Música pela UnB.VioleiroEm mais <strong>de</strong> vinte anos <strong>de</strong> carreira, Roberto Corrêa lançou 15 discos e apresentou a violacaipira e a viola <strong>de</strong> cocho nas diversas regiões brasileiras e em 29 países. Por várias vezesrepresentou o Brasil, a convite do Itamaraty, em programas <strong>de</strong> difusão da culturabrasileira no exterior. Realizou recitais em importantes salas <strong>de</strong> concerto internacionaiscomo o Konzerthaus (Viena), Beijing Concert Hall (Pequim) e Haus <strong>de</strong>r Kulturen <strong>de</strong>r Welt(Berlim).Compositor e IntérpreteComo compositor, Roberto Corrêa vem contribuindo para formação do repertório daviola, especialmente solista. Sua música, embora vinculada às tradições musicaisinterioranas, frequentemente é associada à contemporaneida<strong>de</strong> e à erudição. Tambémcompôs trilhas sonoras originais para a TV Globo e a TV Cultura e para espetáculosteatrais.Como intérprete, explora as potencialida<strong>de</strong>s do instrumento com virtuosismo técnico.Corrêa <strong>de</strong>senvolveu técnicas próprias para a viola, sistematizou a técnica <strong>de</strong> violeirostradicionais e publicou o mais completo método para ensino e estudo da viola caipira.Pesquisador e ProfessorComo pesquisador das tradições musicais do Brasil, realizou, além <strong>de</strong> trabalhosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, pesquisas com o apoio do CNPq, do INF/Funarte e do MinC. [2] . Publicou,entre outros trabalhos, o livro Viola Caipira (Musimed, 1983), o primeiro no Brasil sobre oinstrumento; e o livro A Arte <strong>de</strong> Pontear Viola (Ed. do Autor, 2000), no qual apresenta seuPoemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 16


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>método para o ensino e a aprendizagem da viola, e sua pesquisa sobre as tradições doinstrumento no Brasil. Realizou e dirigiu projetos que resultaram na publicação <strong>de</strong> CDscom registro <strong>de</strong> documentos musicais da cultura popular tradicional brasileira.Roberto Corrêa é professor pesquisador da Escola <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Brasília, on<strong>de</strong> passou alecionar em 1985.ReconhecimentoFoi tema do documentário Roberto Corrêa – A Tradição da Viola, da TV SESC / SENAC,e teve sua trajetória, sua obra e suas atuações veiculadas em programas especiais da TVCultura (Programa Ensaio), do Canal Rural, da TV Câmara e da TV Senado.Atuou como colaborador da revista Globo Rural, entre 2000 e 2002, escrevendo artigossobre o universo cultural caipira, na coluna Raízes. Foi Curador Regional (Centro-Oeste)do Projeto Rumos Musicais do Itaú Cultural (2000/ 2001); Curador do Projeto Tocadores –Homem, terra, música e cordas (Olaria, 2002 / Patrocínio Petrobras); e Consultor doProjeto Viola Instrumental Brasileira (Artviva, 2006 / Patrocínio Petrobras).Dias atuaisEm 2007, Roberto Corrêa lançou o documentário musical Modinhas <strong>de</strong> Goiás, resultado<strong>de</strong> pesquisas que coor<strong>de</strong>nou nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Goiás, Pirenópolis e Goiânia. Corrêa tambémassina a direção do ví<strong>de</strong>o ao lado <strong>de</strong> Juliana Saenger.Em 20<strong>08</strong> Roberto lança o CD Antiquera, on<strong>de</strong> a Orquestra à Base <strong>de</strong> Corda, <strong>de</strong> Curitiba,convida o violeiro como solista e interpreta suas composições em arranjos próprios.Roberto Corrêa está com o seu novo CD solo Temperança, e se prepara para mais doisnovos projetos em discos.Obras publicadasMúsicaIndividualViola caipira – Um pequeno concerto (Discoban, 1988). LP relançado em CD pelaRGE (1998) e pela Kuarup (2000). Produzido por J.C. Botezelli – Pelão.Viola andarilha (Viola Corrêa, 1989). LP inédito em CD. Produzido por RobertoCorrêa.Viola caipira – Brazil (Internationales Institut für Vergleichen<strong>de</strong> Musikstudien/Unesco/ Traditional Music of the World 1, 1989). Produzido por Max PeterBaumann e Tiago <strong>de</strong> Oliveira Pinto.Uróboro (Viola Corrêa, 1994). Produzido por Roberto Corrêa.Crisálida (Viola Corrêa, 1996). Produzido por Roberto Corrêa.Extremosa-rosa (Viola Corrêa, 2002). Produzido por Roberto Corrêa e JulianaSaenger.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página <strong>17</strong>


