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Efeito da infiltração na elevação de nível freático nas encostas 491<br />

O estudo de Olivares e Damiano (2007) para os solos piroclásticos chegou a conclusões<br />

bem fundamentadas sobre as corridas no movimento pós-escorregamento. No artigo dos referidos<br />

autores, sugere-se que se tente aplicar essas mesmas metodologias para as situações de<br />

desastres causadas por deslizamentos em condições de chuvas extremas.<br />

Os casos da Serra do Mar investigados por Wolle (1988) apresentam condições, segundo<br />

os estudos de Olivares e Damiano (2007), para que o escorregamento saturado evoluísse para<br />

uma corrida. Essa catástrofe ocorreu em 1985 (WOLLE, 1988), no Vale do Rio Moji, onde<br />

ocorreram mais de 1000 cicatrizes.<br />

Também se poderia extrapolar a aplicação do mecanismo proposto por Olivares e Damiano<br />

(2007) para os dois casos de Santos (VARGAS, 1999), pois os valores dos ângulos atrito<br />

e da inclinação das encostas são próximos. Porém, o mecanismo é distinto, porque no caso de<br />

Santos há formação de uma rede de fluxo saturada.<br />

As ocorrências de desastres no Brasil estão concentrados na Serra do Mar, cuja característica<br />

geológica pode definir o mecanismo de instabilização. Nos casos em que há permeabilidades<br />

crescentes com a profundidade, os escorregamentos podem ocorrer na condição não<br />

saturada ou no máximo com anulação da sucção (Serra do Mar no trecho paulista). No caso<br />

em que a rocha é impermeável ou mesmo permeável, pode-se formar um nível freático e o escorregamento<br />

está associado à elevação desse nível, conforme identificado por Vargas (1999)<br />

e Andrade et al. (1992). Se fosse suficientemente íngreme, uma encosta poderia escorregar em<br />

condições não saturadas, mesmo sendo rocha impermeável.<br />

O mecanismo proposto por Wolle (1988) é um escorregamento translacional em solo<br />

coluvionar superficial com o substrato inferior e com o solo residual. No caso de Santos e do<br />

Rio de Janeiro, o escorregamento ocorre no contato solo-rocha. Conforme mostrado no Capítulo<br />

23, Matsushi et al. (2006) apresentaram dois casos que se assemelham às duas condições<br />

encontradas na Serra do Mar.<br />

Os casos de desastres naturais misturam vários tipos de deslizamentos; por isso, não é<br />

possível generalizar os mecanismos. Porém, é possível dizer que alguns escorregamentos e<br />

fontes de materiais que geram as corridas de lama ou mesmo os debris flow são provocados<br />

pela infiltração em condições especiais. Edegers e Nadim (2004) realizaram estudos numéricos<br />

de filtração unidimensional sob condições de chuvas prolongadas. Usaram um solo com<br />

umidade volumétrica saturada de 45%, condutividade hidráulica saturada de 4,8 x 10 -7 m/s e<br />

mantiveram o nível d’água fixo a 10 m de profundidade. Edgers e Nadim (2004) fizeram duas<br />

simulações de infiltração, uma com intensidade igual à permeabilidade saturada (k sat<br />

) e outra<br />

com 0,2 k sat<br />

. Os resultados dos perfis da pressão de água ao longo do tempo estão apresentados<br />

nas Figuras 17 e 18, respectivamente.<br />

Após 86 dias de infiltração constante, houve redução da pressão de água para zero no<br />

caso em que a infiltração foi igual à condutividade hidráulica saturada (Figura 17). A sucção<br />

mínima ficou constante com a profundidade e igual a 19 kPa no caso em que a intensidade<br />

de chuva foi simulada com 0,2 da condutividade hidráulica saturada (Figura 18). Nessas<br />

duas situações, as condições de contorno usadas na simulação não permitem que haja<br />

elevação do nível freático, o que nem sempre é real. Para verificar a geração de pressão de<br />

água positiva em uma camada superficial, Edgers e Nadim (2004) simularam a existência<br />

de uma camada com permeabilidade menor a 5 m de profundidade e provaram que essa<br />

possibilidade existe.

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