17.06.2015 Views

baixar

baixar

baixar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

16<br />

Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

na busca de se evitarem problemas de erosão com formação de sulcos, ravinas e voçorocas,<br />

deu origem, por meio da infiltração localizada, a um processo de erosão interna que surgiu<br />

por não ser a matriz grossa do material natural filtro da matriz fina. Nesse caso, a análise dos<br />

critérios de filtro, pouco usual enquanto verificadora do próprio material, acoplada ao fato<br />

de que a área situava-se próxima ao bordo de chapada, portanto, em condições favoráveis de<br />

fluxo com gradientes hidráulicos elevados, teriam conduzido a preventivamente não adotar o<br />

fundo de jazida como área de infiltração concentrada.<br />

Muitas vezes, no entanto, o princípio da prevenção não é na prática aplicado na engenharia,<br />

por simples deficiência na educação, pois os engenheiros, de um modo geral, são<br />

formados focando a atenção no ponto, no problema específico a resolver naquele momento,<br />

quando o ideal seria serem formados também com uma percepção dos reflexos do projeto e,<br />

por consequência, da própria obra ao longo do tempo, no todo, para o meio ambiente, para a<br />

sociedade e para a qualidade de vida.<br />

O princípio da precaução, por sua vez, corresponde à situação em que se tem conhecimento<br />

de que o risco existe, mas não é perfeitamente conhecido, devendo-se por precaução<br />

evitar a prática passível de provocar dano. É evidente que esse princípio não deve se prestar<br />

a imobilizar as atividades humanas (MachADO, 2007), em especial as de engenharia, pois<br />

nestas sempre existe algum risco. A sua aplicação deve ser vista como um mecanismo que<br />

visa assegurar a qualidade de vida das gerações e a preservação do equilíbrio ambiental e que<br />

geralmente confere maior segurança à própria obra.<br />

No momento atual, a escassez de material de construção aliada à necessidade de se dar<br />

fim a resíduos urbanos e industriais tem conduzido à adoção de alternativas de engenharia<br />

que buscam, ao mesmo tempo, suprir suas necessidades e solucionar ou evitar problemas<br />

ambientais. Muitos desses casos constituem situações em que a aplicação do princípio da<br />

precaução é recomendável. Por exemplo, a incorporação de micro-organismos – frisa-se bem<br />

incorporação – para melhoria das propriedades ou do comportamento de um solo, não sendo<br />

conhecido o impacto desses micro-organismos no meio ambiente local, deve, por precaução,<br />

ser evitada até que se conheçam os seus reflexos ambientais.<br />

Outro exemplo diz respeito à prática muitas vezes adotada pela engenharia de se recuperarem<br />

áreas degradas por ravinas e voçorocas reaterrando a erosão com resíduos de construção<br />

e demolição (RCD). Tal prática, em determinadas situações, não oferecem riscos; em<br />

outras, no entanto, não só podem oferecer riscos, como parte deles pode ser desconhecida.<br />

Por exemplo, se a água da chuva ou mesmo do lençol freático, ao percolar através do RCD<br />

tiver seu pH alterado, qual o impacto deste fluido percolado na estabilidade estrutural daquele<br />

solo de contenção ou na biota ali existente? Sabe-se que o risco existe, mas desconhecendo-<br />

-se o dano ou o nível do dano, deve-se por precaução evitar a prática. Apesar de tudo, na<br />

engenharia, é preciso pensar o princípio da precaução de modo flexível, mas responsável,<br />

pois existem danos a serem mitigados. Existem também aqueles a serem evitados a qualquer<br />

custo, lembrando que nem a engenharia nem o meio ambiente se enquadram como ciências<br />

exatas em absoluto. Segundo Camapum de Carvalho (2011, p. 27),<br />

A administração pública, por sua vez, diante da nova realidade do desenvolvimento<br />

econômico e social do País, os novos costumes, as novas demandas e condições de uso<br />

do solo, ao perceber a insuficiência das normas existentes e a incapacidade da engenharia<br />

equacionar os novos problemas deve fixar padrões de precaução mais exigen-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!