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208<br />

Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

Apesar da sua importância, a velocidade de conversão de áreas nativas de Cerrados<br />

em áreas antropizadas já alteraram cerca de 40 a 55%, dos quase 2 milhões de km 2 de áreas<br />

naturais do bioma, nos últimos 40 anos (Klink e MachADO, 2005; Sano et al., 2009),<br />

sobretudo devido à alta demanda por terras para diversos usos, entre os quais agricultura,<br />

pecuária e urbanização. Soma-se a isso o fogo, que é bastante utilizado tanto para abertura de<br />

novas áreas para agricultura e pecuária, como para limpeza dessas áreas e controle de pragas<br />

e doenças (KATO, 2001).<br />

A agricultura é a principal forma de utilização das terras no bioma. Aproximadamente<br />

40% dele (Sano et al., 2010) era utilizado para prover serviços para o homem em 2002,<br />

como a produção intensiva de alimentos, fibras, bioenergia, pastagens, entre outros produtos,<br />

conforme Ribeiro et al. (2012, no prelo). Para esses autores, quase dez anos depois,<br />

essas práticas agrícolas devem ocupar pelo menos mais de 50% da área natural do bioma. A<br />

evidente ampliação dessas atividades agrícolas deve acontecer com técnicas adequadas; caso<br />

contrário, além de não apresentar retorno econômico, pode também ameaçar o meio ambiente<br />

com a degradação dos solos por erosões hídrica e eólica, o assoreamento de cursos d’água<br />

e reservatórios, a lixiviação e o escorrimento superficial de nutrientes e químicos agrícolas, a<br />

poluição da água dos córregos, rios e lençóis freáticos, a degradação da vegetação com a perda<br />

de biodiversidade e a invasão biológica causada por dispersão de espécies exóticas (Ribeiro<br />

et al., 2012, no prelo). Como consequências do manejo agrícola inadequado, criam-se bases<br />

para o conflito entre agricultura e conservação ambiental, ao mesmo tempo em que, ao se<br />

favorecer o escoamento superficial e intervir negativamente na capacidade de infiltração do<br />

solo, ampliam-se os riscos de inundações em áreas urbanas e propicia-se o surgimento de<br />

erosões de margem nos cursos d’água.<br />

Neste capítulo, será apresentada uma revisão sobre queimadas, práticas agrícolas e recuperação<br />

de áreas degradadas ocorrentes no Cerrado e como essas práticas podem influenciar<br />

o processo de infiltração da água nesse bioma. Como complementação, foram realizados alguns<br />

ensaios de laboratório, utilizando-se amostras de um Latossolo e compostos químicos<br />

geralmente utilizados na prática agrícola.<br />

2 Fogo no cerrado: origem e consequências<br />

Relatos indicam que existiam queimadas naturais causadas principalmente por raios<br />

no Cerrado, entre 32.000 e 3.500 anos antes do presente (RAMOS-Neto e PIVELO, 2000;<br />

Salgado-LABOURIAU e Ferraz-Vicentini, 1994). No entanto, somente há cerca<br />

de 300 anos, com a chegada do homem europeu ao Cerrado e a rápida ocupação da região,<br />

as queimadas para o manejo da terra passaram a ser realizadas de modo sistemático<br />

durante os meses da estação seca (COUTINho, 1990, 1982). Hoje, não há dúvida de que<br />

o homem é o principal causador de incêndios de vegetação e que o número e a frequência<br />

deles são superiores aos incêndios naturais (COUTINho et al., 1980). No entanto, até o<br />

momento, apesar das pesquisas já realizadas nesse ecossistema, os efeitos do fogo na flora,<br />

na fauna e nos solos não são ainda bem conhecidos.<br />

Sendo um elemento natural com que o bioma Cerrado convive e evolui há milhares de<br />

anos (WALTER e Ribeiro, 2010), o fogo pode ter um papel importante na ecologia do Cer-

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