Recursos Humanos na Atenção Básica, Estratégias de Qualificação ...

Recursos Humanos na Atenção Básica, Estratégias de Qualificação ... Recursos Humanos na Atenção Básica, Estratégias de Qualificação ...

18.11.2012 Views

CA d e r n o s d e At e n ç ã o Bá s i C A – es t U d o s AvA l i At i v o s - 4 municipal poderia se dar pela experiência no Pólo, mas se ele atuar de forma isolada não será possível resolver o que precisa ser feito. Como o Brasil tem uma grande diversidade, assim como o universo dos gestores municipais, há locais onde um gestor tem mais capacidade para fazer essa negociação; em outros, é a universidade que está mais a frente; em outros são os técnicos da DIR e em outros o próprio movimento social. A liderança do processo depende de cada situação, na opinião da entrevistada. Antes da constituição dos Pólos de Educação Permanente, o Estado financiava alguns cursos e atividades de capacitação. Com o processo de constituição dos PEPS, foi decidido suspender esses processos e concentrar todas as atividades nos Pólos. Deste modo, o Estado deixou de repassar recursos para cursos específicos e colocou à disposição do Pólo um montante destinado às capacitações. Segundo a entrevistada, a maior parte destes recursos não chegou a ser utilizada. Primeiramente, por ser um recurso cuja utilização tem uma série de amarrações burocráticas. Por outro lado, os recursos seriam insuficientes para a realização de cursos de maior porte. Assim, embora aparentemente contraditório, havia dinheiro, o dinheiro era pouco e acabava não sendo usado. O papel absolutamente prioritário do Estado na gestão estadual do SUS, ainda segundo opinião da presidente do COSEMS, consiste em detectar necessidades de educação permanente, feitas a partir de parcerias com os municípios, e promover a formação de pessoal. Esta seria a atuação fundamental do Estado e que, na compreensão da entrevistada, não tem acontecido. Relação Ensino – Serviço Existe um problema de base que é o distanciamento significativo entre as instituições formadoras e quem está em serviço. Este é um enfrentamento que está acontecendo nos Pólos de Educação Permanente, numa tentativa de romper uma visão extremamente fragmentada. Anteriormente, os cursos eram estruturados a partir do saber acadêmico e, na maioria das vezes, com distanciamento considerável da realidade e da necessidade do município. O Pólo é uma tentativa de agregar estes vários atores em um mesmo espaço e trabalhar as concepções de educação permanente, ou seja, o processo de trabalho como local de produção de conhecimento tendo, ao mesmo tempo, a universidade para ensinar e aprender com o serviço. 146 Co n s ó r C i o mediCinA UsP

AvAliAção do ProgrAmA de exPAnsão e ConsolidAção dA sA ú d e d A FAmíliA – ProesF Pó l o s d e ed U C A ç ã o Pe r m A n e n t e d o es tA d o d e sã o PA U l o O SUS acabou promovendo o desenvolvimento de experiências e criatividade dos gestores que tiveram que driblar as dificuldades impostas pela escassez de recursos financeiros e pela própria burocracia. Entretanto, isso não tem visibilidade, não pode ser sistematizado e, portanto, não vira conhecimento. O Pólo poderia ser útil neste sentido, com as universidades, as instituições formadoras ouvindo os serviços e vice-versa. Em relação às instituições de ensino privadas, no caso do Pólo Leste Paulista houve uma experiência bem-sucedida com a PUC de Campinas, que participou ativamente. Depende muito da universidade. Há as particulares que têm uma compreensão, um corpo docente e um projeto que pode ser um bom para o Município. Assim como tem universidade pública que não se importa com o trabalho do SUS. Nem sempre o fato de ser público significa que é parceiro. Em relação ao dato de a formulação do conteúdo da capacitação ser realizada de modo ascendente, a entrevistada entende que nesta questão de produção de conhecimento, os gestores se sentem muito inibidos diante do poder da universidade. Estas instituições têm uma grande contribuição a dar no processo de educação permanente; entretanto, se o gestor não tiver um discurso elaborado para trazer suas necessidades, as universidades continuarão trazendo os “cursos prontos”, pois isso está historicamente estabelecido. Se a universidade tem que estar mais próxima do Serviço, isso deve ser apontado pelo gestor, sem desmerecer o papel da universidade como produtora de conhecimento e a sua capacidade de sistematização. Modelo anterior X modelo atual Na opinião da presidente do COSEMS não houve tempo para se implementar o modelo atual (PEPS). E partindo-se do pressuposto de que a estratégia para reorganizar a Atenção Básica no Brasil é o PSF, seria necessário priorizar a capacitação dos trabalhadores da Saúde para dar conta dessa estratégia. Como as universidades não formam pessoas que possam dar conta dessa demanda, a formação deve ser feita no âmbito do próprio Serviço. Seria adequado priorizar a Saúde da Família, embora se entenda que o SUS vai além do PSF, segundo comentou a entrevista. O desafio da Saúde Mental, da Reforma Psiquiátrica, da Saúde do Trabalhador, da Vigilância Sanitária e da própria gestão são outros exemplos. O atual modelo poderia ter sido construído com um passo à frente ao modelo anterior, em função da ampliação da participação e do foco de atuação. Entretanto, essa mudança não se concretizou, perdendo-se a oportunidade de consolidar a experiência 147

