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Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

2.5 Escorregamento em São Mateus-SP<br />

Franch (2008) e Franch e Futai (2009) apresentaram um caso de escorregamento, cujo<br />

mecanismo se deu com geração de pressão de água positiva. Nesse caso, entretanto, só o estudo<br />

detalhado da condição não saturada conseguiu explicar o mecanismo de instabilização.<br />

Em 2005, ocorreu um escorregamento em um aterro argiloso em um talude em São Mateus,<br />

zona Leste de São Paulo. Ao lado do escorregamento, numa área que não escorregou, foi<br />

implementada uma área experimental, na qual foram coletadas amostras e instalada uma rede<br />

de tensiômetros. As duas áreas têm seção geotécnica distinta: (a) na área estudada há uma<br />

camada de aterro que cobre a porção central e a crista do talude e (b) no talude que rompeu<br />

o aterro se estendia até o pé.<br />

A seção geotécnica com a posição dos tensiômetros e o nível freático medido no pé<br />

do talude estão mostrados na Figura 10. O nível freático se encontra a 4 m abaixo do pé do<br />

talude. O solo abaixo da camada de aterro é um solo residual de gnaisse com textura siltosa.<br />

Entre a camada de aterro e o solo residual há uma camada delgada de detritos vegetais, que é<br />

um indício de que o aterro foi lançado sem controle. Ensaios de caracterização, permeabilidade,<br />

curva de retenção, resistência saturada e não saturada foram realizados para estudar o<br />

comportamento do solo e obter parâmetros para realizar análises de fluxo e de estabilidade.<br />

A partir dos resultados do monitoramento, Franch e Futai (2009) idealizaram a distribuição<br />

da pressão de água nos poros em diferentes períodos do ano. Na Figura 11, estão indicados<br />

esses valores para os meses de fevereiro (Figura 11-a) e agosto (Figura 11-b) de 2005. Pode-se<br />

observar que, no período de estiagem, as pressão de água são negativas em todo o talude com<br />

máximo valor de sucção medido de 60kPa (Figura 11-b). No período mais chuvoso, as pressões<br />

de água se elevam, inclusive com valores positivos (Figura 11-a). Porém, o solo residual<br />

se mantém não saturado (valores de pressão de água negativos). Esse mecanismo é distinto<br />

dos demais até agora apresentados neste capítulo.<br />

O valor de entrada de ar do aterro é elevado (150kPa) e do solo residual é baixo (4kPa).<br />

Por isso, há um contraste entre a função de condutividade hidráulica do solo argiloso e do<br />

solo residual.<br />

A permeabilidade saturada do aterro (2x10 -7 cm/s) é muito menor que a do solo residual<br />

(2x10 -4 cm/s). Porém, o efeito da sucção causa uma diferença entre a permeabilidade do aterro<br />

(quase sempre saturado) e a do solo residual (quase sempre não saturado), de modo que o<br />

Figura 10. Secção geotécnica do talude de São Mateus-SP (Franch e Futai, 2009).

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