Indicadores e Metas Gerais - Ministério da Cultura

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amplo, vive-se o fim da Guerra Fria, a globalização econômica e a expansão da internet, fenômenos que mudam de forma radical as noções de tempo, de distância e de fronteira. A intensidade e a velocidade com que pessoas, bens e informações passam a circular trazem oportunidades e desafios para regiões que, até então, não tinham voz no debate internacional” 18 . Tal mudança no cenário mundial está intrinsecamente relacionada às transformações de ordem geopolítica e a ascensão econômica de determinados países como Brasil e China. Para alguns autores, como Veiga 19 , a emergência econômica da China remodelou a “engrenagem” no cenário mundial da arte contemporânea, no entanto, embora esteja movimentando um volume de negócios significativo, assumindo a 4 a ou 6 a posição mundial em volume de negócios (dependendo do autor), o país permanece pouco permeável à produção internacional e é considerado um mercado eminentemente nacional e nacionalista, além de não diferir claramente o mercado de bens de luxo do mercado de arte, e ainda menos o mercado de arte contemporânea. Nesse sentido, diferencia-se significativamente do modelo brasileiro. O mercado de artes em economias emergentes tem chamado a atenção de pesquisadores em diversos países. Vale a pena ressaltar o projeto coordenado pelo pesquisador holandês Olav Velthuis, “The Globalization of High Culture: How Markets for Contemporary Art Develop in Brazil, Russia, India and China”, da Universidade de Amsterdã. Velthuis justifica o interesse em analisar os quatro países da seguinte maneira: “eles são as 4 maiores economias emergentes e que apresentam crescimento mais rápido, neles, o número de galerias e marchands estão entre os maiores do mercado “não-ocidental”, o campo das artes nesses países está em expansão desde os anos 90, os artistas originários desses países estão atraindo a atenção das instituições ocidentais. 20 ” Velthuis, autor de importante livro a respeito da formação do valor da arte contemporânea 21 , esteve pela primeira vez no Brasil em 2010, e nada conhecia do sistema das artes brasileiro, mas deverá coordenar o grupo de pesquisa que terá o Brasil como objeto de análise. 18 Idem. 19 20 Ver: http://www.aissr.uva.nl/dynamics/projects.cfm/58799F11-37CA-4630-BED1C40DA676AB0B, última consulta em 10/12/2011. 21 Velthuis, Olav. Talking prices…

Mas o Brasil só logrará participar como player importante no cenário internacional, no âmbito da arte contemporânea, se houver o fortalecimento do sistema das artes como um todo, o que passa necessariamente por um mapeamento e diagnóstico do setor, realização de estudos aprofundados de toda a cadeia produtiva, a implementação de políticas públicas coerentes e de longo prazo. Pouco eficientes são as iniciativas isoladas, fragmentadas, por vezes redundantes e quase que na totalidade dos casos, sem continuidade, como observadas recentemente na esfera pública. Sem uma estratégia de inserção internacional, o Brasil corre o risco de manter-se numa posição de desvantagem no plano internacional. Mazuchelli, referindo-se à Inglaterra, um dos centros da arte contemporânea no cenário internacional, aponta que se por um lado artistas brasileiros têm circulado cada vez mais, por outro lado, as linhas curatoriais ainda resvalam em clichês e a preferência é dada a nomes já consagrados: É a partir de meados dos anos 2000, quando o Brasil se torna o foco da mídia internacional, com uma economia estável e em expansão (tendo quitado a dívida com o FMI um ano antes do previsto, em 2005), que a arte contemporânea brasileira adquire uma representatividade sem precedentes em algumas das mais importantes instituições mainstream britânicas, definitivamente ocupando um lugar de destaque em relação a outros países com produções artísticas igualmente fecundas. Em 2006, o Barbican recebe a mostra itinerante Tropicália, com curadoria de Carlos Basualdo; a Tate Modern, por sua vez, apresenta individuais de Hélio Oiticica (2007) e Cildo Meireles (2008-09); em 2010 é a vez de Ernesto Neto na Hayward. Foi ainda neste mesmo período (2006-10) que o Arts Council (espécie de Ministério da Cultura), juntamente com o British Council, lançou a segunda edição do programa Artist Links, que promoveu residências artísticas entre o Brasil e o Reino Unido (o projeto piloto foi com a China, de 2002-06), com um investimento de 450.000 libras (aproximadamente 1.200.000 reais). Além disso, seria possível citar inúmeras participações de artistas brasileiros em projetos de exposição de menor escala, tanto em instituições públicas, quanto em galerias comerciais – geralmente com uma abordagem mais sofisticada do que os shows das grandes instituições –, bem como sua participação em residências artísticas independentes do Artist Links. Hoje, essa diversidade de manifestações começa a criar espaços para além da mera reprodução de clichês e da formatação de projetos mais palatáveis para o público estrangeiro, que reiteram um discurso que promove uma única matriz neoconcreta para tudo o que é arte contemporânea brasileira. Ainda assim, o clichê prevalece: vide o “Festival Brazil” (2010) promovido pelo South Bank Centre (que incluiu a exposição de Neto na Hayward) ou o festival “Brazil Contemporary”, promovido pelo Museum Boijmans Van Beuningen, em

