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Execuções Sumárias, Relatório do Rio de Janeiro sobre - DHnet

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comuns no local ou algum conflito especialmente violento entre as facções. As agressões policiais a<br />

mora<strong>do</strong>res são comuns, e a mentalida<strong>de</strong> policial <strong>de</strong> "culpa<strong>do</strong> até ser prova<strong>do</strong> o contrário" ou "atirar<br />

primeiro" quer dizer que a matança <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res inocentes pela Polícia acontece regularmente. A<br />

corrupção <strong>de</strong> policiais também é lugar comum: pagam favores e ven<strong>de</strong>m armas e drogas aos<br />

traficantes, além <strong>de</strong> seqüestrá-los para exigir resgate. O comportamento <strong>do</strong>s policiais nas favelas<br />

estimula ações igualmente violentas das facções e suscita entre os mora<strong>do</strong>res das favelas a sensação <strong>de</strong><br />

aban<strong>do</strong>no pelo po<strong>de</strong>r público.<br />

Durante o ano <strong>de</strong> 2001, policiais foram responsável pela morte <strong>de</strong> 568 pessoas durante ações<br />

oficiais no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. As crianças e os a<strong>do</strong>lescentes se tornaram alvos legítimos <strong>de</strong><br />

ações policiais e execuções sumárias. Em 2001, um total <strong>de</strong> 52 menores <strong>de</strong> 18 anos foram mortos por<br />

policiais em atuação 102 . Especula-se que o número <strong>de</strong> vítimas <strong>de</strong> policiais <strong>de</strong>ve ser bem maior <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

existência <strong>de</strong> inúmeros cemitérios clan<strong>de</strong>stinos na cida<strong>de</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes terem esta<strong>do</strong> sempre envolvi<strong>do</strong>s com o tráfico, essa relação<br />

tem si<strong>do</strong> mais efetiva nas favelas atualmente. As crianças estão expostas ao tráfico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito ce<strong>do</strong><br />

na favela e aquelas que se interessam pelo tráfico começam a "andar" com traficantes, passan<strong>do</strong> ao<br />

trabalho em tempo integral entre 10 e 15 anos. Entram voluntariamente, não sen<strong>do</strong> forçadas ou<br />

coagidas pelas facções para começar a trabalhar. A "escolha" <strong>de</strong> ligar-se ao tráfico po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida<br />

como a "melhor alternativa entre opções limitadas". As limitações são mostradas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> cru por um<br />

conjunto <strong>de</strong> fatores preexistentes, comuns a todas as crianças das favelas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>: a <strong>do</strong>minação pelas<br />

facções, a pobreza, a falta <strong>de</strong> acesso ao merca<strong>do</strong> formal <strong>de</strong> trabalho e o tráfico visto como forma<br />

aceitável <strong>de</strong> emprego. A "escolha" também é afetada pelos atrativos <strong>do</strong> tráfico e por outras influências,<br />

freqüentes em to<strong>do</strong>s, como o envolvimento <strong>de</strong> parentes e <strong>de</strong> outros grupos <strong>de</strong> referência.<br />

Existem fortes semelhanças entre as crianças empregadas pelas facções da droga no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Janeiro</strong> e as "crianças-solda<strong>do</strong>s" , observa<strong>do</strong>s os aspectos funcionais. Mas o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> não está em<br />

guerra, e as crianças que trabalham para o tráfico <strong>de</strong> droga são basicamente emprega<strong>do</strong>s arma<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

grupos economicamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na categoria da Violência Armada Organizada. Não são "solda<strong>do</strong>s"<br />

lutan<strong>do</strong> num "conflito arma<strong>do</strong>" ou numa "guerra" tradicionalmente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.<br />

102 Source – Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública – Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> (SSP-RJ)<br />

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