A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional
A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional
A Coroa pelo bem da agricultura e do comércio - Arquivo Nacional
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
sem contar os sessenta anos, entre 1580 e 1640, durante os quais Portugal esteve<br />
uni<strong>do</strong> à Espanha e teve suas Ordenações Manuelinas substituí<strong>da</strong>s por um novo<br />
código, as Ordenações Filipinas, promulga<strong>da</strong>s em 1603 e que vigoraram mesmo depois<br />
<strong>da</strong> retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> autonomia portuguesa.<br />
A importância <strong>do</strong> regimento <strong>da</strong><strong>do</strong> ao governa<strong>do</strong>r-geral pode ser explica<strong>da</strong> <strong>pelo</strong><br />
fato de serem tais regimentos considera<strong>do</strong>s como “a mais importante base legal para o<br />
funcionamento <strong>da</strong> organização administrativa <strong>da</strong> colônia, tal como haviam si<strong>do</strong> os<br />
forais e as cartas de <strong>do</strong>ação” (Salga<strong>do</strong>, 1985, p. 52). Além <strong>do</strong> regimento a Tomé de<br />
Sousa, temos como fontes outro três regimentos, expedi<strong>do</strong>s durante o perío<strong>do</strong> de<br />
governo-geral aos sucessores <strong>do</strong> cargo de governa<strong>do</strong>r; um a Francisco Giraldes, que<br />
não chegou a tomar posse <strong>do</strong> cargo, em 1588, outro a Gaspar de Sousa em 1613, e um<br />
último a Roque <strong>da</strong> Costa Barreto, em 1677, estan<strong>do</strong> a preocupação com a <strong>agricultura</strong><br />
presente em to<strong>da</strong>s elas, de diversas formas.<br />
Tanto no regimento de Gaspar de Sousa, quanto no de Roque <strong>da</strong> Costa Barreto,<br />
o rei deixa <strong>bem</strong> claras, mesmo que em termos gerais, suas intenções em relação às<br />
funções <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r-geral quanto à questão agrícola e <strong>da</strong> terra. Da<strong>da</strong> sua<br />
importância, convém citá-lo na íntegra:<br />
E por que aquele Esta<strong>do</strong> é de terras novas e a maior parte delas muito<br />
férteis, e convém para se aumentar e povoar tratar-se <strong>da</strong> cultivação<br />
delas, com muito cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, vos encomen<strong>do</strong> que assim o façais e<br />
procureis por to<strong>do</strong>s os meios que vos parecerem necessários, que as<br />
ditas terras se vão cultivan<strong>do</strong>, povoan<strong>do</strong> e edifican<strong>do</strong> novos engenhos<br />
de açúcar, fazen<strong>do</strong> guar<strong>da</strong>r aos que de novo se edificarem, ou<br />
renovarem, ou desbarata<strong>do</strong>s seus privilégios e isenções, e obrigan<strong>do</strong><br />
aos que tiverem terras de sesmarias, que as cultivem e povoem,<br />
conforme as obrigações com que lhes foram <strong>da</strong><strong>da</strong>s, e aos que as não<br />
cumprirem se tirarão e <strong>da</strong>rão a quem as cultive e povoe, e na<br />
repartição <strong>da</strong>s ditas sesmarias fareis guar<strong>da</strong>r o regimento para que se<br />
não dê a uma pessoa tanta quanti<strong>da</strong>de de terra que não poden<strong>do</strong><br />
independente que compreendia as capitanias de São Vicente, Espírito Santo e Rio de Janeiro e durou<br />
até 1612 (Salga<strong>do</strong>, 1985, p. 55).<br />
34