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Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

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intuito de elucidar alguns aspectos desse confronto a partir da experiência<br />

histórica das ditaduras de segurança nacional do Cone Sul.<br />

Desm<strong>em</strong>oria e m<strong>em</strong>ória confiscada<br />

Inicialmente, deve-se apontar que a oposição direta m<strong>em</strong>óriaesquecimento<br />

esconde uma grande armadilha: o ato de esquecer só pode<br />

ocorrer se houver uma m<strong>em</strong>ória anterior, algo l<strong>em</strong>brado, como esforço<br />

individual ou ação coletiva. Dito de outra forma, não é possível esquecer<br />

o que se desconhece.<br />

A desm<strong>em</strong>ória não é simplesmente esquecimento, m<strong>em</strong>ória<br />

reciclada ou apagada. O probl<strong>em</strong>a, <strong>em</strong> determinados casos, é de outra<br />

natureza. Quer dizer, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre se trata de eliminar l<strong>em</strong>branças; também<br />

são eliminados, pela ação de determinados atores sociais e do terrorismo<br />

de Estado, eventos concretos, o que gera um paradoxo. Se eventos<br />

concretos são apagados, é impossível esquecê-los ou reciclá-los; sequer<br />

há necessidade de olvidá-los, pois, na prática, o próprio registro da sua<br />

existência foi deletado. Parece óbvio, mas somente pode-se apagar o que<br />

alguma vez foi l<strong>em</strong>brança; mas só pode ser l<strong>em</strong>brado o que foi conhecido.<br />

Portanto, como apagar o que se desconhece considerando a continuidade<br />

de um quadro de fortes indícios de sonegação de informação? 4<br />

No caso das ditaduras latino-americanas, a palavra “desm<strong>em</strong>ória”<br />

expressa mais do que simples esquecimento. Refere-se, sobretudo, ao<br />

desconhecimento da ocorrência de fatos concretos. Ou seja, expressa<br />

4 A longa d<strong>em</strong>ora, por parte dos diversos governos anteriores, <strong>em</strong> tomar medidas concretas<br />

quanto à disponibilização dos arquivos repressivos produziu (e continua produzindo),<br />

como há muito t<strong>em</strong>po defend<strong>em</strong> os especialistas da UNESCO <strong>em</strong> preservação de arquivos<br />

repressivos, a interdição da possibilidade de que, com a abertura de arquivos e a socialização<br />

da documentação, se possa desenvolver a sua tríplice função social: de m<strong>em</strong>ória coletiva; de<br />

consciência cidadã; de reparação das vítimas. GONZÁLEZ QUINTANA, Antonio. Los<br />

archivos de la seguridad del Estado de los desaparecidos regímenes represivos. Paris: UNESCO,<br />

1995. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

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