A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional
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Outro cultivo que, com o passar <strong>do</strong> tempo, começou a ter mais e mais peso na<br />
economia colonial e, consequentemente, a atrair a atenção <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong>, foi o tabaco,<br />
produto que a América portuguesa foi um <strong>do</strong>s maiores produtores desde o século<br />
XVII (Lopes, 2005a, p. 22) Cultiva<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> na Bahia, era vendi<strong>do</strong> tanto para a<br />
metrópole quanto para a costa <strong>da</strong> África, mais especificamente a Costa <strong>da</strong> Mina, onde<br />
era troca<strong>do</strong> por escravos (Lopes, 2005b, p. 9).<br />
Ao contrário <strong>da</strong> cana e de outros produtos aqui cultiva<strong>do</strong>s, como o algodão, o<br />
plantio <strong>do</strong> fumo não se encaixava nos padrões <strong>do</strong> sistema de plantation. A prática de<br />
sua lavoura era cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sa, necessitan<strong>do</strong> as plantas de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s quase individuais,<br />
sen<strong>do</strong> também um caso quase único de emprego <strong>do</strong> adubo. Necessitava de pouca terra<br />
e pouco capital, e sua mão de obra, mesmo que ain<strong>da</strong> escravista, não podia se<br />
comparar, em quanti<strong>da</strong>de, a <strong>da</strong>s plantações de açúcar. Assim, a cultura <strong>do</strong> tabaco não<br />
apresentava os ganhos de escala típicos <strong>da</strong> grande lavoura colonial, e era exerci<strong>da</strong><br />
muitas vezes também por lavra<strong>do</strong>res modestos (Pra<strong>do</strong> Júnior, 2000, p. 150).<br />
Exatamente por essas características, competiu desde o início com as lavouras de<br />
gêneros alimentícios, sobretu<strong>do</strong> a mandioca. Nardi, em seu estu<strong>do</strong> sobre o fumo no<br />
Brasil colonial, cita uma série de decisões toma<strong>da</strong>s para tentar frear o crescimento<br />
dessa cultura, considera<strong>da</strong> causa <strong>da</strong> falta de gêneros alimentícios na colônia (Nardi,<br />
1996, p. 71). O próprio autor, no entanto, reconhece que tais decisões eram raramente<br />
obedeci<strong>da</strong>s e a lavoura continuava a ganhar espaço, sen<strong>do</strong> cultiva<strong>da</strong> até mesmo nas<br />
terras usa<strong>da</strong>s para cana-de-açúcar (Nardi, 1996, p. 73). Tal preocupação atingia<br />
também a metrópole, o que levou à emissão <strong>do</strong> alvará de 10 de maio de 1649, que<br />
proibia que se lavrasse fumo em Portugal consideran<strong>do</strong> o rei “o grande <strong>da</strong>no e<br />
prejuízo que segue a estes meus reinos de Portugal por causa de se lavrar neles tabaco,<br />
com que vem a ocupar as terras que podem <strong>da</strong>r pão e outros gêneros”.<br />
No entanto, a principal preocupação portuguesa era com a per<strong>da</strong> de receita<br />
deriva<strong>da</strong> <strong>do</strong> crescente contraban<strong>do</strong> <strong>do</strong> produto. Assim, em 1634 instituiu-se, pela<br />
primeira vez, o monopólio <strong>do</strong> <strong>comércio</strong> <strong>do</strong> fumo, através <strong>do</strong> Contrato <strong>do</strong> Tabaco de<br />
Portugal, que <strong>da</strong>va a concessão <strong>do</strong> <strong>comércio</strong> a um grupo de comerciantes portugueses.<br />
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