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226<br />

Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

2. Em geral, espécies originárias das formações savânicas apresentam desenvolvimento<br />

da parte aérea mais lento do que as das espécies florestais, mas sua sobrevivência é elevada,<br />

inclusive em solos compactados. Dentre essas espécies se destacaram: Hymenaea stigonocarpa<br />

(jatobá-do-cerrado), Magonia pubescens (tingui), Salacia crassifolia (bacupari) e Qualea grandiflora<br />

(pau-terra-da-folha-larga).<br />

Conforme Sampaio et al. (2008), várias espécies nativas do Cerrado têm se mostrado<br />

adequadas para a recuperação de áreas degradadas do bioma sob diversas condições de degradação,<br />

inclusive em plantios a pleno sol. Para esses autores, essas espécies são promissoras<br />

para formar a cobertura inicial do solo nas áreas degradadas, facilitando a restauração dos<br />

ambientes originais.<br />

É sabido que as espécies savânicas e campestres, cuja parte aérea cresce mais devagar,<br />

vão ocupar o solo com suas profundas raízes. De fato, as plantas jovens do ambiente Cerrado<br />

apre sentam, frequentemente, rápido crescimento radicular em profundidade, atingindo cerca<br />

de 50 cm em menos de 10 meses (Palhares e SILVEIRA, 2007). No processo de infiltração<br />

da água das chuvas, o sistema radicular das plantas é fundamental. Como são extensas e<br />

crescem para baixo, as raízes ajudam na descompactação do solo e atuam como redutores da<br />

velocidade de enxurradas, aumentando, assim, a capacidade de infiltração da água no solo.<br />

Raízes de árvores adultas do Cerrado podem atingir profundidades maiores que 8 m e captar<br />

água, horizontal mente, a mais de 12 m de distância (Palhares et al., 2010). De acordo<br />

com Rawitscher (1948), as raízes de algumas espécies do Cerrado podem atingir até 18 m<br />

de profundidade. O aprofundamento das raízes das plantas se dá, geralmente, na busca por<br />

água. Guimarães (2002) mostrou para um perfil de Latossolo Vermelho que a zona ativa com<br />

grandes variações sazonais de teor de umidade se limita aproximadamente aos três primeiros<br />

metros do perfil de solo. Com isso, no período de estiagem, a sucção nessa zona aumenta<br />

enormemente, obrigando a planta a buscar água em maiores profundidades, o que gera o<br />

aprofundamento radicular. Por outro lado, as raízes são capazes de movimentar a água do solo<br />

de maiores profundidades para as camadas mais superficiais, realizando o processo conhecido<br />

como redistribuição hidráulica (SchOLZ et al., 2002)<br />

Apesar do crescimento mais lento da parte aérea das espécies savânicas e campestres<br />

em comparação com o sistema subterrâneo, a parte aérea também tem papel importante no<br />

auxílio à infiltração. Por exemplo, a água da chuva que alcança a superfície do solo chega com<br />

força e velocidade menores quando há presença de vegetação. Essa vegetação retém parte<br />

da água em folhas, flores e galhos, fazendo-a chegar ao solo suavemente, sem causar erosão.<br />

Assim, ao retirar a cobertura vegetal de um solo, a água, que antes era retida pela parte aérea<br />

e absorvida pelas raízes das árvores para abastecimento dos lençóis d’água, escoa superficialmente,<br />

causando erosão, e acumula-se nas partes mais baixas do terreno, acarretando uma<br />

série de problemas como enxurradas alagamentos, enchentes e inundações.<br />

Com a adoção e implantação de técnicas de recuperação, como, por exemplo, os Módulos<br />

Demonstrativos de Recuperação de Áreas Degradadas no Cerrado aqui citados, estar-se-á<br />

recuperando e/ou conservando o bioma, retendo solo, contendo a erosão, aumentando a infiltração<br />

de água no solo e evitando-se fenômenos como enchentes e inundações. Além disso,<br />

serão favorecidas a biodiversidade, e a conservação da beleza cênica do local, ao mesmo<br />

tempo em que se estará recebendo os benefícios econômicos provenientes dos recursos não<br />

madeireiros das espécies florestais plantadas.

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