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556<br />

Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

deslocou-se verticalmente por mais de 1 m. Nesse caso, o fenômeno foi de erosão interna,<br />

mas não de tubificação (piping), como geralmente ocorre nas voçorocas onde, pontualmente,<br />

parte do maciço se rompe na face por não suportar a energia de percolação, pressão e/ou força<br />

cisalhante de contato nos minerais.<br />

Cabe pontuar-se aqui a atuação de fluxos internos ascendentes ligados a fenômenos hidrogeológicos<br />

que podem atuar, seja impedindo a infiltração, seja facilitando o processo de<br />

erosão de superfície e interna. Esse fenômeno não é raro na base de encostas e no pé de taludes<br />

de voçoroca.<br />

Outro fenômeno que atua no processo de evolução das voçorocas é o relativo ao solapamento<br />

da base de ravinas e voçorocas, conforme mostrado por Santos (1997), ao estudar<br />

erosões em Goiânia, no Estado de Goiás.<br />

7 O fenômeno da esqueletização e sua relação com a infiltração e evolução dos<br />

processos erosivos<br />

A esqueletização aqui tratada corresponde ao termo geomorfológico eluviação, que é<br />

a dissolução e/ou o carreamento de coloides gerados pelo processo de infiltração. O termo<br />

esqueletização foi usado por Roose (1977) apud Henensal (1986) no sentido de que a remoção<br />

de compostos químicos dissolvidos e de coloides vai corroendo o corpo do maciço<br />

e transformando-o em um esqueleto. Não se estabelece aqui uma oposição ao uso do termo<br />

eluviação, aliás, tecnicamente talvez ele seja o mais apropriado, mas o termo esqueletização<br />

parece assumir linguagem mais direta para o engenheiro.<br />

Lima (2003), ao estudar maciços junto a ravinas e voçorocas do Distrito Federal, mostrou<br />

que o fluxo tanto em meio saturado como em meio não saturado pode alterar a composição<br />

físico-química do solo. Camapum de Carvalho et al. (2002) mostraram que a estabilidade<br />

da caulinita também pode ser alterada em casos semelhantes.<br />

Em resumo, a redução da infiltração em áreas rurais e urbanas favorece o surgimento de<br />

novas erosões devido ao maior volume do fluxo superficial laminar ou concentrado. Por outro<br />

lado, uma vez instalado o processo erosivo, o aumento da infiltração próxima às bordas das<br />

ravinas e voçorocas atua de maneira deletéria, por colaborar no processo de esqueletização e<br />

por aumentar as forças de percolação em direção à erosão.<br />

A Figura 5 ilustra, para a erosão Ceilândia 1 estudada por Lima (2003), as variações<br />

físico-químicas que ocorrem no maciço que circunda ravinas e voçorocas conduzindo à ocorrência<br />

do fenômeno da esqueletização. O maciço esqueletizado tem por consequência o aumento<br />

da sua capacidade de infiltração e potencializa a possibilidade de avanço da erosão por<br />

meio de rupturas de talude. O processo tem grande importância na análise de estabilidade de<br />

encostas e pode ser agravado pela infiltração de águas servidas e água poluída com insumos<br />

agrícolas. Ou seja, atribuir as rupturas de encosta ao simples efeito das precipitações dentro<br />

de uma visão quase estática e certamente míope é subestimar a dinâmica de origem antrópica<br />

dos maciços. Destaca-se que, como técnica de recuperação de maciços em processo de<br />

esqueletização, é possível o uso de biomineralização pela utilização de bactérias nativas, como<br />

mostrado por González (2009).

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