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Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

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ajudar. Muitas vezes n<strong>em</strong> sabíamos se poderíamos sair daqui, porque<br />

eram tantos os fatos e tantas as denúncias que éramos aconselhados a<br />

não sair e ficar dormindo aqui, pois havia receio de que os militares nos<br />

levass<strong>em</strong> presos <strong>em</strong> qualquer esquina.<br />

As ameaças eram permanentes e eram tantas que as nossas<br />

famílias sofriam muito. A minha família, por ex<strong>em</strong>plo, ficou anos a fio<br />

sendo acompanhada por militares da Brigada Militar para ter segurança.<br />

Não era uma coisa que atingia só a mim, mas à minha família e aos<br />

meus parentes <strong>em</strong> Bento Gonçalves e Caxias do Sul. Eles corriam risco<br />

porque tínhamos uma atividade que envolvia denúncia, solidariedade.<br />

Um outro fato, e poderia contar centenas, foi <strong>em</strong> razão da ilha-presídio.<br />

Principalmente os mais velhos dev<strong>em</strong> saber que aqui no Guaíba há uma<br />

ilha que serviu de presídio político. Lá esteve preso, por ex<strong>em</strong>plo, o<br />

deputado Carlos Araújo, ex-esposo da presidente Dilma Rousseff.<br />

Resolv<strong>em</strong>os desmascarar essa situação porque muitas vezes éramos<br />

considerados defensores dos bandidos, dos ladrões. Defensor dos direitos<br />

humanos era considerado defensor dos infratores, do baixo mundo pela<br />

sociedade que aí estava, os donos da vida e do destino dos outros.<br />

Tínhamos um método para poder ajudar os nossos companheiros<br />

jornalistas que desejavam noticiar e não podiam porque a censura prévia ou a<br />

censura posterior pegava as suas matérias e impedia que saíss<strong>em</strong>. Combinamos<br />

com eles que s<strong>em</strong>pre que fizéss<strong>em</strong>os alguma atividade não diríamos qual seria,<br />

apenas convocaríamos a imprensa para que comparecesse.<br />

Um dia convocamos a imprensa, alugamos dois barcos e levamos<br />

fotógrafos e jornalistas do rádio, jornal e televisão para a ilha-presídio.<br />

A imprensa nacional veio <strong>em</strong> peso porque a comissão já tinha adquirido<br />

uma legitimidade muito grande por convocar jornalistas e mostrar fatos<br />

concretos para que pudess<strong>em</strong> divulgar. Não era a nossa voz, mas a deles<br />

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