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>ParceriaEspecialMarvada viola – Ao Capitão Furtado (Funarte, 1987). Com Rolando Boldrin,Sivuca, Maurício Carrilho, Zé Mulato & Cassiano, João Lyra & A<strong>de</strong>lmo Arcover<strong>de</strong>.LP relançado em CD em 1997 (Atração/ Acervo Funarte). Produzido por HermínioBello <strong>de</strong> Carvalho.Voz & Viola (RGE, 1996). Com Inezita Barroso. Produzido por J.C. Botezelli – Pelão.<strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (JCB, 1989). Com Lima Duarte. LP inédito emCD. Produzido por J.C. Botezelli – Pelão.Caipira <strong>de</strong> fato (RGE, 1997). Com Inezita Barroso. Produzido por J.C. Botezelli –Pelão.No sertão – Viola & Cordas (Kuarup, 1998). Com Mauro Rodrigues e Quinteto <strong>de</strong>Cordas. Produzido por Nestor Sant’Anna.Esbrangente (Viola Corrêa/ Vai Ouvindo, 2003). Com Badia Me<strong>de</strong>iros e PauloFreire. Produzido por Roberto Corrêa, Paulo Freire e Juliana Saenger.Antiquera – Orquestra à Base <strong>de</strong> Corda convida Roberto Corrêa (ICAC / Viola Corrêa,2007). Com Orquestra à Base <strong>de</strong> Corda. Produzido por João Egashira."Violas <strong>de</strong> Bronze" (2009). Com Siba Veloso.Brasil Musical (Tom Brasil/ Série Instrumental Banco do Brasil, 1997). CD ao vivo,dividido com Renato Andra<strong>de</strong>. Produzido por André Geraissati e SolonSiminovich.A música brasileira <strong>de</strong>ste século por seus autores e intérpretes – Roberto Corrêa (SescSão Paulo/ JCB, 2003). Registro do programa Ensaio da TV Cultura, dirigido porFernando Faro. Produzido por J.C. Botezelli – Pelão.ParticipaçãoProduçãoVilla-Lobos (JCB, 1987). Faixa 5, lado A: O trenzinho do caipira. LP inédito em CD.Produzido por J.C. Botezelli – Pelão.Nino Rota por solistas brasileiros (JCB, 1991). Faixa 2: La dolce vita. LP relançadoem CD pela Kuarup (2000). Produzido por J.C. Botezelli – Pelão.Solistas brasileiros (JCB, 1996). Faixa 6: Tristeza do jeca. Produzido por J.C.Botezelli – Pelão.Violeiros do Brasil (Núcleo Contemporâneo, 1998). Gravado ao vivo duranteprojeto homônimo do Sesc São Paulo, em 1997. Com outros violeiros. Produzidopor Benjamim Taubkin.Meu céu (Velas, 1997). De Zé Mulato & Cassiano.Navegante das Gerais (Velas, 1999). De Zé Mulato & Cassiano.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 18


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>TeatroBrasis – Viola, prosa e verso. De Ary Pára-Raios e Roberto Corrêa. Direção musicale interpretação. Brasília, 1984.Cara-<strong>de</strong>-Bronze. De Guimarães Rosa. Direção <strong>de</strong> Marcos Fayad. Trilha original edireção musical. Goiânia, 1999.Romances – Um fabulário do Brasil. De Roberto Corrêa, Juliana Saenger e AryPára-Raios. Direção <strong>de</strong> Ary Pára-Raios. Direção musical. Brasília, 2000.Rosanegra – Uma saga sertaneja. De Carmem Moretzsohn. Direção <strong>de</strong> HugoRodas. Trilha original e direção musical. Brasília, 2002.Pesquisa e EnsinoDireção MusicalLivrosVí<strong>de</strong>oCururu e outros cantos das festas religiosas – MT (INF/Funarte, 1988). LP inéditoem CD.Sertão Ponteado – Memórias musicais do Entorno do DF (Viola Corrêa, 1998). SérieCultura Popular Viola Corrêa.Folia <strong>de</strong> Reis Irmãos Vieira – Tradições musicais do Noroeste <strong>de</strong> Minas (ViolaCorrêa, 2002). Série Cultura Popular Viola Corrêa.Cantos <strong>de</strong> festa e <strong>de</strong> fé – Tradições musicais paranaenses (Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong>Cultura do Paraná, 2002).Badia Me<strong>de</strong>iros – Um mestre do sertão (Viola Corrêa, 2004). Série Cultura PopularViola Corrêa.Folia <strong>de</strong> Reis – Tradição e fé (VBS Produções, 2005). CD duplo. Patrocínio:PetrobrasReinado do Rosário <strong>de</strong> Itapecerica MG – Da festa e dos mistérios (Associação doRosário <strong>de</strong> Itapecerica/ Viola Corrêa, 2005). CD duplo. Série Cultura Popular ViolaCorrêa. Patrocínio: PetrobrasViola caipira (Musimed, 1983). Reeditado pela Viola Corrêa em 1989.Viola <strong>de</strong> cocho (Instituto Nacional do Folclore/ Funarte, 1988). Com ElizabethTravassos.Folia <strong>de</strong> Reis <strong>de</strong> Uberaba (Arquivo Público <strong>de</strong> Uberaba, 1997).A arte <strong>de</strong> pontear viola (Edição do Autor, 2000). Reeditado pela Viola Corrêa em2002.Tocadores – Homem, terra, música e cordas (Olaria, 2002.). Com Lia Marchi eJuliana Saenger. Patrocínio: PetrobrasComposições para viola caipira (Edição do Autor, 2004).Viola caipira (CPCE-UnB, 1992). Direção musical.Modinhas <strong>de</strong> Goiás – documentário musical (COEPI, Viola Corrêa, SinháProduções, 2007). Pesquisa e direção musical.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 19


