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Infiltração e movimentos de massas coluvionares saturadas 507<br />

No caso do perfil com camada de solo coluvionar, há uma brusca variação de sucção<br />

(Figuras 5a e 5b) na transição entre o solo coluvionar e solo residual. Pode-se observar que a<br />

existência da capa coluvionar C1 sobre o solo residual provocaria elevação do nível freático<br />

mais intensamente que no caso de um solo residual sem cobertura. Ao contrário da camada<br />

de solo coluvionar C4, o contraste entre as propriedades hidráulicas promove uma grande<br />

diferença de sucção na interface (Figura 5b). Devido à sucção mais elevada no solo residual<br />

nessa condição, a infiltração nessa interface é barrada, formando uma “barreira capilar natural”.<br />

Estudos mais complexos envolvendo fluxo em encostas precisam ser reavaliados usando<br />

esses conceitos. No perfil de solo residual sem cobertura, a sucção varia entre 20 a 80 kPa, e<br />

os valores são maiores na superfície. O nível de sucção é substancialmente maior do que no<br />

caso dos solos coluvionares.<br />

É importante lembrar que há casos de encostas recobertas por colúvios em que não há<br />

formação de nível freático, tal como ocorre na Serra do Mar no trecho de Cubatão, conforme<br />

descreveu Wolle (1988). Isso ocorre porque a permeabilidade é crescente com a profundidade<br />

e o nível d’água fica permanentemente na rocha fraturada a mais de 30 m de profundidade.<br />

Assim, a água que infiltra segue uma trajetória vertical.<br />

Nos casos em que a encosta é íngreme e o solo coluvionar fica sobreposto a um solo residual<br />

menos permeável ou sobre uma rocha impermeável, podem ocorrer escorregamentos<br />

translacionais. O mecanismo é diferente do que será estudado neste capítulo e foi tratado por<br />

Futai et al. (2011a) neste mesmo livro.<br />

4 Casos de escorregamentos em solos coluvionares<br />

Para avaliar a influência da infiltração nas encostas cobertas por solos coluvionares saturados,<br />

serão apresentados alguns casos compilados da literatura, nos quais se relaciona a<br />

precipitação da chuva com dados de instrumentação. Ao final deste capítulo, será apresentada<br />

uma comparação dos casos, com objetivo de organizar os ensinamentos deixados pelo conjunto<br />

de informações disponíveis.<br />

4.1 Movimentação de tálus junto à Usina Henry Borden<br />

Um dos escorregamentos da massa de tálus mais antigos (brasileiros) relatados na literatura<br />

ocorreu em 1946, junto à Usina Henry Borden, no Município de Cubatão, no Estado<br />

de São Paulo, e foi relatado por Vargas (1966). Um antigo depósito de tálus (ou colúvio) teve<br />

seu movimento reativado devido a um corte de 60% de inclinação e 40 m de altura no pé da<br />

encosta, durante as obras da usina. Essa obra ocorreu no período mais chuvoso. A massa<br />

instabilizada tinha um volume de aproximadamente 500.000 m³ de material e se movia em<br />

função da oscilação do nível freático decorrente da infiltração da água da chuva.<br />

Para controlar o movimento, foram abertos túneis através do material instável e foram<br />

feitos furos com sonda rotativa, a partir do fundo das galerias. A Figura 6 mostra a disposição<br />

dos túneis e dos drenos em planta. A seção geotécnica mostra o corpo de tálus sobreposto ao<br />

xisto decomposto e esse outro sobre a rocha xistosa fissurada.

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