AvAliAção do ProgrAmA <strong>de</strong> exPAnsão e ConsolidAção dA sA ú d e d A FAmíliA – ProesF<br />

Pó l o s d e ed U C A ç ã o Pe r m A n e n t e d o es tA d o d e sã o PA U l o<br />

O SUS acabou promovendo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> experiências e<br />

criativida<strong>de</strong> dos gestores que tiveram que driblar as dificulda<strong>de</strong>s impostas<br />

pela escassez <strong>de</strong> recursos fi<strong>na</strong>nceiros e pela própria burocracia. Entretanto,<br />

isso não tem visibilida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> ser sistematizado e, portanto, não vira<br />

conhecimento. O Pólo po<strong>de</strong>ria ser útil neste sentido, com as universida<strong>de</strong>s,<br />

as instituições formadoras ouvindo os serviços e vice-versa.<br />

Em relação às instituições <strong>de</strong> ensino privadas, no caso do Pólo Leste<br />

Paulista houve uma experiência bem-sucedida com a PUC <strong>de</strong> Campi<strong>na</strong>s, que<br />

participou ativamente. Depen<strong>de</strong> muito da universida<strong>de</strong>. Há as particulares<br />

que têm uma compreensão, um corpo docente e um projeto que po<strong>de</strong> ser<br />

um bom para o Município. Assim como tem universida<strong>de</strong> pública que não se<br />

importa com o trabalho do SUS. Nem sempre o fato <strong>de</strong> ser público significa<br />

que é parceiro.<br />

Em relação ao dato <strong>de</strong> a formulação do conteúdo da capacitação ser<br />

realizada <strong>de</strong> modo ascen<strong>de</strong>nte, a entrevistada enten<strong>de</strong> que nesta questão<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento, os gestores se sentem muito inibidos diante<br />

do po<strong>de</strong>r da universida<strong>de</strong>. Estas instituições têm uma gran<strong>de</strong> contribuição<br />

a dar no processo <strong>de</strong> educação permanente; entretanto, se o gestor não<br />

tiver um discurso elaborado para trazer suas necessida<strong>de</strong>s, as universida<strong>de</strong>s<br />

continuarão trazendo os “cursos prontos”, pois isso está historicamente<br />

estabelecido. Se a universida<strong>de</strong> tem que estar mais próxima do Serviço,<br />

isso <strong>de</strong>ve ser apontado pelo gestor, sem <strong>de</strong>smerecer o papel da universida<strong>de</strong><br />

como produtora <strong>de</strong> conhecimento e a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistematização.<br />

Mo<strong>de</strong>lo anterior X mo<strong>de</strong>lo atual<br />

Na opinião da presi<strong>de</strong>nte do COSEMS não houve tempo para se<br />

implementar o mo<strong>de</strong>lo atual (PEPS). E partindo-se do pressuposto <strong>de</strong> que<br />

a estratégia para reorganizar a <strong>Atenção</strong> <strong>Básica</strong> no Brasil é o PSF, seria<br />

necessário priorizar a capacitação dos trabalhadores da Saú<strong>de</strong> para dar<br />

conta <strong>de</strong>ssa estratégia. Como as universida<strong>de</strong>s não formam pessoas que<br />

possam dar conta <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>manda, a formação <strong>de</strong>ve ser feita no âmbito do<br />

próprio Serviço.<br />

Seria a<strong>de</strong>quado priorizar a Saú<strong>de</strong> da Família, embora se entenda que<br />

o SUS vai além do PSF, segundo comentou a entrevista. O <strong>de</strong>safio da Saú<strong>de</strong><br />

Mental, da Reforma Psiquiátrica, da Saú<strong>de</strong> do Trabalhador, da Vigilância<br />

Sanitária e da própria gestão são outros exemplos. O atual mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong>ria<br />

ter sido construído com um passo à frente ao mo<strong>de</strong>lo anterior, em função da<br />

ampliação da participação e do foco <strong>de</strong> atuação. Entretanto, essa mudança<br />

não se concretizou, per<strong>de</strong>ndo-se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consolidar a experiência<br />

147

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!