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modelo capa resumo - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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Estu<strong>do</strong>s taxonômicos da tribo Tecomeae (Bignoniaceae Juss.)ocorrentes no Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Itatiaia – RJ.Pedro Habibe PereiraDissertação submetida ao corpo <strong>do</strong>cente da Escola Nacional <strong>de</strong> BotânicaTropical, Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> - JBRJ, comoparte <strong>do</strong>s requisitos necessários para a obtenção <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> Mestre.Aprovada por:Prof. Dr. Vidal <strong>de</strong> Freitas Mansano(orienta<strong>do</strong>r) ______________________Profa. Dra. Elsie Franklin Guimaraes ______________________Profa. Dra. Lucia Garcez Lohmann ______________________em __/__/20__ENBT/JBRJ2006III


Sting - If I Ever Lose My Faith In YouFaith Of Our Fathers - Piano SoloAlex Faith - 3rd Hustle (diggers Remix)Alex Faith - 3rd Hustle (mike Huckaby Remix )Rod Stewart - Faith Of The Heart (Karaoke Mp3 Backing Track - 27 Of 149 - The Rod StewartCollection)Rihanna - Unfaithful Sheet MusicChristmas Collection - O' Come All Ye Faithful (Waylon Jennings Version) (Key Of E) (Karaoke Mp3Backing Track)Christmas Collection - Where Are You Christmas (Faith Hill Version)Introduccion : SPOKEN WORD: Inspirational MP3Practica Corta (Cueva Del Corazon) : SPOKEN WORD: Inspirational MP3Practica Larga (<strong>Rio</strong> De Vida) : SPOKEN WORD: Inspirational MP3Faith Hill - A Man's Home Is His Castle (Mp3 Karaoke Track)Faith Hill - Breathe (Mp3 Karaoke Track)Faith Hill - If I Should Fall Behind (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - If I'm Not In Love (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Let Me Let Go (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Let Me Let Go (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Lost (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Mississippi Girl (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Somebody Stand By Me (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Star Spangled Banner (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - Stronger (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - The Way You Love Me (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - There Will Come A Day (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - When The Lights Go Down (Karaoke Mp3 Track)Faith Hill - When The Lights Go Down (Karaoke Mp3 Track)


Dedico esta dissertação <strong>de</strong> Mestre aos meus pais, Claudia e PedroIvo, por me ajudarem a realizar meus sonhos e ao meu avôOtamar (in memorian), que mesmo sem saber me fez biólogo.Agra<strong>de</strong>cimentosAos meus pais pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cursar uma pós-graduação sem bolsa, por to<strong>do</strong>seu carinho e confiança.À professora e amiga Edith Berthold, por ter me mostra<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vegetais,me inicia<strong>do</strong> na botânica e confia<strong>do</strong> no meu potencial quan<strong>do</strong> monitor.À professora Regina Andreata, por ter me acolhi<strong>do</strong> em sua antiga "salinha <strong>de</strong>botânica" e me da<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> primeiro estágio na botânica.A to<strong>do</strong>s os professores e funcionários da Universida<strong>de</strong> Santa Úrsula, que fizeramparte da minha formação acadêmica.comigo.Aos meus amigos <strong>de</strong> pós-graduação, por terem vivi<strong>do</strong> este momento juntamenteAos amigos, Biólogos e Mestre Henrique Dias e Juan Gabriel, por terem dividi<strong>do</strong>comigo sua casa, suas preocupações, alegrias, sonhos e <strong>de</strong>vaneios.Aos amigos João Paulo Condack e Marcelo <strong>de</strong> Sousa, pela sua amiza<strong>de</strong> gratuita,pelos momentos <strong>de</strong> diversão e dificulda<strong>de</strong>s.Aos amigos por fazerem parte da minha vida.À Diretoria e Coor<strong>de</strong>nação da Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical.Ao Programa Mata Atlântica.A Dra. Lúcia Lohmann, pela ajuda na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> táxons.VI


Ao pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> JBRJ Alexandre Quinet, pela revisão <strong>de</strong>sta dissertação.A ilustra<strong>do</strong>ra botânica Ana Lúcia, pelo seu excelente trabalho.À Bióloga e Mestre Ana Joffily, por toda ajuda e paciência.pulcherrima.Ao Biólogo e amigo José Eduar<strong>do</strong> Meireles, pela fundamental ajuda com J.Ao professor e amigo, Ricar<strong>do</strong> Car<strong>do</strong>so Vieira, por ter me recebi<strong>do</strong> com amiza<strong>de</strong>em seu laboratório.universos.Aos professores da Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical, que me mostraram novosA Dra. Elsie Franklin, por acreditar no meu potencial, pela sua amiza<strong>de</strong>, paciênciana tutoria e pela felicida<strong>de</strong> que transborda e contagia qualquer um.Ao amigo, orienta<strong>do</strong>r e professor Vidal <strong>de</strong> Freitas Mansano, por ter me da<strong>do</strong> aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua orientação, pelos conselhos, pela maneira carinhosa que me recebeu epor me mostrar que os caminhos da vida nem sempre são aqueles que parecem ser.A Deus, por ter me da<strong>do</strong> uma família maravilhosa e amigos incondicionais.VII


ResumoA gran<strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> das Bignoniaceae e da tribo Tecomeae Endl. na mataatlântica, aliada a escassez <strong>de</strong> trabalhos taxonômicos no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, motivaram-nosa realizar este trabalho, que tem como objetivo um estu<strong>do</strong> taxonômico da tribo Tecomeae(Bignoniaceae Juss.) no Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Itatiaia – RJ. O Parque Nacional <strong>do</strong>Itatiaia está localiza<strong>do</strong> na região Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil, entre o su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><strong>Janeiro</strong> e o sul <strong>de</strong> Minas Gerais, com uma área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30.000 hectares <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>slimites da mata atlântica. O <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Parque apresenta uma variação <strong>do</strong> gradientealtitudinal entre 600 a 2787 metros, com gran<strong>de</strong> variação nas formações vegetacionais,caracterizan<strong>do</strong>-se pela gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> taxonômica. A tribo Tecomeae está representadapor 13 espécies, distribuídas em quatro gêneros: Tabebuia Gomes com seis espécies,Jacaranda Juss. com cinco espécies, Cybstax Mart. ex Meisn. e Sparattosperma Mart. exMeisn., ambas com uma espécie. São apresentadas chaves para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> gêneros eespécies, <strong>de</strong>scrições, ilustrações e ainda comentários sobre distribuição geográfica.Palavras-chaves: Bignoniaceae, Tecomeae, taxonomia, Parque Nacional <strong>do</strong> ItatiaiaVIII


AbstractThe representativeness of the family Bignoniaceae and also of the tribe Tecomeae inthe Atlantic rain forest and the shortage of taxonomic studies on this group in this areacaused us to un<strong>de</strong>rtake this work. It aims a taxonomic study of the tribe Tecomeae(Bignoniaceae Juss.) in the Itatiaia National Park, Itatiaia – RJ. The Itatiaia National Park islocalized in the Southeastern Brazil, between the southwest of the state of <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>and south of Minas Gerais, ranging an area of about 30.000 hectares insi<strong>de</strong> the limits of theAtlantic rain forest. The Park is located in an area with a variation of the altitudinal gradientfrom 600 to 2787 meters of altitu<strong>de</strong>, showing a great variation in the vegetationalformations, characterizing an area with a high taxonomic diversity. The tribe Tecomeae isrepresented by 13 species, distributed in four genera: Tabebuia Gomes with six species,Jacaranda Juss. with five species, Cybstax Mart. ex Meisn. and Sparattosperma Mart. exMeisn., both with one species. Keys to i<strong>de</strong>ntify the genera and the species, <strong>de</strong>scriptions,illustrations and geographical distribution data are presented.Key-words: Bignoniaceae, Tecomeae, taxonomy, Itatiaia National Park.IX


Índice1. Introdução ................................................................................................................ 11.1. A família Bignoniaceae Duran<strong>de</strong> .................................................................. 11.2. A tribo Tecomeae ......................................................................................... 31.3. Histórico Taxonômico .................................................................................. 41.4. Histórico <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia ................................................................... 51.5. Expedições no passa<strong>do</strong> ................................................................................. 61.6. Aspectos vegetacionais da Serra <strong>do</strong> Itatiaia ................................................... 83. Objetivos ................................................................................................................ 104. Material e méto<strong>do</strong>s ................................................................................................. 114.1. Área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ............................................................................................ 114.2 Análise <strong>do</strong> material ...................................................................................... 125. Resulta<strong>do</strong>s e discussão .............................................................................................155.1. Chave para i<strong>de</strong>ntificação das Tecomeae ocorrentes no Parque Nacional <strong>do</strong>Itatiaia .................................................................................................................. 15Cybistax Mart. ex Meisn. ...................................................................................... 16Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart..................................................................... 16Jacaranda Juss...................................................................................................... 205.2. Chave para a i<strong>de</strong>ntificação das espécies <strong>de</strong> Jacaranda ocorrentes no ParqueNacional <strong>do</strong> Itatiaia .............................................................................................. 20Jacaranda caroba (Vell.) DC................................................................................ 21Jacaranda crassifolia Morawetz ........................................................................... 24Jacaranda puberula Cham. .................................................................................. 26Jacaranda pulcherrima Morawetz......................................................................... 29Jacaranda subalpina Morawetz............................................................................. 31Sparattosperma Mart. ex Meisn ............................................................................ 34Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum....................................................... 34X


Tabebuia Gomes ex DC......................................................................................... 375.3. Chave para a i<strong>de</strong>ntificação das espécies <strong>de</strong> Tabebuia ocorrentes no ParqueNacional <strong>do</strong> Itatiaia .............................................................................................. 37Tabebuia alba (Cham.) Sandw. ............................................................................ 38Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) Standl........................................................ 41Tabebuia heptaphylla (Vell.) Tole<strong>do</strong>..................................................................... 44Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.ssp. ochracea................................................. 47Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nichols................................................................ 50Tabebuia vellosoi Tole<strong>do</strong>...................................................................................... 536. Distribuição geográfica ........................................................................................... 566.1. Distribuição neotropical ................................................................................. 576.2.Distribuição América <strong>do</strong> Sul oci<strong>de</strong>ntal-oriental ............................................... 576.3. Brasil centro-oriental ..................................................................................... 586.4. Brasil Atlântico nor<strong>de</strong>ste-su<strong>de</strong>ste-sul ............................................................. 586.5. Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste-sul ............................................................................ 596.6. Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste ................................................................................. 597. Conclusão ............................................................................................................... 61Referências Bibliográficas .......................................................................................... 63XI


Lista <strong>de</strong> FigurasFigura 1: Mapa <strong>de</strong> localização <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia ................................................. 11Figura 2: Ilustração: Cybistax antisyphilitica .............................................................. 18Figura 3: Flor <strong>de</strong> Cybistax antisyphilitica ................................................................... 19Figura 4: Fruto <strong>de</strong> Cybistax antisyphilitica ..................................................................19Figura 5: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Cybistax antisyphilitica ........................................ 19Figura 6: Jacaranda caroba ....................................................................................... 22Figura 7: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Jacaranda caroba ................................................. 22Figura 8: Ilustração: Jacaranda caroba ...................................................................... 23Figura 9: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Jacaranda crassifolia ............................................ 24Figura 10: Ilustração: Jacaranda crassifolia ............................................................... 25Figura 11: Jacaranda puberula ................................................................................. 27Figura 12: Jacaranda puberula ................................................................................. 27Figura 13: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Jacaranda puberula ........................................... 27Figura 14: Ilustração: Jacaranda puberula ................................................................. 28Figura 15: Jacaranda pulcherrima ............................................................................. 30Figura 16: Jacaranda pulcherrima ................................................................................ 31Figura 17: Jacaranda pulcherrima ................................................................................ 31Figura 18: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Jacaranda pulcherrima .......................................... 31Figura 19: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Jacaranda subalpina ........................................... 32Figura 20: Ilustração: Jacaranda subalpina ................................................................ 33Figura 21: Sparattosperma leucanthum ...................................................................... 35Figura 22: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Sparattosperma leucanthum ................................ 35Figura 23: Ilustração: Sparattosperma leucanthum ..................................................... 36Figura 24: Ilustração: Tabebuia alba .......................................................................... 39Figura 25: Tabebuia alba ........................................................................................... 40Figura 26: Tabebuia alba ........................................................................................... 40Figura 27: Tabebuia alba ............................................................................................40Figura 28: Tabebuia alba ........................................................................................... 40Figura 29: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Tabebuia alba .................................................... 40Figura 30: Tabebuia chrysotricha ............................................................................... 42XII


Figura 31: Tabebuia chrysotricha................................................................................ 42Figura 32: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Tabebuia chrysotricha......................................... 42Figura 33: Ilustração: Tabebuia chrysotricha ............................................................. 43Figura 34: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Tabebuia heptaphylla ........................................ 45Figura 35: Ilustração: Tabebuia heptaphylla ............................................................... 46Figura 36: Tabebuia ochracea .................................................................................... 48Figura 37: Tabebuia ochracea .................................................................................... 48Figura 38: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Tabebuia ochracea .............................................. 48Figura 39: Ilustração: Tabebuia ochracea ................................................................... 49Figura 40: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Tabebuia serratifolia ........................................... 51Figura 41: Ilustração: Tabebuia serratifolia ................................................................ 52Figura 42: Tabebuia vellosoi ...................................................................................... 54Figura 43: Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Tabebuia vellosoi ................................................ 55Figura 44: Síntese <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> distribuição das espécies <strong>de</strong> Tecomeae <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong>Itatiaia ........................................................................................................................ 57XIII


