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Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

2 Mecanismos de instabilização<br />

Dentre os vários sistemas de classificação de movimentos de massa, Wolle (1988) particularizou<br />

os mecanismos que ocorrem na Serra do Mar, os quais podem ser generalizados<br />

para maioria das encostas brasileiras. Wolle (1988) dividiu os fenômenos de instabilização<br />

em: escorregamentos em solo (translacionais, rotacionais ou provocados por desconfinamento),<br />

escorregamentos em rocha (quedas, rolamentos de matacões, deslizamentos de blocos,<br />

escorregamentos estruturados) e escoamentos lentos.<br />

Wolle (1988) apresentou, de forma geral, dois tipos de mecanismos possíveis de instabilização,<br />

associados aos escorregamentos translacionais da Serra do Mar: mecanismo clássico<br />

e mecanismo alternativo.<br />

No Mecanismo Clássico, que consiste na elevação do nível de água pré-existente, devido<br />

ao fluxo da água infiltrada, a ruptura no talude é determinada por uma elevação quase<br />

instantânea do nível freático, passível de ocorrência quando a frente de umedecimento atinge<br />

o lençol freático. Esse fato gera um acréscimo brusco das pressões neutras no perfil de solo,<br />

o que acarreta a ruptura dos taludes devido à diminuição das tensões confinantes efetivas. A<br />

elevação gradual do nível de água também pode ser provocada pela formação de uma rede de<br />

fluxo paralela ou subparalela ao talude, sustentada por um horizonte menos permeável que o<br />

horizonte superficial.<br />

O Mecanismo Alternativo, que consiste na infiltração, com formação de frente de umedecimento<br />

em encostas sem nível de água pré-existente, foi proposto por Terzaghi (1950).<br />

Segundo Wolle (1988), sua primeira constatação foi na Serra do Mar, nas encostas adjacentes<br />

à Rodovia dos Imigrantes. Em solos não saturados, a eliminação ou mesmo a redução da<br />

sucção devido à infiltração das águas das chuvas provocam diminuição sensível e, até mesmo,<br />

anulação do intercepto de coesão. A ruptura ocorre quando a frente de umedecimento atinge<br />

uma profundidade crítica, na qual os parâmetros de resistência não mais garantem a estabilidade<br />

do talude.<br />

Vaughan (1985) estudou extensos escorregamentos que ocorreram em taludes naturais<br />

de solos residuais em Fiji, um pequeno arquipélago no Pacífico Sul, no ano de 1980. Dados<br />

reportados em abril de 1980, durante a passagem do ciclone “Wally”, mostraram eventos chuvosos<br />

excepcionais, num total de 1500 mm de água em três dias – no terceiro dia, choveu<br />

aproximadamente 1000 mm, dos quais 400 mm em 6 horas. De acordo com Vaughan (1985),<br />

a média anual de precipitação na região era de 2000 a 3500 mm. Apesar de terem sido realizadas<br />

investigações subsuperfíciais na região investigada, a experiência local evidenciava que<br />

os níveis de água eram profundos e que a maioria dos escorregamentos ocorreu em partes<br />

superiores dos taludes, descartando a hipótese de elevação do nível freático. Dessa maneira,<br />

Vaughan (1985) atribuiu os escorregamentos aos efeitos provocados pela infiltração das águas<br />

das chuvas, pelo avanço da frente de umedecimento até uma profundidade crítica do talude.<br />

Vaughan (1985) idealizou uma geração de pressão de água positiva decorrente de um possível<br />

decréscimo da permeabilidade com a profundidade. Existem várias outras possibilidades para<br />

se justificar o fenômeno observado por Vaughan (1985), sobretudo se forem usados conceitos<br />

de solos não saturados, conforme se mostrou nos itens anteriores.<br />

A análise de estabilidade de taludes não saturados pode ser realizada por equilíbrio limite,<br />

similarmente ao que é feito para os solos saturados. A diferença básica é a consideração da

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