Recursos Humanos na Atenção Básica, Estratégias de Qualificação ...

CA d e r n o s d e At e n ç ã o Bá s i C A – es t U d o s AvA l i At i v o s - 4
Tais modificações e propostas incidiram fortemente sobre a área de
recursos humanos, aprofundando e trazendo novas, importantes e urgentes
questões. Dentre as importantes transformações sofridas destacam-se:
novas formas de contratação, novas funções e áreas de competência,
mudanças na organização do trabalho e na conformação das equipes de
saúde, mudanças nos sistemas de incentivo e ênfase no desempenho e
avaliação. Ao mesmo tempo, há uma importante competição institucional,
objetivando maior resolutividade, produtividade e qualidade do serviço.
Algumas das questões e desafios relacionados com a capacitação de
recursos humanos para a Atenção Básica aqui indicados pelos diretores/
coordenadores já foram identificados em outras pesquisas e estudos. Em São
Paulo, duas pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos de Políticas
Públicas (NEPP) da Unicamp apontam essas questões/desafios (Giovani e
Faria, 2002).
A primeira delas, desenvolvida no ano de 2000, é um estudo de caso
realizado em um conjunto selecionado de municípios brasileiros com o
objetivo de avaliar o impacto da descentralização dos serviços de saúde no
aprimoramento gerencial da administração local, nos graus de autonomia
alcançados pelos municípios e, finalmente, na capacidade dos municípios de
introduzir inovações e realizar investimentos no setor saúde. Os resultados
dessa investigação e o posterior aprofundamento das questões relacionadas
com recursos humanos evidenciaram que a insuficiência de pessoal
capacitado – referida em 65% dos casos – é um dos principais problemas
assinalados pelos entrevistados.
Uma segunda pesquisa, realizada em 2001, também pelo NEPP/
Unicamp, focalizou as atividades educacionais e as características
institucionais dos Pólos de Formação para Saúde da Família, bem como sua
relação com o trabalho das equipes do PSF na instância local, objetivando
promover o “encontro” entre a capacitação ofertada e as necessidades
reais das equipes operacionais. Os resultados apontaram para um aparelho
institucional com baixa capacidade para formar profissionais para um
atendimento básico resolutivo, sem a necessária capilaridade para alcançar
as equipes nos locais de trabalho, e para a inexistência de metodologias e
instrumentos didático-pedagógicos que possibilitem a articulação ensinoserviço
e a capacitação de equipes integradas, apesar da diversidade dos
objetos e conhecimentos dos seus componentes.
As autoras dessas pesquisas identificam, seja do ponto de vista do
conteúdo das atividades propostas e do projeto educacional, seja do ponto
de vista da engenharia institucional estruturada para sua implementação, a
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