XIV


1. Introdução1.1 - A Família Bignoniaceae Juss.A família Bignoniaceae é composta por oito tribos (Spangler & Olstead 1999), comcerca <strong>de</strong> 120 gêneros e 850 espécies (Lohmann & Hopkins 1999) distribuídasprincipalmente nas regiões tropicais e subtropicais <strong>do</strong> planeta, com algumas espéciesocorren<strong>do</strong> em clima tempera<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> especialmente diversa na América <strong>do</strong> Sul (Judd etal. 2002). Segun<strong>do</strong> Judd et al. (2002) e Soltis et al. (2000) esta família está inserida naOr<strong>de</strong>m Lamiales sen<strong>do</strong> proximamente relacionada a famílias como Verbenaceae eAcanthaceae.Os recentes estu<strong>do</strong>s filogenéticos provaram que a família é monofilética,especialmente por apresentar duas protuberâncias placentais distintas, cada qual conduzidapara as várias fileiras <strong>de</strong> óvulos e pela ausência <strong>de</strong> en<strong>do</strong>sperma na semente madura. Combase em estu<strong>do</strong>s em seqüências <strong>do</strong>s genes rbcL e ndhF <strong>do</strong> DNA <strong>do</strong> cloroplasto, ficouprova<strong>do</strong> que das oito tribos que a família compreen<strong>de</strong>, sete (Crescentieae, BignoneaeEccremocarpe, Tourrettieae, Coleeae, Schlegelieae e Oroxyleae) são monofiléticas esomente a tribo Tecomeae é parafilética (Splangler & Olmstead 1999). Vale ressaltar que aamostragem <strong>de</strong> espécies neste estu<strong>do</strong> foi pequena, on<strong>de</strong> só foram estudadas 19 das cerca <strong>de</strong>200 espécies subordinadas à tribo.A família está representada por espécies arbóreas, arbustivas, lianas e ervas, comfolhas opostas ou verticiladas, compostas, pinadas, bipinadas ou digitadas, ocasionalmentesimples, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o último folíolo ser modifica<strong>do</strong> em gavinhas. A inflorescência po<strong>de</strong> sercimosa ou racemosa, com flores bissexuais, zigomorfas, e freqüentemente, gran<strong>de</strong>s evistosas. Apresentam cinco sépalas e cinco pétalas distintas. O androceu é caracteriza<strong>do</strong>pela presença <strong>de</strong> quatro estames didínamos e um estaminódio. O gineceu é composto por<strong>do</strong>is carpelos fundi<strong>do</strong>s com ovário súpero, com placentação axial com numerosos óvulos eestigma bífi<strong>do</strong>. O disco nectarífero está quase sempre presente. Os frutos são cápsulas e assementes são aladas e achatadas, sen<strong>do</strong> dispersas pelo vento (Mabberley 1997; Judd et al.2002).18


As regiões <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio florestal atlântico, segun<strong>do</strong> Oliveira-Filho & Fontes (2000),<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> apresentam ampla diversida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong> Bignoniaceae,sen<strong>do</strong> encontradas espécies <strong>de</strong> hábito bastante varia<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> lianas até árvores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte com flores das mais variadas cores. Bra<strong>de</strong> (1956) cita para a região <strong>do</strong> Itatiaia osgêneros: A<strong>de</strong>nocalymma, Arrabi<strong>de</strong>a, Clytostoma, Cybistax, Fri<strong>de</strong>ricia, Jacaranda,Pithecoctenium, Sparattosperma e Tabebuia evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> que a região apresenta gêneros<strong>do</strong>s mais diversos grupos <strong>de</strong> Bignoniaceae. A lista <strong>de</strong> Gomes Jr. (1957) para o Parque é umpouco mais completa, porém, muitos <strong>do</strong>s nomes por ele propostos foram altera<strong>do</strong>s taiscomo Tecomaria capensis (= Tecoma capensis), Stenolobium stans (= Tecoma stans),Tecoma heptaphylla (= Tabebuia heptaphylla), Tecoma araliacea (= Tabebuia serratifolia)Tecoma chrysotricha (= Tabebuia chrysotricha), Sparattosperma vernicosum (=Sparattosperma leucanthum), Jacaranda semiserrata e Jacaranda subrhombea (=Jacaranda puberula), sen<strong>do</strong> que as duas primeiras são espécies exóticas.Alia<strong>do</strong>s à gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> da região, muitos <strong>do</strong>s representantes da família na áreanão estavam i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s em nível específico ou genérico. Isto mostra que o ParqueNacional <strong>do</strong> Itatiaia é uma região propícia para estu<strong>do</strong>s taxonômicos da família, e ainda quehá necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sobre as Bignoniaceae ocorrentes no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.1.2 - A Tribo TecomeaeA tribo Tecomeae é a segunda maior tribo da família Bignoniaceae e inclui cerca <strong>de</strong>34% das espécies encontradas no “Novo Mun<strong>do</strong>” (Gentry 1992). Estas espécies estãodistribuídas em 20 gêneros, nove <strong>de</strong>stes encontra<strong>do</strong>s no Brasil, sen<strong>do</strong> Tabebuia eJacaranda os mais representativos. Em geral, os gêneros subordina<strong>do</strong>s a esta tribo sãoarbóreos ou arbustivos. As folhas são opostas, raro alternas, compostas, digitadas, pinadas,bipinadas ou simples. A inflorescência po<strong>de</strong> ser terminal ou axilar, em tirso, tirsói<strong>de</strong>,botriói<strong>de</strong>, bótrio ou môna<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> reduzida a uma só flor. O cálice é cupular, espatáceo ecampanula<strong>do</strong>, com cinco sépalas raramente livres entre si. O androceu apresenta quatroestames, raro <strong>do</strong>is, didínamos e um estaminódio; os grãos <strong>de</strong> pólen são simples ou emtétra<strong>de</strong>s. O ovário é bilocular, com duas placentas axiais em cada lóculo; o disco nectaríferoé subovariano, largo e conspícuo. O fruto é cápsula, com <strong>de</strong>iscência perpendicular ao septo.19


Segun<strong>do</strong> Bra<strong>de</strong> (1956) são encontra<strong>do</strong>s, no Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, quatrogêneros da tribo Tecomeae: Cybistax, Jacaranda, Sparattosperma e Tabebuia, porém omesmo não oferece uma listagem em nível específico. Gomes Jr. (1957) menciona cincogêneros para o Parque: Tecoma (as espécies brasileiras foram sinonimizadas a Tabebuia),Cybistax, Tecomaria (cultivada e sinonimizada a Tecoma), Stenolobium (cultivada esinonimizada a Tecoma) e Sparattosperma.20


2. Objetivos1. Possibilitar o conhecimento específico e <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> da diversida<strong>de</strong> morfológica etaxonômica da tribo Tecomeae (Bignoniaceae Juss.), a partir <strong>do</strong> levantamentoflorístico no Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, associan<strong>do</strong>-os aos subsídios para ai<strong>de</strong>ntificação das espécies.2. Contribuir para o conhecimento da flora <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> e sobre adiversida<strong>de</strong> florística da floresta atlântica.3. Analisar e discutir os padrões <strong>de</strong> distribuição geográfica das espécies encontradasno Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia21


3. Histórico TaxonômicoAssim como as <strong>de</strong>mais famílias botânicas, a família Bignoniaceae também foi alvo<strong>de</strong> mudança em sua posição taxonômica. Outrora inserida na or<strong>de</strong>m Scrophulariales, estasubordinada a Sublcasse Asteridae e à Classe Magnoliopsidae (Barroso et al 1991), hoje,com base em APG II (2003), encontra-se posicionada nas eudicotiledôneas, no grupo dasAsterí<strong>de</strong>as e inserida na or<strong>de</strong>m Lamiales, que passou a englobar as antigas or<strong>de</strong>nsScrophulariales e Plantaginales (Stevens 2001). Cronquist (1969), em seu sistema <strong>de</strong>classificação, relatou que as Scrophulariales <strong>de</strong>rivaram-se das Polemoniales e sugere quevárias famílias da or<strong>de</strong>m, principalmente Gesneriaceae, Lentibulariaceae e Acanthaceae<strong>de</strong>rivam diretamente das Scrophulariaceae (Barroso et al 1991).Segun<strong>do</strong> Barroso et al (1991), há a pre<strong>do</strong>minância na or<strong>de</strong>m Lamiales <strong>de</strong> frutoscapsulares e ressaltam que em Acanthaceae e Bignoniaceae estas cápsulas são <strong>de</strong> tiposespecializa<strong>do</strong>s para dispersão das sementes, pela formação <strong>de</strong> ejacula<strong>do</strong>res e replo.Cronquist (1981) distinguia Lamiales <strong>de</strong> Scrophulariales, principalmente, com baseno número <strong>de</strong> óvulos, porém estu<strong>do</strong>s recentes em filogenia, incluin<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s morfológicos emacromoleculares, evi<strong>de</strong>nciaram que a separação <strong>de</strong>stas duas antigas or<strong>de</strong>ns não seriaconsistente. Isto se mostra evi<strong>de</strong>nte na árvore apresentada por Stevens (2001), on<strong>de</strong>Plantaginaceae aparece em um grupo monofilético inseri<strong>do</strong> na árvore das Lamiales. Nestegrupo, além das Plantaginaceae, aparecem famílias como Acanthaceae, Bignoniaceae eLamiaceae.Lamiales é um grupo bem representativo no Brasil, on<strong>de</strong> ocorrem 14 das 23 famíliasna flora nativa. Algumas outras famílias são cultivadas como Paulowniaceae e Pedaliaceae(Souza & Lorenzi 2005).22


4. Histórico <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> ItatiaiaSegun<strong>do</strong> o “Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia", <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> peloMA-IBDF & FBCN (1982), as terras que hoje constituem o PARNA <strong>do</strong> Itatiaia pertenciamao Sr. Irineu Evangelista <strong>de</strong> Souza, Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mauá, e foram adquiridas em 1908 pelaFazenda Fe<strong>de</strong>ral. No intuito <strong>de</strong> criar <strong>do</strong>is núcleos coloniais, que não foram bem sucedi<strong>do</strong>s,as terras passaram assim ao controle <strong>do</strong> Ministério da Agricultura. A partir daí foi cria<strong>do</strong>em 1929 uma Estação Biológica, que abrangia uma área <strong>de</strong> 11.943 hectares, estasubordinada ao <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> (MA-IBDF & FBCN 1982).A iniciativa <strong>de</strong> transformar a Estação Biológica em Parque Nacional data <strong>de</strong> 1913, efoi sugerida pelo botânico Alberto Loefgren. Em <strong>de</strong>zembro <strong>do</strong> mesmo ano, numaconferência realizada na Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Geografia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, José Umbmayeradvogou, com apoio <strong>de</strong> Derby Lofgren e <strong>do</strong> Barão Homem <strong>de</strong> Melo, em favor da causa,porém a criação <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, primeiro Parque Nacional <strong>do</strong> Brasil, se <strong>de</strong>usomente em 1937 através <strong>do</strong> Decreto Fe<strong>de</strong>ral n° 1713, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho, e a abrangência <strong>do</strong>PARNA eram os mesmos 11.943 hectares da Estação Biológica (MA-IBDF & FBCN1982).Porém, em 1982, a partir <strong>do</strong> Decreto Fe<strong>de</strong>ral n° 87.586, no intuito <strong>de</strong> expandir aárea protegida, o PARNA <strong>do</strong> Itatiaia sofreu um aumento na sua área <strong>de</strong> abrangênciachegan<strong>do</strong> aos 30.000 hectares (Morim 2002).23


5. Expedições no passa<strong>do</strong>A exuberância da região <strong>do</strong> Itatiaia, que culmina no Pico das Agulhas Negras comcerca <strong>de</strong> 2.789 ms.m., e suas <strong>de</strong>mais belezas naturais sempre <strong>de</strong>spertou interesse <strong>de</strong>pesquisa<strong>do</strong>res, sejam eles brasileiros ou estrangeiros.Inúmeras expedições científicas foram realizadas nos séculos XIX e XX. Dusén(1903, apud Morim 2002) relata que em 1879 M. H. Wawra Von Fernsee foi o primeironaturalista a excursionar pela região, embora conste que Saint-Hillaire já havia passa<strong>do</strong> porlá. Glaziou em 1872 visitou o planalto <strong>do</strong> Itatiaia, ten<strong>do</strong> consigo a companhia da PrincesaIsabel (Martinelli & Bragança 1996). Segadas–Vianna (1965) aponta o botânico alemãoErnesto Ule como colabora<strong>do</strong>r mais significativo para o conhecimento da flora <strong>do</strong> PARNA<strong>do</strong> Itatiaia e ainda o aponta como o primeiro a <strong>de</strong>screver a zonação altitudinal da vegetação(Morim 2002).Dusén entre 1902 e 1903 percorreu diferentes localida<strong>de</strong>s da Serra <strong>do</strong> Itatiaia, e suacontribuição para o conhecimento da flora foi significativa, e, além <strong>de</strong> coletar espécies,apresentou consi<strong>de</strong>rações sobre a distribuição das mesmas nas regiões, aliadas àsinterpretações ecológicas (Morim 2002).Martinelli & Bragança (1996) relaciona também expedições <strong>de</strong>dicadas ao estu<strong>do</strong> daflora li<strong>de</strong>radas por Wettstein e Schiffner ambos em 1901, Massart com a Comissão Belgaem 1922, Tobler em 1928, Smith em 1929, Kolkwtz em 1933, Castellanos em 1935,Markgraf em 1938 e 1952. As expedições <strong>de</strong>dicadas a estu<strong>do</strong>s geológicos foram li<strong>de</strong>radaspor Derby em 1889, sen<strong>do</strong> a ele atribuí<strong>do</strong> o crédito <strong>de</strong> primeiro pesquisa<strong>do</strong>r a discorrersobre a origem <strong>do</strong> maciço Itatiaia.Morim (2002) aponta o pesquisa<strong>do</strong>r Alexandre Curt Bra<strong>de</strong> entre os botânicos <strong>de</strong>renome e <strong>de</strong> notável saber sobre a flora <strong>do</strong> Itatiaia. Bra<strong>de</strong> (1956) lista 295 espécies, entreelas espécies novas, endêmicas ou inicialmente colhidas na região. Seus esforçosresultaram em um importante trabalho intitula<strong>do</strong> “A Flora <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia” efoi publica<strong>do</strong> em 1956 no Boletim <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, on<strong>de</strong> reúne inúmeras24


informações sobre a flora local, o histórico <strong>de</strong> excursões no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia e sobre afisionomia da vegetação.25