amplo, vive-se o fim <strong>da</strong> Guerra Fria, a globalização econômica e a expansão <strong>da</strong><br />

internet, fenômenos que mu<strong>da</strong>m de forma radical as noções de tempo, de distância e<br />

de fronteira. A intensi<strong>da</strong>de e a veloci<strong>da</strong>de com que pessoas, bens e informações<br />

passam a circular trazem oportuni<strong>da</strong>des e desafios para regiões que, até então, não<br />

tinham voz no debate internacional” 18 .<br />

Tal mu<strong>da</strong>nça no cenário mundial está intrinsecamente relaciona<strong>da</strong> às transformações<br />

de ordem geopolítica e a ascensão econômica de determinados países como Brasil e China.<br />

Para alguns autores, como Veiga 19 , a emergência econômica <strong>da</strong> China remodelou a<br />

“engrenagem” no cenário mundial <strong>da</strong> arte contemporânea, no entanto, embora esteja<br />

movimentando um volume de negócios significativo, assumindo a 4 a ou 6 a posição mundial em<br />

volume de negócios (dependendo do autor), o país permanece pouco permeável à produção<br />

internacional e é considerado um mercado eminentemente nacional e nacionalista, além de<br />

não diferir claramente o mercado de bens de luxo do mercado de arte, e ain<strong>da</strong> menos o<br />

mercado de arte contemporânea. Nesse sentido, diferencia-se significativamente do modelo<br />

brasileiro.<br />

O mercado de artes em economias emergentes tem chamado a atenção de<br />

pesquisadores em diversos países. Vale a pena ressaltar o projeto coordenado pelo<br />

pesquisador holandês Olav Velthuis, “The Globalization of High Culture: How Markets for<br />

Contemporary Art Develop in Brazil, Russia, India and China”, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Amsterdã.<br />

Velthuis justifica o interesse em analisar os quatro países <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

“eles são as 4 maiores economias emergentes e que apresentam crescimento mais<br />

rápido, neles, o número de galerias e marchands estão entre os maiores do mercado<br />

“não-ocidental”, o campo <strong>da</strong>s artes nesses países está em expansão desde os anos 90,<br />

os artistas originários desses países estão atraindo a atenção <strong>da</strong>s instituições<br />

ocidentais. 20 ”<br />

Velthuis, autor de importante livro a respeito <strong>da</strong> formação do valor <strong>da</strong> arte<br />

contemporânea 21 , esteve pela primeira vez no Brasil em 2010, e na<strong>da</strong> conhecia do sistema <strong>da</strong>s<br />

artes brasileiro, mas deverá coordenar o grupo de pesquisa que terá o Brasil como objeto de<br />

análise.<br />

18 Idem.<br />

19<br />

20 Ver: http://www.aissr.uva.nl/dynamics/projects.cfm/58799F11-37CA-4630-BED1C40DA676AB0B, última consulta<br />

em 10/12/2011.<br />

21 Velthuis, Olav. Talking prices…

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