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A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional

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<strong>Coroa</strong> em organizar as sesmarias que não estavam sen<strong>do</strong> aproveita<strong>da</strong>s, e determinar os<br />

limites territoriais <strong>da</strong>s terras a serem <strong>do</strong>a<strong>da</strong>s. A constante necessi<strong>da</strong>de de regulação<br />

levou ao alvará de 5 de outubro de 1795, considera<strong>do</strong> um regimento <strong>da</strong>s sesmarias, e<br />

que visava acabar com abusos, irregulari<strong>da</strong>des e to<strong>do</strong> tipo de desordem sobre o<br />

assunto. Tal alvará, no entanto, foi suspenso por decreto em 10 de dezembro de 1796,<br />

devi<strong>do</strong> a “embaraços e inconvenientes” resultantes de sua aplicação (Regimento de<br />

Roque <strong>da</strong> Costa Barreto, 1972, p. 785).<br />

Da mesma forma que as recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong> em relação às sesmarias nem<br />

sempre eram leva<strong>da</strong>s a cabo, a preocupação com o desmatamento e com o bom uso <strong>da</strong><br />

terra, presente nos regimentos, parece não ter surti<strong>do</strong> efeito, mesmo a despeito de<br />

outras medi<strong>da</strong>s, como a provisão de 3 de novembro de 1681, determinan<strong>do</strong> a<br />

proibição <strong>da</strong> construção de engenhos de açúcar a uma distância menor que mil e<br />

quinhentas braças entre um e outro, e a carta régia de 13 de março de 1797, que<br />

declarava serem proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>Coroa</strong>, e impossibilita<strong>da</strong>s de serem <strong>da</strong><strong>da</strong>s como<br />

sesmarias, as matas e árvores à bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> costa ou de rios que desemboquem no mar. 7<br />

Segun<strong>do</strong> Caio Pra<strong>do</strong> Júnior a “devastação <strong>da</strong> mata em larga escala ia semean<strong>do</strong><br />

desertos estéreis atrás <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r”, sen<strong>do</strong> necessário ir ca<strong>da</strong> vez mais longe em<br />

busca de lenha. De acor<strong>do</strong> com testemunhas <strong>da</strong> época, cita<strong>do</strong>s <strong>pelo</strong> próprio Caio<br />

Pra<strong>do</strong>, era a falta de lenha uma <strong>da</strong>s causas mais comuns <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no de engenhos<br />

(Pra<strong>do</strong> Júnior, 2000, p.135)<br />

O não cumprimento de muitas <strong>da</strong>s recomen<strong>da</strong>ções feitas pela <strong>Coroa</strong> pode ser<br />

explica<strong>do</strong> <strong>pelo</strong>s mais diversos fatores, que sem dúvi<strong>da</strong> se modificam com o tempo: a<br />

constante mistura entre o priva<strong>do</strong> e o público, que sempre esteve presente na<br />

estrutura administrativa, a distância geográfica entre a metrópole e a colônia que<br />

dificultava a fiscalização, o crescente conflito de interesses que se acirra com o<br />

crescimento <strong>da</strong> economia colonial etc. No entanto, mesmo que muitas vezes<br />

descumpri<strong>da</strong>s, o estu<strong>do</strong> dessa <strong>do</strong>cumentação nos leva a entender a política de Esta<strong>do</strong><br />

7<br />

Quanto a essa última determinação, afirma Fernan<strong>do</strong> José que “não é possível executar-se aqui [...]<br />

porque já se não acham madeiras de construção em matas próximas aos rios”, sen<strong>do</strong> as madeiras<br />

extraí<strong>da</strong>s de fazen<strong>da</strong>s particulares (Regimento de Roque <strong>da</strong> Costa Barreto, 1972, p. 791).<br />

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