6. Aspectos Vegetacionais da Serra <strong>do</strong> ItatiaiaTrabalhos sobre padrões fitogeográficos da região tropical, vêm sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>sdurante algumas décadas, e entre eles po<strong>de</strong>mos citar os já consagra<strong>do</strong>s como os <strong>de</strong> Raven(1963), Bigarella & Andra<strong>de</strong>-Lima (1975), Gentry (1982), Whitmore & Prance (1987),Churchill et al. (1993) entre outros, que, além <strong>de</strong> tratar <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> distribuição, abordaas ligações inter e intra-específica <strong>de</strong> suas formações vegetacionais (Morim 2002).Por se tratar <strong>de</strong> uma região megadiversa, uma listagem global a respeito <strong>do</strong>conhecimento da flora brasileira ainda não se encontra compilada e atualizada, porém évisível o avanço <strong>de</strong> pesquisas sobre o conhecimento da biogeografia histórica e ecológica,assim como sobre a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conexões florísticas.Alguns trabalhos realiza<strong>do</strong>s no Itatiaia nos mostram uma relação entre origemhistórica <strong>do</strong>s elementos vegetacionais com os elementos florísticos lá encontra<strong>do</strong>satualmente. Bra<strong>de</strong> (1956), em seu estu<strong>do</strong> aborda, não só a estrutura regional da flora mastambém a origem da vegetação recente da Serra <strong>do</strong> Itatiaia. Também relaciona aconcordância da vegetação entre a Serra <strong>do</strong> Itatiaia e a da Bocaina na Serra <strong>do</strong> Mar,especialmente na região baixa <strong>do</strong> Itatiaia, por estas serras ocorrerem quase paralelamente.Ainda relaciona a congruência da vegetação higrófila subtropical da Serra <strong>do</strong> Itatiaia com aSerra <strong>do</strong> Mar em altitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> até cerca <strong>de</strong> 1000 metros, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> esta última apenas umpouco empobrecida pela diminuição <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>.Neste estu<strong>do</strong>, Bra<strong>de</strong> relaciona a composição e a origem <strong>do</strong>s elementos florísticos, e,como ele mesmo diz, tenta explicar o aparecimento e a representação <strong>do</strong>s diversoselementos vegetacionais na Serra <strong>do</strong> Itatiaia. Ele cita cinco elementos principais comoresponsáveis pela formação da flora da Serra <strong>do</strong> Itatiaia, sen<strong>do</strong> eles: 1) o elementosubtropical das matas higrófilas, 2) o elemento xerófilo <strong>do</strong> Brasil Central, 3) o elementoAntártico, 4) o elemento Austral-Andino e 5) o elemento Andino.Ule (1895) foi, segun<strong>do</strong> Segadas-Vianna (1965), o primeiro a <strong>de</strong>limitar e <strong>de</strong>screvera zonação da vegetação <strong>do</strong> Itatiaia em três principais níveis: a região baixa, até 600 metros;a região <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> 600 a 1700 metros e a região <strong>de</strong> campos, em altitu<strong>de</strong>s superiores a2000 metros, sen<strong>do</strong> subdividida em cinco sub-regiões. Ururahy et al. (1983) reconhecerama vegetação <strong>do</strong> Itatiaia como Floresta Ombrófila Densa Montana e, acima <strong>de</strong> 1500 metros,26


como refúgio ecológico; o IBGE (1992) caracterizou a área como Floresta EstacionalSemi<strong>de</strong>cidual Montana. Os trabalhos mais recentes a<strong>do</strong>taram Ururahy et al. (1983)<strong>de</strong>screven<strong>do</strong> a formação como Floresta Ombrófila Densa Montana (Gue<strong>de</strong>s-Bruni 1998) e,além <strong>de</strong>sta, a subformação Alto Montana (Lima 2000).27


7. Material e Méto<strong>do</strong>s7.1 - Área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>O Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Itatiaia <strong>do</strong> Tupi “penhasco cheio <strong>de</strong> pontas”, foicria<strong>do</strong> em 1937, com objetivo <strong>de</strong> preservar parte <strong>do</strong> patrimônio biológico da Serra daMantiqueira. Encontra-se localiza<strong>do</strong> na região su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil (Fig. 1), maisespecificamente entre o su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> e o sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> MinasGerais (22° 30’ e 22° 33’ S; 42° 15’ e 42° 19’ W), com uma área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30.000hectares. O maciço <strong>do</strong> Itatiaia é um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s afloramentos rochosos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,constituí<strong>do</strong> por rochas <strong>do</strong> tipo Nefelino e por massas <strong>de</strong> Sienito (Lamego 1936 eDomingues 1952 apud Segadas-Vianna 1965).Fig. 1: Mapa <strong>de</strong> localização <strong>do</strong> PARNA Itatiaia.28


Dentre as bacias hidrográficas que se <strong>de</strong>stacam na região estão as <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong>Sul e <strong>do</strong> rio Paraná. Os rios que nascem no Parque seguem seus cursos d’água em direção aestas bacias, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ságuam, sen<strong>do</strong> que os rios Baependi, Aiuruoca e Gran<strong>de</strong> pertencem àbacia <strong>do</strong> rio Paraná e o rio Preto é um importante afluente <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul (MA-IBDF& FBCN 1982 e Bra<strong>de</strong> 1956).O clima <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia foi <strong>de</strong>scrito nos diferentes níveis altitudinais<strong>do</strong> maciço, com base em estu<strong>do</strong>s anteriores sobre a zonação da vegetação, referi<strong>do</strong>s comoandares <strong>de</strong> vegetação (Segadas-Vianna 1965 e Segadas-Vianna & Dau 1965). Oshistogramas produzi<strong>do</strong>s por esses autores mostram que ocorrem duas estações bem<strong>de</strong>finidas, uma seca e fria, e outra chuvosa e quente, as quais tornam-se mais marcantesacima <strong>de</strong> 2000 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Na região mais baixa, ocorre o clima <strong>do</strong> tipo Cwa, comum perío<strong>do</strong> quente e com chuvas abundantes, e um perío<strong>do</strong> frio com baixa pluviosida<strong>de</strong>.Em altitu<strong>de</strong>s entre 700 e 2000 metros, o clima Cfb pre<strong>do</strong>mina, sen<strong>do</strong> tempera<strong>do</strong> e úmi<strong>do</strong>,também com duas estações marcadas, e o clima Cwb é próprio <strong>do</strong> andar <strong>do</strong> planalto, entre2000 e 2400 metros, sen<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong> como o mais seco com a alta incidência <strong>de</strong> geadas e<strong>de</strong>sfavorável ao estabelecimento da vegetação florestal.O maciço <strong>do</strong> Itatiaia, região orográfica on<strong>de</strong> se localiza o Parque Nacional <strong>do</strong>Itatiaia, foi aponta<strong>do</strong> por pesquisa<strong>do</strong>res nacionais e internacionais como <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>potencial ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s mais diversos estu<strong>do</strong>s nas Ciências naturais, menciona<strong>do</strong>como ímpar pelos inúmeros aspectos naturais que reúne e, naturalmente, como singular emsua beleza natural.7.2 - Análise <strong>do</strong> materialForam realizadas excursões a campo durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2003 a outubro<strong>de</strong> 2005, a fim <strong>de</strong> coletar material botânico. Procurou-se percorrer alguns caminhos outroravisita<strong>do</strong>s por pesquisa<strong>do</strong>res no passa<strong>do</strong> na tentativa <strong>de</strong> recoletar espécies, assim comonovos caminhos on<strong>de</strong> se tentou averiguar a existência <strong>de</strong> outros táxons na área.Foram feitas consultas aos herbários HB, ITA, R, RB, GUA, RBR e RUSU <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, CESJ, <strong>de</strong> Minas Gerais, SP, SPF e UEC <strong>de</strong> São Paulo (siglas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com29


Holmgren et al. 1990), que tiveram como objetivo principal o levantamento das espécies datribo Tecomeae ocorrentes na região.Os exemplares foram seleciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as informações contidas nasetiquetas, cuja procedência <strong>de</strong> coleta era indicada como <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia,Itatiaia e Resen<strong>de</strong>.A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das espécies foi estabelecida através <strong>de</strong> chaves <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, combase principalmente nos trabalhos <strong>de</strong> Gentry (1980 e 1992), <strong>de</strong> Lohmann & Pirani (1996,1998 e 2003), além <strong>de</strong> comparações com os tipos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s no herbário RB e com as<strong>de</strong>scrições e diagnoses existentes em literatura especializada. As abreviações <strong>do</strong>s nomes<strong>do</strong>s autores das espécies foram feitas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Brummit & Powell (1992).As espécies foram <strong>de</strong>scritas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o procedimento clássico em taxonomia.Quan<strong>do</strong> o material referente à área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> foi insuficiente para as <strong>de</strong>scrições, foramacrescenta<strong>do</strong>s espécimes provenientes <strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s, estan<strong>do</strong> estes lista<strong>do</strong>s comomaterial adicional. As medidas foram tomadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as variações, maiores emenores, das estruturas analisadas. Na falta <strong>de</strong> material disponível para as <strong>de</strong>scrições,algumas medidas foram retiradas da bibliografia <strong>de</strong> Gentry (1992), Lohmann & Pirani(1996, 1998 e 2003). Foram utilizadas as seguintes abreviações: cerca <strong>de</strong> (ca.); diâmetro(diâm.); comprimento (comp.) e largura (larg.). A terminologia a<strong>do</strong>tada para indicar aforma das estruturas analisadas teve como base os trabalhos <strong>de</strong> Lawrence (1951), Harris &Harris (1994) e Radford et al. (1974).Informações referentes à distribuição geográfica das espécies foram obtidas tanto notrabalho <strong>de</strong> Gentry (1992) assim como nos trabalhos <strong>de</strong> Lohmann & Pirani (1996, 1998 e2003). As <strong>de</strong>nominações <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> distribuição geográfica utiliza<strong>do</strong>s neste trabalho,tiveram como base o trabalho <strong>de</strong> Morim (2006).As flores foram obtidas <strong>do</strong> material herboriza<strong>do</strong> e hidratadas. As ilustrações <strong>do</strong>s<strong>de</strong>talhes das folhas e/ou das peças florais foram feitas mediante o auxílio <strong>de</strong>estereomicroscópio (Zeiss) com câmara clara acoplada.30


A relação <strong>de</strong> material examina<strong>do</strong> é apresentada da seguinte forma: Esta<strong>do</strong> dafe<strong>de</strong>ração, localida<strong>de</strong>, nome <strong>do</strong> coletor e número <strong>de</strong> coleta, data, sigla e registro <strong>do</strong>herbário. Outras abreviações serão utilizadas para indicar ausência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>coletor (s.c.), ausência <strong>de</strong> data (s.d.) e ausência <strong>de</strong> número <strong>de</strong> coletor (s.n.).As chaves <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação foram elaboradas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as característicasmorfológicas <strong>do</strong>s caracteres vegetativos e reprodutivos.As <strong>de</strong>scrições tanto <strong>do</strong>s gêneros quanto das espécies serão apresentadas seguin<strong>do</strong> aor<strong>de</strong>m alfabética.31


9. Resulta<strong>do</strong>s e DiscussãoItatiaia9.1 - Chave para a i<strong>de</strong>ntificação das Tecomeae ocorrentes no Parque Nacional <strong>do</strong>1. Folhas bipinadas ...................................................................................... Jacaranda1’. Folhas palmadas ..................................................................................................... 22. Flores com corola ver<strong>de</strong> ....................................................................... Cybistax2’. Flores com corola amarela, roxa ou alva .......................................................... 33. Cálice espatáceo com ápice biloba<strong>do</strong> ................................... Sparattosperma3’. Cálice não espatáceo 3 – 5 <strong>de</strong>ntea<strong>do</strong> ...............................................TabebuiaCybistax Mart. ex Meisn.Árvore ou arbusto, tronco fissura<strong>do</strong> verticalmente. Folhas palmadas, 5-7-folioladas,persistentes. Inflorescência tirsói<strong>de</strong>, terminal. Flores com cálice campanula<strong>do</strong>, 5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong>,membranáceo, minutamente lepi<strong>do</strong>to, as vezes pubescente; corola ver<strong>de</strong>, tubularcampanulada,membranácea, face externa pubérula, interna glabra ou pubérula na base;estames glabros, estaminódio vestigial, glabro; ovário ovói<strong>de</strong>-oblongo, glabro ouminutamente lepi<strong>do</strong>to-glandular, estilete glabro. Cápsula oblonga, lenhosa, 12-costada,glabra a lepi<strong>do</strong>ta, margem plana.Gênero monoespecífico, com ampla distribuição subamazônica até o Paraguai,Bolívia, norte da Argentina e regiões mais secas da encosta oriental <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s peruanos(Gentry 1992). No Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia é cita<strong>do</strong> em bibliografias (Bra<strong>de</strong> 1956, eGomes Jr. 1957), porém não foram encontra<strong>do</strong>s exemplares em campo, assim como não háregistro <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> Parque em nenhum herbário consulta<strong>do</strong>.Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart., Syst. Mat. Med. Veg. Bras. p 66. 1843.Árvore, 4,5 m alt.; ramos cilíndricos, canalicula<strong>do</strong>s, glabros. Folhas 5-folioladas;pecíolo 8,7 – 13,9 cm, cilíndrico, glabro; peciólulos 1,2 – 2,1 cm, cilíndrico-achata<strong>do</strong>s,glabros; folíolos 6,3 – 11,6 x 2,8 – 4,4 cm, elíptico-obova<strong>do</strong>s, tomentosos na margem dasnervuras principais e secundárias, ápice acumina<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, base cuneada a atenuada,32


