Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura
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2.1 Política <strong>Cultura</strong>l<br />
Van Bellen (2005, p. 41), discutindo indicadores de sustentabili<strong>da</strong>de, afirma que “as<br />
definições mais comuns e a terminologia associa<strong>da</strong> a essa área são particularmente<br />
confusas”. O autor abor<strong>da</strong> a perspectiva de diversos autores para a definição de<br />
indicador tal como a de Chevalier, para quem um indicador pode ser compreendido<br />
como uma variável que está relaciona<strong>da</strong> hipoteticamente com outra variável estu<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
que não pode ser diretamente observa<strong>da</strong>. Assim, é importante entendermos variável,<br />
que para o autor é “uma representação operacional de um atributo (quali<strong>da</strong>de,<br />
característica, proprie<strong>da</strong>de) de um sistema”. Ou seja, “ela não é o próprio atributo ou<br />
atributo real mas uma representação” (Van Bellen, 2005, p. 42)… Ou seja, para Van<br />
Bellen um indicador é uma variável que agrega informações diversas <strong>da</strong>ndo sentido a<br />
elas. Nesse sentido, pode-se observar na maioria <strong>da</strong>s bases que têm sido chama<strong>da</strong>s de<br />
bases de indicadores culturais no mundo que o que encontramos são <strong>da</strong>dos a respeito<br />
de algumas ativi<strong>da</strong>des culturais. Dados “são medi<strong>da</strong>s, ou observações no caso de<br />
<strong>da</strong>dos qualitativos, dos valores <strong>da</strong> variável em diferentes tempos, locais, população ou<br />
a sua combinação”. Os <strong>da</strong>dos são necessários para a construção de indicadores, mas<br />
um <strong>da</strong>do não é em si um indicador.<br />
Num livro sobre a gênese <strong>da</strong> gestão pública no âmbito <strong>da</strong> cultura, Vincent Dubois<br />
apressa-se em sublinhar os obstáculos mais frequentes com que se deparam os candi<strong>da</strong>tos a<br />
qualquer emprego <strong>da</strong> expressão "política cultural", pois<br />
a análise desta gênese revela, com efeito, que é ao preço de uma "grande<br />
transformação 2 " – tomando de empréstimo a expressão de Karl Polanyi – que a cultura<br />
se constituiu enquanto uma categoria de intervenção pública, e é precisamente destas<br />
condições particulares de sua emergência que se originam as definições desta<br />
categoria. 3<br />
O traço de objeto heteróclito que se impõe aos investigadores é enfatizado por<br />
Dubois, quando ele se dedica nesta obra a traçar uma conjuntura histórica que emana, ao<br />
mesmo tempo, <strong>da</strong> política central e dos interesses de agentes sociais extremamente<br />
comprometidos que são os artistas. Vejamos a seguir de que maneira ele coloca esta "marca<br />
de nascença":<br />
2 Optamos por traduzir o termo “révolution” como transformação, pois é deste modo que é emprega<strong>da</strong> na tradução<br />
brasileira do livro aludido de Karl Polanyi A Grande Transformação – as origens de nossa época. Rio de Janeiro:<br />
Editora Campus, 1980.<br />
3 DUBOIS, Vincent. La politique culturelle: genèse d’une catégorie d’intervention publique. Paris, Belin, 1999; p.10.