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>01 - Poema das Sete Faces<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima DuarteDeclamação: Paulo AutranQuando nasci, um anjo torto<strong>de</strong>sses que vivem na sombradisse: Vai, <strong>Carlos</strong>! ser gauche na vida.As casas espiam os homensque correm atrás <strong>de</strong> mulheres.A tar<strong>de</strong> talvez fosse azul,não houvesse tantos <strong>de</strong>sejos.O bon<strong>de</strong> passa cheio <strong>de</strong> pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus,pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.O homem atrás do bigo<strong>de</strong>é sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigo<strong>de</strong>.Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deus,se sabias que eu era fraco.Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.Eu não <strong>de</strong>via te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.―Existem muitos motivos para não amar uma pessoa, mas apenas um para amá-la! ―<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 20


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>02 - No Meio do Caminho<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima DuarteDeclamação: Paulo AutranNo meio do caminho tinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoTinha uma pedraNo meio do caminho tinha uma pedra.Nunca me esquecerei <strong>de</strong>sse acontecimentoNa vida <strong>de</strong> minhas retinas tão fatigadas.Nunca me esquecerei que no meio do caminhoTinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoNo meio do caminho tinha uma pedra."Todo obstáculo contém uma oportunida<strong>de</strong> para melhorarmos nossa condição"...“Nem todo obstáculo bloqueia. Cada dificulda<strong>de</strong> superada correspon<strong>de</strong> uma etapa vencida!”―Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo‖. Fernando Pessoa.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 21


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>04 -Confidência do Itabirano<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima Duarte<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: <strong>de</strong> ferro.Noventa por cento <strong>de</strong> ferro nas calçadas.Oitenta por cento <strong>de</strong> ferro nas almas.E esse alheamento do que na vida é porosida<strong>de</strong> e comunicação.A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, que me paralisa o trabalho,vem <strong>de</strong> Itabira, <strong>de</strong> suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.E o hábito <strong>de</strong> sofrer, que tanto me diverte,é doce herança itabirana.De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:esta pedra <strong>de</strong> ferro, futuro aço do Brasil,este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;este couro <strong>de</strong> anta, estendido no sofá da sala <strong>de</strong> visitas;este orgulho, esta cabeça baixa...Tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na pare<strong>de</strong>.Mas como dói!Itabira – Minas Gerais―O dia dos namorados para mim é todo dia. Não tenho dias marcados para te amar noitee dia.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 23


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>05 - Cida<strong>de</strong>zinha Qualquer<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteTom ZéCasas entre bananeirasmulheres entre laranjeiraspomar amor cantar.Um homem vai <strong>de</strong>vagar.Um cachorro vai <strong>de</strong>vagar.Um burro vai <strong>de</strong>vagar.Devagar ... as janelas olham.Eta vida besta, meu Deus.Anônimo disse:Deliciosa <strong>de</strong>scrição do tempo que é tão subjetivo na cida<strong>de</strong>zinha qualquer, lá o tempo tema lentidão <strong>de</strong> quem se permite contemplar a vida, a existência, é um tempo <strong>de</strong>licioso...―Eta vida besta, meu Deus.‖ Besta, mas suave...Nela se tem tempo pra amar, pra parir, pra ver crescer a cria, pra ensinar o filho a ver ocorredor <strong>de</strong> formigas que irão comer as roseiras, a textura das folhas, as estrelas que naroça brilham mais... Eta vida <strong>de</strong>liciosamente besta!―Um dia <strong>de</strong>sses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que eu não tenhotido tempo <strong>de</strong> chorar.‖ <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 24


