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Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

em curvas de nível e terraceamentos, criando bacias de retenção e infiltração, é suscetível de<br />

mitigar as alterações da capacidade de infiltração. Essa intervenção direta inicial acaba, se<br />

mal concebida, gerando enorme impacto em cursos d’água, reservatórios e em meios urbanos<br />

situados a jusante. A perturbação do solo aliada à ampliação do fluxo superficial provocará,<br />

em consequência de processos erosivos que se implantam, o assoreamento de cursos d’água<br />

e reservatórios e o transbordamento das calhas de drenagem naturais, dando origem ou ampliando<br />

os processos de inundação que afetam diretamente o meio urbano, em especial as<br />

áreas situadas em regiões de planície. Mas esses são impactos diretos, se não completamente<br />

sanados, perfeitamente mitigados. Mas existem ainda os impactos indiretos oriundos do<br />

aporte de insumos e das queimadas antrópicas. Embora este tema seja de modo mais abrangente<br />

tratado no capítulo 11 deste livro, é necessária aqui, uma breve análise no que tange à<br />

infiltração e ao seu impacto no meio ambiente.<br />

Os insumos agrícolas, muitas vezes, atuam nos solos tropicais ocasionando sua desagregação.<br />

Os solos desagregados, diante dos ciclos de molhagem e secagem, passam a apresentar<br />

reduções significativas de porosidade, conferindo ao maciço certo grau de impermeabilização<br />

em sua superfície e, por consequência, redução da taxa de infiltração das águas pluviais e ampliação<br />

do escoamento superficial, o que acaba impactando por meio de transbordamento dos<br />

cursos d’água e inundações no meio urbano. Mas é preciso que se diga, ainda, que a atuação<br />

instabilizadora da estrutura do solo que compõe o maciço como um todo é susceptível de atuar,<br />

a médio e longo prazo, como elemento indutor da ocorrência de fenômenos como as rupturas<br />

de encostas e as subsidências, os quais, muitas vezes, impactam diretamente o meio urbano.<br />

Em área urbana, a capacidade de infiltração natural é inexoravelmente reduzida na superfície<br />

do terreno por meio, dentre outros, da construção de edifícios, vias de circulação e estacionamentos.<br />

Mesmo a água infiltrada tem, muitas vezes, sua trajetória natural alterada pela<br />

introdução de obras subterrâneas, como túneis e subsolos. Essas intervenções no meio físico,<br />

no entanto, podem se dar de modo mais ou menos danoso ao meio ambiente, perturbando<br />

em maior ou menor intensidade o equilíbrio ambiental, favorecendo ou comprometendo o<br />

desenvolvimento sustentável, respeitando ou desrespeitando as diretrizes de ocupação e uso<br />

do solo. Apesar das várias alternativas sempre presentes, não existem dois caminhos a serem<br />

ao mesmo tempo trilhados, pois, sendo a engenharia satisfativa, tornar-se-ia incoerente satisfazer<br />

as demandas da sociedade gerando-lhe problemas como os ambientais. Isso torna<br />

necessária uma atuação planejada e preventiva por parte da engenharia.<br />

É fato indiscutível que as intervenções de engenharia por meio da construção de edificações,<br />

calçadas, ruas, avenidas, estacionamentos etc., afetam a capacidade de infiltração natural.<br />

Mas a atuação da engenharia antecede, ou pelo menos deveria anteceder, todas essas intervenções,<br />

ao participar planejando e projetando como deverão se dar. Devem ser analisadas, por<br />

exemplo, quais as áreas passíveis de ocupação e que taxas de aproveitamento devem ser adotadas.<br />

Já nesse primeiro momento é importante destacar a relevância de áreas do conhecimento<br />

como arquitetura, geografia, geologia e antropologia, para, atuando de modo transdisciplinar,<br />

conjuntamente com a engenharia, equacionar os problemas socioambientais previstos.<br />

Indo para o plano da execução, o projeto e a construção de uma edificação, calçada,<br />

rua, dentre outras obras, ao intervirem reduzindo a infiltração natural, devem buscar adotar<br />

medidas compensatórias, de modo a reduzir o impacto ambiental. A título de exemplo, as<br />

edificações residenciais, comerciais e industriais poderão prever o uso das águas pluviais em

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