22.06.2015 Views

A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional

A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional

A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Tal iniciativa, na ver<strong>da</strong>de, nos mostra que as principais iniciativas públicas se<br />

deram no senti<strong>do</strong> de mitizar um <strong>do</strong>s principais males que assolaram a colônia: as<br />

crises de abastecimento, fruto <strong>do</strong> descompasso entre a oferta de alimento e a crescente<br />

deman<strong>da</strong> imposta <strong>pelo</strong> crescimento <strong>da</strong> população e <strong>da</strong> economia colonial, concentra<strong>da</strong><br />

essencialmente em gêneros de exportação. Como exemplo desse esforço, podemos<br />

citar o alvará de 25 de fevereiro de 1688, que estabelecia que nas fazen<strong>da</strong>s fossem<br />

planta<strong>da</strong>s quinhentas covas de mandiocas para ca<strong>da</strong> escravo que ali trabalhasse, e o<br />

alvará de 27 de fevereiro de 1701, determinan<strong>do</strong> que os <strong>do</strong>nos de embarcações<br />

ocupa<strong>da</strong>s no tráfico de escravos africanos possuíssem roças próprias para plantar<br />

mandioca suficiente para abastecer não só os escravos que transportavam, mas<br />

também suas tripulações (Pra<strong>do</strong> Júnior, 2000, p. 164).<br />

Alguns autores apontam que essas medi<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s pela <strong>Coroa</strong> visavam<br />

remediar um problema que, em parte, se originava no próprio modelo estrutural<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela metrópole na sua política de colonização. Afinal, o modelo de colônia de<br />

exploração, concentra<strong>do</strong> na produção de bens exportáveis, era regula<strong>do</strong> por um corpo<br />

de normas legislativas imbuí<strong>do</strong> de um viés mercantilista, que tabelava preços,<br />

segregava merca<strong>do</strong>s e estabelecia priori<strong>da</strong>des ao abastecimento de fortes e frotas<br />

militares, jogan<strong>do</strong> para segun<strong>do</strong> plano a questão <strong>do</strong> cultivo e distribuição de gêneros<br />

alimentares (Linhares, Silva, 2000, p. 63).<br />

Na ver<strong>da</strong>de, ao que nos parece, a relação <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong> com esse tipo de <strong>agricultura</strong><br />

era pontual. As iniciativas eram toma<strong>da</strong>s no senti<strong>do</strong> de resolver as questões conforme<br />

elas influenciavam o funcionamento <strong>da</strong> “empresa colonial”. No entanto, e mais uma<br />

vez, pode-se dizer que os esforços <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong> no senti<strong>do</strong> de conter a escassez não<br />

obtiveram sucesso e as crises se mantiveram durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> colonial. O<br />

inquérito de 1807, man<strong>da</strong><strong>do</strong> proceder <strong>pelo</strong> governa<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Bahia junto aos agricultores<br />

e comerciantes locais no intuito de recolher impressões sobre a situação <strong>da</strong>s lavouras<br />

<strong>da</strong> capitania, demonstra o desinteresse deles em relação à plantação de gêneros de<br />

subsistência em suas terras. O senhor de engenho Manuel Ferreira <strong>da</strong> Câmara afirmou<br />

que “não planto um só pé de mandioca para não cair no absur<strong>do</strong> de renunciar à<br />

66

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!