Recursos Humanos na Atenção Básica, Estratégias de Qualificação ...

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CA d e r n o s d e At e n ç ã o Bá s i C A – es t U d o s AvA l i At i v o s - 4 das Ações para Redução da Mortalidade Materna e Plano de Apoio aos Estados de Menor Desenvolvimento Humano – Projeto Alvorada. Já a implantação e expansão do PSF em grandes municípios têm sido realizadas dentro de um quadro muito complexo, em face da magnitude e da diversidade de situações de pobreza e desigualdade social a que está exposta grande parte da população dessas regiões metropolitanas, cotidianamente excluídas do acesso aos serviços de saúde, disponibilizados por uma rede assistencial que, na maioria das vezes, encontra-se desarticulada, mal distribuída, mal equipada, entre outros aspectos. Essas características desafiam a expansão do PSF no país, na medida em que esses municípios são os mais populosos. No caso do Estado de São Paulo, as coberturas do PSF nos grandes municípios (com mais de 100 mil habitantes) são inexpressivas, com raras exceções. A implantação do programa nesse universo particular é muito recente – a partir de 2000, na maior parte dos municípios. A capital iniciou o programa como Projeto Qualidade Integral em Saúde – Projeto Qualis, em 1996. As regras de financiamento do programa não têm sido suficientes, no entanto, para favorecer a ampliação do PSF nas grandes cidades, onde os esforços para ampliar a cobertura e, conseqüentemente, atingir faixas de maiores valores de incentivos são muito grandes. Outro aspecto fundamental para ser analisado diz respeito à capacidade resolutiva das equipes diante dos agravos e problemas de saúde mais comuns da população sob sua responsabilidade. Esse tema está relacionado às condições de infra-estrutura e adequação tecnológica das Unidades Básicas de Saúde e dos serviços de referência para apoio diagnóstico e de assistência de maior complexidade; à adequada inserção das ações programáticas no campo da atenção, com inclusão transversal do enfoque de promoção da saúde; à disponibilização de recursos humanos com perfil adequado para o exercício desse novo modelo (Viana, 2006a). Muitas iniciativas têm sido tomadas, mas os resultados, embora já visíveis, fazem evidenciar os demais desafios. Há sinais evidentes de oportunidades e iniciativas de sucesso. E os problemas não decorrem apenas das duas vertentes que, historicamente, são consideradas as regentes das políticas de capacitação de recursos humanos para o SUS: as instituições formadoras e as prestadoras de serviços. Dentro das próprias estruturas de gestão da assistência, os movimentos para a organização dos serviços nem sempre são acompanhados ou partilhados com as estruturas de preparação de pessoal. Entretanto, também aí já se observam avanços, embora ainda 28 Co n s ó r C i o mediCinA UsP

AvAliAção do ProgrAmA de exPAnsão e ConsolidAção dA sA ú d e d A FAmíliA – ProesF A At e n ç ã o Bá s i C A à sA ú d e e o Pr o g r A m A sA ú d e d A FAmíliA tímidos, em sucessivos movimentos de aproximação das políticas de reorientação do modelo e das práticas de atenção à saúde, com vistas à reorganização do sistema. Atualmente, pode-se dizer que, entre os pilares que sustentam a organização da Atenção Básica à Saúde da população, segundo os princípios do SUS, assumem importância fundamental a capacitação de recursos humanos e a avaliação. 2. Capacitação de Recursos Humanos para a Atenção Básica/PSF Quando se consideram os paradigmas contemporâneos da gestão organizacional, que apontam para a primazia das pessoas na busca da excelência para a produção de bens e serviços e para viabilizar a própria transformação institucional, as políticas de recursos humanos (RH), destacadas pelos formuladores e gestores como prioritárias para a consecução de um Sistema Único de Saúde democrático, eqüitativo e eficiente, ganham mais visibilidade e importância. No entanto, essas políticas, mais do que mecanismos de vinculação e distribuição de RH, devem ser formas democráticas de responsabilização e mobilização que propiciem maior adesão às novas missões desempenhadas pelo SUS. O descompasso entre a formação de profissionais de saúde e as necessidades dos serviços de saúde não é uma questão nova para o setor público brasileiro no momento da tomada de decisão, na implantação de políticas públicas de saúde. Quando essa questão se refere à Atenção Básica, os problemas parecem avolumar-se e ampliar-se em dimensão. Há um consenso de que os recursos humanos constituem-se em questão crucial para o êxito da política de saúde e, agora, para o Sistema Único de Saúde, seus pressupostos e compromissos com a população usuária. Em outros termos, o processo de consolidação do SUS passa necessariamente pela questão dos recursos humanos. Essa condição, reconhecida há muito tempo, tornou-se alvo de maiores preocupações a partir dos primeiros movimentos que culminaram com a proposta da Reforma Sanitária Brasileira, na 8ª Conferência Nacional de Saúde. Tais questões, que já eram evidenciadas há muitos anos, passaram por um momento de inflexão nessa conferência, que recomendou uma conferência específica para discutir as questões e apontar propostas. Por outro lado, a Comissão Nacional da Reforma Sanitária teve um grupo específico para cuidar do assunto, e, a partir daí, vários estudos e providências, 29