margem serreada. Inflorescência tirsói<strong>de</strong>, terminal, 3,9 – 5,7 cm; brácteas 0,5 – 0,7 cm,pubescentes; bractéolas 0,3 – 0,4 cm, pubescentes; pedicelo 0,2 – 0,3 cm, cilíndricoachata<strong>do</strong>.Cálice 5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong>, 1,2 – 1,4 x 0,9 – 1 cm, campanula<strong>do</strong>, pubescente; corolaver<strong>de</strong>, campanulada, 5-lobada, lobos 0,7 – 0,8 cm, tubo 3,5 – 6 cm; filetes 1,8 – 3 cm;anteras 0,1 – 0,3 cm; ovário 0,2 – 1 cm, glabro; estilete 3,5 cm, estigma 0,1 cm diâm.,glabro. Cápsula 15,5 – 16,9 x 4,5 - 4,6 cm, oblonga, glabra; sementes múltiplas 0,9 – 1 cm.Material adicional: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Resen<strong>de</strong>, Estrada Resen<strong>de</strong> Formoso, a ca. 20 km <strong>de</strong>Resen<strong>de</strong>, J.R. Pirani & R. Mello Silva 2909, 18/03/1993, (SPF, NY); <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Morroda Chácara <strong>do</strong> Céu, D. Sucre 3312, 28/08/1968, est. (RB); Horto Florestal, s.c. 19,02/02/1934, fl.(RB 82219); Nova Iguaçu, REBIO <strong>do</strong> Tinguá, estrada para se<strong>de</strong>, P.R. Farág& Valter 234, 30/04/1996, fr. (RB).Cybistax antisyphilitica foi <strong>de</strong>tectada para o Parque no trabalho <strong>de</strong> Gomes Jr.(1957), on<strong>de</strong> o mesmo mencionou a coleta <strong>de</strong> C. Porto 2627 <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> Parque,no entanto este material não foi encontra<strong>do</strong> em nenhum herbário consulta<strong>do</strong>. Outro fatorque contribui para acreditarmos na ocorrência da mesma para o Parque é a coleta <strong>de</strong> J.R.Pirani & R. Mello Silva 2909 para o município <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong>, um <strong>do</strong>s municípios abrangi<strong>do</strong>spelo Parque. No Herbário <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia (ITA), existe um exemplar <strong>de</strong> umúnico fruto na exposição, porém sem nenhuma informação referente à coleta.Esta espécie é encontrada no Brasil extra-amazônico até o Paraguai, Bolívia, norteda Argentina e regiões secas <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s peruano, em altitu<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> próximo azero até ca. 2000 m.s.m. Gentry (1992).Fig. 2: Flor <strong>de</strong> C. antisyphilitica Foto: GentryFig. 3: Fruto <strong>de</strong> C. antisyphilitica Foto: Pedro Habibe33


Fig. 4: Cybistax antisyphilitica: A. Ramo (Farág & Valter 234, RB); B. Detalhe da nervura daface abaxial folíolo com indumento (Sucre 3312, RB); C. Botão floral; D. Flor; E. Detalhe dasglândulas presentes no cálice; F. Corola aberta evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> gineceu e androceu (C-E: s.c. 19,RB 82219); G. Fruto. (Farág & Valter 234, RB).34


Jacaranda Juss.Árvore, arbusto ou arvoreta. Folhas bipinadas, imparipinadas, persistentes, raquegeralmente alada. Inflorescência tirsói<strong>de</strong>, terminal. Flores com cálice campanula<strong>do</strong> ouinfundibuliforme, 5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong> ou 5-loba<strong>do</strong>, com consistência e indumento variáveis; corolageralmente roxa ou em tons afins, tubular-campanulada, membranácea, glabra apubescente; estames glabros, estaminódio maior que os estames, com ápice arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> oucapita<strong>do</strong>, com tricomas glandulares; ovário ova<strong>do</strong>, glabro, estilete glabro. Cápsula elípticaou oblonga, glabra ou pubérula, margem plana a ondulada.Segun<strong>do</strong> Gentry (1992), Jacaranda é um gênero neotropical com 49 espécies,ocorrentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Guatemala e Antilhas até o norte da Argentina. Este autor, apresentaduas seções com base no número <strong>de</strong> tecas, Monolobos (espécies monotecas) e Dilobos(espécies com duas tecas), sen<strong>do</strong> Dilobos, segun<strong>do</strong> Gentry (1992), sua seção primitivaconcentrada no Brasil e Monolobos com ampla distribuição, e um número maior <strong>de</strong>espécies no nor<strong>de</strong>ste da América <strong>do</strong> Sul e nas Índias Oci<strong>de</strong>ntais.9.2 - Chave para a i<strong>de</strong>ntificação das espécies <strong>de</strong> Jacaranda ocorrentes no Parque Nacional<strong>do</strong> Itatiaia.1. Foliólulos com margem inteira, eixo da inflorescência sempre < 19 cm ............ 22. Folhas com 8 -10 pinas ................................................................... J. caroba2’.Folhas com 13 -15 pinas ............................................................J. crassifolia1’.Foliólulos com margem <strong>de</strong>nteada ou raro inteira, quan<strong>do</strong> inteira eixo dainflorescência ≥ 19 cm ..................................................................................... 33. Eixo da inflorescência 19 – 22,5 cm, foliólulos elíptico-rômbico............................................................................................................................. J.subalpina3’.Eixo da inflorescência 9,5 – 15,5, foliólulos elípticos ou oblongos............... 44’. Foliólulos discolores, margem conspicuamente <strong>de</strong>nteada e revoluta.......................................................................................... J. pulcherrima4’.Foliólulos concolores, margem levemente <strong>de</strong>nteada e não revoluta ................................................................................................. J. puberula35


Jacaranda caroba (Vell.) DC., Prodr. 9: 232. 1845Arvoreta ou arbusto 3 m alt.; ramos canalicula<strong>do</strong>s, glabros com lenticelas. Folhascom 8 – 10 pinas, 7 – 15 foliólulos por pina; raque canaliculada, 7,2 – 10,5 cm, glabra,pecíolos 4,1 – 5,8 cm, canalicula<strong>do</strong>s, levemente tomentosos; peciólulo reduzi<strong>do</strong>; foliólulossimétricos 2,2 – 4,8 x 0,8 -1,6 cm, com distinção entre os foliólulos da base e <strong>do</strong> ápice,sen<strong>do</strong> os da base obova<strong>do</strong>s e os <strong>do</strong> ápice oblanceola<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>nsamente tomentosos somentenas nervuras da face adaxial, ápice obtuso a agu<strong>do</strong>, base cuneada, margem inteira.Inflorescência tirsói<strong>de</strong>, terminal ou axilar, eixo 9,7 – 13,6 cm, cilíndrico, glabrescente;brácteas e bractéolas caducas; pedicelo 0,3 – 0,5 cm. Cálice vináceo, 0,8 x 0,4 cm, cupular,pubescente; corola tubular-campanulada, arroxeada, tubo 2,6 – 4,8 x 1,1 – 1,6 cm,pubescente, lobos 0,7 – 0,9 cm, pubescentes; filetes 2,1 - 0,8 cm, anteras 0,1 – 0,3 cm;estaminódio 2,4 – 4 cm, tomentoso; ovário 0,3 x 0,2 cm, glabro, estilete 1,6 – 2,9 cm,estigma 0,1 cm diâm. Cápsula 4,6 -3,2 x 5,9 - 3,6 cm, elíptica, glabra, com margem planaou levemente ondulada; sementes 1,4 -1,6 x 0,3 – 0,4 cmMaterial examina<strong>do</strong>: Minas Gerais: Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Monte Serrat, W. D.Barros 207, 14/02/1941, fl. e fr. (ITA). <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Estrada Presi<strong>de</strong>nte Dutra Km 153,Sócrates <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> 96, 28/02/1963, est. (RB).Espécie muito comum no cerra<strong>do</strong>, nos esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Minas Gerais e DistritoFe<strong>de</strong>ral entre 600-1600m.s.m. (Gentry 1992). Lohmann & Pirani (1996) mencionam que adistribuição <strong>de</strong>sta espécie esten<strong>de</strong>-se para o Paraná e Bahia. A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>sta espécie para oParque não diferencia muito <strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> distribuição apresenta<strong>do</strong> por Gentry (1992) paraa espécie, já que o Parque abrange o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e chega muito próximo aoesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Fig. 5: Jacaranda carobaFoto: Gentry36


Fig. 6: Jacaranda caroba: A. Ramo frutífero; B. Detalhe <strong>do</strong> foliólulo terminal; C. Detalhe <strong>do</strong>indumento – face abaxial; D. Inflorescência; E. Flor; F. Detalhe <strong>do</strong> cálice; G. Detalhe <strong>do</strong> gineceu;H. Estames e estaminódio; I. Semente. (To<strong>do</strong>s <strong>de</strong> W.D. Barros 207, RB)37


Jacaranda crassifolia Morawetz, Pl. Syst. Evol. 132: 339. 1979.Arbusto 8 a 12 m alt.; ramos cilíndricos, tomentosos. Folhas com 13 - 15 pinas, 7 –9 folíolos por pina; raque cilíndrica, 17,5 – 20,2 cm, glabra, pecíolos 8,3 – 32 cm,cilíndricos, levemente tomentosos; peciólulo 1,4 cm, cilíndrico; foliólulos fortementeassimétricos, 2,2 - 3,6 x 1 – 1,2 cm, elíptico-rômbicos, tomentosos apenas nas nervuras daface abaxial, esparso-tomentosos na face adaxial, ápice acumina<strong>do</strong> e base cuneada, margeminteira. Inflorescência panícula terminal, eixo 11 – 17 cm, glabro; brácteas e bractéolascaducas; pedicelo 0,5 cm. Cálice arroxea<strong>do</strong>, 0,8 – 0,6 cm, infundiliforme, tomentoso;corola infundiliforme, roxa, tubo 3,5 x 0,9 cm, tomentoso, lobos 0,7 x 0,1 cm, glabro;filetes 1,7 x 0,1 cm, anteras 0,1 x 0,8 cm; estaminódio ca. 2,9 cm; ovário 0,4 x 0,3 cm,glabro, estilete 1,8 cm, estigma 0,1 cm diâm. Cápsula, 5,4 – 6 x 3,7 – 3,8 cm, elíptica,sementes não observadas.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Itatiaia, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, W. Duarte <strong>de</strong>Barros 13, 12/VIII/1940, fl., (RB); W. Duarte <strong>de</strong> Barros 207, 14/II/1941, fr. (ITA).Espécie consi<strong>de</strong>rada endêmica <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, localiza<strong>do</strong> entre 500a 1000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> na Serra da Mantiqueira. Uma característica marcante em J.crassifolia é o alto grau <strong>de</strong> assimetria <strong>de</strong> seus foliólulos. Gentry (1992) sinaliza com apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esta espécie estar forman<strong>do</strong> um híbri<strong>do</strong> juntamente com J. macrantha.Por ter sua distribuição restrita, poucos exemplares encontram-se <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s nosherbários consulta<strong>do</strong>s. Esta espécie não foi recoletada ultimamente e isto po<strong>de</strong> sugerir umaalta rarida<strong>de</strong> ou ainda o <strong>de</strong>clínio da população <strong>de</strong>ste táxon. Por se tratar <strong>de</strong> uma espéciecom distribuição restrita a uma região, este fato torna-se altamente preocupante.38


Fig. 7: Jacaranda crassifolia: A. Ramo florífero; B. Detalhe <strong>do</strong> foliólulo; C. Detalhe <strong>do</strong>indumento – face abaxial; D. Detalhe <strong>do</strong> indumento da margem adaxial <strong>do</strong> foliólulo; E. BotõesFlorais e flor; F. Detalhe <strong>do</strong> indumento da face externa da corola; G. Estames, estaminódio egineceu ; H. Detalhe <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> estaminódio.(To<strong>do</strong>s <strong>de</strong> W. Duarte <strong>de</strong> Barros 13, RB).39


