09.07.2015 Views

Suplemento-Especia-Final-1

Suplemento-Especia-Final-1

Suplemento-Especia-Final-1

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A NOVA POESIA BRASILEIRA17METEOROS.Fúrias riscando o céu.Estrelas despregadas caindo emestardalhaço.As folhas-de-flandres de umtemporal,sem intervalos.(Imóveis, no leito,seu olho embaraçado ao meua mãono meu peito.)Um dos meus poemas memoráveis é METEOROS, que faz parte do livroCorola (Ateliê Editorial, 2000), de Claudia Roquette-Pinto. Gosto de lê-locomo um fragmento de um poema maior, indefinível, em que a autoranomeou Corola. A meu ver, isto o caracteriza como um poema de formanão terminada, uma anotação ou fragmento que está em afinidade comum sentido de rizoma poético. Foi essa elasticidade, bastante incomumentre nós, que me surpreendeu e me encantou quando o li pela primeiravez. Não se trata de uma parte de um poema longo, temático e discursivo.O que está em jogo neste fazer da autora é o entremeado, a pausa,o agenciamento. Aliás, todos os fragmentos do livro vêm dispostos semtítulos (apenas palavras maiúsculas grudadas no corpo do texto), para nãoatrapalharem o fluxo da leitura, sua continuidade incessante. METEOROSé uma das pausas de Corola que mais me identifico por trazer o eventoexterno, o acontecimento aberto, maravilhoso, quase sem medida –“Estrelas despregadas caindo em estardalhaço” –, e nas palavras finais, oevento externo migra para o acontecimento interno –“Imóveis, no leito,/ seu olho embaraçado ao meu / a mão / no meu peito”. Além do usoespecialíssimo dos parênteses, um pequeno detalhe que diz muito da nãogratuidade estética, há uma força centrípeta que atrai as coisas do macropara o microcosmo. A sensação é de que restos da imagem anterior passama se revolver no peito de quem o lê. É um dos meus poemas contemporâneosprediletos.Terra dos Pinheirais, em 14/02/2013Ricardo Coronagualde amarelo amarelo andante em verdepartitura oscilante das flores o vento(ralento até o silêncio)mas ouça: na lousa da noiteos grilos vão deixando reticênciasEste poema é de Claudia Roquette-Pinto, poeta cariocanascida em 1963. Faz parte do livro “zona de sombra”,publicado pela editora 7 Letras em 1997. Este livro chegouem minhas mãos quando começei a escrever poesia deforma mais consistente. A dicção do poema de Claudia,muito contemporânea, seu ritmo, a musicalidade, a estranhezada sintaxe e a forma como ela se refere à paisagemcaptaram minha atenção. É um poema curto, que flui, éimagético, e teve sobre mim um impacto no tipo de poesiaque eu procurava escrever na época.Virna Teixeira

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!