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222<br />

Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

4 Restauração de áreas degradadas<br />

No bioma Cerrado, estima-se que aproximadamente 46% da área é coberta por solo da<br />

classe Latossolos, que inclui: Latossolo Vermelho (LV), Latossolo Vermelho Amarelo (LVA),<br />

Latossolo Amarelo (LA) (Reatto e Martins, 2005). Os solos dessa classe, em geral, são<br />

ácidos, apresentam baixos teores de Ca, Mg, K e P, além de saturação por alumínio. Na paisagem,<br />

ocorrem em relevo plano a suave ondulado. O perfil de solo é profundo, poroso, de<br />

textura homogênea ao longo do perfil e capacidade de drenagem variando de bem, forte a<br />

acentuadamente drenado (Reatto e Martins, 2005).<br />

Devido às condições de baixa fertilidade e acidez dos solos, as atividades agrícolas no<br />

Cerrado, até meados de 1960, eram limitadas e direcionadas à produção extensiva de gado de<br />

corte. Atualmente, o aporte tecnológico, oriundo de pesquisas, permitiu o desenvolvimento<br />

de práticas agrícolas com irrigação e a correção e adubação dos solos, tornando as terras do<br />

bioma Cerrado altamente produtivas (Ribeiro et al., 2012, no prelo). Segundo a Companhia<br />

Nacional de Abastecimento (CONAB, 2011), na safra 2010/2011, a região do Cerrado foi<br />

responsável por 60%, 83%, 59%, 18% e 17%, respectivamente, da produção nacional de soja,<br />

algodão, milho, arroz e feijão. Na pecuária estão 41% dos 190 milhões de bovinos do rebanho<br />

nacional, responsáveis por 55% da produção nacional de carne e 41% da produção de leite.<br />

No processo de desenvolvimento agrícola dos Cerrados, algumas falhas no planejamento<br />

e nas técnicas adotadas implicaram na degradação de muitas áreas. Yokoyama et al. (1995),<br />

Machado et al. (2004) e Assad e Pinto (2008) destacam que milhões de hectares no bioma<br />

estão com solos degradados química (nutrientes) e fisicamente (voçorocas). Muito desse problema<br />

é decorrente do processo de abertura e preparo para plantio dessas áreas. A abertura<br />

acontece, na maioria das vezes, por meio de correntões presos em tratores, onde a vegetação<br />

nativa vem sendo derrubada, para produzir carvão (Ribeiro et al. 2012, no prelo). À derrubada<br />

geralmente se segue a preparação do solo para o plantio, por meio da aragem, correção<br />

e gradeamento. Nesse processo de desmatamento e preparação, o solo tem sua estrutura<br />

original destruída e exposta principalmente aos impactos da chuva (KATO, 2001). Além da<br />

possível perda de Carbono do solo, associada a sistemas produtivos degradadores, como as<br />

monoculturas em sistemas convencionais (COORBELS et al., 2006). Aliados a isso, conforme<br />

mostraram os resultados experimentais apresentados na seção 3, os insumos agrícolas podem<br />

instabilizar a estrutura do solo e contribuir para a ampliação do processo de erosão laminar<br />

e para a redução da capacidade de infiltração do maciço. Para Kato (2001), chuvas de grande<br />

intensidade podem provocar grandes impactos na superfície do solo desnudo, causando desagregação<br />

e transporte do solo. O solo transportado é depositado em rios, córregos e reservatórios,<br />

causando seus assoreamentos.<br />

Nesse contexto, definição de manejos adequados e promoção da restauração ecológica<br />

são as melhores alternativas para problemas decorrentes do uso inadequado do solo. Para<br />

Aquino et al. (2009), a restauração ecológica de sistemas degradados é tema que desafia e<br />

motiva pesquisas, discussões na mídia e preocupação de comunidades e governos, já que está<br />

relacionada à conservação de nascentes, de cursos d’água, de paisagens, do solo e da biodiversidade<br />

e, mais recentemente, está associada às questões sobre mecanismos de desenvolvimento<br />

limpo (MDL) e às mudanças globais do clima.<br />

O estudo da recuperação das fitofisionomias do bioma Cerrado está evoluindo, sobretudo<br />

nas florestais (DURIGAN e SILVEIRA, 1999; DURIGAN et al., 2001; Fonseca et al.,

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