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>06 – José<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –YoutubeDeclamação: Lima DuarteDeclamação: <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Declamação: Paulo AutranE agora, José?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, você?você que é sem nome,que zomba dos outros,você que faz versos,que ama, protesta?e agora, José?Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não po<strong>de</strong> beber,já não po<strong>de</strong> fumar,cuspir já não po<strong>de</strong>,a noite esfriou,o dia não veio,o bon<strong>de</strong> não veio,o riso não veio,não veio a utopiae tudo acaboue tudo fugiue tudo mofou,e agora, José?E agora, José?Sua doce palavra,seu instante <strong>de</strong> febre,sua gula e jejum,sua biblioteca,sua lavra <strong>de</strong> ouro,seu terno <strong>de</strong> vidro,sua incoerência,seu ódio - e agora?Com a chave na mãoquer abrir a porta,não existe porta;quer morrer no mar,mas o mar secou;quer ir para Minas,Minas não há mais.José, e agora?Se você gritasse,se você gemesse,se você tocassea valsa vienense,se você dormisse,se você cansasse,se você morresse...Mas você não morre,você é duro, José!Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,sem teogonia,sem pare<strong>de</strong> nuapara se encostar,sem cavalo pretoque fuja a galope,você marcha, José!José, para on<strong>de</strong>?Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 25


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>07 – Em Face dos Últimos Acontecimentos<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima DuarteElke MaravilhaOh! sejamos pornográficos(docemente pornográficos).Por que seremos mais castosque o nosso avô português?Oh! sejamos navegantes,ban<strong>de</strong>irantes e guerreirossejamos tudo que quiserem,sobretudo pornográficos.A tar<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser tristee as mulheres po<strong>de</strong>m doercomo dói um soco no olho(pornográficos, pornográficos).Teus amigos estão sorrindo<strong>de</strong> tua última resolução.Pensavam que o suicídiofosse a última resolução.Não compreen<strong>de</strong>m, coitados,que o melhor é ser pornográfico.Propõe isso ao teu vizinho,ao condutor do teu bon<strong>de</strong>,a todas as criaturasque são inúteis e existem,propõe ao homem <strong>de</strong> óculose à mulher da trouxa <strong>de</strong> roupa.Dize a todos: Meus irmãos,não quereis ser pornográficos?Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 26


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><strong>08</strong> – Certas palavras<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima DuarteCertas palavras não po<strong>de</strong>m ser ditasem qualquer lugar e hora qualquer.Estritamente reservadaspara companheiros <strong>de</strong> confiança,<strong>de</strong>vem ser sacralmente pronunciadasem tom muito especiallá on<strong>de</strong> a polícia dos adultosnão adivinha nem alcança.Entretanto são palavras simples:Definem partes do corpo, movimentos, atosdo viver que só os gran<strong>de</strong>s se permiteme a nós é <strong>de</strong>fendido por sentença dos séculos.E tudo é proibido. Então, falamos.―Que a felicida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>penda do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem dodinheiro. Que ela possa vir com toda a simplicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora, <strong>de</strong> cada um paratodos. Que as pessoas saibam falar, calar, e acima <strong>de</strong> tudo ouvir. Que tenham amor ouentão sintam falta <strong>de</strong> não tê-lo. Que tenham i<strong>de</strong>ais e medo <strong>de</strong> perdê-lo. Que amem aopróximo e respeitem sua dor. Para que tenhamos certeza <strong>de</strong> que: Ser feliz sem motivo é amais autêntica forma <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 27


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>09 – O enterrado vivo<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima Duarte<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>É sempre no passado aquele orgasmo,é sempre no presente aquele duplo,é sempre no futuro aquele pânico.É sempre no meu peito aquela garra.É sempre no meu tédio aquele aceno.É sempre no meu sono aquela guerra.É sempre no meu trato o amplo distrato.Sempre na minha firma a antiga fúria.Sempre no mesmo engano outro retrato.É sempre nos meus pulos o limite.É sempre nos meus lábios a estampilha.É sempre no meu não aquele trauma.Sempre no meu amor a noite rompe.Sempre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim meu inimigo.E sempre no meu sempre a mesma ausência.―Falar é completamente fácil, quando se têm palavras em mente que expressem suaopinião. Difícil é expressar por gestos e atitu<strong>de</strong>s o que realmente queremos dizer, oquanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 28


