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Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

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tabu, de um dos silêncios sociais identificáveis <strong>em</strong> relação à experiência<br />

ditatorial brasileira. Se, muitas vezes, ainda é difícil denominar a ditadura<br />

civil-militar brasileira de ditadura, 5 o que dizer das crianças brasileiras<br />

vítimas diretas do terrorismo de Estado? Mesmo assim, o contato com<br />

essa realidade, cercado de <strong>em</strong>otividade, revela que seu conteúdo não<br />

pertence a um país e a uma t<strong>em</strong>poralidade específica, mas faz parte de<br />

uma história comum partilhada por essas sociedades.<br />

Este breve artigo t<strong>em</strong> por objetivo analisar os efeitos do<br />

terrorismo de Estado nas crianças a partir do documentário 15 filhos.<br />

Quinze histórias de vida<br />

O documentário 15 filhos traz uma série de relatos sobre as<br />

impressões de quinze filhas e filhos de mortos e desaparecidos políticos<br />

sobre t<strong>em</strong>áticas que estiveram presentes <strong>em</strong> suas infâncias, como a<br />

clandestinidade, os desaparecimentos e as mortes. À época da realização<br />

do filme, esses jovens tinham entre 20 e 35 anos. Porém, durante a<br />

ditadura civil-militar, alguns sequer haviam nascido; outros possuíam<br />

entre 5 e 16 anos de idade. 6 As realizadoras, Maria Oliveira e Marta<br />

Nehring, também são filhas de ex-presos e desaparecidos políticos.<br />

As histórias narradas pelo documentário estão permeadas de<br />

evidências dos efeitos do terrorismo de Estado nas crianças. Vazios<br />

afetivos e de identidade, ocasionados pela ausência t<strong>em</strong>porária ou<br />

definitiva de um familiar, marcaram a vida destes, hoje, adultos, que<br />

viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma sociedade que faz muito pouco para a resolução dos<br />

conflitos e dos traumas, que continuam sendo transmitidos às novas<br />

5 Refiro-me ao episódio do jornal Folha de S. Paulo e à defesa do termo “ditabranda” para<br />

qualificar a ditadura civil-militar brasileira.<br />

6 ARANTES, Maria Auxiliadora de Almeida Cunha. Dor e desamparo – filhos e pais, 40 anos<br />

depois. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 75-87, 2008, p. 78.<br />

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