Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive
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Eu reafirmo que essa luta das mães e das avós e dos organismos<br />
argentinos não só está avançando <strong>em</strong> verdade e justiça, não só conseguiu,<br />
a partir dos últimos governos, uma política pública de Direitos Humanos,<br />
que é fundamental para construir essa d<strong>em</strong>ocracia, como também fez<br />
naufragar um dos principais objetivos da ditadura, o de que os jovens não<br />
mais participass<strong>em</strong> na política, que não se interessass<strong>em</strong> pelos t<strong>em</strong>as que<br />
faz<strong>em</strong> a construção de um país. Porém, resulta que – e isso nós v<strong>em</strong>os no<br />
Uruguai –, quando os jovens são convocados a uma luta de caráter ético,<br />
como é o t<strong>em</strong>a da verdade e da justiça, eles não estão imobilizados no<br />
individualismo; eles acreditam no coletivo quando são convocados para<br />
uma luta que vale a pena. Quando os jovens ve<strong>em</strong> politicag<strong>em</strong>, se afastam;<br />
quando ve<strong>em</strong> convocatórias éticas, que têm a ver com as raízes mais<br />
profundas do ser humano, eles apostam no coletivo. Eu acredito que se<br />
conseguirmos, <strong>em</strong> nossos países, que os jovens rompam com essa apatia,<br />
estar<strong>em</strong>os fazendo fracassar essas intenções das ditaduras militares.<br />
Por último, queria assinalar que me parece ser um objetivo de<br />
primeiríssima linha, <strong>em</strong> nossos países, o t<strong>em</strong>a de entender que os Direitos<br />
Humanos não pod<strong>em</strong> ficar condenados às correlações de forças políticas<br />
que exist<strong>em</strong>. Eles são de um valor e de um peso tão fundamental <strong>em</strong><br />
uma sociedade que, definitivamente, dev<strong>em</strong>os ter a coerência, a corag<strong>em</strong><br />
e a audácia para dizer que certas ações dev<strong>em</strong> ser tomadas.<br />
Parece-me que um ex<strong>em</strong>plo claro disso é o de Néstor Kirchner, na<br />
Argentina, que chegou ao governo com 21% dos votos, porque não houve<br />
segundo turno, pois [Carlos] Men<strong>em</strong>, que indultou os torturadores, não<br />
se apresentou. Com essa votação, Kirchner entendeu que não se tratava de<br />
negociar com as cúpulas militares, que são permanent<strong>em</strong>ente defensoras<br />
do terrorismo de Estado. Depois de aposentar uma enorme quantidade de<br />
oficiais-generais, deu ordens, também, para que os retratos dos ditadores<br />
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