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><strong>10</strong> - Consolo na Praia<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima DuarteMarcela BordonalVamos, não chores.A infância está perdida.A mocida<strong>de</strong> está perdida.Mas a vida não se per<strong>de</strong>u.Algumas palavras duras,em voz mansa, te golpearam.Nunca, nunca cicatrizam.Mas, e o humor?O primeiro amor passou.O segundo amor passou.O terceiro amor passou.Mas o coração continua.A injustiça não se resolve.À sombra do mundo erradomurmuraste um protesto tímido.Mas virão outros.Per<strong>de</strong>ste o melhor amigo.Não tentaste qualquer viagem.Não possuis carro, navio, terra.Mas tens um cão.Tudo somado, <strong>de</strong>viasprecipitar-te, <strong>de</strong> vez, nas águas.Estás nu na areia, no vento...Dorme, meu filho.―O que se <strong>de</strong>satou num só momento não cabe no infinito, e é fuga e vento.‖<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 29


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>11 – Eu também já fui brasileiro<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação Lima DuarteEu também já fui brasileiromoreno como vocês.Ponteei viola, guiei for<strong>de</strong>e aprendi na mesa dos baresque o nacionalismo é uma virtu<strong>de</strong>.Mas há uma hora em que os bares se fechame todas as virtu<strong>de</strong>s se negam.Eu também já fui poeta.Bastava olhar para mulher,pensava logo nas estrelase outros substantivos celestes.Mas eram tantas, o céu tamanho,minha poesia perturbou-se.Eu também já tive meu ritmo.Fazia isso, dizia aquilo.E meus amigos me queriam,meus inimigos me odiavam.Eu irônico <strong>de</strong>slizavasatisfeito <strong>de</strong> ter meu ritmo.Mas acabei confundindo tudo.Hoje não <strong>de</strong>slizo mais não,não sou irônico mais não,não tenho ritmo mais não.Cacá DiégenesPoemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 30


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>12 – A VIDA PASSADA A LIMPO<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteÓ esplendida lua, <strong>de</strong>bruçadasobre Joaquim Nabuco, 81.Tu não banhas apenas a fachadae o quarto <strong>de</strong> dormir, prenda comum.Baixas a um vago em mim, on<strong>de</strong> nenhumhalo humano ou divino fez pousada,e me penetras, lâmina <strong>de</strong> Ogum,e sou uma lagoa iluminada.Tudo branco, no tempo. Que limpezanos resíduos e vozes e na corque era sinistra, e agora, flor surpresa,já não <strong>de</strong>stila mágoa nem furor:fruto <strong>de</strong> aceitação da natureza,essa alvura <strong>de</strong> morte lembra amor.―Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge <strong>de</strong> todas as explicaçõespossíveis.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página <strong>31</strong>


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>13 - Encontro<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteMeu pai perdi no tempo e ganho em sonho.Se a noite me atribui po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fuga,sinto logo meu pai e nele ponhoo olhar, lendo-lhe a face ruga a ruga.Está morto, que importa? Inda madrugae seu rosto, nem triste nem risonho,é o rosto antigo, o mesmo. E não enxugasuor algum, na calma <strong>de</strong> meu sonho.Ó meu pai arquiteto e fazen<strong>de</strong>iro!Faz casas <strong>de</strong> silêncio, e suas roças<strong>de</strong> cinza estão maduras, orvalhadaspor um rio que corre o tempo inteiroe corre além do tempo, enquanto as nossasmurcham num sopro fontes represadas.―Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem asminhas dores.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 32


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>14 - Para Sempre<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima Duarte<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Por que Deus permiteque as mães vão-se embora?Mãe não tem limite,é tempo sem hora,luz que não apagaquando sopra o ventoe chuva <strong>de</strong>saba,veludo escondidona pele enrugada,água pura, ar puro,puro pensamento.Morrer acontececom o que é breve e passasem <strong>de</strong>ixar vestígio.Mãe, na sua graça,é eternida<strong>de</strong>.Por que Deus se lembra- mistério profundo -<strong>de</strong> tirá-la um dia?Fosse eu Rei do Mundo,baixava uma lei:Mãe não morre nunca,mãe ficará semprejunto <strong>de</strong> seu filhoe ele, velho embora,será pequeninofeito grão <strong>de</strong> milho.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 33


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>15 - Obrigado<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima Duarte<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Aos que me dão lugar no bon<strong>de</strong>E que conheço não sei <strong>de</strong> on<strong>de</strong>,Aos que me dizem terno a<strong>de</strong>usSem que lhes saiba os nomes seus,Aos que me chamam <strong>de</strong> <strong>de</strong>putadoQuando nem mesmo sou jurado,Aos que, <strong>de</strong> bons, se babam: mestre!Inda se escrevo o que não preste,Aos que me julgam primo-irmãoDo rei da fava ou do hindustão,Aos que me pensam milionárioSe pego aumento <strong>de</strong> salário- e aos que me negam cumprimentoSem o mais mínimo argumento,Aos que não sabem que eu existo,Até mesmo quando os assisto.Aos que me trancam sua caraDe carinho alérgica e avara,Aos que me tacham <strong>de</strong> ultrabeóciaA pretensão <strong>de</strong> vir da escócia,Aos que vomitam (sic) meus poemasNos mais simples vendo problemas,Aos que, sabendo-me mais pobre,Me negariam pano ou cobre- eu agra<strong>de</strong>ço humil<strong>de</strong>menteGesto assim vário e divergente,Graças ao qual, em dois minutos,Tal como o fumo dos charutos,Já subo aos céus, já volvo ao chão,Pois tudo e nada, nada são.―A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 34


