Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura
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Antes então de focar na Internacionalização, (tarefa pouco mensurável em qualquer dos eixos de política cultural tal como concebida e posta em prática hoje, e mais abarcável pelos índices de Política de comércio Externa pela APEX) como critério para criação de Indicadores; mister se faz coadunar os eixos já correntes de monitoramento do desenvolvimento das políticas culturais brasileiras tais como especificidades territorial e histórica que condicionaram o dinâmica de construção material e imaterial no país, já detectada pelo IPEA, IBGE. Um dos riscos de se fomentar privilegiadamente a Internacionalização em detrimento das etapas de Criação, Difusão e Formação de plateias seria um anacronismo e retorno à POLÍTICA das ARTES ao invés de uma POLITICA CULTURAL singular como tem sido reconceitualizada na primeira década dos anos 2000, focando a diversidade e a educação. Ou seja, de acordo com as contribuições e indicações dos especialistas e pesquisadores consultados, uma das primeiras constatações é de um desconhecimento interno no Brasil sobre os códigos estéticos influindo no escopo e reconhecimento da arte contemporânea, com a respectiva valoração financeira, afetando assim o que seria um saudável “sistema das artes”. Sobre indicadores cabe aqui retornar a Rosimeri Carvalho da Silva 52 : Allaire (2006) mostra um indicador simples utilizado no sistema de informações culturais do Quebec, a razão entre o número de trabalhadores culturais e o conjunto de trabalhadores. No entanto, o autor discute que essa medida não mostra grande coisa se não for acompanhada dos elementos que lhe dão sentido e que orientam sua interpretação. Os indicadores podem ser classificados, com relação à função, como indicadores sistêmicos e de performance. Os indicadores sistêmicos estão fundamentados em referenciais técnicos. Ou seja, há suficiente conhecimento desenvolvido pela comunidade científica que pode embasar a adoção de parâmetros desejáveis para determinada situação do sistema. Devido à complexidade dos aspectos culturais, estamos longe de poder estabelecer, como o fazem os especialistas do desenvolvimento ambiental sustentável, indicadores sistêmicos para a área cultural. Os indicadores que deverão predominar, então, serão aqueles de performance, que, segundo Van Bellen, “são ferramentas para comparação, que incorporam indicadores descritivos e referências a um objetivo político específico. Fornecem aos tomadores de decisão informações sobre o grau de sucesso na realização de metas locais, regionais, nacionais ou internacionais. São utilizados dentro de diversas escalas 52 Rosimeri Carvalho da Silva; Indicadores culturais: reflexões para construção de um modelo brasileiro. In: Revista Observatório Itaú Cultural / OIC - n. 4, (jan./mar. 2008). – São Paulo, SP: Itaú Cultural, 2008. p. 44-58.
no campo da avaliação política e no processo decisório. (Van Bellen, 2005, p. 48).”(grifo nosso) Buscando assim o que seriam os “indicadores de performance”de acordo com a autora citada Rosimeri Carvalho da Silva alguns aspectos do sistema das artes merecem pesquisas específicas: 6.1 O Sistema da Arte Contemporânea e seus Principais Agentes 6.1.1 Os artistas: base da cadeia produtiva Estudos sobre a formação e sobre a profissionalização dos artistas são recorrentes no campo da sociologia da arte (MENGER, 1999), mas ainda não foram suficientemente desenvolvidos no Brasil. No entanto, os artistas são a base do sistema da arte, seria, portanto, indicado que se realizassem estudos específicos sobre esse agente-chave do sistema. Sabemos empiricamente que mesmo artistas consagrados enfrentam dificuldades em viver somente do seu trabalho como artista, desenvolvendo uma série de atividades conexas – design, ensino, mediação, montagem, etc. – a fim de financiar sua produção e garantir uma estabilidade financeira. Mas qual o perfil dos artistas atuantes no campo da arte contemporânea? Que outras atividades desempenham? Quais suas fontes de renda? Qual seu nível de profissionalização? Qual o impacto econômico de suas atividades? Trabalham de forma colaborativa? Geram outros empregos? Possuem empresa? O atelier dos artistas que têm inserção mercado de artes deve ser um dos temas de um estudo a ser realizado pela ABACT (Associação Brasileira de Galerias de Arte Contemporânea), com apoio do SEBRAE Nacional, em 2012. Sugerimos um diálogo com essas instituições a fim de obter informações sobre a metodologia adotada, e também avaliar possibilidades de colaboração e/ou complementação. 