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Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

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Esta é a carta escrita por uma criança de dez anos de idade, chamada<br />

Mariana, quando sua turma foi solicitada pela professora a redigir para um<br />

familiar. Mariana escolheu escrever para seu irmão Rodolfo, de oito anos,<br />

que, entretanto, não conhecia. Mariana, Rodolfo, seus pais desaparecidos –<br />

que“viven en una estrellita de fantasía” –, seus avós e o restante do entorno<br />

familiar sofr<strong>em</strong> um drama que não é somente individual, pois se trata de<br />

uma modalidade do Terrorismo de Estado das ditaduras de Segurança<br />

Nacional e, <strong>em</strong> particular, da Argentina: o sequestro de crianças e o confisco<br />

de suas reais identidades. Mais de quinhentas crianças tiveram suas<br />

identidades apropriadas durante a ditadura argentina: até o ano de 2011,<br />

105 recuperaram sua verdadeira história e passado.<br />

Entretanto, com o avanço das denúncias e das pesquisas na<br />

t<strong>em</strong>ática das ditaduras de Segurança Nacional, começou a se apontar<br />

que <strong>em</strong> outros países do Cone Sul o sequestro de crianças também foi<br />

praticado, envolvendo diferentes causas e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre com a intenção de<br />

apropriação de identidade. Por isso, estas crianças começaram a ser mais<br />

vislumbradas e percebidas talvez como as maiores vítimas do Terrorismo<br />

de Estado que se instalou entre as décadas de 1960 e 1980 no Cone Sul.<br />

Para se trabalhar com t<strong>em</strong>as tão traumáticos e ainda presentes –<br />

visto não ter<strong>em</strong> sido superados –, a utilização da metodologia da História<br />

do T<strong>em</strong>po Presente se faz importante como ferramenta para avaliarmos<br />

algumas questões. O objeto do historiador do T<strong>em</strong>po Presente é o próprio<br />

presente, porém, ele está inserido nesta t<strong>em</strong>poralidade e interage tanto<br />

com a história (escrita e vivida) quanto com a sociedade. Historiador,<br />

história e sociedade acabam ficando intrincados nessa relação. Dessa<br />

forma, se estabelece uma nova conexão entre o pesquisador e seu campo<br />

de investigação histórica, mas, o que poderia ser caracterizado como<br />

fragilidade da História do T<strong>em</strong>po Presente – a ausência de distanciamento<br />

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