03.07.2015 Views

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

os companheiros da mesa dev<strong>em</strong> se l<strong>em</strong>brar. Para nós, isto foi o triunfo da<br />

verdade sobre a mentira, do reencontro da família, <strong>em</strong>bora seus pais nunca<br />

tenham aparecido. Tal fato também nos ajudou a deixar de ser inocentes,<br />

dando-nos a compreensão e a dimensão de que não era casual que nossos<br />

netos não tivess<strong>em</strong> sido entregues às suas avós para que os criass<strong>em</strong>. A lei<br />

da vida nos levava a acreditar que devíamos esperar a volta de nossos filhos<br />

e dos filhos de nossos filhos. Todas as avós esperaram e se iludiram.<br />

Com essas crianças cruzando a cordilheira, nos d<strong>em</strong>os conta de<br />

que o propósito era de que isso não acontecesse. Esse grupo de mulheres<br />

foi avançando; inicialmente começamos sozinhas, cada uma no momento<br />

<strong>em</strong> que seu filho ou filha não voltava. Os sequestros não se iniciaram <strong>em</strong><br />

24 de março de 1976. Alguns começaram antes, <strong>em</strong> 1975, quando na<br />

Argentina havia o governo constitucional de uma mulher muito débil e<br />

inoperante, Isabel Perón. Nessa época já funcionava um grupo, a Triple A<br />

[Aliança Anticomunista Argentina], que anunciava o que estava por vir:<br />

sequestrava opositores e os assassinava, deixando o cadáver à vista.<br />

Nós, os pais de filhos militantes opositores – <strong>em</strong> meu caso<br />

particular minha filha mais velha Laura, estudante da Universidad de La<br />

Plata pertencente à Juventud Universitaria Peronista –, começamos a nos<br />

preocupar com a possibilidade de que essa mão negra se apresentasse<br />

de outra maneira: foi o que ocorreu a partir do dia 24 de março. Então,<br />

tomamos consciência, e isso nos deu tanto medo; queríamos salvar<br />

nossos filhos... O modo de lhes dizer como nos sentíamos era proporlhes<br />

algo quase impudico: “Não faças nada, não fales, não penses, não<br />

te manifestes, sai do país”. Tudo isto recebia como resposta: “Não, meu<br />

lugar é <strong>em</strong> meu país, minha luta é aqui”.<br />

Um dia eu disse à minha filha, que na época tinha vinte anos -<br />

foi sequestrada com 22 - “irão te matar, por que não sais do país?” Ela<br />

203

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!