6.1.2 As instituições e espaços expositivos voltados à arte contemporânea Fundamental o mapeamento e o diagnóstico dos espaços expositivos voltados à arte contemporânea. Algumas iniciativas avançaram nesse sentido. O projeto piloto A economia das exposições de arte contemporânea, parceria entre o MINC, a Fundação Iberê Camargo e o Fórum Permanente, foi a tentativa de realizar um primeiro mapeamento dos espaços voltados à arte contemporânea, e demanda complementação e desdobramentos, conforme observado
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Antes então de focar na Internacionalização, (tarefa pouco mensurável em qualquer<br />
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pelos índices de Política de comércio Externa pela APEX) como critério para criação de<br />
<strong>Indicadores</strong>; mister se faz coadunar os eixos já correntes de monitoramento do<br />
desenvolvimento <strong>da</strong>s políticas culturais brasileiras tais como especifici<strong>da</strong>des territorial e<br />
histórica que condicionaram o dinâmica de construção material e imaterial no país, já<br />
detecta<strong>da</strong> pelo IPEA, IBGE.<br />
Um dos riscos de se fomentar privilegia<strong>da</strong>mente a Internacionalização em detrimento<br />
<strong>da</strong>s etapas de Criação, Difusão e Formação de plateias seria um anacronismo e retorno à<br />
POLÍTICA <strong>da</strong>s ARTES ao invés de uma POLITICA CULTURAL singular como tem sido<br />
reconceitualiza<strong>da</strong> na primeira déca<strong>da</strong> dos anos 2000, focando a diversi<strong>da</strong>de e a educação.<br />
Ou seja, de acordo com as contribuições e indicações dos especialistas e pesquisadores<br />
consultados, uma <strong>da</strong>s primeiras constatações é de um desconhecimento interno no Brasil<br />
sobre os códigos estéticos influindo no escopo e reconhecimento <strong>da</strong> arte contemporânea, com<br />
a respectiva valoração financeira, afetando assim o que seria um saudável “sistema <strong>da</strong>s artes”.<br />
Sobre indicadores cabe aqui retornar a Rosimeri Carvalho <strong>da</strong> Silva 52 :<br />
Allaire (2006) mostra um indicador simples utilizado no sistema de informações<br />
culturais do Quebec, a razão entre o número de trabalhadores culturais e o conjunto de<br />
trabalhadores. No entanto, o autor discute que essa medi<strong>da</strong> não mostra grande coisa<br />
se não for acompanha<strong>da</strong> dos elementos que lhe dão sentido e que orientam sua<br />
interpretação. Os indicadores podem ser classificados, com relação à função, como<br />
indicadores sistêmicos e de performance. Os indicadores sistêmicos estão<br />
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desejáveis para determina<strong>da</strong> situação do sistema. Devido à complexi<strong>da</strong>de dos aspectos<br />
culturais, estamos longe de poder estabelecer, como o fazem os especialistas do<br />
desenvolvimento ambiental sustentável, indicadores sistêmicos para a área cultural. Os<br />
indicadores que deverão predominar, então, serão aqueles de performance, que,<br />
segundo Van Bellen, “são ferramentas para comparação, que incorporam<br />
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locais, regionais, nacionais ou internacionais. São utilizados dentro de diversas escalas<br />
52 Rosimeri Carvalho <strong>da</strong> Silva; <strong>Indicadores</strong> culturais: reflexões para construção de um modelo brasileiro. In: Revista<br />
Observatório Itaú <strong>Cultura</strong>l / OIC - n. 4, (jan./mar. 2008). – São Paulo, SP: Itaú <strong>Cultura</strong>l, 2008. p. 44-58.