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A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional

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interior <strong>do</strong> país que tais animais ganham uma importância estratégica como meio de<br />

transporte para homens e cargas.<br />

Os cavalos eram cria<strong>do</strong>s em to<strong>da</strong>s as capitanias, sobretu<strong>do</strong> no interior <strong>do</strong><br />

Maranhão e <strong>do</strong> Piauí. Os animais de raça eram valoriza<strong>do</strong>s <strong>pelo</strong>s senhores de engenho<br />

e, por serem indispensáveis às Forças Arma<strong>da</strong>s, Portugal vinha buscá-los aqui durante<br />

o século XVII e parte <strong>do</strong> XVIII. Várias cartas régias incentivavam esse <strong>comércio</strong>. A<br />

carta régia de 14 de dezembro de 1666 anunciava a vitória <strong>do</strong> governo de Angola e<br />

ordenava que se man<strong>da</strong>sse para lá o maior número possível de cavalos. Cartas régias e<br />

provisões durante to<strong>do</strong> o século XVIII repetiram insistentemente a recomen<strong>da</strong>ção de<br />

que não partisse embarcação alguma para Angola sem conduzir cavalos (Simonsen,<br />

1978, p. 174). A criação de ga<strong>do</strong> cavalar foi complementar à criação <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> vacum,<br />

pois o cavalo era a montaria <strong>do</strong> vaqueiro, cuja função principal era percorrer os<br />

campos para cui<strong>da</strong>r <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. Já o ga<strong>do</strong> muar, cria<strong>do</strong> basicamente no sul <strong>do</strong> país,<br />

passou a ser usa<strong>do</strong> na exploração <strong>da</strong>s minas para transportar o ouro, surgin<strong>do</strong> aí a<br />

figura <strong>do</strong> tropeiro, que durante <strong>do</strong>is séculos exerceu função relevante nas ligações no<br />

interior <strong>da</strong> colônia.<br />

Em pouco tempo os animais provenientes <strong>da</strong> região sul suprimiram o<br />

abastecimento que era feito a partir <strong>da</strong>s barrancas <strong>do</strong> São Francisco (Del Priore,<br />

Venâncio, 2006, p. 77). Assim, a mula começou a ter preferência sobre o cavalo no<br />

transporte interno <strong>da</strong> colônia, o que fez disparar seu preço e prosperar ain<strong>da</strong> mais as<br />

capitanias gaúchas em detrimento <strong>da</strong>s <strong>do</strong> nordeste. Buscan<strong>do</strong> remediar essa situação a<br />

<strong>Coroa</strong> realizou esforços como a carta régia de 19 de junho de 1761, em que declarava<br />

o rei os <strong>da</strong>nos causa<strong>do</strong>s <strong>pelo</strong> crescimento <strong>do</strong> transporte e <strong>do</strong> <strong>comércio</strong> de mulas,<br />

“deixan<strong>do</strong> (-se) por isso de comprar os cavalos; de sorte que se vai extinguin<strong>do</strong> a<br />

criação deles [...] em grave prejuízo de meu real serviço [...] e <strong>bem</strong> comum <strong>do</strong>s<br />

lavra<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s sertões <strong>da</strong> Bahia, Pernambuco e Piauí”, proibin<strong>do</strong> a partir de então o<br />

despacho de entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> de mulas em qualquer região <strong>do</strong> país. Tal medi<strong>da</strong>, como<br />

muitas outras, não foi cumpri<strong>da</strong> e outras cartas régias foram expedi<strong>da</strong>s, como a de<br />

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