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A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional

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introduzir nenhum melhoramento significativo nos méto<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s indústrias e <strong>da</strong><br />

lavoura (Brito, 1980, p. 73). Na ver<strong>da</strong>de, a companhia foi extinta pela revolta cuja<br />

razão ela mesma constituía; a chama<strong>da</strong> Revolta <strong>do</strong>s Bekman, lidera<strong>da</strong> por Manuel<br />

Bekman, destituiu o governo local e deu fim ao monopólio. No entanto, mesmo com a<br />

restauração <strong>da</strong> ordem após forte repressão metropolitana, o monopólio não foi<br />

restabeleci<strong>do</strong>.<br />

Quase um século depois, em situação de crise muito semelhante, as<br />

companhias de <strong>comércio</strong> voltaram a ser cogita<strong>da</strong>s por Pombal como uma solução para<br />

aju<strong>da</strong>r a restaurar a economia <strong>do</strong> reino. No total, durante o reina<strong>do</strong> de d. José I foram<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s, além de três no Brasil, mais quatro companhias: a Companhia <strong>do</strong> Comércio<br />

Oriental e a Companhia <strong>do</strong> Comércio de Moçambique, para o <strong>comércio</strong> índico; a<br />

Companhia <strong>da</strong> Agricultura <strong>da</strong>s Vinhas <strong>do</strong> Alto Douro e a Companhia <strong>da</strong>s Pescas <strong>do</strong><br />

Algarve, atuan<strong>do</strong> na metrópole (Dias, 2009, p. 14-15).<br />

Muita discussão foi gera<strong>da</strong> em torno <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de, mais uma vez, se<br />

restringir o <strong>comércio</strong> ao monopólio de companhias. Enquanto, de um la<strong>do</strong>, se<br />

argumentava que sua implantação provocaria uma concentração de ren<strong>da</strong> e<br />

aumentaria os preços, cercean<strong>do</strong> a liber<strong>da</strong>de de <strong>comércio</strong>, de outro justificou-se seu<br />

estabelecimento afirman<strong>do</strong> que o reino só se tornaria independente <strong>da</strong> Inglaterra caso<br />

procurasse se industrializar, coisa que só poderia ser feita através de um “corpo que<br />

regulasse o <strong>comércio</strong>, protegen<strong>do</strong> as mesmas, animan<strong>do</strong> a cultura <strong>da</strong>s terras,<br />

sustentan<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong>s gêneros produzi<strong>do</strong>s no Brasil”, como afirma <strong>do</strong>cumento<br />

produzi<strong>do</strong> <strong>pelo</strong> Conselho Ultramarino à época <strong>do</strong> debate (Dias, 2009, p. 16). Fato é<br />

que, apesar <strong>da</strong> participação de particulares, tanto <strong>da</strong> colônia quanto <strong>da</strong> metrópole, as<br />

companhias <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> não destoavam <strong>da</strong> orientação política de Pombal em relação<br />

ao fortalecimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Assim, apesar <strong>da</strong> abertura de capital, a <strong>Coroa</strong> era a<br />

principal gestora <strong>do</strong> empreendimento, não deixan<strong>do</strong> o setor priva<strong>do</strong> atuar sem seu<br />

respal<strong>do</strong> ou orientação. Como muito <strong>bem</strong> diagnosticou Arthur Ferreira Reis, pregavase<br />

uma liber<strong>da</strong>de de <strong>comércio</strong> basea<strong>da</strong> no monopólio estatal, mas a cargo <strong>do</strong> capital<br />

priva<strong>do</strong> (Reis, 1982, p. 327-328).<br />

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