Filosofia e Sociologia
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como o Uno e o Todo. Esta escola será dignamente<br />
representada por Parmênides e Zenão de Eléia, o<br />
primeiro ganhando destaque no pensamento metafísico e<br />
o segundo por seu pensamento apologista.<br />
O monismo de Xenófanes não é inteiramente rígido, pois<br />
não nega todo o devir e admite certa multiplicidade, ao<br />
menos relativa. Pode ser chamado de o t eó logo d a escola<br />
eleat a porque é o primeiro que ensina a unidade e a<br />
imutabilidade de Deus: “Há um só deus, o supremo entre<br />
todos os deuses e os homens”. Desta forma, esta estrita<br />
doutrina se baseia num fundamento falso, ou seja, em seu<br />
monismo racionalista onde tudo é uno e imutável e que<br />
deus é o próprio mundo. Entretanto, por outro lado, crê<br />
que a água e a terra nascem e passam. Em um fragmento<br />
afirma “Terra e água são todas as coisas que nascem e<br />
crescem”.<br />
Repele a transmigração das almas defendida pelos<br />
pitagóricos. Há uma passagem citada onde provoca um<br />
pitagórico que pegava um cachorro: “Largue-o, porque é<br />
a alma de um homem querido”.<br />
P ar m ê n id es ( 5 4 0 a. C . )<br />
Sucessor e discípulo de Xenófanes, Parmênides é o<br />
et afí sico d a escola eleat. a Seu mérito principal<br />
consiste no descobrimento do ser. Parmênides inaugura o<br />
pensamento que a primeira coisa que se deve dizer da<br />
realidade é o que é, que é o ser. O que é esse ser? Antes<br />
de tudo ele deve ser. Daí o princípio: o ser é . Este<br />
princípio se contrapõe ao seu par: O n ã o- ser , n ã o é.<br />
Destes dois princípios deduz todo seu sistema. Em efeito,<br />
se só o ser é, deve ser ú n ico, pois, se existir algo junto ao<br />
ser, só poderia ser o não-ser e o não-ser não é, não existe.<br />
Deve também ser im ó v elporque o ser que muda não é<br />
ser. Finalmente o ser é n ã o- cr iad o já que ao contrário só<br />
poderia preceder do não-ser e o não-ser não é. E n t ã o o<br />
ser é , p ar a P ar m ê n id es, u n o, im ó v el, e n - ãcr oiad o.<br />
Ainda que infinito ou eterno, espacialmente é delimitado<br />
e finito. Parmênides concebe o ser como uma esfera<br />
compacta e contínua cujas partes desde o centro para<br />
qualquer direção têm o mesmo peso. Desenvolve o<br />
conceito do ser sem fixar-se na experiência, pois ela dirá<br />
o contrário. Então, de que parte está a verdade? Na<br />
experiência ou na razão? Parmênides não duvida em<br />
responder que está na razão. O mundo que nos oferece a<br />
experiência é todo de multiplicidade e movimento, é um<br />
mundo aparente, que nada tem a ver com a razão, sendo<br />
somente alimento dos pensamentos ilusórios dos mortais.<br />
Esta é a arquitetura da antologia parmenidiana. No fundo<br />
deste sistema está o princípio do r acion alism o<br />
ex ager ad o que Parmênides enuncia assim: “a mesma<br />
coisa é pensar e ser”. O erro fundamental de<br />
Parmênides é considerar o mundo conceitual tão ligado<br />
com a verdade que deixa o mundo real reduzido a mera<br />
aparência ilusória. Ao mesmo tempo o grande mérito não<br />
é só a descoberta do ser, mas também ter desenvolvido<br />
de tal forma sua metafísica que só se pode chegar a Deus<br />
para que seja verdadeira. San t o A gost in h o, séculos<br />
depois, reproduz seu mesmo conceito “não foi nem<br />
será, porque de uma só vez tudo é”.<br />
Z en ã o( n ascid o em 5 2 0 a. C . )<br />
Discípulo de Parmênides defende a mesma doutrina e<br />
com suas famosas ap or ias d ialé t icastenta demonstrar<br />
que toda multiplicidade e todo movimento são<br />
impossíveis. Por isso se chama o d ialé t icod a escola<br />
eleá t ica. Expões quatro argumentos contra a pluralidade<br />
dos corpos e a favor da unidade do Universo e outros<br />
quatro contra a mutabilidade dos corpos e contra seus<br />
movimentos.<br />
Seu mérito consiste em manifestar com grande agudeza<br />
as dificuldades lógicas contidas na multiplicidade, no<br />
movimento e na divisibilidade, sem, entretanto, dar<br />
propriamente a solução para estas questões.<br />
As antinomias ou p ar ad ox os d e Z en ã onão só foram<br />
muito celebradas pelos antigos como A r ist ó t elesque as<br />
resolveu depois engenhosamente, como mais<br />
adiante, B ay le, E sp in osa, L eib n it z, H egel e H er b ar t as<br />
estudaram profundamente. Ainda que seus argumentos<br />
não resolvam o problema da multiplicidade e do<br />
movimento, desenvolvem agudamente as dificuldades<br />
que envolvem essas questões e assim prepara a invenção<br />
do cálculo infinitesimal, obra de L eib n it z e N ew t on.<br />
Concluindo podemos dizer que a filosofia eleata, em<br />
geral, foi uma notável tentativa de impor-se sobre toda<br />
realidade por meio da razão. Os filósofos eleatas<br />
empreenderam esta tentativa de forma exagerada, mas<br />
assim plantaram as bases da persuasão, que hoje todos<br />
sustentamos firmemente, de que todo o Universo é<br />
governado por leis imutáveis.<br />
O s A t om ist as<br />
Os atomistas abandonam a consideração hilozoística da<br />
matéria e se vêem obrigados a buscar uma cau sa<br />
eficien t e das coisas e de suas