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>16 – Amar<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -YoutubeYoutubeDeclamação: Lima DuarteDeclamação: Paulo JoséDeclamação: Paulo AutranQue po<strong>de</strong> uma criatura senão,entre criaturas, amar?Amar e esquecer, amar e malamar,amar, <strong>de</strong>samar, amar?Sempre, e até <strong>de</strong> olhos vidrados, amar?Que po<strong>de</strong>, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal, senãorodar também, e amar?Amar o que o mar traz à praia,o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,é sal, ou precisão <strong>de</strong> amor, ou simples ânsia?Amar solenemente as palmas do <strong>de</strong>serto,o que é entrega ou adoração expectante,e amar o inóspito, o áspero,um vaso sem flor, um chão <strong>de</strong> ferro,e o peito inerte, e a rua vista em sonho,e uma ave <strong>de</strong> rapina.Este o nosso <strong>de</strong>stino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor à procura medrosa,paciente, <strong>de</strong> mais e mais amor.Amar a nossa falta mesma <strong>de</strong> amor,e na secura nossa, amar a água implícita,e o beijo tácito, e a se<strong>de</strong> infinita.―Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração <strong>de</strong> segundos, mas com tamanha intensida<strong>de</strong>,que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.‖ —<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 35


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><strong>17</strong>- Quadrilha<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -YoutubeDeclamação: Lima DuarteDeclamação: <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>João amava Teresa que amava Raimundoque amava Maria que amava Joaquim que amava Lilique não amava ninguém.João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,Raimundo morreu <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastre, Maria ficou para tia,Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernan<strong>de</strong>sque não tinha entrado na história.―A cada dia que vivo, mais me convenço <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sperdício da vida está no amor quenão damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que,esquivando-nos do sofrimento, per<strong>de</strong>mos também a felicida<strong>de</strong>.‖ <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong>.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 36


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>18 – Canção Para Ninar Mulher<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Olha o bicho pretoque vem lá <strong>de</strong> longe,olha e fica quietinha.Olha a lua nascendoatrás daquela porta.Tem um gato, um passarinho,Um anel <strong>de</strong> brilhante,todos três para você.Dorme, que eu te douUm vestido, um país,Te dou... Ah isso não dou não.Declamação: Lima DuarteDorme bem <strong>de</strong> manso,senão eu te pego,te dou um abraçoe te espinho toda.(Eu não sou daqui,sou <strong>de</strong> outra nação,eu não sou brinquedo.)Dorme na Argentina,dorme na Alemanhaou no Maranhão,dorme bem dormido.Dorme que o gatuno<strong>de</strong> olho <strong>de</strong> vidroe smoking furtadosubiu na pare<strong>de</strong>para te espiar.Dorme <strong>de</strong>vagar.Dorme que o capetaestá perguntandoquedê a mulher acordada,para dormir com ela.―Per<strong>de</strong>r tempo em apren<strong>de</strong>r coisas que não interessam, priva-nos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir coisasinteressantes.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 37


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>19 - Quero me Casar<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteQuero me casarNa noite na ruano mar ou no céuquero me casar.Procuro uma noivaloura morenapreta ou azuluma noiva ver<strong>de</strong>uma noiva no arcomo um passarinho.Depressa, que o amornão po<strong>de</strong> esperar!―Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens afazer.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 38


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>20 – Estes Crepúsculos<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteConcordo plenamente, estes crepúsculos são admiráveis.Nada no mundo iguala estes crepúsculos.O sol é um pintor bêbado reformulando o céuE até as montanhas e as árvores.Convida a gente a viver em estado <strong>de</strong> pedrarias,sonho, incêndio, milagre.Estes crepúsculos sublimes criam outra Belo Horizonte.Não a dos tristes funcionários triados.Outra Minas, outro Brasil.Estes crepúsculos, mas eu não tomo conhecimentos <strong>de</strong>les.Estou triste, estou sepultado.Mina <strong>de</strong> carvão, ela passou <strong>de</strong> bon<strong>de</strong> e não me olhou.―Não importa on<strong>de</strong> você parou ou em que momento da vida você cansou. Recomeçar é daruma nova chance a si mesmo. É renovar as esperanças. E eu pergunto: sofreu muito nesseperíodo? Foi a dor do aprendizado. Chorou muito? Foi a limpeza da alma. Ficou comraiva das pessoas? Foi para perdoá-las. Acreditou que tudo estava perdido? Era o inícioda tua melhora.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 39


