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Execuções Sumárias, Relatório do Rio de Janeiro sobre - DHnet

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2. Relatórios <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> trabalho<br />

2.1 Execuções sumárias no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: o uso da força pelos<br />

agentes públicos<br />

Diagnóstico<br />

O uso da força pelos agentes <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> durante o exercício da sua função ou, mais<br />

especificamente, o uso excessivo da força letal por parte <strong>do</strong>s policiais constitui um sério problema no<br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> que se vincula diretamente à questão das execuções sumárias.<br />

Em primeiro lugar, cumpre dizer que o número <strong>de</strong> pessoas mortas em intervenções policiais no<br />

esta<strong>do</strong> é extremamente alto. Os registros oficiais da Polícia Civil costumam usar a categoria <strong>de</strong> “Autos<br />

<strong>de</strong> resistência” para classificar os casos em que um policial mata um suspeito <strong>de</strong> cometer crimes, seja<br />

no curso <strong>do</strong> policiamento normal ou durante a sua folga. Essa <strong>de</strong>nominação, que não possui<br />

embasamento no Código Penal, foi criada justamente para evitar classificar esses casos como<br />

homicídios <strong>do</strong>losos, que é a tipificação que legalmente lhe correspon<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da possível<br />

existência <strong>de</strong> exclu<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong> como a legítima <strong>de</strong>fesa. Até hoje, o número oficial <strong>de</strong><br />

homicídios informa<strong>do</strong> pela Polícia Civil <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> não inclui os que foram cometi<strong>do</strong>s por policiais.<br />

Todavia, as mortes em intervenções policiais foram tradicionalmente consi<strong>de</strong>radas pelo esta<strong>do</strong><br />

como uma exteriorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho policial, não como uma dimensão crucial <strong>do</strong> mesmo. A melhor<br />

prova disso é que, até 1999, os registros oficiais não realizavam uma contagem <strong>de</strong> quantas pessoas<br />

eram mortas por policiais a cada mês.<br />

O número <strong>de</strong> mortos pela Polícia no esta<strong>do</strong> não apenas é extremamente alto, mas tem cresci<strong>do</strong><br />

assusta<strong>do</strong>ramente nos últimos anos. Os totais anuais <strong>de</strong> mortos pela Polícia, classifica<strong>do</strong>s como “autos<br />

<strong>de</strong> resistência”, são os seguintes:<br />

ANO 1999 2000 2001 2002<br />

Número <strong>de</strong><br />

civis mortos<br />

289<br />

em “Autos <strong>de</strong><br />

427 592 900<br />

resistência”<br />

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