Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura
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confinados a uma locali<strong>da</strong>de específica e nem literal e que remetem a outros lugares e<br />
situações num exercício infinito de associações e encadeamentos 27 .<br />
Para a teórica em arte Miwon Kwon, a arte contemporânea que se coloca sob a lógica<br />
do território está estreitamente identifica<strong>da</strong> com a categoria site-specific e o contexto Norte<br />
Americano. Kwon determina três modelos paradigmáticos para a compreensão <strong>da</strong> arte sob<br />
esta lógica do Lugar, sendo o primeiro o paradigma fenomenológico, <strong>da</strong>s práticas artísticas<br />
calca<strong>da</strong>s historicamente na ambiência em que se colocavam – caso dos Minimalistas. E é nesse<br />
contexto em que ocorre a estreita relação entre espaço especializado (museu e galeria)<br />
consoli<strong>da</strong>do no Modernismo, mas aqui potencializado em sua maturi<strong>da</strong>de na Pós-<br />
Moderni<strong>da</strong>de dos anos de 1960/70.”<br />
Como descreve Kwon:<br />
O trabalho site-specific em sua primeira formação, então, focava no estabelecimento<br />
de uma relação inextricável, indivisível entre o trabalho e sua localização, e<br />
deman<strong>da</strong>va a presença física do espectador para completar o trabalho. A (nova-<br />
vanguardista) aspiração de exceder as limitações <strong>da</strong>s linguagens tradicionais, como<br />
pintura e escultura, tal como seu cenário institucional; o desafio epistemológico de<br />
realocar o significado interno do objeto artístico para as contingências de seu contexto;<br />
a reestruturação radical do sujeito do antigo modelo cartesiano para um modelo<br />
fenomenológico <strong>da</strong> experiência corporal vivencia<strong>da</strong>; e o desejo autoconsciente de<br />
resistir às forças <strong>da</strong> economia capitalista de mercado, que faz circularem os trabalhos<br />
de arte como mercadorias transportáveis e negociáveis – todos esses imperativos<br />
juntaram-se no novo apego <strong>da</strong> arte à reali<strong>da</strong>de do site 28 .<br />
O segundo paradigma apontado por Kwon seria aquele de crítica institucional, caso de<br />
projetos realizados nos anos de 1980/90, em que aspectos institucionais dos espaços (caso de<br />
Bienais, galerias etc.) eram, to<strong>da</strong>via, trazidos para a visuali<strong>da</strong>de e produção de sentido <strong>da</strong><br />
exposição. Neste segundo paradigma, o espectador, carregaria consigo suas percepções sobre<br />
27 Ver: GARBELOTTI, Raquel e MENNA BARRETO, Jorge. Especifici<strong>da</strong>de e (in) traduzibili<strong>da</strong>de. In: XIII Encontro<br />
Nacional <strong>da</strong> Associação Nacional dos Artistas Plásticos (ANPAP), Arte em pesquisa: especifici<strong>da</strong>des, Universi<strong>da</strong>de de<br />
Brasília, de 10 a 13/11/04, 2004, Brasília DF. Arte em Pesquisa: especifici<strong>da</strong>des. Brasília DF: Editora <strong>da</strong> Pós-<br />
Graduação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Brasília, 2004. v. 1. p. 111-115. Na leitura de Menna Barreto e Garbelotti: “O termo<br />
site-specific tem sido usado maciçamente por instituições de arte e discursos do meio artístico, não só na sua língua<br />
de origem como em outras línguas. O uso indiscriminado do termo, assim como o desconhecimento do contexto<br />
histórico em que emergiu, parece amortecer a sua intenção crítica inicial e diluir o seu conceito como se fosse<br />
apenas mais uma categoria <strong>da</strong> arte contemporânea. Uma tradução literal do termo site-specific provavelmente<br />
originaria algo como sítio específico no português. Tal literali<strong>da</strong>de corre sérios riscos, como, por exemplo, a<br />
confusão em relação à obra e ao lugar. No inglês, a expressão é usa<strong>da</strong> como um adjetivo para caracterizar a<br />
especifici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obra de arte. A expressão sítio específico em português qualificaria o lugar como sendo específico,<br />
e não necessariamente a obra, pois funciona como um substantivo”.<br />
28 Op. Cit. pág. 167.