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Queimadas, práticas agrícolas, recuperação de áreas degradadas e a infiltração no Cerrado 209<br />

rado. Em função disso, observa-se que muitas espécies inseridas nas fisionomias campestres e<br />

savânicas desse bioma apresentam características morfológicas e fisiológicas de resistência ao<br />

fogo (COUTINho, 1990). Diferentemente, as fitofisionomias florestais são as menos sujeitas<br />

ao fogo, representando a vegetação menos adaptada a este (WALTER e Ribeiro, 2010). Para<br />

Sato et al. (2010), é importante ressaltar que essas adaptações estão relacionadas a um regime<br />

de queima natural (incêndios durante os meses da estação chuvosa e de transição entre estação<br />

seca e chuvosa) que foi alterado desde o início da ocupação do Cerrado. Em períodos de seca,<br />

sempre foi possível ocorrer o fogo no Cerrado naturalmente, seja pela combustão natural da<br />

matéria orgânica, seja por faíscas oriundas do atrito entre minerais ou entre pelos de certos<br />

animais e folhagens secas.<br />

O fogo, quando inserido em formações vegetais, pode ser caracterizado em três tipos:<br />

1) fogo de superfície – é aquele que se propaga consumindo principalmente a vegetação do<br />

estrato rasteiro; 2) fogo de copa – é o fogo de superfície que, dependendo da distribuição<br />

e quantidade do material combustível, pode se desenvolver e atingir a copa das árvores, e<br />

3) fogo subterrâneo – é aquele que se propaga na camada de matéria orgânica e é altamente<br />

destrutivo, provocando alta mortalidade na vegetação (Luke e McArthur, 1978).<br />

É importante ressaltar que a maior parte da biomassa do Cerrado está no subsolo, até<br />

70%, dependendo da vegetação dominante (Castro e KAUFFMANN, 1998), e as causas<br />

apontadas para esse padrão se relacionam com a busca por água e nutrientes em camadas<br />

mais profundas (Cairns et al., 1997), além de proteção contra o fogo (Castro-Neves,<br />

2007).<br />

Para Kauffman et al. (1994), a fitofisionomia mais comum do bioma Cerrado, cerrado<br />

sensu stricto, favorece a ocorrência de incêndios de superfície, já que possui estrato rasteiro<br />

desenvolvido e estrato lenhoso não muito denso. Esse tipo de incêndio raramente atinge a<br />

copa das árvores mais altas. O fogo de copa ou que atinge o dossel da mata parece ser também<br />

evento raro nas matas do Cerrado, restringindo-se a situações incomuns diretamente influenciadas<br />

por ações humanas (WALTER e Ribeiro, 2010). Porém, segundo esses autores, quando<br />

ocorre, provoca perturbações drásticas, como eliminação de muitos indivíduos adultos, de<br />

epífitas, além das plântulas e plantas jovens.<br />

De maneira geral, dependendo da frequência, intensidade e escala, a ação do fogo pode<br />

causar grandes modificações na comunidade vegetal afetada. Dentre elas, destacam-se as modificações<br />

descritas a seguir.<br />

a) Alteração na estrutura da vegetação<br />

De maneira geral, durante eventos de queimadas em fitofisionomias mais abertas do<br />

Cerrado, a mortalidade dos indivíduos será maior entre os indivíduos de pequeno porte, ou<br />

seja, entre aqueles que ainda não possuem casca espessa o suficiente para oferecer proteção<br />

contra as altas temperaturas durante a passagem do fogo (SATO et al., 2010). Por exemplo,<br />

enquanto a mortalidade de plantas lenhosas adultas varia de 13% a 16% (dez vezes maior em<br />

relação às áreas protegidas de fogo), incluindo árvores de 21 cm de diâmetro e 8,5 m de altura<br />

(SATO e Miranda, 1996), a mortalidade de plântulas é de 33% a 100% (hOFFMANN,<br />

1996). Como consequência, esse evento pode causar diminuição da área ocupada e o raleamento<br />

da camada lenhosa. Outro fator que também colabora para essa situação é o fato<br />

de que, nas áreas queimadas, ocorre aumento da abundância das gramíneas e do seu banco

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