Filosofia e Sociologia
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aseava-se na detenção do saber real, verdadeiro, divino,<br />
e pertencia aos indivíduos que supostamente teriam<br />
acesso em maior grau de Deus – por força de uma vida<br />
ascética e contemplativa: os padres e os monges.<br />
C ar act er í st icas d a <strong>Filosofia</strong> M<br />
ed iev al<br />
Assim como a filosofia antiga, a filosofia medieval<br />
possuía suas características próprias, o que contribuía<br />
para que ela pudesse ser analisada não apenas por uma<br />
época diferente, mas também por uma forma de pensar<br />
mais analítica, que em sua grande maioria, era ligada a<br />
um mesmo foco, a religiosidade. As principais questões<br />
debatidas pelos filósofos medievais eram:<br />
A relação entre a razão e a fé;<br />
A existência e a natureza de Deus;<br />
Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;<br />
Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.<br />
Em resumo, o que vemos é que os principais temas estão<br />
relacionados à fé, o que prova o argumento da<br />
intervenção da igreja neste período da filosofia.<br />
Relacionar a fé, que é algo sem uma explicação lógica ou<br />
científica com a razão, que busca o entendimento das<br />
coisas, era uma forma que a igreja tinha de tentar<br />
explicar o que até ali não tinha explicação. A existência e<br />
a natureza de D eu s, para a filosofia, era algo complexo,<br />
pois se partirmos do pressuposto de que a filosofia busca<br />
explicar as coisas desde o seu início, buscando formas de<br />
provar o que está sendo apresentado, agora era uma<br />
obrigação filosófica explicar a existência de Deus.<br />
Neste período não era difícil encontrar pensadores que<br />
defendessem a tese de que fé e religião não deveriam<br />
estar subordinadas uma a outra, de que o indivíduo não<br />
precisaria ter sua fé ligada diretamente as racionalidades<br />
com as quais está acostumada a viver, porém, um nome<br />
se destacou em meio aos filósofos quanto a buscar uma<br />
forma racional de justificar as crenças. Conhecido como<br />
San t o A gost in h o d e H ip on a, esse filó sofo cristão<br />
desenvolveu uma ideia de que todo homem possui uma<br />
consciência moral e um livre arbítrio, que todos temos a<br />
consciência do que é certo e errado, do mesmo jeito que<br />
temos o direito de escolha, para fazer ou não cada coisa,<br />
mesmo sabendo que acarretarão consequências.<br />
E scolá st ica<br />
A Escolástica, por sua vez, é uma especulação filosófica<br />
e teológica que buscava fazer com que o homem<br />
compreendesse a verdade revelada (Abbagnano, 2007,<br />
p.401). É a partir dela que se fundam as universidades,<br />
visto que essas instituições tinham como objetivo<br />
sistematizar a doutrina. Se na Alta Idade Média<br />
predominava o misticismo, na baixa idade média,<br />
período em que se situa a Escolástica, é perceptível um<br />
progressivo interesse pelo exame racional do mundo.<br />
Ainda assim, na Escolástica, os teólogos procuravam<br />
“apoiar a fé na razão, a fim de melhor justificar as<br />
crenças, converter os não-crentes e combater os infiéis”<br />
(Aranha, 2006, p.114). Nela, para crer era necessário<br />
compreender, assim como para compreender era<br />
necessário crer. A maior contribuição da Escolástica diz<br />
respeito ao método. O próprio sentido de escolástico está<br />
ancorado nesse aspecto de fundo mais pedagógico,<br />
porquanto Escolástica designa a filosofia ensinada nas<br />
escolas, e, Escolástico, tanto o professor das artes liberais<br />
(numa primeira fase de desenvolvimento), como, mais<br />
tarde, o professor de filosofia e teologia, o magister<br />
(Aranha, 2006, p.114). A Escolástica compreendia um<br />
currículo e um método. O currículo tinha por base as sete<br />
artes liberais – porque decorrentes da razão –, divididas<br />
entre o trivium e o quadrivium. O trivium abarcava a<br />
gramática, a retórica e a dialética, ao passo que o<br />
quadrivium a aritmética, a música, a geometria e a<br />
astronomia. O método escolástico de ensino consistia,<br />
por sua vez, na lectio (leitura) e na disputatio (discussão,<br />
disputa). Esse exercício era, contudo, realizado sob a<br />
orientação e rígida supervisão do magister, que era a<br />
autoridade do saber e, por conseguinte, representante da<br />
Igreja (Aranha, 2006, p.115).<br />
E x p oen t es d a P at r í st ica e d a E scolá st ica<br />
O maior expoente da Patrística foi Santo Agostinho. Sua<br />
escrita é confessional, ela consiste na verdade, no<br />
testemunho, ou melhor, na apresentação de seu processo<br />
de conversão – da passagem de uma vida desregrada para<br />
uma vida nova, dedicada à verdade e sua contemplação,<br />
ancorada nos preceitos da Igreja. Santo Agostinho adapta<br />
a teoria platônica das ideias para justificar a crença<br />
religiosa na existência de um mundo ideal, onde se<br />
encontra a verdade, a luz, e um mundo de aparências,<br />
ilusões e erro, o mundo material.<br />
O maior expoente da Escolástica foi São Tomás de<br />
Aquino, filósofo/teólogo que adaptou o pensamento de<br />
Aristóteles (mais sistemático e categórico que Platão) à<br />
visão cristã. Para São Tomás de Aquino, a razão não era<br />
inimiga da revelação, posto que algumas verdades, ainda<br />
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