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das Ações para Redução da Mortalida<strong>de</strong> Mater<strong>na</strong> e Plano <strong>de</strong> Apoio aos Estados<br />

<strong>de</strong> Menor Desenvolvimento Humano – Projeto Alvorada.<br />

Já a implantação e expansão do PSF em gran<strong>de</strong>s municípios têm sido<br />

realizadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um quadro muito complexo, em face da magnitu<strong>de</strong> e da<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social a que está exposta<br />

gran<strong>de</strong> parte da população <strong>de</strong>ssas regiões metropolita<strong>na</strong>s, cotidia<strong>na</strong>mente<br />

excluídas do acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, disponibilizados por uma re<strong>de</strong><br />

assistencial que, <strong>na</strong> maioria das vezes, encontra-se <strong>de</strong>sarticulada, mal<br />

distribuída, mal equipada, entre outros aspectos. Essas características<br />

<strong>de</strong>safiam a expansão do PSF no país, <strong>na</strong> medida em que esses municípios<br />

são os mais populosos.<br />

No caso do Estado <strong>de</strong> São Paulo, as coberturas do PSF nos gran<strong>de</strong>s<br />

municípios (com mais <strong>de</strong> 100 mil habitantes) são inexpressivas, com raras<br />

exceções. A implantação do programa nesse universo particular é muito recente<br />

– a partir <strong>de</strong> 2000, <strong>na</strong> maior parte dos municípios. A capital iniciou o programa<br />

como Projeto Qualida<strong>de</strong> Integral em Saú<strong>de</strong> – Projeto Qualis, em 1996.<br />

As regras <strong>de</strong> fi<strong>na</strong>nciamento do programa não têm sido suficientes, no<br />

entanto, para favorecer a ampliação do PSF <strong>na</strong>s gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> os<br />

esforços para ampliar a cobertura e, conseqüentemente, atingir faixas <strong>de</strong><br />

maiores valores <strong>de</strong> incentivos são muito gran<strong>de</strong>s.<br />

Outro aspecto fundamental para ser a<strong>na</strong>lisado diz respeito à capacida<strong>de</strong><br />

resolutiva das equipes diante dos agravos e problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais comuns<br />

da população sob sua responsabilida<strong>de</strong>. Esse tema está relacio<strong>na</strong>do às<br />

condições <strong>de</strong> infra-estrutura e a<strong>de</strong>quação tecnológica das Unida<strong>de</strong>s <strong>Básica</strong>s<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e dos serviços <strong>de</strong> referência para apoio diagnóstico e <strong>de</strong> assistência<br />

<strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>; à a<strong>de</strong>quada inserção das ações programáticas no<br />

campo da atenção, com inclusão transversal do enfoque <strong>de</strong> promoção da<br />

saú<strong>de</strong>; à disponibilização <strong>de</strong> recursos humanos com perfil a<strong>de</strong>quado para o<br />

exercício <strong>de</strong>sse novo mo<strong>de</strong>lo (Via<strong>na</strong>, 2006a).<br />

Muitas iniciativas têm sido tomadas, mas os resultados, embora<br />

já visíveis, fazem evi<strong>de</strong>nciar os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>safios. Há si<strong>na</strong>is evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s e iniciativas <strong>de</strong> sucesso.<br />

E os problemas não <strong>de</strong>correm ape<strong>na</strong>s das duas vertentes que,<br />

historicamente, são consi<strong>de</strong>radas as regentes das políticas <strong>de</strong> capacitação<br />

<strong>de</strong> recursos humanos para o SUS: as instituições formadoras e as<br />

prestadoras <strong>de</strong> serviços. Dentro das próprias estruturas <strong>de</strong> gestão da<br />

assistência, os movimentos para a organização dos serviços nem sempre<br />

são acompanhados ou partilhados com as estruturas <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong><br />

pessoal. Entretanto, também aí já se observam avanços, embora ainda<br />

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