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Execuções Sumárias, Relatório do Rio de Janeiro sobre - DHnet

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volta contra as suas próprias classes <strong>de</strong> origem para proteger interesses<br />

<strong>do</strong>minantes. São aqueles que recebem a incumbência <strong>de</strong> fazer o “trabalho sujo”<br />

em nome <strong>do</strong>s “senhores” 16 .<br />

A<strong>de</strong>mais <strong>do</strong> contexto <strong>de</strong> sua formação, durante os <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s ditatoriais vivencia<strong>do</strong>s pelo<br />

Brasil durante o século XX, o <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> Novo (1937/1945) e o da Ditadura Militar (1964/1985), a<br />

Polícia foi posta à disposição <strong>do</strong> aparato repressivo contra-insurgente <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, no que teve por<br />

reforça<strong>do</strong> seu caráter <strong>de</strong> “po<strong>de</strong>roso instrumento <strong>de</strong> controle social e <strong>do</strong>minação política” 17 .<br />

O panorama que ora se afigura, apesar da recuperação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direito, não<br />

se distancia <strong>do</strong> histórico da Polícia brasileira. É certo que certas classes perseguidas durante a Ditadura<br />

Militar, hoje, não mais são “clientes” da ação policial, a qual, contu<strong>do</strong>, continua com os olhos volta<strong>do</strong>s<br />

para as classes menos favorecidas, esquecidas pelo esta<strong>do</strong>, que <strong>sobre</strong> elas exerce um constante<br />

controle.<br />

Devi<strong>do</strong> à formação militarizada da Polícia, associa-se a imagem <strong>do</strong> excluí<strong>do</strong> social à <strong>do</strong><br />

inimigo, contra o qual, numa “metáfora da guerra” 18 , <strong>de</strong>ve ser combati<strong>do</strong>, caben<strong>do</strong>, quase que<br />

constantemente, o uso <strong>de</strong> meios ilegais.<br />

Com o incremento <strong>do</strong> clima <strong>de</strong> me<strong>do</strong>, gera<strong>do</strong> pela atuação sensacionalista da mídia, cria-se<br />

uma <strong>de</strong>manda e complacência pela atuação ilícita da Polícia, que <strong>de</strong>ve servir ao alcance <strong>do</strong> fim <strong>de</strong><br />

contenção <strong>do</strong> “crescimento da criminalida<strong>de</strong>”, não importan<strong>do</strong> os meios emprega<strong>do</strong>s.<br />

Longe <strong>de</strong> parecer uma aberração, esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Polícia, pauta<strong>do</strong> na política <strong>do</strong> confronto<br />

direto, serve para assegurar a estrutura social da exclusão social que é promovida pelo programa<br />

neoliberal. A favor <strong>de</strong>ssa orientação tem-se a criminalização <strong>do</strong>s conflitos, que passam a ser<br />

soluciona<strong>do</strong>s, prioritariamente, pela via <strong>do</strong> Direito Penal, constituin<strong>do</strong>-se em “questão <strong>de</strong> Polícia”.<br />

Porém a hipertrofia <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> controle penal direciona-se para um da<strong>do</strong> grupo social, representa<strong>do</strong><br />

pelas classes menos favorecidas.<br />

Essa política <strong>de</strong> segurança pública empreendida caracteriza o chama<strong>do</strong> eficientismo penal que<br />

po<strong>de</strong> ser resumi<strong>do</strong>:<br />

• na polarização i<strong>de</strong>ológica entre as “forças <strong>do</strong> bem” e as “forças <strong>do</strong> mal”;<br />

16 DORNELLES, João Ricar<strong>do</strong> W.. Conflito e Segurança: entre pombos e falcões. <strong>Rio</strong>,:Lumen Juris, 2003, p. 76.<br />

17 I<strong>de</strong>m, p. 79.<br />

18 I<strong>de</strong>m, p. 82.<br />

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