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>21 – Toada do Amor<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteE o amor sempre nessa toada!briga perdoa perdoa briga.Não se <strong>de</strong>ve xingar a vida,a gente vive, <strong>de</strong>pois esquece.Só o amor volta para brigar,para perdoar,amor cachorro bandido trem.Mas, se não fosse ele, tambémque graça que a vida tinha?Mariquita, dá cá o pito,no teu pito está o infinito.―Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar <strong>de</strong> olhos fechados. Difícil é sentir a energia que étransmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamosa pessoa certa.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 40


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>22 - Amor Sinal Estranho<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteAmo <strong>de</strong>mais, sem saber que estou amando,As moças a caminho da reza.Entar<strong>de</strong>cer.Elas também não se sabem amadaspelo menino <strong>de</strong> olhos baixos mas atentos.Olho uma, olho outra, sintoO sinal silencioso <strong>de</strong> alguma coisaQue não sei <strong>de</strong>finir - mais tar<strong>de</strong> saberei.Não por Hermínia apenas, ou MarietaOu Dulce ou Nazaré ou Carmen.Todas me ferem - doce,Passam sem reparar. O lusco-fuscoJá <strong>de</strong>compöe os vultos, eu mesmoSou uma sombra na janela do sobrado.Que fazer <strong>de</strong>ste sentimentoQue nem posso chamar <strong>de</strong> sentimento?Estou me preparando para sofrerAssim como os rapazes estudam para médico ou advogado.―Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 41


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>23 - Quarto em <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteNa curva perigosa dos cinquenta<strong>de</strong>rrapei neste amor. Que dor! Que pétalasensível e secreta me atormentae me provoca à síntese da florque não sabe como é feita: amorna quinta-essência da palavra, e mudo<strong>de</strong> natural silêncio já não cabeem tanto gesto <strong>de</strong> colher e amara nuvem que <strong>de</strong> ambígua se diluinesse objeto mais vago do que nuveme mais in<strong>de</strong>feso, corpo! Corpo, corpo, corpo.Verda<strong>de</strong> tão final, se<strong>de</strong> tão váriaa esse cavalo solto pela camaa passear o peito <strong>de</strong> quem ama.―Sentimos sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> certos momentos da nossa vida e <strong>de</strong> certas pessoas que passarampor ela.‖ - <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 42


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>24 - Quero<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -YoutubeYoutubeYoutubeDeclamação: Lima DuarteDeclamação: Paulo AutranClipe legendadoWilliam BonnerQuero que todos os dias do anotodos os dias da vida<strong>de</strong> meia em meia hora<strong>de</strong> 5 em 5 minutosme digas: Eu te amo.Ouvindo-te dizer: Eu te amo,creio, no momento, que sou amado.No momento anterior e no seguinte,como sabê-lo?Quero que me repitas até a exaustãoque me amas que me amas que me amas.Do contrário evapora-se a amaçãopois ao não dizer: Eu te amo,<strong>de</strong>smentes, apagas teu amor por mim.Exijo <strong>de</strong> ti o perene comunicado.Não exijo senão isto,isto sempre, isto cada vez mais.Quero ser amado por e em tua palavranem sei <strong>de</strong> outra maneira a não ser esta<strong>de</strong> reconhecer o dom amoroso,a perfeita maneira <strong>de</strong> saber-se amado:amor na raiz da palavrae na sua emissão, amorsaltando da língua nacional,amor feito som vibração espacial.No momento em que não me dizes:Eu te amo, inexoravelmente seique <strong>de</strong>ixaste <strong>de</strong> amar-me,que nunca me amastes antes.Se não me disseres urgente repetidoEu te amoamoamoamoamo,verda<strong>de</strong> fulminante que acabas <strong>de</strong><strong>de</strong>sentranhar, eu me precipito no caos,essa coleção <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong> não-amor.―O primeiro amor passou / O segundo amor passou / O terceiro amor passou / Mas ocoração continua‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 43