Jacaranda puberula Cham., Linnaea 7: 550. 1832.Árvore 10 m alt.; ramos canalicula<strong>do</strong>s, pubescentes, com lenticelas. Folhas 9 - 15pinas, 4 – 17 foliólulos por pina; raque canaliculada, 12 – 22,5 cm, tomentosa, pecíolos 4 –7,8 cm, canalicula<strong>do</strong>s, pubescentes; peciólulo 0,4 – 0,7 cm, canalicula<strong>do</strong>; foliólulossimétricos, 1,2 – 3,2 x 0,4 – 1,4 cm, elípticos, glabros na face adaxial ou esparsamentepubescentes na face abaxial, ápice agu<strong>do</strong> a obtuso, base cuneada a obtusa, margemlevemente <strong>de</strong>nteada. Inflorescência tirsói<strong>de</strong> terminal, eixo 9,5 cm, canalicula<strong>do</strong>,pubescente; brácteas 0,4 – 0,6 x 0,1 cm; bractéolas 0,3 x 0,1 cm; pedicelo 0,2 – 0,3 cm.Cálice vináceo, 1,1 x 0,7 cm, cupular, tomentoso; tubo 1,9 – 3 cm; corola campanulada,tubo 3,9 – 4,9 x 1,2 - 1,9, tomentoso, lobos 0,3 – 0,6 x 0,1 -0,3 cm; filetes 1,5 – 2,3 x 0,1cm; anteras 0,3 cm; estaminódio 3,2 cm; ovário 0,3 x 0,2 cm, glabro, estilete 2,7 cm,estigma 0,1 cm diâm. Cápsula 2,8 – 4,9 x 1,8 – 3 cm, elíptica, glabra, margem plana;sementes não observadas.Material examina<strong>do</strong>: Minas Gerais: Itamonte, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, 22° 15’; 22° 28’S e 44° 34’; 44° 45’ W, S. J. Silva Neto et al. 1449, 29/VIII/2001, fr., (RB); Monte Serrat –850 ms.m., na margem <strong>do</strong> lago, W. Duarte <strong>de</strong> Barros 428, 28/X/1941, fl., (ITA). <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><strong>Janeiro</strong>: Itatiaia, lote 13, J.J. Sampaio 35, 17/IX/53, fl., (ITA); 22° 15’; 22° 28’ S e 44° 34’44° 45’ W, Lago Azul, 650 ms.m., M.R. Carrara et al. 23, 18/I/1995, fl., (RB); EstradaPresi<strong>de</strong>nte Dutra Km 153, Sócrates <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> s.n., 28/VI/1963, fl. e fr., (ITA 2101).Espécie altamente dispersa pela mata atlântica, ocorren<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Misiones, naArgentina e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul até Bahia, Pernambuco e Ceará no Brasil. Ocorreem florestas <strong>de</strong> araucárias, florestas litorâneas “sempre ver<strong>de</strong>s”, florestas semi<strong>de</strong>cíduas,florestas montanas e cerra<strong>do</strong>, em altitu<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> 0 a 1300 metros (Gentry 1992).Há registros ainda <strong>de</strong> ocorrência nas restingas <strong>do</strong> Espírito Santo. É muito próxima <strong>de</strong>Jacaranda caroba, diferin<strong>do</strong> apenas pelos foliólulos com margem <strong>de</strong>nteada (vs. inteira <strong>de</strong>J. caroba).Fig. 8: Flor <strong>de</strong> J. puberula Foto: GentryFig. 9: Frutos <strong>de</strong> J. puberula Foto: Gentry40


Fig. 10: Jacaranda puberula: A. Ramo frutífero; B. Foliólulos; C. Foliólulo; D. Detalhe <strong>do</strong>indumento – face abaxial; (A-D: S. J. Silva Neto et al. 1449, RB) E. Botão Floral; F. Detalhe <strong>do</strong>indumento da face externa <strong>do</strong> cálice; G. Flor ; H. Detalhe <strong>do</strong> indumento da face externa da corola; I.Estames, estaminódio e gineceu; J. Detalhe <strong>do</strong> indumento da porção mediana <strong>do</strong> estaminódio (E-J:M.R. Carrara et al. 23, RB)41


Jacaranda pulcherrima Morawetz Pl. Syst. Evol. 132: 337. 1979.Arbusto 1,5 m alt., ramos achata<strong>do</strong>s, tomentosos com lenticelas. Folhas com 13 – 19pinas, 7 – 27 foliólulos por pina, raque canaliculada, 19,1 – 17,6 cm, tomentosa, pecíolos4,1 – 10,4 cm, cilíndricos; peciólulos reduzi<strong>do</strong>s; foliólulos simétricos, 1,3 – 2,8 x 0,4 - 0,9cm,, oblongos, tomentosos em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>, base atenuada, margemconspicuamente <strong>de</strong>nteada e revoluta. Inflorescência panícula terminal, eixo 12,8 - 15,5 cm,tomentoso, brácteas e bractéolas caducas; pedicelo 0,4 –0,7 cm. Cálice acinzenta<strong>do</strong>, ca. 1 x0,5 cm, cupular, tomentoso; corola roxa, campanulada, tomentosa, tubo 5,1 – 5,8 x 1,6 cm,lobos 1,1-1,4 x 1,1 – 1,4 cm, pubescentes; filetes 2,2 – 2,6 x 0,1 cm, anteras ca. 0,1 cm;estaminódio 4,4 cm, tomentoso; ovário 0,4 x 0,1 cm, glabro, estilete 2,6 cm; estigma 0,1 cmdiâm. Fruto não observa<strong>do</strong>.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Estrada Presi<strong>de</strong>nte Dutra, Km 153, Sócrates <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong> 96, 28/02/1963 (ITA).Material adicional: Minas Gerais: Santa Bárbara, Serra <strong>do</strong> Caraça, em campos rupestre ematas <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, H. F. Leitão Filho et al. 9508, 12/12/1978, fl., (UEC). Caraça, Caminhopara cachoeira <strong>do</strong> Belchior, I.R. Andra<strong>de</strong> 10, 12/12/1986, fl., (UEC 74951); Cachoeira <strong>do</strong>Belchior, I.R. Andra<strong>de</strong> 10, 12/12/1986, fl., (UEC 66070); Serra da Caraça, cerca <strong>de</strong> 70 kmsuleste <strong>de</strong> B.H., mata ciliar, próximo ao mosteiro, N.D. da Cruz, G.J. Shepherd et al. , s. n.,17/11/1977, fl., (UEC 728). São Paulo: Estrada próxima ao Parque Estadual da Serra <strong>do</strong>Mar – Núcleo Cunha, S. Buzato & M. Sazima 28018, 22/11/1992, fl., (UEC 59628).Jacaranda pulcherrima é encontrada em Minas Gerais, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> e São Pauloem locais <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>s entre 700 e 1500 msm. Apresenta os foliólulos altamenteindumenta<strong>do</strong>s em ambas as faces e simétricos.Espécie com apenas uma registro para o PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1963,encontrada na ro<strong>do</strong>via Presi<strong>de</strong>nte Dutra.42


Fig. 13: Jacaranda pulcherrima: A. Ramo florífero; B. Foliólulo - face adaxial; C. Foliólulo - faceabaxial; D. Detalhe <strong>do</strong> indumento – face abaxial; E. Flor; F. Cálice, estilete e estigma; G. Cáliceaberto evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> gineceu; H. Corola aberta evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> androceu. (Todas <strong>de</strong> H. F. LeitãoFilho et al. 9508, UEC)43


Fig. 11: Flores <strong>de</strong> J. pulcherrima Foto: GentryFig. 12: Hábito <strong>de</strong> J. pulcherrima Foto: GentryJacaranda subalpina Morawetz. Pl. Syst. Evol. 132: 336. 1979. Fig. 2.Árvore 5 m alt.; ramos canalicula<strong>do</strong>s, tomentosos a pubescentes. Folhas 11 - 19pinas, 8 - 13 folíolos por pina; raque canaliculada 4,5 - 22,9 cm, tomentosa, pecíolos 1,5 -5,5 cm, canalicula<strong>do</strong>s, tomentosos; peciólulo 0,3 - 0,9 cm, canalicula<strong>do</strong>; foliólulossimétricos, 0,8 - 3,1 x 0,3 - 0,9 cm, elíptico-rômbicos, face abaxial ápice com tricomas portoda a superfície, face adaxial esparso-pubsecente, ápice agu<strong>do</strong> a obtuso, base atenuada,margem inteira ou levemente <strong>de</strong>nteada. Inflorescência panícula, eixo cilíndrico 19 – 22,5cm, cilíndrico, tomentoso; brácteas 5 - 7 x 0,8 - 0,9 cm; bractéolas 1 - 2 x 0,5 - 0,6 cm;pedicelo 1 - 2,1 cm. Cálice vináceo, cupular, 0,9 - 1,2 x 0,5 - 0,6 cm levemente tomentoso;corola campanulada, arroxeada, tubo 2,1 - 2,3 x 0,7 - 1,3 cm, lobos 0,4 - 0,5 x 1,1 - 1,3 cm,tomentoso; filetes 0,1 – 1,5 x 0,1 cm; anteras 0,4 – 0,5 x 0,1 cm; estaminódio 2,5 – 3,4 cm,tomentoso; ovário 2,3 – 2,5 x 0,1 cm, glabro, estilete 1,6 - 1,8 cm, estigma 0,1 – 0,2 cm.Cápsula 4,2 - 5,3 x 2,2 - 2,3 cm, elíptica, esparsamente tomentosa; sementes 0,5 - 0,6 x 0,4cm.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Rezen<strong>de</strong>, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Estrada dasEstâncias Hidrotermais, V.F. Ferreira 163, 18/X/1977, fr., (RB). São Paulo: ParqueNacional <strong>do</strong> Itatiaia: 1300 ms.m., D. Sucre et al. 2964, 7/V/1968, est., (RB).Material adicional: Mato Grosso, Guerra 27, s.d. fl. e fr. (RB); Minas Gerais: SantaBárbara, Serra da Caraça 1955 ms.m., H.F. Leitão Filho et al. 9508, 12/XII/1978, est.,(RB).44


Espécie consi<strong>de</strong>rada endêmica da floresta pluvial montana em altas altitu<strong>de</strong>s naSerra da Mantiqueira, mais especificamente no su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>,próximo ao Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em altitu<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> 1600 a 1800 m. Esta espécie épróxima <strong>de</strong> Jacaranda puberula, mas ocorre em altitu<strong>de</strong>s superiores. Difere também <strong>de</strong>staúltima pela corola com indumento mais a<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>, pelo cálice mais largo e coriáceo e frutomenor (Gentry 1992).O material coleta<strong>do</strong> por D. Sucre et al. 2964 aparece como sen<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong><strong>de</strong> São Paulo, mas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> Parque, porém o Parque não abrange São Paulo.Decidiu-se manter a localida<strong>de</strong> presente na etiqueta, entretanto vale ressaltar queprovavelmente houve alguma falha na atribuição da localida<strong>de</strong> por parte <strong>do</strong>s coletores.45


Fig. 14: Jacaranda subalpina: A. Ramo com fruto (V.F. Ferreira 163, RB); B. Ramo com flor(Guerra 27, RB); C. Foliólulo – face abaxial; D. Detalhe da face abaxial <strong>do</strong> foliólulo (C e D - V.F.Ferreira 163, RB); E. Botão Floral; F. Flor; G. Botão floral aberto; H. Estaminódio; I. Gineceu edisco nectarífero em corte longitudinal; J. Ovário em corte longitudinal; K. Semente ( E- K - Guerra27, RB).46


Sparattosperma Mart. ex Meisn.Árvores ou arbustos, ramos canalicula<strong>do</strong>s ou tetragonais. Folhas palmadas, 3 - 5-folioladas, persistentes. Inflorescência tirsói<strong>de</strong>, terminal. Flores com cálice tubularespatáceo, ápice biloba<strong>do</strong>, cartáceo, glabro a piloso; corola alva, membranácea, glabraexternamente, pilosa na face interna <strong>do</strong> tubo; estames glabros, estaminódio reduzi<strong>do</strong>,glandular; ovário oblongo, longitudinalmente costa<strong>do</strong>, obscureci<strong>do</strong> pela secreção glandular.Cápsula cilíndrico–linear, mais ou menos costada longitudinalmente, margem plana.Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum. Nat. Pflanzenfam. 4(3b):235. 1894.Árvores ca. 15 m alt.; ramos canalicula<strong>do</strong>s, glabros. Folhas 5-folioladas; pecíolo 4,7- 11,5 cm, canalicula<strong>do</strong>, glabro; peciólulo 0,9 - 3,9 cm, canalicula<strong>do</strong>; folíolos 5,4 – 12 x 2,1– 4,6 cm, ova<strong>do</strong>-oblongo, tomentoso na nervura principal da face adaxial, ápice acumina<strong>do</strong>a agu<strong>do</strong>, base obtusa, margem serreada. Inflorescência paniculada, terminal 3,5 – 8 cm;brácteas caducas, bractéolas 1,6 x 0,8 cm; pedicelo 0,2 – 0,8 cm, cilíndrico. Cálice tubularespatáceo, 1,8 - 2,3 x 0,7 – 1,6 cm, ápice biloba<strong>do</strong>, corola alva, campanulada, 5-lobada,tubo 4 x 2 cm, glabro, lobos 1,2 x 1 cm, glabro; filetes 1,4 - 2 x 0,8 - 0,9 cm, tomentosos nabase; anteras 0,3 – 0,4 cm, glabras; estaminódio 0,4 - 0,5 cm, tricomas glandulares; ovário0,3 – 0,4 x 0,3 cm, glabro, estilete 2,6 – 2,9 cm <strong>de</strong> comp., glabro, estigma 0,1 – 0,2 cm.Cápsula 21 – 54 x 0,5 – 1,2 cm, cilíndrico-linear, lepi<strong>do</strong>ta ou glabra; sementes 3 – 5,5 cm<strong>de</strong> comp., aladas.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Itatiaia, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Benfica - Lote 20,C. Porto 2665, 7/I/1935, fl., (RB); J.J. Sampaio, s.n., 13/I/1943, fl., (ITA 2034); W. D.Ramos 154, 6/I/1941, fl., (ITA); estrada Recreio Maromba <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, J.C. Sócrates 22,10/IX/1962, fl., (ITA); Fazenda Casunga, W.D. Barros 154, 6/I/1941, fl., (RB); Serra <strong>do</strong>Itatiaia, C. Porto 2665, 6/VII/1949, fl., (ITA); s.l., J.C. Sócrates 1063, 13/I/1943, fl., (RB).Espécie amplamente distribuída da Venezuela e Perú até o sul <strong>do</strong> Brasil. NaAmazônia ocorre mais em áreas secas, já na costa brasileira é mais comum como espéciessecundárias em vários tipos <strong>de</strong> formações. Ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nível <strong>do</strong> mar até 1800 m <strong>de</strong>altitu<strong>de</strong> (Gentry 1992). No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, sempre foi encontrada em ambientes combastante exposição à luz, preferencialmente em beiras das estradas no PARNA e nas47


encostas <strong>do</strong>s morros. Sementes foram encontradas pelas matas, principalmente perto dasmargens <strong>do</strong>s rios que se encontravam nas baixadas <strong>de</strong> encostas.Fig. 15: Flores <strong>de</strong> S. leucanthum Foto: Gentry48


