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Ensino da gramática: reflexões em torno do verbo - Dialnet

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exedra • 1 • Junho 2009<br />

polissincronia na convivência entre as duas preposições para o mesmo contexto.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, assiste-se à falta <strong>do</strong> uso <strong>da</strong> preposição «de»:<br />

j) * «Esclareço-o que a instituição é alheia à sua situação.»<br />

Mas se por um la<strong>do</strong>, por uma questão de economia linguística, os falantes cortam no<br />

uso desta preposição, por outro, através <strong>do</strong> fenómeno de hipercorrecção, introduz<strong>em</strong> a<br />

preposição «de» quan<strong>do</strong> não é necessária:<br />

k)* «O João julga de que vai passar no exame.»<br />

Uso <strong>do</strong> particípio passa<strong>do</strong><br />

Assiste-se à utilização de formas que importam as terminações <strong>do</strong>s particípios<br />

de <strong>verbo</strong>s irregulares para <strong>verbo</strong>s regulares, que têm b<strong>em</strong> defini<strong>do</strong>s os particípios<br />

passa<strong>do</strong>s:<br />

l) * «Tenho ouvisto por aí.»<br />

Por sua vez, não é raro também o desaparecimento de alguns particípios<br />

passa<strong>do</strong>s regulares, mais uma vez devi<strong>do</strong> a fenómenos de hipercorrecção e de economia<br />

linguística que vão tornan<strong>do</strong>, pelo uso <strong>da</strong> língua, algumas formas «estranhas» a qu<strong>em</strong><br />

não <strong>do</strong>mina as regras. Na ver<strong>da</strong>de, o uso <strong>do</strong>s particípios duplos leva ca<strong>da</strong> vez mais a<br />

que a regra inicial não seja cumpri<strong>da</strong> com a desculpa de que «não soa b<strong>em</strong>». «Não soa<br />

b<strong>em</strong>», porque a generali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s falantes vai aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> a norma e actualizan<strong>do</strong> a<br />

língua. Assim, o correcto, segun<strong>do</strong> uma perspectiva perscritiva-normativa, seria:<br />

m) «T<strong>em</strong>os ganha<strong>do</strong> muitos jogos» e «Foram ganhos muitos jogos.»<br />

n) «T<strong>em</strong>os gasta<strong>do</strong> muito dinheiro» e «Foi gasto muito dinheiro»,<br />

uma vez que nos particípios duplos a forma mais longa (regular) é usa<strong>da</strong> com<br />

os auxiliares «ter» e «haver», e a forma contraí<strong>da</strong> (irregular), com os <strong>verbo</strong>s «ser» e<br />

«estar».<br />

O <strong>verbo</strong> «haver»<br />

Finalmente, para além de questões que se prend<strong>em</strong> com a conjugação erra<strong>da</strong> de<br />

formas deste <strong>verbo</strong>, é frequente a produção de enuncia<strong>do</strong>s como:<br />

o) * «Vão haver limitações de trânsito.»<br />

p) * «Houveram muitos acidentes.»<br />

Como o <strong>verbo</strong> «haver» no senti<strong>do</strong> de «existir», não t<strong>em</strong> plural, deve utilizar-se na<br />

terceira pessoa <strong>do</strong> singular. No senti<strong>do</strong> de «existir», o <strong>verbo</strong> «haver» é utiliza<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre<br />

na 3.ª pessoa <strong>do</strong> singular, independent<strong>em</strong>ente de se lhe seguir uma palavra no plural.<br />

Assim, dir<strong>em</strong>os/escrever<strong>em</strong>os «há limitações»; «houve acidentes». Se estiver conjuga<strong>do</strong><br />

com um auxiliar, a regra mantém-se: «vai haver limitações»; «vai haver acidentes».<br />

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