Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura
Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura
Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3. Sistema, seus componentes e singulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> recepção <strong>da</strong> Arte<br />
Contemporânea<br />
3.1 O Sistema <strong>da</strong> Arte Contemporânea<br />
Segundo Anne Cauquelin (2005), a arte moderna, que emergiu no final do século XIX e<br />
início do XX, era marca<strong>da</strong> pelo desejo de novi<strong>da</strong>des formais e pela recusa aos cânones e regras<br />
do passado. Por isso mesmo, a arte moderna levou à crise <strong>da</strong>s rígi<strong>da</strong>s Academias de Belas-<br />
Artes. Ao longo do século XX, a arte, liberta <strong>da</strong> Academia, passou a ser vista como um produto<br />
a ser consumido e o status dos artistas passou a depender do reconhecimento dos<br />
consumidores, <strong>da</strong> visibili<strong>da</strong>de adquiri<strong>da</strong> nos museus e galerias e do julgamento proferido pela<br />
crítica especializa<strong>da</strong>. Instaurou-se, assim, o que Cauquelin chama de Sistema <strong>da</strong> Arte,<br />
composto por uma diversi<strong>da</strong>de de atores: galeristas, marchands, críticos, curadores,<br />
colecionadores, conservadores, espaços expositivos e instituições museológicas, além dos<br />
próprios artistas. A todos esses, vieram somar-se mais recentemente, na era <strong>da</strong>s novas<br />
tecnologias, os profissionais <strong>da</strong> comunicação e <strong>da</strong> informação, e, no caso específico do Brasil,<br />
as produtoras, agentes fun<strong>da</strong>mentais do sistema.<br />
Raymonde Moulin (1992), que formou com Pierre Bourdieu o eminente grupo de<br />
pesquisa que tornou a sociologia <strong>da</strong> arte um dos principais instrumentos para as políticas<br />
públicas de cultura na França, se dedicou ao estudo do sistema <strong>da</strong>s artes, e de seus três pilares<br />
fun<strong>da</strong>mentais: o artista, a instituição e o mercado. Moulin aponta para a forte<br />
interdependência existente entre as diferentes instâncias, apesar de uma suposta autonomia<br />
ser frequentemente reivindica<strong>da</strong> pelos seus agentes.<br />
Hoje, quando falamos em arte contemporânea, estamos nos referindo a uma<br />
produção cronologicamente situa<strong>da</strong> <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XX até hoje, pauta<strong>da</strong> por<br />
rupturas muitas vezes mais radicais do que aquelas propostas pela arte moderna –<br />
questionamentos éticos, políticos e até a implosão do próprio conceito de arte ou artista -,<br />
mas acima de tudo, estamos mirando obras que têm grande circulação, ultrapassando<br />
fronteiras territoriais e disciplinares.<br />
Em síntese, arte contemporânea é essencialmente algo que se dá num “território<br />
global” e que se entende como linguagem internacional 14 .<br />
14 A exemplo <strong>da</strong> curadoria de Adriano Pedrosa no MAM de São Paulo no Panorama de Arte Brasileiro, que tinha<br />
como pressuposto expor artistas nacionais que transitam e dialogam com outros contextos (internacionais),