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Nº 271 - Linguagem Viva

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Página 2 - março de 2012Editorial<strong>Linguagem</strong> <strong>Viva</strong> homenageia a Poesia e a Mulher com a publicaçãode textos e poemas de escritoras de São Paulo (SP), Belo Horizonte(MG), Fortaleza (CE), Juiz de Fora (MG), Rio de Janeiro (RJ),Bragança Paulista (SP), Brasília (DF), Mariana (MG), Passos (MG),Santo André (SP), Ribeirão Preto (SP), Goiânia (GO), dos EUA e dePiracicaba (SP).Infelizmente nosso espaço é pequeno e não pudemos publicar todasas autoras que gostaríamos, sendo que estas estão representadascom a publicação do poema Amiga, de Florbela Espanca, que foi selecionadopor Zina Bellodi.Muitas foram as lutas e conquistas das mulheres pela igualdadedos direitos. Ainda há muito para se fazer, porque elas ainda sofrempreconceitos e são vítimas da violência.Vamos abrir as “portas para o futuro” e lutar contra a escravidão doser humano, a violência, o abandono e maus tratos para com as nossascrianças, mulheres, idosos e animais. Unidos, jamais seremos vencidos.Vamos exigir dos nossos governantes mais Cultura e Educaçãopara que as gerações futuras possam amar o seu próximo e os animais.Vamos, também, exigir mais Poesia nas escolas, nos veículos decomunicação, na cesta básica, nos espaços culturais e no dia-a-dia. APoesia é a nossa esperança para que possamos construir um mundomelhor para se viver, sem violência, pleno de paz e amor.HEROINAS DO SÉCULO XXIEly Vieitez LisboaNão vou falar de artistas, escritoras,cientistas, de grandes empresáriasque têm surpreendido o mundocom seu sucesso administrativoou financeiro. Os valores são outros.Minhas heroínas, conheço-as no diaa-dia,na luta insana e renitente devencer, sozinhas, de cumprir a missãoque lhes foi confiada, tendocomo armas apenas suas garras deleoa e uma vontade inquebrantável.Não vou enfatizar direitos feministas,muitas vezes exageradasasserções teóricas, nem semprealicerçadas na realidade. Quero dizeralgo sobre algumas mulheresque, quase anonimamente, dão liçõesde bravura, de valentia, de seressuperiores e corajosos que aceitaramdesafios propostos, não deantemão, mas que chegaram comoalçapões, provas de fogo inesperadas.O primeiro exemplo que mevem é Teresa. Na década de 50, erauma mulata viçosa, de formas arredondadas,bonita. Apaixonou-se eapareceu grávida. Todos compreenderamseu “erro”, a “queda”, e ajudaram-naquando nasceu o filho. Opai, covarde, eximiu-se de toda responsabilidade.E ela trabalhou, começoua criar o menino. Veio o segundo,de outro pai, depois maisoutro. Perguntei-lhe por que agiaassim e ela, com simplicidade: Querouma menina. E, finalmente, elaveio. Cinco filhos, todos avulsos, depaternidades diversas. Teresa “aposentou-se”,partiu para a luta bravade criar a prole. Hoje são adultos,um fez faculdade, outro estudou noexterior. Com muita valentia, amor,Teresa é exemplo de luta, de persistência,guerra. A prova é sua velhiceprecoce. Perdeu os dentes,tem as perna mapeadas de varizes.Há dias, eu conversava com“Baiana”, a feirante simpática, alegre,morena que ainda traz traçosde beleza. Seu relato é outro atestadode audácia, de heroísmo. Viúvahá vinte e cinco anos, criou osnove filhos com seu trabalho diário,na colorida tenda de legumes e frutas.Lá estão todos, alegres, dinâmicos,em um relacionamento amigo,sem a complexidade de duas gerações,nem traumas modernos. Nenhumprecisou de psicólogo, ninguémfez terapia,têm até casa própria,grande e espaçosacomo eles.Jandira, deolhos de céu, miúdae operosa, supervisionatodo omovimento da sua empresa. Atendepessoas, lá está todos os dias,não fica doente por falta de oportunidade.Às vezes é enérgica, dura,outras, doce e amiga. Quem quiserpode vê-la nessa faina abnegada,ininterrupta, há longos anos, demanhã à noite.Regina e Marister são símbolosda época. Mulheres livres, divorciadas,arrostando dificuldades, vencendopercalços variados, preconceitosignorantes. Criaram os filhoscom tanta luta, que, muitas vezes ocorpo vacilou, a depressão chegoumansa, deslizando na grama do cotidiano.Mas venceram, conquistaramde vez sua alforria. Os ex-maridosnão existem, não cumpriram oacordo conjugal, são antônimos denobreza e responsabilidade.O povo diz que atrás de umgrande homem há sempre umagrande mulher. Pode-se parafrasearo aforismo às avessas. Em quasetodas as histórias, onde há umaheroína lutando brava e solitariamente,há sempre um anti-herói ouum crápula que fugiu de sua missão,exilou-se de seu dever. Issoestá se tornando comum. Será quea liberação da mulher, que, a duraspenas tem conquistado seu espaçona sociedade moderna, trouxe comosequela a carga dupla da responsabilidade,da luta árdua e infrene? Liberdadenão se coaduna com equilíbrio,companheirismo, parceria,ajuda mútua, respeito, lealdade?A finalidade desse artigo não écriticar o homem, o pseudo sexoforte, que ultimamente anda comcalcanhares-de-Aquiles emdemasia... Pelo contrário, é cantartodas as mulheres valentes,verdadeiras heroínas do século XXI,exemplos de tenacidade, derenitência, de espírito superior, comose assinaladas fossem pelosdeuses.Ely Vieitez Lisboa é escritora,professora e membro da AcademiaRibeirãopretana de Letras.E-mail: elyvieitez@uol.com.br

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