03.07.2015 Views

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

futebol, e me mostravam fotos dos jogadores do Internacional – meu<br />

time <strong>em</strong> Porto Alegre – para que eu reconhecesse.<br />

A estada <strong>em</strong> Porto Alegre foi normal, eu não tinha ideia do que<br />

estava se passando. Estávamos <strong>em</strong> um momento um pouco complicado,<br />

porque meus pais se haviam separado e nós havíamos mudado de país.<br />

Recordo da escola, onde eu me sentia muito b<strong>em</strong>, e de coisas de que s<strong>em</strong>pre<br />

gostei muito, como o futebol e a rua. Por isso, passamos muito b<strong>em</strong>.<br />

Com respeito a isto, então, quando reconheci o rosto dos<br />

militares, era como se pudesse fazer algo correto, me senti importante ao<br />

reconhecê-los. E os advogados confirmavam isso. Me faziam saber que<br />

estava ajudando a minha mãe e meus amigos, que estavam presos. Isso<br />

combatia um pouco a sensação de impotência de ser criança e de sentir<br />

que te tiram tudo. Minha mãe, quando nos levavam na caminhonete<br />

ficava dizendo: – Te acalma, fica tranquilo. Mas com os militares<br />

armados era impossível ficar tranquilo.<br />

Quando a levaram, me senti muito mal. No cativeiro que minha<br />

irmã e eu sofr<strong>em</strong>os, eu sentia uma raiva tr<strong>em</strong>enda, porque ela era muito<br />

pequena. Havia duas mulheres nos cuidando que nos tratavam b<strong>em</strong>.<br />

Minha irmã ficava b<strong>em</strong> com elas, mas eu, como era maior, me dava conta<br />

do que ocorria. L<strong>em</strong>bro-me de tentar olhar por uma janela de uma casa<br />

<strong>em</strong> que estávamos. Me <strong>em</strong>purraram e disseram: – Não olhes mais. Eu<br />

queria ver onde estávamos. Eu percebia o que estava ocorrendo, mas<br />

nesse jogo iam dissimulando a realidade.<br />

Pergunta: Camilo, como foi o reencontro com a tua avó?<br />

Resposta: O reencontro com minha avó foi muito bom, porque,<br />

para começar, significava que acabava isso que eu estava vivendo, digamos,<br />

dramaticamente, pois estava vivendo aprisionado. Então, reencontrar<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!