Fig. 16: Sparattosperma leucanthum: A. Ramo com flores; B. Detalhe da face abaxial <strong>do</strong> folíolo evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> indumento; C.Detalhe <strong>do</strong> ápice biloba<strong>do</strong> <strong>do</strong> cálice; D. Detalhe <strong>do</strong> botão floral com o cálice espatáceo; E. Cálice aberto evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> acorola; F. Cálice aberto sem a corola e estames evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o disco nectarífero e o gineceu; G. Corola aberta evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong>os estames e estaminódio; H. Detalhe <strong>do</strong> indumento da parte superior da face interna da corola; I. Detalhe da parte inferior daface interna da corola; J. Detalhe <strong>do</strong> indumento da parte inferior da face interna da corola.(To<strong>do</strong>s <strong>de</strong> C. Porto 2665, RB).49


Tabebuia Gomes ex DC.Árvores ou arvoretas. Folhas palmadas, (3-)5 - 7-folioladas, geralmente caducas.Inflorescência tirsói<strong>de</strong> ou botriói<strong>de</strong>, terminal ou axilar. Flores com cálice campanula<strong>do</strong>, 3 -5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong>, coriáceo, com gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> indumento; corola roxa ou amarela, tubularcampanulada,membranácea, glabra ou tomentosa em <strong>de</strong>terminada porção; estames glabros,estaminódio reduzi<strong>do</strong>, glabro; ovário oblongo, glabro; estilete glabro. Cápsula linearcilíndrica,coriácea, lisa, glabras, estreladas, tomentosas ou glabras, margem plana.Gênero neotropical, com cerca <strong>de</strong> 100 espécies, distribuídas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o norte <strong>do</strong> México eAntilhas até o nor<strong>de</strong>ste da Argentina. A maioria das espécies está distribuída na RepúblicaDominicana, Haiti e Cuba. Dividi<strong>do</strong> artificialmente em 10 subgrupos, o gênero aindaapresenta muitos problemas taxonômicos, pelo fato <strong>de</strong> alguns táxons necessitarem <strong>de</strong> umamelhor <strong>de</strong>limitação (Gentry 1992).9.3 - Chave para a i<strong>de</strong>ntificação das espécies <strong>de</strong> Tabebuia ocorrentes no Parque Nacional<strong>do</strong> Itatiaia.1. Flores com corola roxa ...................................................................... T. heptaphylla1’. Flores com corola amarela ..................................................................................... 22. Cálice levemente indumenta<strong>do</strong>, face abaxial <strong>do</strong>s folíolos glabra ................................................................................................................................... T. serratifolia2’. Cálice <strong>de</strong>nsamente indumenta<strong>do</strong>, face abaxial <strong>do</strong>s folíolos indumentada ......... 33. Margem foliolar serreada ............................................................. T. vellosoi3´. Margem foliolar inteira ou raro levemente <strong>de</strong>nteada ................................... 44. Indumento da face abaxial <strong>do</strong>s folíolos estrela<strong>do</strong> e esbranquiça<strong>do</strong> epedicelo 0,7 – 1,5 cm .................................... T. ochracea ssp. ochracea4’. Indumento da face abaxial <strong>do</strong>s folíolos estrela<strong>do</strong> e avermelha<strong>do</strong> epedicelo reduzi<strong>do</strong>........................................................ T. chrysotricha50


Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A.DC.) Standl., Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11:176.1936Árvore 2 – 10 m alt.; ramos cilíndricos; tomentosos. Folhas 5-folioladas; pecíolos2,2 – 9,5 cm, cilíndricos, tomentosos ou estrela<strong>do</strong>s; peciólulos 0,2 – 3,5 cm, cilíndricos,tomentosos ou estrela<strong>do</strong>s; folíolos, 1 – 12,5 x 0,7 – 6,3 cm, oblongos ou elípticos, faceabaxial estrelada, avermelhada, ápice acumina<strong>do</strong> a agu<strong>do</strong>, base cuneada, margem inteira ouraro levemente <strong>de</strong>nteada. Inflorescência panícula, terminal, eixo cilíndrico ca. 2,5 cm,estrela<strong>do</strong>, pedicelo reduzi<strong>do</strong>. Cálice 5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong>, 2 – 0,9 cm, tubular, tomentoso; corolaamarela, campanulada, lobos ca. 1,5 cm, tubo ca. 5,5 cm, tomentoso; filetes 1,6 – 2,3 cm,glabros; anteras, 0,3x 0,1cm, glabras; estaminódio 0,6 cm, glabro; ovário 0,3 x 0,1 cm,glabro, estilete 2,7 cm, glabro, estigma 0,1 cm diâm. Cápsula 14 – 23 x 1,3 – 1,8 cm, linear,<strong>de</strong>nsamente tomentosa, oblonga; sementes 1,5 x 0,5 cm.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Itatiaia, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, C. Porto 717, 25/VIII/1918, fl., (RB); Serra <strong>do</strong> Itatiaia, lote Mayrink Veiga, C. Porto 2264, 20/XI/1934, est.,(ITA); C. Porto s.n., 20/XI/1934, bot. fl., (RB 28065); lote Maria Augusta 900 ms.m., W.D. Barros 417, 8/X/1941 fr., (RB 47284); lote Maria Augusta c.a. 900 ms.m., W. D. Barros417, 8/X/1941, fr., (RB 84019); Hotel Simon, P.H. Pereira 36, 18/06/2004, fl. (RB); HotelSimon, P.H. Pereira 45, 10/09/2004, fl. (RB).Material adicional: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Nova Friburgo, Macaé <strong>de</strong> Cima, próximo à entrada dafazenda Ouro Ver<strong>de</strong>, C.M. Vieira et al. 420, 25/IX/1993, fl., (RB 314364).Espécie ocorrente na mata atlântica costeira <strong>do</strong> Brasil, geralmente em restingas.Também encontrada em outros <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> florestas abertas ou alteradas ou ainda emformação arbustiva, em topos <strong>de</strong> morros especialmente em solos arenosos. Comumenteutilizada na arborização urbana (Gentry 1992).É próxima a Tabebuia ochracea e segun<strong>do</strong> Gentry (1992) po<strong>de</strong>ria ser tratada comosubespécie <strong>de</strong>ste táxon. Difere pelos folíolos apresentarem indumento menos a<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong> naface abaxial, pela superfície adaxial escabrosa e pelo cálice séssil ou subséssil comindumento persistente e avermelha<strong>do</strong>.Espécie cultivada nos jardins <strong>do</strong> Hotel Simon, e por apresentar pequeno porte,acredita-se ser cultivada e não um remanescente da vegetação nativa como acreditamos seras nossas coletas para T. heptaphylla e T. serratifolia, tampouco espontânea como T.51


ochracea ssp. ochracea apesar <strong>de</strong> haver registros <strong>de</strong> ocorrência em regiões próximas aoslimites <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia.Não conseguimos recoletar esta espécie em ambiente natural neste estu<strong>do</strong>, assim osespécimes menciona<strong>do</strong>s no material examina<strong>do</strong> tratam <strong>de</strong> coletas encontradas nos herbáriosconsulta<strong>do</strong>s.Fig. 17: Hábito <strong>de</strong> T. chrysotricha Foto: GentryFig. 18: Flor <strong>de</strong> T. chrysotricha Foto: Gentry52


Fig. 19: Tabebuia chrysotricha: A. Ramo; B. Folíolo; C. Detalhe <strong>do</strong> indumento da face adaxial <strong>do</strong>folíolo; D. Inflorescência; E. Flor; F. Cálice, estilete e estigma; G. Corola aberta evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> estames,estaminódio (A-G: P.H. Pereira 36, RB); H.Fruto; I. Detalhe <strong>do</strong> indumento <strong>do</strong> fruto.(H-I: W. D.Barros 417, RB).53


Tabebuia heptaphylla (Vell.) Tole<strong>do</strong>, Arq. Bot. Esta<strong>do</strong> São Paulo, 3:33. 1952. Fig. 3.Árvore 4 – 40 m alt.; ramos cilíndricos, glabros. Folhas 5 - 7-folioladas; pecíolos3,5 – 5,9 cm, cilíndricos, glabros; peciólulos 0,8 – 9,2 cm, cilíndricos, glabros; folíolos, 2,5– 21,5 cm, oblongos, glabros, ápice acumina<strong>do</strong>, base obtusa, margem levemente serreada.Inflorescência botriói<strong>de</strong>, terminal, eixo 13,7 – 23,4 cm, cilíndrico, glabro; pedicelo 0,8 –1,5 cm, cilíndrico, estrela<strong>do</strong>. Cálice 5-loba<strong>do</strong>, 0,5 x 0,5 cm, cupular, estrela<strong>do</strong>; corola roxa,campanulada, lobos 1 x 1,4 cm, tubo 3 x 1 cm, estrela<strong>do</strong>; filetes 1,3 – 1,7 cm, glabros;anteras 0,3 cm, glabras; estaminódio 0,2 cm; ovário 0,3 x 0,1 cm, glabro, estilete 2,2 cm,glabro, estigma 0,1 cm. Cápsula 30,5 – 32,3 x 2 cm, alongada; sementes não observadas.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Itatiaia, C. Porto 668, 1918, est., (RB); ParqueNacional <strong>do</strong> Itatiaia - lote 70, 950 ms.m., W. D. Barros 265, 17/IV/1941, bot. flor., (RB).Material adicional: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Encosta <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, Dionísio s.n., 6/1912, fl. e fr.,(RB 11222).Espécie é amplamente distribuída e próxima a Tabebuia impetiginosa. Estas duaspossuem muitas características em comum, porém distribuição alopátrica, sen<strong>do</strong> que T.heptaphylla prefere florestas úmidas e mais baixas, enquanto T. impetiginosa ocorre emáreas rochosas e mais secas (Gentry 1992).No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia encontra-se em cultivo nos jardins <strong>do</strong> Hotel Simon e poralguns indivíduos apresentarem gran<strong>de</strong> porte, acredita-se serem remanescentes que foramconserva<strong>do</strong>s e aproveita<strong>do</strong>s no projeto paisagístico <strong>do</strong> Hotel.Das espécies <strong>do</strong> gênero que ocorrem no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, é a única a apresentarcorola roxa, sen<strong>do</strong> fácil sua i<strong>de</strong>ntificação quan<strong>do</strong> em flor. Suas folhas po<strong>de</strong>m apresentarcinco ou sete folíolos, o que se torna uma característica taxonômica interessante, e ajuda nai<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> táxon.A forma estreita e alongada <strong>do</strong>s seus folíolos difere bem T. heptaphylla das outrasespécies <strong>de</strong> Tabebeuia.54


Fig. 20: Tabebuia heptaphylla: A. Ramo; B. Folíolo <strong>de</strong> maior tamanho; C. Folíolo <strong>de</strong> menor tamanho;D. Detalhe <strong>do</strong> indumento da face abaxial <strong>do</strong> folíolo(A-D: C. Porto 668, RB); E. Inflorescência; F.Ramo com alguns pedicelos e uma flor aberta; G. Corola aberta mostran<strong>do</strong> estames, estaminódio eindumento; H. Detalhe <strong>do</strong> indumento da parte inferior da corola; I. Detalhe <strong>do</strong> indumento da partesuperior da corola; J. Cálice com gineceu; K. Detalhe <strong>do</strong> estigma; L. Cálice aberto evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o disconectarífero ovário; M. Fruto; N. Semente. (E-N: Dionísio s.n., RB 11222).55


Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. ssp. ochracea Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11: 176.1936.Árvore ou arvoreta <strong>de</strong> 2,5 a 25 m alt.; ramos canalicula<strong>do</strong>s estrela<strong>do</strong>s. Folhas 5-folioladas; pecíolo 5,9 - 10,7 cm, canalicula<strong>do</strong>, estrigoso a <strong>de</strong>nsamente estrigoso; peciólulo0,2 - 2 cm, canalicula<strong>do</strong>, estrela<strong>do</strong>; folíolos 2,7 - 6,8 x 1,9 - 4,4 cm, elípticos a oblongoova<strong>do</strong>s,face adaxial praticamente glabra, face abaxial estrelada, esbranquiçada, ápiceagu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, base arre<strong>do</strong>ndada a cuneada, margem inteira. Inflorescência botriói<strong>de</strong>,globosa, congesta, terminal, eixo 4 – 1 cm, estrela<strong>do</strong>; pedicelo 0,7 – 1,5 cm, <strong>de</strong>nsamenteestrigoso. Cálice 5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong>, 1,6–2,4 cm, ferruginoso, irregular e curtamente parti<strong>do</strong>,campanula<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nsamente estrigoso; corola amarelo ouro com nervuras vináceas, cupular,lobos 1-3 cm; tubo 5–5,3 x 2–2,3 cm, estrigoso em <strong>de</strong>terminada porção da face interna,glabro externamente, filetes 2,5–3,2 x 0,1 cm, glabros; anteras 0,3 x 0,1 cm, glabras;estaminódio, ca. 1,2 cm, ápice agu<strong>do</strong>, glabro; ovário 0,5 x 0,2 cm, glabro, estilete 2,2 cm,glabro, estigma, 0,2 cm <strong>de</strong> diâm. Cápsula 22,8 x 1,8 cm oblonga, ocrácea, estrelada;sementes 2,3 - 2,5 x 0,8 cm.Material examina<strong>do</strong>: Minas Gerais: Itamonte, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Campinho p/Serra Negra, antes da chegada em Vargem Gran<strong>de</strong> – 1646 ms.m., M.P.M. <strong>de</strong> Lima et al.448, 29/VIII/2001, fl., (RB); <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Itatiaia, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, estrada <strong>de</strong>acesso ao Parque, P.H. Pereira 37, 18/06/2004, fl. (RB); Centro <strong>de</strong> Visitantes <strong>do</strong> PARNA<strong>do</strong> Itatiaia, P.H. Pereira 48, 19/09/2004, fl. (RB).Material adicional: Distrito Fe<strong>de</strong>ral: Brasília, Reserva Ecológica <strong>do</strong> Ronca<strong>do</strong>r, E. Heringer129, 26/9/77, fr., (RB); Minas Gerais: c.a. 730 km <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> para Belo Horizonte,norte <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, c.a. 21°35’ S, 43°20’ W, 700 ms.m., E. Zardini et al. 49526, fr.,(RB).Espécie polimorfa que apresenta três subespécies, bem <strong>de</strong>limitadas geograficamente(Gentry 1992): Tabebuia ochracea subsp. ochracea, T. ochracea subsp. heterotricha, T.ochracea subsp. neochrysantha. No Parque ocorre apenas a subespécie típica, sen<strong>do</strong>também a única que ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios da mata atlântica.Espécie que no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia apresenta-se muito próxima <strong>de</strong> T. vellosoi,diferencian<strong>do</strong> no hábito, que em T. ochracea é arbóreo e T. vellosoi é arbustivo, e nainflorescência que em T. ochracea é menos congesta, globosa e com o eixo maior. Os56


indivíduos coleta<strong>do</strong>s encontram-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s particulares que se localizam<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia. Porém, como há registros <strong>de</strong> indivíduos coleta<strong>do</strong>sem regiões próximas aos limites <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, acredita-se que estes espécimespo<strong>de</strong>m ser espontâneos e não cultiva<strong>do</strong>s.Os folíolos apresentam uma venação protuberante com ápices geralmentearre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s, o que ajuda na i<strong>de</strong>ntificação. A textura coriácea <strong>do</strong>s folíolos, juntamente comos tricomas estrela<strong>do</strong>s, dão uma textura que é bem característica na espécie e po<strong>de</strong>m serinformações úteis para distinguir este táxon <strong>de</strong> T. chrysotricha.Fig. 21: Hábito <strong>de</strong> T. ochracea Foto: GentryFig. 22: Flor <strong>de</strong> T. ochracea. Foto: Gentry57