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>25 - Amor e Seu Tempo<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Amor é privilégio <strong>de</strong> madurosEstendidos na mais estreita cama,Que se torna a mais larga e mais relvosa,Roçando, em cada poro, o céu do corpo.É isto, amor: o ganho não previsto,O prêmio subterrâneo e coruscante,Leitura <strong>de</strong> relâmpago cifrado,Que, <strong>de</strong>cifrado, nada mais existe.Valendo a pena e o preço do terrestre,Salvo o minuto <strong>de</strong> ouro no relógioMinúsculo, vibrando no crepúsculo.Amor é o que se apren<strong>de</strong> no limite,Depois <strong>de</strong> se arquivar toda a ciênciaHerdada, ouvida. Amor começa tar<strong>de</strong>.Declamação: Lima Duarte<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>―Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar <strong>de</strong> funcionar por alguns segundos, presteatenção: po<strong>de</strong> ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento houvero mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: po<strong>de</strong> ser a pessoa que você está esperando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia em quenasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos se encherem d’água nestemomento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essapessoa, se a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficar juntos chegar a apertar o coração, agra<strong>de</strong>ça. Algo do céu te mandou umpresente divino : O AMOR.Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, umsorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos umpro outro. Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te <strong>de</strong>u uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seusofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você po<strong>de</strong>rá contarcom ela em qualquer momento <strong>de</strong> sua vida. Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoacomo se ela estivesse ali do seu lado… Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando<strong>de</strong> pijamas velhos, chinelos <strong>de</strong> <strong>de</strong>do e cabelos emaranhados… Se você não consegue trabalhar direito o diatodo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite…Se você não consegue imaginar, <strong>de</strong> maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado… Se você tiver acerteza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo loucopor ela… Se você preferir fechar os olhos, antes <strong>de</strong> ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida poucas amam ou encontram um amor verda<strong>de</strong>iro. Àsvezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, <strong>de</strong>ixam o amor passar, sem <strong>de</strong>ixá-lo acontecerverda<strong>de</strong>iramente. É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.Não <strong>de</strong>ixe que as loucuras do dia-adiao <strong>de</strong>ixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR! Eu me interesso….e digo: Te Amo!‖ — <strong>Carlos</strong><strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 44


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>26 – Coito<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteA castida<strong>de</strong> com que abria as coxase reluzia a sua flora bravaNa mansuetu<strong>de</strong> das ovelhas mochas,e tão estreita, como se alargava.Ah, coito, coito, morte <strong>de</strong> tão vida,sepultura na grama, sem dizeresEm minha ar<strong>de</strong>nte substância esvaída,eu não era ninguém e era mil seresem mim ressuscitadosEra Adão,primeiro gesto nu ante a primeiranegritu<strong>de</strong> <strong>de</strong> corpo femininoRoupa e tempo jaziam pelo chãoE nem restava mais o mundo,à beira <strong>de</strong>ssa moita orvalhada,nem <strong>de</strong>stino.―Desejo a você: …Namoro no portão, Domingo sem chuva, Segunda sem mau humor,Sábado com seu amor…‖ — <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 45


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>27 - Sob o Chuveiro Amar<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Declamação: Lima DuarteSob o chuveiro amar, sabão e beijos,ou na banheira amar, <strong>de</strong> água vestidos,amor escorregante, foge, pren<strong>de</strong>-se,torna a fugir, água nos olhos, bocas,dança, navegação, mergulho, chuva,essa espuma nos ventres, a brancuratriangular do sexo — é água, esperma,é amor se esvaindo, ou nos tornamos fonte?―Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficarjuntos chega a apertar o coração: é o amor!... - Sinto muito contrariá-lo, mas o nome disseé paixão, Esse sentimento que nos lacera, Que nos tortura, Que nos faz <strong>de</strong> bobo... O amor éoutra coisa <strong>Carlos</strong>. Amor é quando você apren<strong>de</strong> a dar valor e a respeitar a si mesmo emesmo assim ainda saber ce<strong>de</strong>r, saber ser tolerante. Amor é quando você apren<strong>de</strong> a nãojogar a felicida<strong>de</strong> apenas no amado. Amor é quando o ―eu te amo‖ fica nas entrelinhas enão precisa ser <strong>de</strong>sesperadamente dito.‖ <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 46


<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>28 – Ainda que mal<strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -Declamação: Lima DuarteMusicada por BelchiorAinda que mal pergunte,ainda que mal respondas;ainda que mal te entenda,ainda que mal repitas;ainda que mal insista,ainda que mal <strong>de</strong>sculpes;ainda que mal me exprima,ainda que mal me julgues;ainda que mal me mostre,ainda que mal me vejas;ainda que mal te encare,ainda que mal te furtes;ainda que mal te siga,ainda que mal te voltes;ainda que mal te ame,ainda que mal o saibas;ainda que mal te agarre,ainda que mal te mates;ainda assim te perguntoe me queimando em teu seio,me salvo e me dano: amor.―O amor é gran<strong>de</strong> e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é gran<strong>de</strong> e cabe na cama e nocolchão <strong>de</strong> amar. O amor é gran<strong>de</strong> e cabe no breve espaço <strong>de</strong> beijar.‖ — <strong>Carlos</strong><strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Poemas <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong>clamados por Lima Duarte – Fundo musical: Roberto Corrêa Página 47

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