Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive
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maio [de 2011], o Parlamento esteja eliminando a lei de impunidade. 2 E fará<br />
isso como um passo fundamental para construir uma sociedade plenamente<br />
d<strong>em</strong>ocrática. Porém, também sab<strong>em</strong>os que a eliminação da Ley de Caducidad<br />
não é o final desta luta, porque quando a impunidade se instala <strong>em</strong> uma<br />
sociedade por mais de 30 anos, ela gera contravalores na sociedade.<br />
Hoje, não se pode negar que mais de 30 anos de impunidade<br />
deixaram sua sequela sobre a violência que existe na sociedade, na<br />
violência doméstica, na agressão contra a mulher <strong>em</strong> nosso país. Porque,<br />
se dar um golpe de Estado, torturar, assassinar, sequestrar crianças e<br />
suprimir sua identidade não é pago na justiça, então vale tudo, pode-se<br />
fazer o que quiser a qualquer um.<br />
Por isso, para nós a luta pela lei e pela justiça está intimamente<br />
ligada ao processo d<strong>em</strong>ocrático a que nos propomos. Ver esta sala com<br />
tantos jovens repete algo que t<strong>em</strong>os visto nos últimos t<strong>em</strong>pos. Tive a<br />
oportunidade de estar, no dia 24 de março, nos 35 anos do golpe de<br />
Estado na Argentina, na marcha que ali foi realizada. Uma marcha<br />
multitudinária, que durou várias horas. Ainda que foss<strong>em</strong> diferentes os<br />
setores sociais e políticos que ali caminhavam, na Plaza de Mayo, <strong>em</strong><br />
todos eles havia uma enorme porcentag<strong>em</strong> de jovens.<br />
2 A Ley de Caducidad de la Pretensión Punitiva del Estado foi proposta pelo primeiro governo de<br />
Julio María Sanguinetti, <strong>em</strong> 1986. Por esta, estava impossibilitada a punição de militares e<br />
policiais envolvidos <strong>em</strong> crimes durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Em 1989, realizouse<br />
um plebiscito para derrubar a lei. Entretanto, a votação foi favorável ao mantenimento<br />
da lei. A partir de 2005, familiares de mortos e desaparecidos, o PIT-CNT, os estudantes, o<br />
s<strong>em</strong>anário Brecha e alguns grupos da Frente Ampla começaram a desenvolver uma campanha<br />
para a anulação da Ley de Caducidad. Para a realização de um novo plebiscito, era necessário<br />
o recolhimento de 250 mil assinaturas de eleitores aptos. Em 25 de outubro de 2009, junto<br />
com as eleições presidenciais, houve a votação do plebiscito. Novamente a Ley de Caducidad<br />
manteve-se vigente: 47,98% votaram a favor da anulação, não conseguindo os mais de 50%<br />
necessário. Em 24 de fevereiro de 2011 a Corte Interamericana de Direitos Humanos<br />
condenou o Uruguai no caso “Gelman Vs. Uruguai”, declarando que a lei de anistia uruguaia<br />
carece de efeito jurídico perante os crimes de lesa-humanidade. Em 3 de maio de 2011,<br />
ocorreu a votação no Senado, depois de já ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados, pela<br />
anulação da Ley de Caducidad. Surpreendent<strong>em</strong>ente, o Senado, por um voto, manteve a lei.<br />
Porém, no dia 26 de outubro do mesmo ano, a Câmara dos Deputados aprovou uma norma<br />
na qual afirma que os crimes cometidos pelos agentes do Estado configuram-se como de lesahumanidade,<br />
logo, são imprescritíveis.<br />
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