Figura 23: Tabebuia ochracea: A. Ramo; B. Folíolo; C. Detalhe da face abaxial <strong>do</strong> folíolo (A-C:M.P.M. <strong>de</strong> Lima et al. 448, RB); D. Ramo com inflorescência; E. Flor; F. Detalhe <strong>do</strong> indumentoda face externa <strong>do</strong> cálice; G. Cálice aberto evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o gineceu; H. Detalhe <strong>do</strong> indumento daface interna <strong>do</strong> cálice; I. Detalhe da flor aberta mostran<strong>do</strong> estames, estaminódio e parte <strong>do</strong> gineceu.(D-I: P.H. Pereira 37, RB).58


Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson, Ill. Dict. Gard. 4:1. 1887Árvore 30 m alt.; ramos cilíndricos, glabros. Folhas 5-7 folioladas; pecíolo 3,3-13,6cm, cilíndrico, pubescente; peciólulo 0,3–5 cm, cilíndrico, pubescente; folíolos, 2–17,1 x 1–5,8 cm, oblongos, obova<strong>do</strong>s ou elíptico, glabros, ápice acumina<strong>do</strong>, base atenuada, margeminteira a conspicuamente serreada. Inflorescência panícula, terminal, eixo cilíndrico 1,2 – 2cm,glabro; pedicelo 1 - 1,5 cm, pubescente. Cálice 3–5 lobos, 1,2 x 0,6 cm, campanula<strong>do</strong>,levemente indumenta<strong>do</strong>; corola amarela, tubular, lobos 2,7 x 2,6 cm, tubo 6,5 x 1,5 cm,tomentoso; filetes 1,2 – 2,3 cm, anteras, 0,3 x 0,1 cm; estaminódio 1 cm, glabro; ovário 0,4x 0,3 cm, glabro; estilete 2,5 cm, estigma 0,1 cm <strong>de</strong> diâm.. Cápsula 30,1 – 30,5 x 1,2 cm,glabra, sementes, 4,5 – 4,7 x 0,7 – 0,8 cm.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Itatiaia, C. Porto 724,1918, fl., (RB); W. D. Barros 309, 19/VI/1941, fl., (ITA); P.H. Pereira 34, 18/06/2004, fl.(RB).Material adicional: Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Brasília: cultivada no campus da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Brasília, E.P. Heringer 14824, s.d., fl., (RB). <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Engenheiro Passos, Cachoeira<strong>do</strong> Salto, s.c.., s.n., s.d., fr., (RB 83960).Trata-se <strong>de</strong> uma espécie amplamente distribuída e polimórfica. É comumentechamada <strong>de</strong> ipê-amarelo, e se constitui a árvore símbolo <strong>do</strong> Brasil. Gentry (1992) consi<strong>de</strong>raesta espécie próxima a Tabebuia vellosoi, porém no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia não foi observadasemelhança entre elas, uma vez que os folíolos <strong>de</strong> T. serratifolia são praticamente glabros ebastante coriáceos, enquanto que em T. vellosoi os folíolos são altamente indumenta<strong>do</strong>s epapiráceos. No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia esta espécie encontra-se cultivada nos jardins <strong>do</strong> HotelSimon, mas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao alto porte acredita-se que estes indivíduos sejam remanescentes queforam conserva<strong>do</strong>s e aproveita<strong>do</strong>s no projeto paisagístico <strong>do</strong>s jardins <strong>do</strong> Hotel.59


Figura 24: Tabebuia serratifolia: A. Folha com os folíolos com margem levemente serrada; B.Folhas com os folíolos com margem conspicuamente serreada; C. Folíolo – face abaxial; D. Detalheda ramificação das nervuras secundárias mostran<strong>do</strong> a presença <strong>de</strong> indumento; E. Flor com <strong>do</strong>isbotões laterais; F. Inflorescência; G. Flor; H. Flor sem a corola e os estames, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o cálicee parte <strong>do</strong> gineceu; I. Flor aberta evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> os estames, estaminódio, gineceu e disco nectarífero;J. Detalhe <strong>do</strong> indumento da parte inferior da corola (A-J: P.H. Pereira 34, RB); K. Cápsulamadura; L. Semente.(s.c. s.n., RB 83960).60


Tabebuia vellosoi Tole<strong>do</strong>, Arq. Bot. Esta<strong>do</strong> Sao Paulo 3(1): 34. 1952.Árvore ou arvoreta 1 - 5 m alt.; ramos canalicula<strong>do</strong>s, glabros. Folhas 5-folioladas;pecíolo 4,5 – 8,7 cm, canalicula<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nsamente estrela<strong>do</strong>; peciólulo 1,2 – 3,1 cm,canalicula<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nsamente estrela<strong>do</strong>; folíolos 3,7 – 9,5 x 1,8 – 4,2 cm, elíptico-oblongo, faceabaxial <strong>de</strong>nsamente estrelada sobre as nervuras, ápice agu<strong>do</strong>, base cuneada, face adaxialesparso-estrela<strong>do</strong>, margem conspicuamente serreada. Inflorescência tirsói<strong>de</strong>, globosa,congesta, terminal; eixo reduzi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nsamente estrigoso, pedicelo 1,6 - 1,8 cm, <strong>de</strong>nsamenteestrigoso. Cálice 5-<strong>de</strong>ntea<strong>do</strong>, 1,5–2 x 0,6 – 0,9 cm, campanula<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nsamente estrigoso;corola amarelo-ouro, lobo 1,2–1,4 cm, tubo 3,7–4,5 x 1,6–2,1 cm, estrigoso em<strong>de</strong>terminada porção da face interna, glabro externamente; filetes 9,1-15 cm, glandular naporção adpressa à pétala, anteras 0,1–0,3 x 0,1 cm; estaminódio 1,4 cm, ápice espatáceo,glandular na porção adpressa à pétala; ovário 0,4 x 0,2 cm, glabro, estilete 2,3, glabro,estigma 0,2 cm diâm., glabro. Fruto e sementes não observa<strong>do</strong>s.Material examina<strong>do</strong>: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Itatiaia, Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia, Trilha <strong>do</strong>s TrêsPicos, anexa a trilha principal, P.H. Pereira 38, 17/08/2004, fl. (RB); Trilha <strong>do</strong>s Três Picos,anexa a trilha principal, P.H. Pereira 39, 17/08/2004, fl. (RB).Material adicional: <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Serra <strong>do</strong>s Órgãos, A.C. Bra<strong>de</strong> 1661, 23/08/1940, est.(RB).T. vellosoi é muito confundida com T. serratifolia. Tole<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rava T. vellosoisinônimo <strong>de</strong> T. serratifolia. No entanto Gentry (1992) menciona claramente que sua análisecuida<strong>do</strong>sa das ilustrações <strong>de</strong> Velloso em 1952 evi<strong>de</strong>ncia que T. vellosoi e T. serratifolia sãotáxons completamente distintos. Gentry (1992) consi<strong>de</strong>rada ainda que T. vellosoi é próximaa T. catarinensis.No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia foi coletada no alto <strong>do</strong>s Três Picos, num local altamenteexposto ao sol. Os indivíduos são <strong>de</strong> pequeno porte e po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s arvoretas,pois não aparentam aparência <strong>de</strong> indivíduos jovens, uma vez que sua casca apresentava-sebastante espessa e ainda por terem si<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s férteis em campo. Segun<strong>do</strong> Gentry(1992), a espécie está distribuída no Paraná até Minas Gerais e <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>,principalmente em florestas montanas, acima <strong>do</strong>s 1000 ms.m.. Há também registros <strong>de</strong>coletas <strong>de</strong>ssa espécie nas restingas <strong>do</strong> Espírito Santo.61


Fig. 25: Tabebuia vellosoi: A. Ramo; B. Detalhe da margem serreada <strong>do</strong> folíolo (A-B: A.C. Bra<strong>de</strong>1661, RB); C. Inflorescência; D. Flor; E. Cálice com estilete e estigma; F. Cálice aberto evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong>gineceu; G. Corola aberta evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> estames e estaminódio.(C-G: P.H. Pereira 39, RB).62


Apesar <strong>de</strong> alguns autores consi<strong>de</strong>rarem esta espécie muito próxima <strong>de</strong> Tabebuiaserratifolia, os indivíduos coleta<strong>do</strong>s no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia se mostraram bastante pareci<strong>do</strong>scom T. ochracea ssp. ochracea, diferencian<strong>do</strong> no hábito, que em T. vellosoi é arbustivo ena inflorescência, que em T. vellosoi é mais congesta, globosa e com o eixo bastantereduzi<strong>do</strong>.63


10. Distribuição geográficaSegun<strong>do</strong> Gentry (1976) o Brasil é o “centro <strong>de</strong> dispersão” para as Bignoniaceae, e<strong>de</strong> uma maneira geral, a família apresenta um padrão <strong>de</strong> distribuição marcada por nichosespecíficos basea<strong>do</strong>s nos parâmetros hídricos, edáficos, estratégia <strong>de</strong> polinização esazonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> floração. Em seu estu<strong>do</strong>, Gentry (1976), mostra que algumas espécies <strong>de</strong>Bignoniaceae, na região <strong>do</strong> Panamá, possuem uma amplitu<strong>de</strong> ecológica suficiente paraocorrerem em mais <strong>de</strong> uma "zona <strong>de</strong> vida", e relata que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> espécies<strong>de</strong>cresce das florestas úmidas para as florestas secas.Dentro <strong>de</strong>ste contexto, serão <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> distribuição para as Tecomeae <strong>do</strong>Itatiaia e os mesmos serão compara<strong>do</strong>s aos utiliza<strong>do</strong>s por Morim (2006), que verificou seispadrões para as Leguminosae <strong>de</strong>sta mesma área (Distribuição neotropical, DistribuiçãoAmérica <strong>do</strong> Sul oci<strong>de</strong>ntal-oriental, Brasil centro-oriental, Brasil Atlântico nor<strong>de</strong>ste-su<strong>de</strong>stesule Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste-sul e Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste). Os padrões <strong>de</strong> distribuiçãoutiliza<strong>do</strong>s neste trabalho estão <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s em amarelo, azul, ver<strong>de</strong> e vermelho na figura 26.64


