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552<br />

Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

em locais de solo arenoso e surgem quando chove muito e a água não consegue infiltrar no<br />

solo”. Mais adiante se lê: “São formados então fios de água que escoam de forma concentrada<br />

e transportam o solo junto com eles”. Um pouco à frente aparece o subtítulo “Nas cidades,<br />

ameaça são as voçorocas causadas por obras”. Nesse subtítulo, a reportagem relata a erosão<br />

que surgiu em 1987, na cidade de Planaltina de Goiás, em consequência de uma drenagem<br />

de águas pluviais e que hoje apresenta 50 m de profundidade e 2,5 km de extensão. Segundo<br />

consta, ela já engoliu asfalto e árvores, danificou redes de água e energia elétrica e fez 32 famílias<br />

deixarem suas casas. O Ministério da Integração, segundo informação contida na reportagem,<br />

já desembolsou R$ 9.000.000,00, e a prefeitura alega precisar de R$ 42.000.000,00. Como<br />

se pode observar, gastam-se milhões em ações que talvez não resolvam, mas não se gastam<br />

tostões no processo de educação, que pode, se não resolver esses problemas específicos, evitar<br />

outros. O caso de Planaltina de Goiás relatado pelo Jornal Folha de S.Paulo é aquele apresentado<br />

na Figura 1 deste capítulo.<br />

Retornando aos aspectos técnicos, discute-se a questão da infiltração. Em áreas urbanas,<br />

a infiltração ou é totalmente eliminada ou é mitigada. Raramente são preservadas as<br />

condições de infiltração do solo em seu estado natural, que compreende a cobertura vegetal.<br />

Resta, nesse caso, recorrer a sistemas de drenagens convencionais e/ou não convencionais.<br />

Surge a questão: qual a melhor alternativa? A resposta não poderia ser outra: depende – aliás,<br />

esta sempre deveria ser a resposta a vir à mente do engenheiro na busca de soluções de engenharia.<br />

A solução vai depender da resposta a uma série de perguntas como, por exemplo:<br />

as calhas de drenagem naturais comportam o lançamento das águas pluviais canalizadas sem<br />

que ocorram transbordamentos à jusante? As margens dessas calhas permanecerão estáveis,<br />

ou um processo complexo de instabilidades será iniciado? Dispõe-se de espaço para a adoção<br />

de sistemas de infiltração locais, como bacias de retenção, valas, trincheiras e sistema de poços<br />

em soluções mais coletivas, ou de poços isolados e trincheiras de pequeno porte em sistemas<br />

individuais? O solo é apto a receber sistemas de infiltração locais? A infiltração será passível<br />

de gerar danos socioambientais ou materiais? Nos casos das bacias de retenção, a administração<br />

pública está apta a monitorá-las sanitariamente? Enfim, várias outras questões poderão<br />

ainda surgir antes de se definir qual será a melhor opção do ponto de vista técnico, mas o certo<br />

é que as soluções de engenharia existem.<br />

Em áreas rurais, a impermeabilização advém, quase sempre, de técnicas de manejo<br />

inapropriadas ou da própria ação do clima sobre o solo desprotegido. O primeiro aspecto<br />

diz respeito aos efeitos da energia cinética da água sobre o solo desprotegido (Figura 4). As<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 4. a) Impacto da gota de chuva no solo; b) trajetória da<br />

gota (ZASLAVSKy e SINAI, 1981 apud Henensal, 1986) e<br />

decomposição de tensões segundo a inclinação da superfície do<br />

solo em relação ao raio de incidência da gota (Henensal, 1986).<br />

Camapum de Carvalho et al., 2006.

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