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Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

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se sentia. A Suzana respondeu o seguinte: o que mais me choca não<br />

são os crimes da ditadura, mas o crime da d<strong>em</strong>ocracia <strong>em</strong> não apurar<br />

aqueles crimes. As palavras talvez tenham sido outras, mas essa foi a<br />

ideia que ela colocou na entrevista, faz mais de dez anos ou coisa do tipo.<br />

Eu faço essas palavras minhas também. Como eu disse, a ditadura já<br />

acabou, o nosso probl<strong>em</strong>a agora é a d<strong>em</strong>ocracia que nós quer<strong>em</strong>os neste<br />

país. E, nesse sentido, veja, aqui eu estou fazendo uma narrativa. No<br />

processo do Ustra, eu não fiz narrativa. Eu escrevi um texto, que entrou<br />

na petição inicial. Chegou lá, sabe qu<strong>em</strong> o juiz ouviu primeiro? O Ustra.<br />

O Ustra não estava, porque não teve corag<strong>em</strong> de aparecer lá, então foi<br />

o advogado dele. Depois, os nossos advogados. Nós mesmos não fomos<br />

convidados a prestar o nosso test<strong>em</strong>unho, <strong>em</strong> momento algum. Eu entrei<br />

com o pedido de indenização na Comissão de Anistia lá <strong>em</strong> Brasília e<br />

também não fui convidado a prestar nenhum depoimento. Fui chamado<br />

a entregar um frio papel com letras pretas impressas numa folha branca,<br />

tentando, um pouco, transformar essa narrativa <strong>em</strong> algo que os processos<br />

jurídicos brasileiros aceitass<strong>em</strong>. Só para completar essa questão do caso<br />

do Ustra: eu não entrei com um processo para ter o direito de chamá-lo<br />

de torturador. Isso eu e minha família já fazíamos desde 1973. Está no<br />

<strong>livro</strong> Brasil: Nunca Mais, eles foram para a Justiça Militar e denunciaram<br />

o Ustra, está documentado. Nos anos 1980 também, nos anos 1990,<br />

nós falamos disso. Nós entramos com o processo de declaração civil<br />

para que o Estado brasileiro, por meio do seu poder jurídico, assumisse:<br />

“Olha, este funcionário do Estado torturou esta família”.<br />

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