Fonte <strong>do</strong> mapa: Morim (2006).Figura 26: Síntese <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> distribuição das espécies <strong>de</strong> Tecomeae <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia.Diferente das Leguminosae <strong>do</strong> Itatiaia, para a tribo Tecomeae existem apenas quatropadrões <strong>de</strong> distribuição geográfica: Distribuição América <strong>do</strong> Sul oci<strong>de</strong>ntal-oriental, Brasilcentro-oriental, Brasil Atlântico nor<strong>de</strong>ste-su<strong>de</strong>ste-sul e Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste. Destaforma, a seguir são apresentadas <strong>de</strong>scrições os padrões <strong>de</strong> distribuição encontra<strong>do</strong>s,segui<strong>do</strong>s da relação <strong>do</strong>s respectivos táxons para cada um <strong>de</strong>les.10.1. Distribuição neotropical - Espécies com ampla distribuição, contínua oudisjunta, com pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> ocorrência na faixa neotropical, com limite norte o Méxicoe a América Central e o limite sul o norte da Argentina. Nenhuma das espécies <strong>de</strong>Tecomeae ocorrentes no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia apresenta este tipo <strong>de</strong> distribuição.10.2. Distribuição América <strong>do</strong> Sul oci<strong>de</strong>ntal-oriental – Espécies com distribuiçãopre<strong>do</strong>minantemente nas áreas oeste, centro e leste da América <strong>do</strong> Sul, com limite ao norte aVenezuela, Suriname ou Guiana e o limite sul, o sul <strong>do</strong> Brasil. Dentro <strong>de</strong>ste padrão <strong>de</strong>distribuição enquadram-se C. antisyphilitica, S. leucanthum, T. ochracea e T. serratifolia.No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, S. leucanthum encontra-se numa faixa altitudinal que atinge o65


limite máximo <strong>de</strong> aproximadamente 1000 ms.m., ten<strong>do</strong> como preferência ambientes secos e<strong>de</strong> alta exposição ao sol, já T. serratifolia, foi encontrada somente cultivada nos jardins <strong>do</strong>Hotel Simon, mas, por se tratar <strong>de</strong> um exemplar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, suspeita-se que talespécime po<strong>de</strong> ser um remanescente da mata originária.Cybistax antisyphilitica é uma espécie bem distribuída, porém com pouco registroamazônico, ten<strong>do</strong> seu maior número <strong>de</strong> indivíduos relaciona<strong>do</strong>s para as regiões nor<strong>de</strong>ste,su<strong>de</strong>ste e sul <strong>do</strong> Brasil. Seu limite norte é a divisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará com o Suriname.Sparattosperma leucanthum é bem distribuída na América Latina, com maiorregistro <strong>de</strong> ocorrência no su<strong>de</strong>ste e nor<strong>de</strong>ste brasileiro, com poucos registros amazônicos,sen<strong>do</strong> estes no Acre e na Amazônia boliviana. Ao sul, tem seu limite no territórioparaguaio.Tabebuia serratifolia é, <strong>de</strong>ntre as espécies encontradas no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, a quetem maior distribuição, ocupan<strong>do</strong> vários ecossistemas como mata atlântica, cerra<strong>do</strong>, mataamazônica, caatinga, etc, assim como em altitu<strong>de</strong>s variáveis. Segun<strong>do</strong> a lista <strong>de</strong> espéciescoletadas disponível no site <strong>do</strong> Missouri Botanical Gar<strong>de</strong>n (http://mobot.mobot.org/cgi-bin/search_vast, 2006), existem ainda coletas no caribe (Jamaica, Trinidad e Tobago).Tabebuia ochracea tem sua distribuição bem parecida com T. serratifolia, porémseu limite norte é o município <strong>de</strong> Monte Alegre, esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, não ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>, até opresente momento, registradas coletas acima <strong>de</strong>ste limite.66


Fig. 27 – Mapa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Cybistax antisyphilitica •. Fonte: Gentry (1992).Fig. 28 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para S. leucanthum •. Fonte: Gentry (1992).67


Fig. 29 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para T. ochracea ssp. ochracea •. Fonte: Gentry (1992).Fig. 30 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para T. serratifolia •. Fonte Gentry (1992).10.3. Brasil centro-oriental – Espécies que se enquadram neste padrão <strong>de</strong>distribuição ocorrem no centro-oeste, nor<strong>de</strong>ste, su<strong>de</strong>ste e sul <strong>do</strong> Brasil. Ten<strong>do</strong> como limite68


ao norte o Ceará ou a Bahia, e ao sul Paraná ou Santa Catarina. Somente T. heptaphylla,das espécies que ocorrem no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, apresenta este tipo <strong>de</strong> padrão. Tem seulimite norte o norte da Bahia, ocorren<strong>do</strong> somente na faixa litorânea <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, seu limite aooeste é a Bolívia, passan<strong>do</strong> pelo cerra<strong>do</strong> e pelo pantanal brasileiro, e seu limite sul é aArgentina. No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, encontra-se cultivada nos Jardins <strong>do</strong> Hotel Simon.Fig. 31 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para T. heptaphylla •. Fonte Gentry (1992).10.4. Brasil Atlântico nor<strong>de</strong>ste-su<strong>de</strong>ste-sul – Espécies que apresentam este padrão<strong>de</strong> distribuição ocorrem no nor<strong>de</strong>ste, principalmente na Bahia, até o sul <strong>do</strong> Brasil, em geralo Paraná. Enquadram-se neste padrão <strong>de</strong> distribuição Jacaranda puberula e Tabebuiachrysotricha.Tabebuia chrysotricha apresenta-se distribuída principalmente na região su<strong>de</strong>ste,ten<strong>do</strong> poucas referências para a Bahia, apenas uma referência para o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Pernambuco. Seu limite sul é a Argentina, e no território brasileiro o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.Jacaranda puberula apresenta distribuição principalmente na região su<strong>de</strong>ste e sul,com alguns registros <strong>de</strong> ocorrência para Bahia, um registro para o Ceará, e outros paraMinas Gerais e Espírito Santo.69


Fig. 32 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para J. puberula •. Fonte: Gentry (1992).Fig. 33 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para T. chrysotricha •. Fonte: Gentry (1992).10.5. Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste-sul – Espécies que apresentam distribuição pelasregiões Su<strong>de</strong>ste e sul <strong>do</strong> Brasil, pre<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> como limite sul o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná. Nenhumaespécie relacionada para o PARNA <strong>do</strong> Itatiaia apresenta este tipo <strong>de</strong> distribuição.10.6. Brasil Atlântico su<strong>de</strong>ste – Espécies que apresentam distribuição restrita àregião Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil. Apresentam este tipo <strong>de</strong> distribuição: Jacaranda caroba, J.crassifolia, J. pulcherrima, J. subalpina e Tabebuia vellosoi.Jacaranda caroba foge um pouco <strong>de</strong>ste padrão <strong>de</strong> distribuição estan<strong>do</strong> presente nãosó no su<strong>de</strong>ste, mas em <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> centro-oeste, Goiás (<strong>do</strong>is registro <strong>de</strong> coletas) e MatoGrosso (um registro <strong>de</strong> coleta), porém o maior número <strong>de</strong> registros é para os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>70


Minas Gerais e São Paulo. Planta típica <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> encontrada em uma faixaaltitudinal que varia <strong>de</strong> 600 a 1600 ms.m..Jacaranda crassifolia tem sua distribuição muito restrita, e é consi<strong>de</strong>rada endêmicada Serra da Mantiqueira, apesar <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> encontrada na Serra <strong>de</strong> São José, com apenasum registro em São João Del Rei, Minas Gerais. Sua última coleta data <strong>de</strong> 1878, o quecausa preocupação em seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação, uma vez que sua distribuição é altamenterestrita.Jacaranda pulcherrima é encontrada em Minas Gerais, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> e São Paulo,ten<strong>do</strong> maior registro <strong>de</strong> ocorrência no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. Trata-se <strong>de</strong> novo registropara a Serra <strong>do</strong> Itatiaia. Encontrada em locais <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>s entre 700 e 1500 ms.m., nocerra<strong>do</strong> mineiro e em locais <strong>de</strong> transição entre o cerra<strong>do</strong> e campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.Jacaranda subalpina é consi<strong>de</strong>rada endêmica da Serra da Mantiqueira, e seusregistros são principalmente na Serra <strong>do</strong> Itatiaia, e adjacências, ten<strong>do</strong> uma coletarelacionada para Campos <strong>do</strong> Jordão. Diferencia-se <strong>de</strong> J. puberula apenas pela faixa <strong>de</strong>ocorrência, que varia <strong>de</strong> 1600 a 1800 ms.m.. Espécie consi<strong>de</strong>rada em alto grau <strong>de</strong> ameaça,uma vez que tem sua distribuição altamente restrita.Tabebuia vellosoi geralmente é encontrada na costa <strong>do</strong> Brasil, em altitu<strong>de</strong>s acima <strong>de</strong>1000 ms.m., nos esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> janeiro, São Paulo e com seu limite sul oParaná. No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, teve seu primeiro registro <strong>de</strong> ocorrência, e foi encontra<strong>do</strong>no cume <strong>do</strong>s Três Picos a uma altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1200 ms.m.. Segun<strong>do</strong> registros <strong>de</strong> coletasdisponibiliza<strong>do</strong>s pelo site <strong>do</strong> Missouri Botanical Gar<strong>de</strong>n (http://mobot.mobot.org/cgibin/search_vast,2006), existe um registro <strong>de</strong> ocorrência para o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, nomunicípio <strong>de</strong> Santa Teresa. O maior número <strong>de</strong> registro está relaciona<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Minas Gerais. Até a realização <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> esta espécie era mencionada para o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> somente para a Serra <strong>do</strong>s Órgãos.71


Fig. 34 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para J. caroba • e J. crassifolia •. Fonte: Gentry (1992).Fig. 35 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para J. pulcherrima •. Fonte: Gentry (1992).72


Fig. 36 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para T. vellosoi •. Fonte: Gentry (1992)Fig. 37 – Mapa <strong>de</strong> distribuição com <strong>de</strong>staque para J. subalpina •. Fonte: Gentry (1992).73


11. ConclusãoJacaranda e Tabebuia são os gêneros mais representativos na área com cincoespécies cada, enquanto Cybistax e Sparattosperma apresentam apenas uma espécieocorrente no Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia.No PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, tanto nas áreas limítrofes, quanto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus<strong>do</strong>mínios, encontram-se muitas residências, hotéis e “campings”, sen<strong>do</strong> comumencontrarmos espécies cultivadas. No caso da tribo Tecomeae, po<strong>de</strong>-se encontrar trêsespécies <strong>de</strong> Tabebuia (T. alba, T. bureavii e T. roseo-alba), uma espécie <strong>de</strong> Jacaranda (J.brasiliana), cultivada nas margens da Ro<strong>do</strong>via Presi<strong>de</strong>nte Dutra, sen<strong>do</strong> J. brasiliana umaespécie muito comum no cerra<strong>do</strong> brasileiro, e outra <strong>de</strong> Tecoma (T. capensis), uma espécie<strong>de</strong> origem africana e também muito cultivada no Brasil.Nas excursões a campo, foram recoletadas algumas espécies que já haviam si<strong>do</strong>relacionadas para o PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, como T. ochracea, T serratifolia e T. chrysotricha,porém as <strong>do</strong> gênero <strong>de</strong> Jacaranda não foram encontradas no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, tampoucoem regiões adjacentes ao Parque, o que causa certa preocupação uma vez que áreas estãosen<strong>do</strong> <strong>de</strong>vastadas e utilizadas para pastos, além <strong>de</strong> uma pedreira que realiza suas extraçõesna região.Tabebuia vellosoi foi coletada pela primeira vez nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> ParqueNacional <strong>do</strong> Itatiaia, em uma única localida<strong>de</strong>, na trilha <strong>do</strong>s Três Picos, e conseqüentementeaumentou o número <strong>de</strong> espécies <strong>do</strong> gênero no referi<strong>do</strong> Parque.Algumas exsicatas que haviam si<strong>do</strong> coletadas por pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> eencontravam-se <strong>de</strong>positadas no herbário <strong>de</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> e estavam in<strong>de</strong>terminadas, foram i<strong>de</strong>ntificadas, principalmente as espécies <strong>de</strong>Jacaranda como J. caroba e J. pulcherrima.O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste trabalho aumentou <strong>de</strong> nove para 12 o número <strong>de</strong> espécies datribo relacionadas para a região, <strong>de</strong>ntre elas <strong>de</strong>staca-se Tabebuia vellosoi.Cybistax antisyphilitica representa uma lacuna, da<strong>do</strong> que está relacionada emlistagens antigas como as <strong>de</strong> Bra<strong>de</strong> (1956) e Gomes Jr. (1957), porém não existe nenhumaexsicata <strong>de</strong>positada nos herbários consulta<strong>do</strong>s com referência para o PARNA, só ten<strong>do</strong>74


como único indício <strong>do</strong>is frutos expostos no Museu <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Visitantes <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong>Itatiaia, e estes sem qualquer tipo <strong>de</strong> informação sobre a procedência.Dos seis padrões <strong>de</strong> distribuição a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s por Morim (2006) para asLeguminosae <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia, as espécies <strong>de</strong> Tecomeae ocorrentes no PARNA <strong>do</strong>Itatiaia se enquadram em quatro <strong>de</strong>stes padrões (América <strong>do</strong> Sul Oci<strong>de</strong>ntal-Centro-Oriental,Brasil Centro-Oriental, Brasil Atlântico Nor<strong>de</strong>ste-Su<strong>de</strong>ste-Sul e Brasil Atlântico Su<strong>de</strong>ste).Conforme as análises <strong>de</strong> Morim (2006), os padrões <strong>de</strong> distribuição com maiornúmero <strong>de</strong> espécies das Leguminosae <strong>do</strong> PARNA <strong>do</strong> Itatiaia foram os padrões BrasilAtlântico Su<strong>de</strong>ste e América <strong>do</strong> Sul Oci<strong>de</strong>ntal-Centro-Oriental, ambos com 10 spp.,segui<strong>do</strong> pelos padrões Neotropical e Brasil Atlântico Nor<strong>de</strong>ste-Su<strong>de</strong>ste-Sul, ambos com 9spp. e pelos padrões América <strong>do</strong> Sul Oci<strong>de</strong>ntal-Centro-Oriental e Brasil Su<strong>de</strong>ste-Sul,ambos com 5 spp. Verificou-se que em Tecomeae, o padrão <strong>de</strong> distribuição que engloba omaior número <strong>de</strong> espécies ocorrentes no PARNA <strong>do</strong> Itatiaia é o padrão <strong>de</strong> distribuiçãoBrasil Atlântico Su<strong>de</strong>ste, com 41,6 % das espécies (5 spp.), segui<strong>do</strong> pelo padrão América<strong>do</strong> Sul Oci<strong>de</strong>ntal-Centro-Oriental, com 33,3 % das espécies (4 spp.), padrão BrasilAtlântico Nor<strong>de</strong>ste-Su<strong>de</strong>ste-Sul, com 16,6 % das espécies (2 spp.) e o padrão Brasil Centro-Oriental com 8,3 % das espécies (1 sp.).Outros trabalhos da flora <strong>do</strong> Itatiaia estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> contribuircom a lista das espécies encontradas por Bra<strong>de</strong> (1956) entre eles po<strong>de</strong>-se citar aspesquisas elaboradas pelo Programa Mata Atlântica <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong>Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> que fomenta pesquisas junto aos especialistas <strong>de</strong> famíliasbotânicas distintas.75


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